resenha

Dance of Thieves – Mary E. Pearson

8 fev 2019
Informações

Dance of Thieves

Mary E. Pearson

Darkside

série Dinastia de Ladrões #1

512 páginas | 2018

4.75

Design 4.5

História 5

14

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O universo expandido das Crônicas de Amor & Ódio com uma aventura apaixonante.

Quando o patriarca do império Ballenger morre, seu filho, Jase, torna-se seu novo líder. Até mesmo os reinos mais próximos se curvam à força dessa família fora da lei, que sempre governou por suas próprias regras. Mas uma nova era surge no horizonte, movimentada por uma jovem rainha, que logo se torna alvo de ressentimentos e ira da dinastia. 

Kazi, uma ladra reformada que cresceu nas ruas de Venda e sobreviveu por sua inteligência e agilidade, agora faz parte dos Rahtans, a guarda da rainha, e é enviada por ela para investigar transgressões e violações de tratados vigentes junto a Synové e Wren, outras duas soldadas da guarda real. Quando chega à terra proibida dos Ballenger, um incidente a deixa acorrentada a Jase, trazendo empecilhos ao seu trabalho.

A competição de sagacidade com o jovem líder faz com que eventos inesperados saiam de controle, e o laço entre ambos se estreita conforme eles utilizam falsos argumentos para cumprir suas próprias missões e promessas. A batalha de poder entre Kazi e Jase pode lhes custar a vida — e seus corações.

Neste livro, somos todos testemunhas de um dos maiores talentos de nossa rainha: dar vida a protagonistas empoderadas. Kazi é uma guerreira imbatível e determinada que marca presença por onde passa, seguindo os passos de Lia, a heroína das Crônicas de Amor & Ódio, ao inspirar mulheres a serem donas de seu próprio destino.

Design

Sério, é um livro da Darkside e isso já diz o suficiente para eu simplesmente dar 5 estrelas e não ter que justificar nada, certo?

E sim, Dance of Thieves merecia que eu jogasse todas as estrelas possíveis por esse projeto gráfico. Sério, esses arabescos florais com essa pegada meio nouveau/deco? É MUITO superior aos livros de Crônicas de Amor de Ódio.

MAS!

É tem um mas aqui. E você já deve desconfiar um pouco porquê. Estamos falando de um livro de fantasia. Pra mim, além de uma história maravilhosa, a segunda coisa mais importante em um livro do gênero é uma e somente uma:

Um bom mapa.

Não me entendam mal. As folhas de guarda do livro tem um mapa lindo da Boca do Inferno e da torre da Vigília de Tor. Mas eu NÃO FAÇO IDEIA de onde esses lugares se localizam dentro do continente dos Remanescentes. Só pela descrição da história, eu não consegui localizar se era mais próximo de Venda ou de Morrighan.

Eu achei que era mais perto de Morrighan porque a história de Kazi começa com uma parada nos campos da guerra de The Beauty of Darkness. Mas dali, para onde as três Rahtans foram, eu não faço a mínima ideia.

mapa de Crônicas de Amor e Ódio
Kd Eislândia?!

Então, me corroendo por isso, tive que comer 0.5 pontos do design de Dance of Thieves. Vou dizer que nem o Google soube me dizer direito onde fica o lugar, e não encontrei nada no site da autora também.

Mas eu posso só não saber como fazer uma pesquisa descente no Google. :P


História

E Mary E. Pearson fez de novo. Depois de uma trilogia impecável repleta de 5 estrelas, ela nos traz de volta ao universo dos Remanescentes de forma esplêndida.

Pra mim a melhor palavra para definir as histórias que Pearson escreve é “cozinhar”. Sim, porque é exatamente o que ela faz com nossos sentimentos e nossas expectativas ao longo das 512 páginas de Dance of Thieves.

A guerra entre Venda e os demais reinos do continente terminou há pelo menos 10 anos, mas a rainha ainda teme que o “dragão” possa reerguer-se e trazer mais destruição para o mundo.

