resenha

Dear Heart, eu odeio você – J. Sterling

27 fev 2018
Informações

Dear Heart, eu odeio você

J. Sterling

Faro Editorial

série ---

288 páginas | 2017

3.5

Design 4

História 3

16

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Jules era viciada em trabalho. Colocando sempre o amor em segundo plano, sua principal meta era construir uma carreira com sólida reputação.

Cal Donovan era muito parecido. Ele havia traçado uma lista de objetivos para alcançar na vida, e nela só havia espaço para ascensão profissional. Mas um encontro ao acaso muda tudo. De repente, o amor não parece uma distração para atrapalhar seus planos.

Como fazer um relacionamento dar certo quando a sua cara-metade mora a milhares de quilômetros de você? Como viver esse amor sem abandonar tudo o que construiu?

Algumas vezes as nossas mentes elaboram planos, estabelecem metas, perseguem sonhos. E algumas vezes os nossos corações ignoram as nossas mentes e decidem apostar no amor.

Design

Gostei, sabe. Acho que dos livros da Faro que li até agora essa foi a capa e projeto mais bonitinho. Talvez por ser uma adaptação da arte original tenha dado mais estrutura visual pra nossa versão.

Essa modelo com cara de inocência e ao mesmo tempo aquela expectativa no olhar foi uma boa escolha para representar a Jules. E uma capa em que o padrão cromático é em tons de cinza (ui) com uma cor de destaque costuma sempre ser elegante. O amarelo que escolheram pra fazer o tchraran aqui é bem bonito, porque é um tom mais fechado. Particularmente eu acho amarelo uma cor difícil de trabalhar.

Queria entender o porquê de usar uma fonte tão “display” para o título do livro. Eu tenho mó receio dessas fontes muito rebuscadas, que parecem pincéis grossos, ou que emulam o traço da escrita de um a pessoa. Existe uma grande chance de a fonte não ser tão legível quanto bonita, e aí você perde qualidade gráfica.

Eu acho que faria um mix dessa fonte para o “dear heart”, mas escreveria o resto do título com a mesma que foi usada no nome da autora. Falando nela, eu sempre prefiro essas fontes sans serif pra livros contemporâneos, acho que dá um ar mais moderno pro projeto gráfico.

Seguindo em frente na análise da capa, o amarelo aparece em toda sua glória “amarelística” na lombada. Acho que é um elemento bem diferente pra quando você colocar na estante, daqueles que você encontra rapidinho se precisar procurar. A quarta-capa também faz o contraste entre o preto e o amarelo que aparece no texto da sinopse.

Uma coisa que tem se repetido em alguns projetos da Faro é o aproveitamento da parte interna da capa para fazer algum tipo de interferência gráfica! Em Dear Heart temos uma infinidade de coraçõezinhos, tipo aqueles que a gente desenha nos cantos dos cadernos, e uma chapada não-uniforma de uma cor que lembra um dourado. Não tenho certeza se é uma cor especial, mas não parece ser.

O miolo até que é “simples”. Todos os capítulos tem um título e, como a história é contada pelo ponto de vista dos dois personagens, o nome deles aparece para marcar de quem é a “vez”. Aqui é usada a mesma fonte do título e o que eu comentei sobre a dificuldade de leitura se aplica quando é o nome da Jules, por exemplo. No topo da página de abertura de capítulo também tem um elemento gráfico que dão a ideia de diversos corações, mas você tem que forçar um pouquinho pra identificar bem.

Agora, eu queria entender porque a Faro escolhe usar um papel com gramatura tão mais “grossa” do que outras editoras. Em tese, os livros que já li da editora giram em torno de 280~300 páginas, mas eles ficam grossos como pseudo chaprocas de quase 400 páginas. Sei lá. Eu prefiro uma espessura de livro mais condizente com o volume real de páginas. Costumo me assustar quando vejo os livros da editora. XD


História

Ah, o amor a primeira vista! <3

Sou uma criança dos anos 80/90, eu meio que cresci envolta em toda a magia do amor a primeira vista. Vai!, praticamente todas as princesas Disney que a gente conhece antes do final da década de 1990 se apaixonaram pelo primeiro cara que apareceu na frente delas!

Branca de Neve? Check!

Cinderella? Check! (mesmo que ela não soubesse que o carinha era o príncipe, ela se apaixonou por ele)

Aurora? Check!

Ariel? Check!

Da Jasmine em diante talvez elas não se apaixonem a primeira vista, mas já deu para perceber que nós mulheres somos criadas para esperar o raio mágico que vai mostrar nosso príncipe! Aquele choque de troca de olhares que vai fazer com que você vá direto ao cartório/igreja casar com aquele cara.

GIF love at first sight, Ariel

Mas convenhamos, acreditar de verdade que amor a primeira vista vai realmente acontecer, e com você!, é um pouco complicado. E já fazia um tempinho que eu não lia nenhum romance ou YA que apostasse nesse mote para o relacionamento de um casal.

Jules e Cal são dois workaholics. Completamente focados em suas carreiras e em seus planos de evolução e desenvolvimento profissionais. Cal inclusive tem uma planilha com o planejamento de metas para sua vida para daqui a alguns anos!

O legal aqui é que logo no começo, quando Sterling formaliza que essa decisão da Jules de priorizar a si e a sua carreira, ela aproveita pra fazer uma comparação do que é esperado para um homem e para uma mulher. Tem muito dessa discussão de gênero, que homens e mulheres ambiciosos são mal vistos, mas para a mulher sempre existe um peso negativo ainda maior.

