resenha

Parthenon Místico – Enéias Tavares

26 jan 2021
Informações

Parthenon Místico

Enéias Tavares

Darkside

série Brasiliana Steampunk

352 páginas | 2020

3

Design 5

História 1

14

Compre! Amazon

O cenário é o Brasil do século XIX. No mundo concebido pela mente do premiado autor Enéias Tavares, a tecnologia a vapor permite a existência de carruagens sem cavalos, máquinas voadoras e prodigiosos robôs autômatos. É neste lugar que um grupo de personagens inusitados se une para formar o Parthenon Místico e enfrentar os vilões da Ordem Positivista Nacional.

O leitor mais atento, ao começar o livro, vai perceber que vários dos personagens a que Enéias Tavares dá vida já são seus conhecidos: já os viu em O Ateneu, de Raul Pompeia; em Contos Amazônicos, de Inglês de Souza; em Noite na Taverna, de Alvares de Azevedo; em Dr. Benignus, de Augusto Emilio Zaluar, e em tantas outras obras. A eles se juntam mais histórias da literatura brasileira, bem como personagens originais do universo de Tavares, chamado de Brasiliana Steampunk.

Além da empolgante aventura nesse cenário repleto de literatura, misticismo e vapor, o leitor ainda pode viver uma experiência transmídia. Parthenon Místico não se contém apenas entre as páginas do romance, mas se desdobra em mapas, ilustrações, histórias em quadrinhos, áudio dramas e um tarô, tudo acessado através do celular. O universo de Brasiliana Steampunk também está presente nas telas, na série lançada na Amazon Prime A Todo Vapor!

Parthenon Místico continua a trama de O Ateneu e conta a origem da Liga Extraordinária Tupiniquim já vista em A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison (LeYa, 2014). Neste prequel, que funciona mesmo sem a leitura do livro anterior, descobriremos quem integrou as duas gerações desta insólita sociedade secreta. Dividida em seis partes, a trama é contada por noitários e gravações, recriando os estilos textuais dos autores que emprestaram seus personagens a Tavares. Soma-se ao texto a arte de Ana Koehler que coloca em seu belo traço os personagens do livro.

Design

Sabe aquele slogan de remédio “se é bayer, é bom”? É simplesmente isso que você precisa levar em consideração quando adquire um livro da Darkside.

Se é Darkside, é maravilhoso.

Mattos, Samara

Acho que não teve NENHUM projeto gráfico da Darkside feio ou “simples”. Sempre existe um cuidado absurdo com o que está sendo desenvolvido pra cada detalhe do livro.

É exatamente isso que acontece em Parthenon Místico.

O livro é absurdamente bonito, rico em detalhes e cuidadoso com as escolhas que faz para criar um projeto harmonioso.

Pra começo de conversa é em capa dura, que é o “básico” da Darkside. Tem uma ilustração linda que remete a relógios, steampunk e a um diário extremamente refinado. Verniz localizado em diversos elementos criando áreas de foco de interesse.

E o trabalho com a fonte no título?! São três fontes bem diferentes entre si, mas que criam uma unidade muito interessante e que dão uma certa atmosfera que me remete a cartazes de circo.

A ilustração transborda pra lombada e pra quarta capa, levando também as aplicações de verniz em áreas relevantes. Eu só tenho uma ressalva no resultado, mas é em relação a quase todos os livros da editora. A lombada não tem nem o título, nem o logo da Darkside. Fica lindo na estante, pra quem tem uma, mas talvez fique muito difícil de saber qual livro é.

Pra terminar a parte externa, temos pintura trilateral num tom de azul petróleo ou turquesa que é a mesma cor do fitilho. Nas guardas, uma ilustração de diversas engrenagens já colocam você dentro do clima steampunk da história, e nas folhas de rosto, além das engrenagens, relógios entram como elementos gráficos.

A partir daí temos um miolo que é só encantamento. Páginas ilustradas com mais elementos associados ao steampunk; um sumário ricamente intrincado; uma lista de personagens seguida de ilustrações mostrando cada um dos principais para ajudar no conceito visual e imaginação do leitor; mapas das principais localidades; e, finalmente as aberturas de parte, e os capítulos.

Um comentário sobre o mapa. Eu acho maravilhoso quando livros de fantasia tem as indicações geográficas mas aqui existe um problema de que a parte central da ilustração é impossível de ser consumida porque fica na dobra. A não ser que você queira quebrar e espinha do seu livro e danificar a lombada, você não vai conseguir consumir o mapa em sua completude.

Outra coisa: existe uma legenda com as áreas de interesse, mas os números são praticamente invisíveis nas ilustrações. principalmente aqueles que estão na dobra… #tristeza

Quanto ao miolo textual em si, é mais um momento lindo do projeto. As aberturas das partes ficam em páginas duplas com uma chapada de preto, e vários elementos textuais. Além de grafismos e o número, ainda temos o título da parte, e uma descrição sobre que momento da história está sendo contado nos capítulos.