Então, ela nomeia três de suas Rahtans para uma missão extremamente importante. Kazimyrah (Kazi), Wren e Synové devem ir até um país que nunca havia sido conhecido para encontrar um traidor da coroa.

Parêntesis gigante aqui pra me perguntar COMO nunca foi comentado sobre a Eislândia e a torre da Vigília de Tor. Sério, em Crônicas de Amor e Ódio, Jezelia/Kaden/Raffe ficam atravessando o continente de um lado para o outro e não comentam em nenhum momento sobre os outros reinos do continente dos Remanescentes.

Até mesmo Kazi se questiona como nunca ninguém soube do reino/país. Fico imaginando se não foi a própria autora se chutando mentalmente através de sua protagonista por expandir o universo de uma forma meio capenga…

Bem, fim do parêntesis.

Boca do Inferno é uma grande cidade controlada e regida pelos Ballengers. A família centenária acredita que é responsável por ter criado o primeiro reino depois da queda das estrelas. A torre da Vigília de Tor sendo o mais antigo país, erguido por crianças Remanescentes que sobreviveram ao “apocalipse” e aos “abutres” que surgiram logo depois.

Quem vai dividir a narrativa junto com Kazi é Jase Ballenger. O jovem é nomeado Patrei logo no começo do livro quando seu pai morre de forma súbita e fulminante.

Como Patrei, Jase tem responsabilidades por toda sua família e em proteger toda a estrutura social que criaram e mantiveram por séculos em Boca do Inferno. E para reverenciar seu pai e sua nova posição, Jase vai encher a cara junto com seus irmãos. Claro, por que não?

E assim, Kazi e Jase entram em rota de colisão e passam a alterar a responsabilidade de contar para o leitor toda a história e, obviamente, cozinhar nosso interesse.

Logo no começo do livro os dois são capturados por caçadores de mão de obra, um nome “bonito” para mercadores de escravos. Kazi e Jase são acorrentados um ao outro e levados para muito longe de Boca do Inferno, até conseguirem escapar.

Fugindo juntos, tentando chegar a um assentamento de vendanos, os dois precisam trabalhar em equipe se quiserem sobreviver aos ermos e a qualquer outro desafio e perigo que possam enfrentar. Durante os dias que passam juntos, eles vão se aproximando cada vez mais, e um sentimento muito mais forte (e interessante) do que o desprezo que sentiam um pelo outro passa a surgir.

Para passar o tempo, e espantar os fantasmas que assombram Kazi, Jase conta histórias e pede para que ela crie charadas ao longo dos dias e principalmente das noites. Ele divide histórias sobre sua família, sua cidade e seu legado. Enquanto Kazi responde com evasivas e mentiras.

A história de Kazi é bastante angustiante e triste quando ela decide dividir pequenos trechos com a gente. Normalmente ela faz isso quando não quer contar para Jase a verdade. E nós descobrimos como a verdade do passado de Kazi é sofrida e um soco no estômago.

Só que o comportamento de Kazi de não ser realmente sincera e aberta com Jase, guardando segredos e contando meias verdades ou mentiras completas, vai ser um problema muito sério que ela vai ter que enfrentar no futuro.

Jase também não é completamente aberto com Kazi. Como Patrei ele também precisa manter seus segredos e proteger aquilo que para ele, e sua família, realmente importa.

OU SEJE! O relacionamento deles, por mais intenso e que faz você torcer pra BEIJA LOGO PÔ!, é construído com pouca, ou quase nenhuma, confiança mútua.

E aqui a gente entra em uma questão que ficou me incomodando por grande parte da história, enquanto Pearson estava ali cozinhando meus sentimentos. POR QUE Kazi não tinha sido sincera sobre o motivo de sua presença em Boca do Inferno desde o princípio?

Eu quase nunca gosto dessas escolhas de criar tensão e stress no leitor com essas decisões de não colocar os personagens pra dialogar; trabalhar sempre com a desconfiança e com segredos pra serem “plot devices”; são artifícios meio preguiçosos. Pra mim o desafio real seria resolver os problemas e criar tensão com a sinceridade e o diálogo.