“Meu coração ficou mais leve com a ideia de poder me concentrar em minha carreira sem levar em consideração os desejos ou sentimentos de outra pessoa.” p.10

“E, pensando bem, desde quando o fato de você ser sua prioridade número um é algo tão terrível? Os homens se concentram em suas carreiras o tempo todo e isso é totalmente aceitável.” p.10

Bem, o que Jules e Cal também tem em comum é a certeza de que não precisam, nem querem, se apaixonar nesse momento em que estão em pleno crescimento.

Só que, né, você querer alguma coisa racionalmente não quer dizer que o seu coração vai estar de acordo.

Em uma conferência em Boston, Jules e Cal se encontram em um restaurante de hotel. E sabe o raio, as faíscas, os anjos e os passarinhos? Pois é! Eles aparecem juntos e ao mesmo tempo quando esses dois começam a conversar e a se conhecer.

“Li muitos romances que falavam da ligação instantânea entre duas pessoas, daquela atração indescritível. Nos últimos anos, não conseguia acreditar quando lia aquelas histórias. Por um lado, achava que não passavam de bobagens; por outro, desejava que pudessem ser verdade.” p.15

Só que agora, além de se apaixonar, que era um compromisso que nenhum dos dois estava esperando, eles precisam lidar com um outro fator importante: Jules mora na Califórnia, do outro lado do país.

Além de não assumir o “namoro”, nenhum dos dois quer abrir mão de suas conquistas, e muito menos quer que o outro tenha que abrir também. Eu achei isso muito legal da autora. Sempre tem essas coisas de abrir mão, e a gente está meio acostumado a ver que essa responsabilidade normalmente recai na mulher.

Mas aqui Jules e Cal se respeitam muito e torcem para que sempre tenham sucesso. É uma parceria bonitinha de ver.

E você compra que eles realmente se gostam e querem realmente o bem um do outro. Isso a J. Sterling fez muito bem, a construção do romance dos dois, do crescimento do interesse, da “falta” do outro. Mas algumas decisões de desenvolvimento da história eu gostaria imensamente que tivesse sido feito de outra forma.

Obviamente você precisa de conflito na trama. É o que te mantém ali envolvido com os personagens, a preocupação de como eles vão solucionar qualquer problema ou desafio que aparecer. Eu só queria que não tivesse sido tão clichê.

“E eu não desejava uma coisa dessas, não queria sentir falta de ninguém. Essa saudade me tornava fraco e vulnerável. Já havia visto homens se afastarem do trabalho por causa de suas famílias, e nunca quis ser como eles.” p.201

Ou até que fosse clichê, mas que a Sterling tivesse desenvolvido com uma pegada meio La La Land, sabe? Aquele amor doce-amargo. E mais do que tudo, eu queria ter acompanhado o momento da crise pela ótica do Cal. A gente meio que já sabe e já espera o que acontece com a mocinha em uma história assim. Então, mostrar o ponto de vista do carinha ia ser realmente mais interessante.

Talvez eu esteja em um momento amargo da vida, mas depois de tudo que acontece entre Jules e Cal eu não queria um final feliz. Quer dizer, eu queria um final feliz, mas não queria que eles ficassem juntos, sabe? Por isso mencionei La La Land.

“Nem sempre nós podíamos escolher a quem amar. Às vezes, era um impulso irresistível que nos guiava, uma força gravitacional, algo que não podíamos ver nem controlar, mas que nos arrastava com força na direção de outra pessoa.” p.223

Talvez eu quisesse algo mais “cru”, mais duro e talvez mais “maduro” (com muitas aspas aqui). Talvez eu quisesse encontrar um amadurecimento real e crível dos personagens.

Independente disso, eu tive um outro probleminha com o estilo da J. Sterling, e tem a ver um pouco com essa coisa de amadurecimento. Quando a gente acompanha o ponto de vista da Jules eu me senti lendo a voz de uma “senhorinha” e uma adolescente imatura ao mesmo tempo. Às vezes eu tinha a impressão que as frases da Jules tinham que terminar com um “hihihi” de tão doce e bobinho que soava. Eu preferia ler os capítulos de Cal, mas mesmo achando a voz da Jules meio infantil, você acaba se acostumando com o passar das páginas.

Entendam que eu gostei da história. É daqueles livros previsíveis gostosinhos que aquecem o seu coração pela certeza da felicidade e do amor eterno. Vai ver que sou só eu que ando meio coração gelado e preciso de algum algo a mais para deixar ele quentinho.

“Corações não mentem. Bom, tudo bem, talvez mintam. Mas nós não podemos ludibriar o nosso coração como fazemos com a nossa mente. Corações sentem as coisas, independentemente da nossa vontade. Eles não são lógicos, não tentam dar sentido às coisas o tempo todo. Eles simplesmente sentem.” p.219


Até a próxima! o/

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parceria com a editora faro editorial

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1 comentário

  • Responder Izandra 27 fev 2018 at 21:23

    Ah, vai… Você não curte “amor a primeira vista” porque não teve essa experiência (o que é compreensível). Acho que eu sou mais suscetível a esse assunto porque que vivi isso com meu marido. Não é só a “atração inicial” que prende, mas aquela primeira conversa que faz o outro “brilhar” pra você. Comparado a outra sobras que tratam esse “amor”, achei a da J. Sterling muito melhor.
    Mas, como disse, é do que cada um viveu, bem como do momento que estamos na leitura rs
    P.S: a Jasmine também teve amor à primeira vista com o Aladin, quando ele era um trombadinha xD hahaha

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