resenha

Biblioteca Gaiman – Neil Gaiman e ilutradores

8 nov 2021
Informações

Biblioteca Gaiman

Neil Gaiman e diversos ilustradores

Intrínseca

série Biblioteca Gaiman #1

288 páginas | 2021

4.5

Design 5

História 4

16

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Sem medo de desbravar novos mundos e com um talento único para construir tramas e universos extraordinários, Neil Gaiman é um dos escritores mais aclamados da literatura. Com a publicação de Sandman, no final da década de 1980, o autor foi catapultado ao sucesso — a HQ revolucionou o gênero e conquistou milhares de leitores. Desde então, Gaiman navegou por inúmeros estilos e formatos, mas até hoje os quadrinhos ocupam posição de destaque em sua vasta e deslumbrante carreira. Para honrar o gênero que o consagrou, a Intrínseca dá início à publicação de um projeto inédito e exclusivo, uma coleção que reúne histórias do autor adaptadas para os quadrinhos por artistas renomados: a Biblioteca Gaiman.

Em edição de luxo com capa dura e fitilho, além de ilustração de capa assinada por Shiko, prefácio de Cris Peter e projeto gráfico de Antonio Rhoden, o primeiro volume da coleção traz cinco histórias que contêm a estranheza subversiva tão característica das obras de Gaiman, que ganham vida com as artes dos brilhantes Shane Oakley, Michael Zulli, P. Craig Russell e John Bolton.

Na trama que abre a coletânea, As noivas proibidas dos demônios desfigurados da mansão secreta na noite do desejo sinistro, um escritor com bloqueio criativo muda os rumos de sua inspiração após uma visita inesperada e uma conversa sincera com um corvo. Em Criaturas da noite, Gaiman une o mundano ao sobrenatural, uma de suas marcas registradas, em uma história sobre gatos pretos misteriosos, corujas e demônios. Na obra seguinte, Mistérios divinos, um cigarro compartilhado entre dois homens dá início a uma trama sobre o primeiro assassinato do mundo, unindo céu e terra, amor e morte. Em A verdade sobre o desaparecimento da srta. Finch, uma mulher que não se chama srta. Finch desaparece após participar da atração de um circo estranho, macabro e um tanto quanto feroz. Por fim, subvertendo a clássica história de amor do Arlequim e da Colombina, Arlequim apaixonado tem início quando uma mulher encontra um presente estranho e sanguinolento pregado em sua porta, obra de um admirador invisível e imprevisível.

Para o autor de Deuses americanosCoraline e tantos outros clássicos, escrever envolve quebrar regras, desafiar limites, se render ao inesperado e construir mundos em que o surreal e o cotidiano se unem em narrativas fantásticas, sombrias, poéticas — e assustadoramente reais. Prepare-se para conhecer uma edição especial e inesquecível e mergulhar em histórias que só Neil Gaiman poderia contar.

Design

Essa é um graphic novel de EXTREMO luxo. Além de 288 páginas de papel especial, a GF tem capa dura e fitilho, o que a gente não costuma ver muito por aí.

Para essa edição especial e exclusiva das histórias do Neil Gaiman a Intrínseca convidou o ilustrador Shiko para criar a arte da capa, e nela você consegue encontrar detalhes de cada uma das histórias que estão na graphic novel.

E se isso tudo não for o suficiente, ainda tem hot stamping dourado em elementos gráficos da capa, pra deixar tudo ainda mais precioso.

Do miolo eu deixo pra falar da minha experiência com a arte de cada ilustrador mais pra baixo no post. 😉


História

Esse é meu sexto Gaiman.

Acho que essa é uma boa forma de começar uma resenha. Ressaltando o quanto eu já lido autor.

E ao contrário do que pode parecer, a ideia não é dizer que eu tenho propriedade pra falar sobre suas obras. Na verdade, eu já li seis Gaimans, gostei mais ou menos de cada um deles, mas sempre, SEMPRE, fico com a impressão que eu não sou suficientemente inteligente para perceber as minúcias.

