resenha

A Catedral do Mar – Ildefonso Falcones

16 jan 2019
Informações

A Catedral do Mar

Ildefonso Falcones

Intrínseca

série ---

592 páginas | 2018

4.25

Design 4.5

História 4

14

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Saga com mais de 6 milhões de exemplares vendidos apenas na Espanha e que inspirou a série homônima disponível na Netflix, A catedral do mar acompanha a vida de Arnau Estanyol. Filho de um servo que escapa dos abusos de seu senhor feudal e se refugia em Barcelona, Arnau tem a vida marcada pelo trabalho árduo e pela devoção à Virgem Maria. A fé liga sua história a um dos principais templos da Catalunha — Santa Maria do Mar —, e a igreja do povo se torna ela mesma um personagem à medida que Arnau acompanha sua edificação.

De fugitivo a um dos mais respeitados membros da comunidade barcelonesa, ele acaba se aproximando de perigos cada vez mais intensos, como a temida figura da Inquisição. Mas a bondade do homem para com seus colegas de trabalho, clientes e até mesmo aqueles considerados párias — como mouros e judeus — acaba levando-o longe, ainda que frente a tantos conflitos.

De forma raramente encontrada na literatura, A catedral do mar descreve o sistema medieval em detalhes, abordando tanto a arquitetura e a cultura da Barcelona da época quanto suas complexidades jurídicas e financeiras. Ao escrever com evidente paixão sobre um dos períodos mais complicados da história da Catalunha, Ildefonso Falcones construiu este romance épico que se tornou um dos maiores best-sellers recentes da Espanha.

Design

Vale dizer que não há muito para se criticar nesse projeto gráfico.

A Catedral do Mar é um livro robusto de quase 600 páginas, e ainda assim, ele não ficou muito pesado para você saracotear por aí.

Acredito que a imagem usada na capa é da verdadeira Catedral do Mar que fica em Barcelona. No site oficial da Basílica tem algumas imagens que mostram esse vitral e a estátua como aparecem na capa.

Na arte da capa já dá pra ver a eterna fonte que relembra a Trajan no título e no nome do autor. Acho que nunca vamos desassociar esse estilo de fonte para identificar livros que tenham algum fundo histórico.

Não acho ruim. Na verdade é uma forma de você criar uma certa conexão visual imediata pro leitor. Sempre que ele vê esse estilo de fonte no título, ele já pode esperar um livro de histórico, ou alguma coisa mega épica de fantasia.

Sobre o miolo, nada muito original. Ele é bastante correto, tem fonte agradável e legível, os elementos que eu costumo gostar num projeto gráfico (cabeçalho, margens equilibradas, facilidade de leitura).

Minha única tristeza com o livro é que ele não tem um mapa que ajude a entender a geografia de Barcelona e os movimentos dos personagens ao longo da história. Mais sobre isso em uma sessão exclusiva mais abaixo.

História

Sempre que eu leio algum tipo de livro com fundo histórico eu me chuto mentalmente por não ter prestado atenção na matéria na escola.

Tudo bem que se você pensar direitinho, a gente tem aulas de história extremamente superficiais levando em consideração TUDO o que se tem para aprender sobre o MUNDO TODO.

Mas isso não tira a sensação de que eu poderia aproveitar mais se eu entendesse o contexto, os personagens reais, a geografia, do que está sendo tratado no livro.

Para variar, estou colocando o carro na frente dos bois.

Quando terminei A Catedral do Mar (que foi uns 20 a 30 minutos antes de começar a escrever), além de me sentir meio bosta pela questão histórica, eu fiquei me sentindo meio bosta por muita coisa que acontece na história de Arnau Estanyol.

Então, eu coloquei a playlist da soundtrack de A Chegada/Arrival para tocar (se você tiver interesse de ouvir, ela é ótima pra ajudar a concentrar) e tentar me ajudar a focar. E agora, eu estou tentando condensar 528 páginas de uma história que em muitos momentos é um tanto lenta e contemplativa, em alguns (muitos) parágrafos de uma resenha.

Então, sim. Prepare-se para uma leitura longa e sem gifs para te ajudar a descontrair. Dica: não tem gifs no livro também. :P

Vou tentar contextualizar e separar em assuntos que me marcaram, para ver se ajuda a construir minhas ideias e a estrutura dessa resenha.


era 1320…

… quando Bernat Estanyol contraiu matrimônio e sua noiva foi estuprada na noite de núpcias pelo senhor feudal “dono” de suas terras. E isso são as 25 primeiras páginas de A Catedral do Mar.

No século XIV, no período do feudalismo que vivia a Europa, os nobres eram os donos das terras e cabia aos servos produzirem e pagarem impostos pelo uso-fruto.

