resenha

A Tumba do Tirano – Rick Riordan

7 jan 2020
Informações

A Tumba do Tirano

Rick Riordan

Intrínseca

série As Provações de Apolo #4

368 páginas | 2019

3.75

Design 4

História 3.5

12

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Os tempos estão difíceis para ex-deidades que quase destruíram a humanidade, foram expulsas do Olimpo, perderam os poderes divinos e, de quebra, conquistaram a antipatia de imperadores sanguinários. Apolo, o deus mais glorioso e belo que já existiu, agora é Lester Papadopoulos, um adolescente desajeitado de 16 anos que, para reconquistar seu lugar, precisa libertar cinco oráculos que estão na mais completa escuridão.

Não é de hoje que Apolo tem passado por poucas e boas em sua temporada terrena. Nos três livros já publicados da série As provações de Apolo, vimos o ex-deus enfrentar terríveis inimigos: um psicopata piromaníaco, um crush das antigas com sede de vingança e até um dos imperadores mais temidos da Antiguidade. Como se isso já não fosse o bastante, ele só pôde contar com sua inteligência e sagacidade humanas (bem reduzidas, como é de se esperar), já que seus poderes foram extintos por tempo indeterminado. A sorte é que nessa jornada ele teve a ajuda de amigos valiosos, como Percy Jackson, Leo Valdez e Meg McCaffrey.

Em A tumba do tirano, sua mais nova aventura, Apolo precisa correr até o Acampamento Júpiter, lar dos semideuses romanos, para ajudá-los a se defenderem da fúria do Triunvirato de imperadores, que fará de tudo para destruí-los. É hora de unir forças com Hazel, Reyna, Frank, Tyson, Ella e muitos outros nessa batalha que promete ser a mais difícil e dramática de suas vidas. Infelizmente, a chance de eles saírem vivos reside na tumba de um dos tiranos romanos mais odiados e ardilosos da história, conhecido pela soberba e pela crueldade. Se alguém achou que seria fácil voltar ao Olimpo, achou errado, é claro.

Design

Bem, não tem muito para falar sobre o design, porque é uma série, né? Tudo o que foi feito antes continua sendo feito agora. E a Intrínseca mantém uma proposta visual para todos os livros do Rick Riordan.

Então, vocês podem ir na resenha de A Espada do Verão, por exemplo, e ler minha opinião babando ovo para o projeto gráfico como um todo. ^.~

As capas do John Rocco continuam sendo um “ponto fraco” pra mim, porque eu particularmente não gosto muito da arte dele. Mas o artista costuma colocar uma cena do clímax da história, então você pode ter certeza que vai encontrar um momento com Apolo, Meg e Reyna subindo uma torre e sendo atacados por corvos. ;)

Uma coisa que eu me toquei que não comentei em nenhum dos livros de Apolo é que todas as aberturas de capítulo tem um grafismo estilizado de um sol. Mas é só isso mesmo. O resto é projeto gráfico “padrão” das séries do Rick Riordan.

E uma coisa que vale a pena comentar aqui e que pesou em mexer na nota de design foi a quantidade de deslizes de revisão que vi ao longo da leitura. Pra variar, não marquei nenhum, mas sei que vale a pena pra Intrínseca rever a revisão em próximas edições que venham a ser lançadas.


História

Vamos começar com um papo sério aqui? Esse já é o quarto livro da série Os Desafios de Apolo. Se você está aqui junto comigo eu posso supor que:

  1. Você já leu todos os outros livros da série e, provavelmente, esse também;
  2. Você não se importa com spoilers e tá a fim de saber o que tá rolando sem necessariamente ter que ler o livro.

Ou seja… estou pensando seriamente em simplesmente falar o que vem na mente, sendo ou não spoiler. É mais ou menos o que eu já fiz na resenha de O Labirinto de Fogo, então vamos manter a consistência, certo?

Depois dos acontecimentos do livro anterior, Apolo e Meg estão indo para o acampamento Júpiter para levar o corpo de Jason e cumprir a promessa de construir uma colina de templos em homenagem a todos os deuses.

Por ser um livro sobre/com semideuses obviamente as coisas não vão dar muito certo desde o começo, com perseguições e explosões, porque isso é que Apolo mais sofre nessa série.

Como já comentei em outras resenhas, a jornada de Apolo meio que está servindo como uma forma de reencontro com personagens das séries anteriores. E quem aparece dessa vez é Hazel, Frank e Reyna, além de introduzir uma nova personagem para ser a “cota” LGBTQI+ desse volume, e da participação de Ella e Tyson (o irmão ciclope do Percy).

Isso é uma coisa muito interessante e importante nessa série. Como Apolo é um personagem bastante “fluido” em seus interesses românticos, fica ainda mais fácil para Rick Riordan dar espaço e protagonismo para personagens queers.

E o próprio Apolo/Lester já deu diversas diretas sobre seu interesse por personagens masculinos e femininos ao longo da história.

A Tumba do Tirano foi um certo desvio nos desafios de recuperar os oráculos de Apolo porque aqui o foco maior está em destruir o “rei zumbi” que atacou o acampamento Júpiter. Ao mesmo tempo, os personagens vão ter que lutar com as forças combinadas de Calígula e Cômodos.