Porque sim, deve tá cheio de minúcias, de críticas, de análises da psique e consciência humana. Eu simplesmente não consigo chegar lá nessa camada.

Tem muito a ver também que provavelmente eu sou uma leitora preguiçosa. Eu gosto de sair da minha zona de conforto, mas prefiro que, se você quer me dar alguma lição de moral, deixe isso explícito.

Então, eu só estou sofrendo porque eu sempre acho que não estou entendendo alguma coisa nos livros do Gaiman. Não estou atravessando as camadas e percebendo o sentido da vida que provavelmente está ali.

Eu gosto das histórias (às vezes mais da história do que traço, falando especificamente da graphic novel), mas não consigo enxergar o autor fabuloso e visionário que as pessoas costumam enaltecer. Pode ser culpa minha que nunca li Sandman, a obra máxima do Neil Gaiman? Pode, com certeza. Mas sei lá. Eu só sinto que passei um tempo agradável, com mais ou menos intensidade dependendo do resultado geral da história.

Aqui, a Intrínseca está reunindo cinco histórias do autor lançadas originalmente pela Dark Horse Books nessa coletânea especial e de luxo. Como esse é o volume um, imagino que já devem existir outras histórias para serem reunidas em um futuro próximo.

Achei no geral todas as histórias interessantes, mas todas também tem um ponto que eu particularmente não gosto que é o final em aberto. São raros os casos que eu consigo aceitar e ficar satisfeita com esse tipo de final, e em nenhuma história da coletânea eu terminei com a sensação de satisfação completa.

Falando individualmente de cada história, a que eu mais gostei foi Mistérios Divinos, e a que não funcionou pra mim foi As noivas proibidas dos demônios desfigurados da mansão secreta na noite do desejo sinistro. As outras três ficaram ali no meio do caminho.

As noivas proibidas dos demônios desfigurados da mansão secreta na noite do desejo sinistro, com Shane Oakley

Essa história pra mim só tem a arte e o título de interessante. Porque esse título parece realmente quando um escritor ainda está em busca de um conceito para sua história e vai somando e somando vários assuntos e no fim tem uma premissa gigantesca.

A arte aqui é muito retilínea e vetorial, passando até mesmo uma sensação de agressividade, que combina com a história do autor que está sem inspiração para escrever. O que é perceptível também é que quando estamos acompanhando sua tentativa de colocar as ideias no papel, os quadros e a ilustração seguem para um padrão preto/branco, e quando estamos com o escritor, tudo fica colorido.

Mas, se vocês me perguntarem se entendi a história, eu vou ficar devendo. Porque quando ele está falando que não consegue colocar sua história no papel porque ela não reflete a realidade, estamos acompanhando uma narrativa completamente fantasiosa com ares góticos. E depois de ser incentivado por um corvo a escrever fantasia, ele passa a contar uma história de um realismo sofrido de um casal contemporâneo.

É pra ser uma ironia? A vida real do escritor é o que para nós seria um universo fantástico? E nossa vida mundana e contemporânea é a fantasia para esse escritor? Eu sou burra?


Criaturas da Noite, com Michael Zulli

Essa história é dividia em dois contos. Sacrifício conta a vida de um escritor e sua família que gostam de gatinhos e que recebem a visita do Gato Preto. O protagonista percebe que todas as manhãs esse gato apresenta ferimentos e machucados e não consegue entender em que brigas ele anda se metendo. Até o dia que decide proteger o gato dos ataques e o leva para dentro de casa, deixando-o no porão para cuidar dele. E é aí que vários acontecimentos estranhos começam a ocorrer com sua família.