Bernat era o terceiro da família Estanyol preso à terra e ao senhor de Navarcles. E o nobre tinha direito a tudo de Bernat, inclusive desvirginar sua jovem noiva.

O senhor podia exigir juramento ao servo ao qualquer momento. Tinha o direito de cobrar uma parte dos bens do servo se este morresse intestado ou quando seu filho herdava (…). p.24

Depois, Francesca dá a luz a um menino, que obviamente não é filho do barão, mas continua sendo assediada pelo nobre. Ela e Arnau são levados para o castelo. Depois de dias sem notícias, Bernat descobre que sua esposa foi “transformada” em prostituta de todos os homens do castelo e que seu filho está praticamente morrendo de fome.

Fugindo da vida servil, Bernat pega os poucos bens que consegue, abandona tudo e se dirige para Barcelona, na esperança de conseguir encontrar sua irmã e tentar ter liberdade. A vida de Bernat e Arnau já começa “simples” assim.


Barcelona e a construção da catedral

Toda a história principal vai se passar na cidade de Barcelona, enquanto Arnau cresce e nos mostra diversos momentos históricos importantes da cidade e seus arredores.

Já na cidade, Bernat começa a trabalhar na oficina de seu cunhado, escondido, enquanto espera passar o período de um ano (e alguns dias se não me engano) para conseguir um “passaporte” que garante que ele e Arnau são pessoas livres.

Grau Puig, o cunhado de Bernat, é uma pessoa extremamente ambiciosa e seria considerado um alpinista social nos padrões de hoje. Ele quer se equiparar a um nobre, mesmo que seja visto com desdém por eles. Puig é um homem extremamente rico e influente, mas que não consegue realizar seu maior desejo de ascensão.

Arnau convive com os primos, mas faz amizade verdadeira com um menino praticamente de rua chamado Joanet. É esse menino que cria uma ânsia em Arnau, ao mostrar que ele não tem mãe. Nesse momento é que entra mais um “personagem” na história: Virgem Maria.

Bernat diz a Arnau que ele deve pedir à Virgem Maria que seja sua mãe. O menino encontra na pequena capela de Santa Maria del Mar a representação do amor materno que sempre desejou, na imagem de pedra da Virgem.

A partir desse momento, a vida de Arnau está completamente envolvida com sua devoção e com a construção da nova catedral em homenagem à Maria.

Essa é basicamente a introdução do livro. MUITA coisa acontece ao longo de toda a vida de Arnau que é contada pelas páginas do livro, mas eu quero trazer alguns assuntos que me marcaram ou revoltaram ou chamaram a atenção.


As mulheres na idade média…

… e como são representadas as personagens femininas no livro. Acho que fiquei tão marcada por isso que a maioria dos quotes que marquei durante a leitura são relacionados à visão da mulher na sociedade da época.

As mulheres são maliciosas por natureza e se comprazem tentando o homem para os caminhos do mal – recitou Joan. p.204

De certa forma só existem 2 representações: put@ ou pura. Todas as personagens femininas, desde a mãe de Arnau até sua futura filha postiça, todas são exemplos completos de uma das duas possibilidades. Algumas delas conseguem alternar entre as personalidades, mas não conseguem fugir do estigma “cristão” que a mulher tinha nessa época.

E, de certa forma, as mulheres são elementos que sempre representam algum tipo de mudança ou “avanço” na história de Arnau. O complicado é que como estamos acompanhando a vida dele, em um período extremamente negativo e perigoso para se ser uma mulher, existem momentos que eu tive dificuldades de ter empatia pelas personagens.

Segundo os entendidos, a mulher era, definitivamente, a antítese do homem e, portanto, incoerente e absurda. p.205

Porque, invariavelmente, você acaba torcendo pelo Arnau. Então, se uma mulher “atrapalha” sua evolução como personagem, a gente acaba “demonizando” e odiando essa mulher. E eu me senti culpada por isso.

Uma em particular foi muito difícil pra mim, porque fica até parecendo que ela foi construída para ser odiada pelo leitor. Eles cresceram juntos na mesma casa, depois de acontecimentos muito traumáticos para Arnau. Ela, filha de um curtidor. Ele, órfão de pai e de mãe, e junto com Joanet, o menino “praticamente” de rua que vira seu irmão de coração.

Rola uma paixão juvenil, mas que se desenvolve em um obsessão por parte da jovem, que acredita que só vai ser feliz se Arnau for seu. Só que ela é dada em casamento para um homem muito mais velho, e seu sonho de ser esposa de Arnau acaba. Ou não.

Ele se casa, mas ainda é apaixonado pela jovem. Eles se reencontram e ela passa a perseguir sexualmente Arnau. Ele se entrega a sua paixão, traindo sua esposa e todas as suas crenças e compromissos com sua guilda de trabalho.