Se você já leu algum livro do Rick Riordan sabe que a história gira em torno de um período de 5 a 7 dias corridos. E durante esse tempo, Apolo e seu time de “auxiliares” vão ter que cumprir algumas “sidequests” até enfrentar os desafios finais.

Aqui, Apolo tem que ajudar no funeral de Jason, invadir a tumba do rei zumbi para descobrir informações, libertar um deus silencioso, conseguir itens para uma poção de invocação de deuses, e por fim lutar contra os imperadores e impedir a invasão e destruição do acampamento.

Como em qualquer quarta-feira, não é mesmo?

O que me chamou a atenção aqui, e eu confesso que não tinha me marcado tanto nos livros anteriores, é o nível de violência que Rick Riordan acrescentou às batalhas.

Não me lembro de nos outros livros as lutas e os machucados serem tão descritivos e gráficos em alguns momentos. Tudo bem que os leitores de Riordan já podem ser mais maduros para conseguir lidar com esse tipo de cena, mas ainda assim, me marcou ao ponto de eu achar que estava “fora do padrão”.

Outra coisa que ele fez aqui foi brincar de novo com nossos sentimentos ao matar um personagem em um momento de auto-sacrifício. De novo, os personagens da segunda série, Os Heróis do Olimpo, não são tão “importantes” no meu coraçãozinho para que me faça sofrer de verdade. Não é o Percy ou a Annabeth, por exemplo.

Só que fica parecendo que é só uma forma de criar tensão e tristeza para o leitor. Será que até o autor está percebendo que essa série do Apolo não tem o “mojo” que os livros do Percy tinham inicialmente e resolveu apelar?

De qualquer forma, eu preciso dizer que estou gostando mais do Apolo agora do que no começo da série. Ele realmente se desenvolveu como personagem ao longo dos livros, deixando de ser um deus mimado e pedante para assumir um lado mais humano e empático.

Em diversos momentos de A Tumba do Tirano ele é criticado por atitudes que teve em relação a seus amantes mortais. E o próprio Apolo se mortifica por todas as decisões egoístas e vingativas que tomou.

Apolo/Lester pode não ter o poder narrativo que Percy Jackson tem em seus livros, mas é definitivamente o melhor personagem de sua saga. Eu não consigo ter empatia ou gostar de Meg. Pra mim ela continua sendo a mesma personagem desde que a pareceu em O Oráculo Oculto, e é só uma escada para momentos de piada com Apolo.

Estou feliz que só falta um livro para terminar As Provações de Apolo, e agradecendo por toda a trama ter pelo menos mantido uma qualidade “ok”. Se no segundo livro eu quase decidi não continuar a leitura, agora eu só quero chegar ao fim da série e saber como/se Apolo vai finalmente voltar para o Olimpo.


Outras resenhas da série

  • o oráculo oculto - rick riordan
  • a profecia das sombras - rick riordan
  • o labirinto de fogo - rick riordan

Até a próxima! o/

banner parceria editora Intrínseca 2019

Onde comprar: Amazon (compras feitas através do link geram uma pequena comissão ao blog ^.~)

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1 comentário

  • Responder Âmbar 26 out 2022 at 13:44

    Textão? Textão. Sem spoilers.

    Para mim, A Tumba do Tirano é o melhor livro da série do Apolo.

    Eu senti que o autor, aqui, conseguiu equilibrar melhor a personalidade e a narrativa de Apolo. Sinto que há mais referências sobre sua vida antiga e às criaturas e seres mitológicos, talvez porque o Rick finalmente parou de fazê-lo lamentar a cada página que seu corpo e sua mente limitada não suportam suas lembranças divinas. Era uma desculpinha fraca que tornava a história maçante.

    Sim, Apolo ainda sente falta de suas habilidades, ele ainda quer poder estalar os dedos e ter tudo resolvido na palma da mão, porém, agora ele aceitou que as coisas não assim e que ele deve seguir em frente com o que tem. E esse é o grande ponto deste livro, para mim.

    Mesmo sentindo medo e aquela vontade de sair correndo, ele segue firme em busca de seus objetivos, até mesmo motivando os outros, comovido e inspirado pelos sacrifícios que os demais estão fazendo ao seu redor. O que antes, como deus, lhe parecia algo natural e esperado.

    O vilão da tumba do tirano me interessou mais do que os três imperadores principais, pelas possibilidades que abriu. Ao contrário de achar ruim esse lado mais mortal e sanguinário que de fato há na série do Apolo, eu a acho bem colocada, pois os semideuses carregam o fardo de terem de, em algum momento, sacrificar suas vidas pelos demais. Explorar isso em uma saga que narra as peripécias de um deus tentando recuperar seu lado divino me soa muito adequado, pois Apolo está sentindo na pele, como humano, o que os deuses fazem com seus filhos, e ele agora está apto a sentir as consequências disso, a não ser mais indiferente à dor por trás do fim “honrado e glorioso” de uma vida heroica e curta.

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