resenha

Estrelas de Lata – Jeff Lemire, Dustin Nguyen

9 mar 2020
Informações

Estrelas de Lata

Jeff Lemire, Dustin Nguyen

Intrínseca

série Descender #1

144 páginas | 2019

4.5

Design 5

História 4

16

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A parceria entre os conceituados Jeff Lemire e Dustin Nguyen, dois dos nomes mais célebres dos quadrinhos, resultou em uma graphic novel incomparável, uma odisseia cósmica eletrizante e soturna que trata de temas complexos, como intolerância, medo, política e a relação muitas vezes conflituosa entre humanos e tecnologia.

O primeiro volume, Descender: Estrelas de lata, reúne os fascículos 1 a 6 da série e nos apresenta a uma realidade desconcertante: robôs gigantes conhecidos como Ceifadores invadiram a galáxia e destruíram planetas e civilizações inteiras, criando nos que restaram uma aversão às máquinas. Desde então, foram implementadas políticas de perseguição e extermínio de robôs. Essa caça implacável põe em risco a vida de Tim-21, um jovem androide de aparência humana que passou uma década num sono profundo, mas que pode conter em seu código vestígios dos assassinos do passado, o que faz dele o ser mais procurado do universo. Por isso, só resta a Tim-21 fugir. Ao lado dos amigos Bandit e Perfurador, ele percorre planetas e galáxias, desviando de inimagináveis perigos com um único objetivo: sobreviver.

Dos vencedores do Eisner Awards, este épico arrebatador e comovente, de cores intensas e vibrantes, narra a trajetória de humanos e máquinas, que ficam frente a frente em uma guerra que traz uma única certeza: não haverá vencedores. Uma história tão impactante que, antes mesmo de ser publicada nos Estados Unidos, teve os direitos de adaptação para o cinema adquiridos pela Sony Pictures.

Design

Eu andei falando sobre as graphic novels da Intrínseca nas resenhas dos outros dois volumes que li: Black Hammer e Canção do Silêncio: Oblivion Song. Você pode dar uma olhadinha pra me ver falando bem & mal dos quadrinhos.

Agora o que eu quero dividir aqui é o quanto a arte de Dustin Nguyen é ao mesmo tempo delicada e extremamente gráfica. Como não tem nenhum colorista creditado na obra, tendo a acreditar que foi o próprio Nguyen que fez a colorização.

E por mais leiga que eu seja como “crítica de arte”, todas as páginas e a capa parecem ser aquarelas extremamente detalhadas/detalhistas. Inclusive dá pra ver uma “marca” como se fosse a textura do papel sendo captada quando a página é escaneada pro processo digital.

Bem maravilhoso.

Além disso, o trabalho de lettering e da arte dos balões é muito impressionante! Dá pra você perceber as sutilezas nas diferenças das falas dos humanos e das máquinas, e é outra parte gráfica muito fantástica de ir desbravando ao longo das páginas.


História

Uma das coisas que eu acho mais “detestável”, mas ao mesmo tempo entendo o porque de ser utilizada, é quando um livro novo é lançado e vem algo como:

“Project Runway meets Mulan in this sweeping YA fantasy about a young girl who poses as a boy to compete for the role of imperial tailor” (O Project Runway encontra Mulan nesta ampla fantasia de YA sobre uma jovem garota que se apresenta como um menino para competir pelo papel de alfaiate imperial – tradução automática do Google 😋) – Spin the dawn

É uma forma de você convencer um público leitor específico de que sua obra (provavelmente) vai agradá-lo se você for fã de algum dos temas de venda.

Eu confesso que estou com dificuldade de estruturar na minha cabeça o que foi a leitura Estrelas de Lata. Não que eu não tenha gostado da história de Tim 21, mas tive que dar uma repassada pelas páginas pra tentar relembrar o que aconteceu ao longo do volume.

Aí fiquei pensando se eu usasse essa “‘técnica de venda” pra tentar te contar sobre o que é/tem na história… usando o fator “semelhanças com outras obras”, é como se Jeff Lemire pegasse os Celestiais da Marvel e misturasse com os andróides de Inteligência Artificial (o filme do Spielberg) e colocasse uma pitada de mistério, “filosofia robótica” (andróides sonham?), e violência.

GIF - inteligência artificial

É, vale um aviso aqui: se você não gosta de cenas violentas e gráficas, que mostram desmembramentos ou torturas, talvez Estrelas de Lata não seja pra você.

Estrelas de Lata gira em torno da história de um homem ganancioso que utiliza uma tecnologia desconhecida para criar andróides e acaba trazendo o terror para o Conselho Galático Unido.

Num futuro muito futurístico, a humanidade já fez contato com outras inteligências intergaláticas e formou um conselho espacial. Como toda a evolução prevista pros seres humanos, estamos cercados de robôs.

10 anos antes da história que a gente acompanha, seres gigantescos aparentemente robóticos, que ficaram conhecidos como ceifadores, cercaram o principal planeta da CGU e atacaram.

Esse ataque gerou uma onda de ódio e perseguição a todos os robôs e andróides. Algo um pouco parecido com o que se tem em Blade Runner e no Inteligência Artificial, com o descarte dos replicantes e dos andróides.

Hoje, Tim 21 acorda na colônia mineradora onde mora e descobre que muita coisa mudou no universo. A mais chocante pro pequeno andróide de companhia é que todos os humanos da colônia morreram e ele é provavelmente o único sobrevivente.

Seu despertar vai fazer com que tanto representantes da CGU quanto Sucateiros (mercenários que caçam robôs pra destruí-los e usá-los em arenas de combate) cheguem ao seu planeta para resgatá-lo ou destruí-lo.

Preciso fazer uma comparação aqui entre Estrelas de Lata e Oblivion Song. A história de Jeff Lemire conseguiu ser mais instigante nos assuntos que trata e no gancho que deixa pra um próximo volume do que a de Robert Kirkman.

Apesar das duas serem um tipo de sci-fi, eu acho a obra de Lemire e a arte de Nguyen muito mais interessantes e atraentes. Uma trama política intergalática é mais apelativa pro meu gosto pessoal do que monstros nojentos de uma outra dimensão.

De alguma forma, esse pensamento sobre a evolução das inteligências artificiais, o preconceito que pode haver nessa dicotomia humano x máquina e, as mesmo tempo, o relacionamento de dependência que também surge. São pensamentos relativamente “futuristas” e contemporâneos.

Pensando no relacionamento humano x máquina, quando falamos sobre os atendentes virtuais como a Alexa ou a Siri, ainda temos uma relação machista e desrespeitosa que reflete comportamentos intrinsecamente culturais e morais que temos.

Apesar da velocidade um tanto acelerada e truncada (característica de algumas graphic novels), a quantidade de informação, e de uma certa violência “gratuita”, a história de Tim 21 me deixou interessada e provavelmente lerei o volume dois. Quero ver aonde Jeff Lemire vai “forçar” a convivência homem x máquina e explicar o que aconteceu para o surgimento dos Ceifadores.


Até a próxima! o/

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