E eu meio que fiquei irritada com como a personagem podia ser tão egoísta e ceder aos seus impulsos “mais primitivos”, só para conseguir ter relações sexuais com alguém que ela realmente queria. Tipo, Arnau também é culpado por ter cedido aos avanços da jovem. Mas meu primeiro impulso foi odiar a personagem por tirar o “herói” do caminho correto.

De certa forma, ela acaba sendo punida pelas ações que toma, enquanto Arnau não tem nenhum tipo de problema com o que faz, a não ser ter que arcar com a culpa.

(…) Outro princípio é o que aparece nos Provérbios (…) que quem trata delicadamente os que devem servi-lo, entre os quais se encontra a mulher, encontrará rebelião onde deveria encontrar humildade, submissão e obediência. E, se, apesar de tudo, a malícia continuar presente na mulher, o marido deve castigá-la com a vergonha e o medo; corrigi-la no começo, quando é jovem, sem esperar que ela envelheça. p.206

Ainda tem a visão da igreja de que as mulheres são seres pecaminosos, que só servem para desviar o homem de seu caminho em direção a Deus. E de que sua função é cuidar da casa, do homem, prover filhos para sua descendência…

Acho que o que mais me desespera é que esse pensamento é ainda tão atual. É como se em mais de 7 séculos nada tivesse mudado na forma como a mulher é vista e tratada na sociedade.

Muito difícil. :(

(…) As mulheres nasceram para servir os homens; essa é a lei, terrena e divina. Os homens batem nas mulheres, e elas não os odeiam por isso; os homens encarceram as mulheres, e elas tampouco os odeiam por isso; as mulheres trabalham para os homens, fornicam com eles quando eles querem, têm que cuidar deles e se submeter-se a eles, e nada disso gera ódio. p.459 (A visão de um Inquisidor sobre a relação homem / mulher)


A igreja católica e a Inquisição

Essa parte foi uma das mais complicadas pra mim. Estudar em colégio católico e ter aulas de história não é uma boa mistura quando você quer “catequizar” e manter seus fiéis (na minha opinião).

Eu não consigo acreditar em uma instituição que foi capaz de fazer o que fez durante a Inquisição.

(…) Você equiparou a autêntica fé cristã, a única, a verdadeira, às doutrinas heréticas dos judeus. p.510

Homens se dizendo servos de Deus, sendo que são simplesmente homens gananciosos e políticos. Aparentemente não acreditando naquilo que pregavam, mas buscando status e prestígio, dinheiro e fama.

Homens sádicos torturando mentalmente e fisicamente pessoas acusadas injustamente de bruxaria e outras tipos de heresias.

Pessoas acusando parentes, vizinhos, conhecidos, simplesmente por serem desafetos e, consequentemente, conseguindo que eles deixassem de ser um empecilho.

Todos queimados em fogueiras.

E eu me questiono como as pessoas conseguem acreditar e manter uma instituição que matou milhares durante o tempo em que a Inquisição aconteceu.

A Inquisição começou no século XII na Europa e repercutiu por toda Idade Média, tendo ramificações inclusive nas Américas. Um pouco mais de informação sobre na Wikipedia.


A nobreza e as guerras incessantes

Meldelz, como a nobreza Espanhola era fútil. Mas ao mesmo tempo, era o símbolo de status inalcançável por todo o resto do povo.

O cunhado de Bernard, na gana de ascender além de seu “posto” de mercador rico, consegue um casamento com um barão falido, e com isso alcança o título tão desejado. Mas não o respeito real dos demais nobres.

(…) Nós não passamos de brinquedos nas mãos dos nobres. Eles decidem sobre seus assuntos sem se importar com quantas mortes ou quanta miséria podem trazer para os demais. p.310

Na época retratada na história dA Catedral do Mar, os nobres eram os principais apoiadores do rei e príncipes da Catalunha, em suas infindáveis guerras de expansão e manutenção de seus territórios.

Eles também aterrorizavam a vida de seus servos com uma série de leis e regras que eu já comentei lá em cima na leitura da resenha.

E, na história de Arnau, não existe nenhum nobre que realmente seja bom. Todos são interesseiros, gananciosos, egoístas. Querem manter seus status a qualquer custo, e consideram que todos os que não são nobres são dispensáveis.

É bem nojento acompanhar como a baronesa com quem o cunhado de Bernat casa trata Arnau em sua infância. O quanto a esposa infanta que é “dada” ao protagonista por seus préstimos à Barcelona é manipuladora e terrível.

É só mais uma faceta de como as mulheres eram pessoas “horríveis” nessa época.


A peste negra

Um dos principais desafios na vida de Arnau é a peste negra, que chega a Barcelona dizimando grande parte da população. A peste não via cor, credo, status social ou dinheiro. Ela simplesmente matava e se espalhava rapidamente.