Já em Filha das Corujas um aristocrata está recolhendo histórias para sua coleção e um amigo vem contar sobre a filha das corujas. Uma bebê é encontrada abandonada em um cesto cheio de esterco de pássaros e é rejeitada por todas as mulheres da aldeia. Os homens decidem não queimar a bebê e por isso ela é enviada para ser criada em um convento abandonado onde só sobrou uma freira. Os anos passam, a bebê se torna uma mulher, e os homens da aldeia decidem descobrir se ela é tão linda quanto os rumores dizem.

Nada demais com essas histórias, só o realismo fantástico “normal” que você pode encontrar nas histórias do Gaiman. Não gostei muito do traço do ilustrador, mas ele fica “pior” em Filha das Corujas do que em Sacrifício.


Mistérios Divinos, com P. Craig Russel

Essa foi minha história favorita da coletânea, e o traço que mais gostei. Russel tem um traço mais próximo do que eu estou acostumada de “heróis” e que particularmente prefiro do que as artes mais rebuscadas que algum ilustradores que trabalham com o Gaiman costumam ter.

Aqui a gente meio que segue duas narrativas consecutivas na história. A primeira mostra o protagonista, um jovem inglês, que está preso em Los Angeles porque os voos para Londres estão suspensos. Ele acaba reencontrando uma ex-namorada e vai ficar com ela, mas ele é cheio de lapsos de memória e não consegue se lembrar dos deslocamentos e do que aconteceu completamente durante esse dia.

Na segunda narrativa, vemos o primeiro crime que aconteceu no paraíso. Nosso protagonista encontra um “mendigo” e, em troca de dois cigarros, ele conta uma história como forma de pagamento. Ele conta sobre esse assassinato e como os anjos reagiram a tudo, principalmente Lúcifer.

Fiquei um pouco confusa com as indiretas que ficam no ar sobre o protagonista, mas adorei acompanhar o “thriller” para descobrir o culpado do assassinato na Cidade Prateada. Acho que a única coisa que me deixou “pensante” é que é dito que os anjos não tem sexo, não são representados com órgãos sexuais, mas todos são desenhados como homens másculos e extremamente masculinos…


A verdade sobre o desaparecimento da srta. Finch, com Michael Zulli

Esse é daquelas histórias que começam do fim e você acompanha o que aconteceu ao longo da narrativa para chegar de volta no começo. Mais uma vez, o protagonista é um escritor que tentou se isolar para conseguir escrever sua obra, mas um casal de amigos acaba descobrindo que ele está em Londres e pede sua ajuda para lidar com uma convidada não muito desejada.

Juntos, os quatro vão pra uma daquelas apresentações artísticas que as pessoas andam por salas e veem diferentes cenários e atores. Até o momento em que a convidada é engolida pelo teatro “mágico”.

Assim como Criaturas da Noite, essa é outra história que a gente acompanha os personagens mas não parece ter nada subentendido ou camadas pra se aventurar.


Arlequim Apaixonado, com John Bolton

Também achei essa história meio fraca. A arte é interessante, porque me lembrou aquelas revistas antigas de “fotonovela”, que cada quadrinho era uma foto de pessoas com balões de fala. A impressão que dá é que é uma fotografia colorizada com guache. Mas a arte por si só não foi o suficiente pra deixar a história mais envolvente.

Um dia Missy abre sua porta e encontra um coração humano pregado na madeira. O Arlequim, apaixonado pela jovem, o deixou de presente. Missy sai em uma busca para descobrir de quem é o coração.


No fim das contas, se você nunca leu NADA do autor, não sei se recomendaria essa graphic novel como porta de entrada para conhecer o estilo narrativo dele. Na minha opinião, de quem não tem tanta proximidade dos quadrinhos do Neil Gaiman, eu sugeriria um dos livros: O Oceano no Fim do Caminho ou Lugar Nenhum.


Outros livros do autor

  • coraline - neil gaiman
  • deuses americanos - neil gaiman
  • mitologia nórdica - neil gaiman
  • o oceano no fim do caminho - neil gaiman

Até a próxima! o/

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