Já esses sempre vem com o título com a mesma estrutura da capa, como se fosse uma chancela, e um texto descrevendo o local de onde o conteúdo foi retirado. A mancha gráfica em si eu achei que tem uma letra MUITO pequena. Eu ainda não tenho indicação de usar “óculos de perto”, mas quem tem vista cansada ou alguma característica do tipo vai ter bastante dificuldade e cansaço visual para aproveitar o texto.

No geral, mais um projeto maravilhoso de se ter.


História

Acabei de lançar meu desafio de #6caveirasem2021 e já falhei miseravelmente no primeiro livro.

Porque sim, se eu abandono um livro não consigo achar que é culpa da história ou do autor. Eu sempre assumo que o problema sou eu.

Mas eu acho que consigo justificar.

Li exatamente 106 páginas das 352 do livro e eu não sei do que se trata a história. É quase 30% de um livro que simplesmente não conseguiu me dizer a que veio.

Eu não conheço os personagens, não consegui criar nenhum interesse ou empatia por eles. Os capítulos se alternam entre alguns deles de uma forma truncada. O ponto de vista é passado através de recortes em primeira pessoa de diários/noitários, ou transcrições de conversas com autômatos.

Tem muito tell porque a gente acompanha os diários, então a gente sabe de coisas que são contadas, mas não vivencia realmente o que aconteceu. Pra mim, isso faz com que a história perca envolvimento e ritmo.

Eu não sei quem é o vilão, nada sobre a sociedade positivista é realmente explicado pro leitor e não consegui entender porque eles são “maus”.

Mas acho que o pior problema aqui foi conseguir me acostumar com o ritmo e a cadência da história. No prefácio, o autor avisa que para fazer jus a uma história de época, ele escolheu escrever com o estilo e a grafia de acordo.

E assim, eu comprei o desafio. Enéias conseguiu me enganar com um primeiro capítulo confuso mas muito acelerado. Eu fiquei com a sensação que seria uma pegada meio vertiginosa de aventura.

Mas depois, eu só fui me arrastando ao longo das páginas, tentando entrar no ritmo, me envolver com as construções de frases mais rebuscadas, e talvez eu tivesse conseguido seguir em frente se a história realmente tivesse me envolvido e interessado de alguma forma.

Se o ritmo fosse como o do primeiro capítulo, poderia ser escrito de cabeça pra baixo que provavelmente eu acompanharia. Mas do jeito como foi… não deu.

Uma outra sensação que tive ao longo da leitura é que eu estava lendo a transcrição de uma partida de RPG e que cada capítulo era o turno de um dos personagens. Se de alguma forma isso aconteceu de verdade, a costura que envolve todos eles não ficou bem desenvolvida e eu me perdi ao longo do caminho.

“Ah, mas Samara, depois da página trocentos o livro fica maravilhoso e você não consegue parar!” – Pode até ser, mas não estou com disposição ou tempo para ficar “forçando uma amizade” com um livro que não me conquistou em pelo menos 50 páginas.

E olha que ainda dei uma margem boa de 100!

É muito provável que o livro funcione pra quem goste de um estilo mais rebuscado de escrita, de um rimo mais lento e com “poucas” coisas realmente acontecendo.

Mas no momento, eu preciso ser fisgada em menos de 100 páginas pra realmente investir meu tempo e minha dedicação na leitura. Perdão universo, perdão quem gostou do livro, perdão Darkside e Enéias Tavares. Talvez eu volte em um outro momento da vida.


Até a próxima! o/

Recebi Parthenon Místico da Darkside Books. E depois dessa resenha devo cair na lista de indesejados e nunca mais receber nada! 😅

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2 Comentários

  • Responder Izandra 26 jan 2021 at 18:58

    Olha, abri a resenha achando que ia ser o seu primeiro nacional do ano a ser elogiado, mas quebrei a cara xD
    É, bom. .. Eu também raramente abandono a leitura de um livro; a coisa tem que estar muito ruim para eu não me motivar a “ver se melhora” mais pra frente. Isso é algo que é mais fácil de fazer quando você já conhece e gosta do autor. Nesses casos, ficamos tão encucada de termos amado outro livro, mas logo aquele não estar fluindo, que continuamos a leitura.
    Uma pena que esse não rolou pra você; e pelo estilo “rebuscado”, também acho que não rolaria para mim. Só li literatura brasileira “clássica” focada em tempo de escola, mas nunca curti.

    • Responder Samara Maia Mattos 27 jan 2021 at 10:56

      Eu nem conhecia a escrita do Enéias, só sabia que ele tinha outros livros publicados, então fica difícil dar essa chance que você comentou. Se fosse um autor que eu já tivesse lido, provavelmente insistiria pra entender o que deu errado. 😅
      E clássicos de literatura são uma polêmica eterna…

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