resenha

Laura Dean vive terminando comigo – Mariko Tamaki e Rosemary Valero O’Connell

23 fev 2021
Informações

Laura Dean vive terminando comigo

Mariko Tamaki e Rosemary Valero O'Connell

Intrínseca

série ---

304 páginas | 2020

4.75

Design 5

História 4.5

14

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Freddy Riley só quer que Laura Dean pare de terminar com ela. O dia em que começaram a namorar foi o melhor de sua vida, mas agora parece apenas uma lembrança distante. Laura Dean é popular, engraçada e MUITO LINDA… mas também pode ser insensível e bem cruel. O relacionamento cheio de idas e vindas deixa Freddy desnorteada, e seus amigos não entendem por que ela sempre aceita reatar. A situação se mostra cada vez mais insustentável: o coração de Freddy está se despedaçando em câmera lenta, e ela corre o risco de perder a melhor amiga junto com o que resta de sua autoestima. Mas, quando Freddy se consulta com uma misteriosa vidente, recebe um conselho capaz de mudar essa história para sempre.

As premiadas Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell dão vida a uma narrativa delicada e pungente sobre o amor na adolescência, nos convidando a imaginar o que acontece quando deixamos para trás os relacionamentos tóxicos e abrimos espaço para relações que nos fortalecem. Laura Dean vive terminando comigo venceu três Eisner Awards, maior prêmio do universo dos quadrinhos, nas categorias Melhor Roteirista, Melhor Artista e Melhor Publicação Para Adolescentes.

Design e História

Recentemente postei uma resenha falando da graphic novel de Duna em que eu achei que fazia mais sentido juntar a parte de design e de história. E aqui em Laura Dean vive terminando comigo continuo percebendo que é uma ótima forma de falar da experiência.

Além de ser um ótimo contraponto sobre o que eu reclamei em Duna e o que é maravilhosamente bem feito por Rosemary Valero.

Vamos começar com um momento pra assumir que, por algum tempo, eu achei que essa era a versão graphic novel de Lara Jean, da trilogia da Jenny Han. Aquela do Para todos os garotos que já amei, sabe? Afinal, tava saindo filme na Netflix, podia ter quadrinhos também.

E, vocês vão me perdoar por confundir LAURA DEAN com LARA JEAN, não é mesmo?! 🤷‍♂️ Tirando esse erro crasso do caminho, já dá pra começar dizendo que eu adorei a história e os personagens que Mariko Tamaki criou. 💕

Aqui eu posso dizer com bastante segurança que tanto a história quanto a arte são igualmente responsáveis pelo sucesso do quadrinho. Tudo tem um equilíbrio de suavidade e feminilidade (não problematize!), ao mesmo tempo que tem um grande impacto visual e emocional no leitor.

(Vale um aviso de gatilho aqui: o quadrinho tem relacionamento tóxico e abusivo, abuso de bebidas alcóolicas e aborto)

A gente acompanha a história de Freddy. Ela é uma jovem de 17 anos, que tem três ótimos amigos, gosta de fazer artesanato (meio bizarro, com toques de Frankenstein), trabalha num restaurante vegano, e está apaixonada.

Só que a menina de quem ela gosta vive terminando com ela.

A menina é a tal Laura Dean do título. A gente não sabe muito da garota além do que a Freddy conta pra gente, mas pra mim ela não parece lá uma companhia muito agradável.

E os amigos da Freddy também não acham. Principalmente Doddle, a melhor amida da nossa protagonista. Doodle é maravilhosa, eu quero abraçar e apertar pra sempre! 😚

Uma das coisas mais bonitas da história é ver o relacionamento dos quatro amigos e como toda essa insistência de Freddy em ficar com Laura afeta todo mundo. Além de Doodle, Eric e Buddy são um casal gay interracial que também se preocupam bastante com a protagonista.

E você começa a ficar um pouco irritado com Freddy porque “como assim ela não percebe que esse relacionamento com Laura é extremamente tóxico?!”.

Como ela não percebe que ficar com Laura faz mal pra ela; como não percebe que ela está perdendo as amizades mais sinceras que poderia querer; como não percebe que não pode ser amor se elas vivem terminando?

Como não percebe que só é bom ficar com ela quando é conveniente para Laura Dean?

Provavelmente da mesma forma como tantas outras pessoas não percebem que estão em um relacionamento abusivo.

Eu fiquei bastante emocionada em como a arte da Rosemary é altamente responsável por fazer a gente sentir: a passagem do tempo, a perda de confiança dos amigos, o início de um certo rancor. Mas ao mesmo tempo, você passa também pelo processo inverso, de recuperar os amigos, reconquistar a confiança, encontrar o amor próprio e libertação.

“Só” com a arte, com a aplicação sensível de cor, e com a progressão de quadros e “vazios”.

laura dean vive terminando comigo - mariko tamaki

Tudo nas ilustrações de Rosemary é feito de forma a ser leve e elegante, mas ainda assim todos os temas que estão sendo tratados continuam sendo importantes e fortes na história de Freddy.

É lindo passar pela jornada da protagonista junto com ela. Ver o desenvolvimento e crescimento que ela conquista ao longo do caminho, junto com o sofrimento e aprendizados que ela tem.

E eu também achei lindo esse “universo paralelo” em que todas as pessoas podem ser assumidamente LGBTQIA em todos os ambientes e locais e isso ser o normal. Quer dizer, mais ou menos porque Eric vem de uma família latina tradicional e ainda não se assumiu pra eles…. Mas, ainda assim, desejando que essa realidade se torne realmente o normal, e que Eric possa ser aceito em casa.

Mas tem uma coisa que eu senti falta. Eu queria saber um pouco mais de Laura Dean. Porque aqui ela fica com uma faceta de vilã e de pessoa odiável. Não estou dizendo que não existam pessoas que são como ela e simplesmente não tem explicação. É assim e pronto.

De qualquer forma, como estamos vendo a história da Freddy, talvez não seja realmente importante saber quem é Laura Dean fora do “mundo cor de rosa” da protagonista.

E uma outra coisa que eu achei um pouco difícil de acompanhar. Freddy manda e-mails pra uma “conselheira amorosa digital”, e essas mensagens estão misturadas com diálogos e acontecimentos ao longo das páginas. Pra mim esses textos das caixas “digitais” acabavam parecendo truncados como narrativa e me atrapalhava de entender o todo. 🤔

Mas assim, é a ÚNICA coisa que eu tenho pra comentar “contra” a graphic novel.

A arte é linda! Me lembrou bastante de Strangers in Paradise e Aoharaido, e esse projeto gráfico é maravilhoso!

É quase um manga/tankohon, mas tem orelhas e acabamento interno, com uma chapada de rosa na contracapa. Nunca eu achei tão lindo esse rosa caladril! Achei o tamanho perfeito pra história e pra você manusear o quadrinho pra ler.

O papel é um pouco mais fino do que um offset ou pólen, mas eu não achei que tenha uma transparência que afete a qualidade da leitura. Além disso, eu gostei bastante do sensorial do Chambril Book pra esse tipo de produto. 👍

Muito feliz com a leitura, com ter essa graphic novel em casa (bem mais do que com o de Duna… 😆) e faço uma recomendação muito forte de que você leia também!


Até a próxima! o/

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