O jovem viu diversas pessoas à sua volta sucumbirem à doença. Perdeu pessoas importantes. E viu mais uma face do pior que a humanidade pode mostrar em tempos de dificuldade.

Esse momento da história é um divisor de águas para a vida de Arnau. É aqui que ele deixa de ser um bastaix para se tornar um cambista rico e de grande sucesso.

Foi aqui também que eu comecei a fortalecer a ideia de que Arnau provavelmente era um special snowflake, de forma que a gente pudesse acompanhar toda a história por seu ponto de vista…

Fale dizer que todas as coisas que acontecem com Arnau sempre acabam derivando de forma positiva pra ele de alguma forma. E ele sempre é o mais bonito, o mais forte, o mais esforçado, o mais devoto… o mais. Então, em dado momento, eu meio que parei de me preocupar com o bem estar dele. Eu SABIA que, invariavelmente, nada de mau iria realmente acontecer.

Isso é um pouco ruim pro desenvolvimento da história, se você parar pra pensar. Porque as páginas acabam virando um apanhado de acontecimentos sem consequências reais pros personagens, né?


Afinal, qual o problema do mundo com os judeus?

Tem certas coisas que a gente descobre até mesmo em livros de ficção histórica, mas que não tem noção de quão próximo à realidade é aquela informação.

Do tipo. A gente sabe que milhões de judeus foram assassinados nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Hitler tinha toda aquela cruzada de raça pura, e um ódio imenso por todos os judeus que eram alemães ou moravam no país.

Mas eu não fazia ideia de que as pessoas desse grupo são perseguidas, segregadas e culpadas dos maiores absurdos basicamente DESDE SEMPRE.

Em A Catedral do Mar eles são obrigados a morar em uma área específica de Barcelona que é chamada de judiaria. Todos também usam uma marca visível nas roupas para mostrar a todos que são judeus.

Cristãos não podem se relacionar ou tocar em judeus. E podem ser punidos se forem considerados/acusados de se solidarizar por eles.

Ao mesmo tempo, os judeus são muito ricos e responsáveis por grande parte dos empréstimos que mantém as guerras e as dívidas da coroa.

(…) A menina olhava para ele de olhos muito abertos, implorando que afastasse da mente os preconceitos com que os cristãos difamavam sua comunidade e suas crenças. p.311

Em diversos momentos os judeus são acusados de fazer alguma coisa completamente bizarra e pagam muitas vezes com suas próprias vidas. Eles são acusados de ter pacto com demônios, de trazer a peste negra para Barcelona, de profanar uma hóstia sagrada.

Inclusive, essa passagem da hóstia é terrível de acompanhar pelas coisas que acontecem com os judeus. Esse momento também acaba afetando a vida de Arnau e chamando a atenção da Inquisição.

Nessas horas eu volto a me sintir completamente burra e limitada por não ter um conhecimento mais profundo de história. Eu queria entender por que o povo judeu sempre foi expulso de todos os lugares onde tentavam criar raízes. =/


O que eu não daria por um mapa?!

Eu costumo reclamar quando os livros de fantasia não trazem mapas para contextualizar a história. Mas preciso dizer que aqui também faria muita diferença.

Fui apelar para o Google Maps para entender porque Barcelona era uma cidade fácil de ser invadida e tomada pelo mar. Mas né… só tem a Barcelona dos dias de hoje no Maps.

Teria sido lindo ver como era a Barcelona de Arnau e entender por onde ele correu e lutou e viveu e quase morreu (diversas vezes) ao longo da história.

UP: Achei no Google um mapa que representa a cidade no final da Idade Média, então deve estar próximo da época da história. O interessante é ver a localização da catedral e como era realmente próxima da praia.


Eu me surpreendi com A Catedral do Mar. É uma leitura longa, tem algumas barrigas, às vezes Arnau me irrita com todas as coisas que sempre costumam dar certo pra ele.

De certa forma, eu não consegui ficar apreensiva ou receosa de que algo iria acontecer com o personagem. Ele sobrevive aos maus tratos da família, aos desafios de ser bastaix, à guerra, à peste, às mulheres que o perseguem, fica rico, fica pobre, é acusado na Inquisição. Mas ainda assim, a gente não se preocupa tanto, porque ele é o the chosen one.

Mas, conhecer um pouco da história de Barcelona e da Espanha, ser impactada pela forma como as mulheres eram vistas/tratadas/usadas na época, ver o poder da igreja e o quanto isso era nocivo… e ainda assim acompanhar toda a história de Arnau, fez com que as quase 600 páginas do livro não ficassem tão pesadas de ler.

Pra mim que nunca li nada do Ken Follett, que é minha referência desse tipo de ficção histórica, achei que Ildefonso Falcones fez uma ótima saga (de um livro só) histórica.


Até a próxima! o/

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banner parceria editora Intrínseca 2018

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