Mas sim, eu dei 5 estrelas pro livro. Dei porque, mesmo não gostando da autora ter tomado essa decisão de construção do plot e do desenvolvimento dos personagens, ela conseguiu me dar justificativas e soluções convincentes pra todas as tretas que ela criou.

Eu comprei toda desconfiança dos protagonistas. Eu comprei o desenvolvimento de seus sentimentos; os positivos e os negativos. Eu me vi torcendo pra BEIJA LOGO PÔ, em diversos momentos.

Kazi e Jase me conquistaram e me envolveram da mesma forma que fui envolvida pelo romance de Crônicas de Amor e Ódio (aha! achou que eu ia contar spoiler aqui!).

E quando você começa a cansar um pouquinho do vai-não-vai de Kazi e Jase, Pearson já cozinhou tão bem a história, e já colocou tantos elementos importantes para chegar e BAM!, explodir todo o clímax na sua cara. E ela faz isso tão bem, trocar o romanceeeenho pela aventura e tensão real da história, que a melhor metáfora é dizer que você fica na ponta da cadeira até chegar a resolução.

Assim como em Crônicas de Amor de Ódio, Dance of Thieves não é feito só dos seus dois protagonistas. Os personagens coadjuvantes são extremamente interessantes e envolventes; desde as duas amigas de Kazi, até toda a família Ballenger. O passado da torre da Vigília de Tor também conta um pouco mais sobre os Remanescentes.

A autora cria novamente uma fantasia extremamente feminista e feminina, quando coloca mulheres para realmente serem amigas e não competidoras. Quando “permite” que um homem seja salvo por uma mulher e agradeça por ela estar ali, no meio do perigo, junto com ele.

Mas só para você se preparar: o plot principal, sobre o porquê de Kazi ter ido até Boca do Inferno só é explicado melhor mais pra metade do livro. Enquanto isso a gente é levado pelo romance e por evasivas da própria Kazi.

Quero ler a trilogia original de novo. Dance of Thieves me deixou com saudade de Jezelia e de todo o mundo dos Remanescentes. Do terror que o Komizar trouxe para Morrighan. E de Raffe. <3

E Dance of Thieves me deixou louca pela continuação. Pearson termina seu livro com um cliffhanger aterrorizante, logo depois de aquecer nossos corações.

O pior de tudo? Vow of Thieves só sai em agosto de 2019 lá fora. =/

O melhor de tudo? A Darkside vai lançar a versão em português até o final do segundo semestre! <3 Como não amar essa editora?


Até a próxima! o/

Recebi Dance of Thieves da Darkside Books

Onde comprar: Amazon (compras feitas através do link geram uma pequena comissão ao blog ^.~)

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3 Comentários

  • Responder Âmbar 26 out 2022 at 16:21

    Tá aí um livro que comecei a ler sem pretensão alguma. Gostei da capa, gostei do nome, gostei da sinopse. Prometia ter tudo que eu gostava em um bom livro, tirando o fato de estar na 1ª pessoa, pois prefiro narrativas por olhares menos parciais — Kvothe, acho que você me traumatizou. Além disso, temi que isso fosse limitar a construção de mundo — até então eu não sabia que pertencia a uma saga maior.

    E, bem, esses meus medos foram jogados na fogueira quando a autora começou a intercalar com a perspectiva de Jase, seu grande trunfo. E até mesmo eu, que tenho um coração hostil para o romance, me envolvi com a história de amor dos dois, que não tinha nada de inocente e simples, mas ao mesmo tempo que era exatamente isso, um sentimento tão cru, tão puro, tolo e juvenil, que continuou puxando-os de volta para essa dança perigosa de conspirações prestes a se chocar.

  • Responder Izandra Mascarenhas 8 fev 2019 at 17:52

    Morri de interesse em ler, já que também amei a primeira trilogia rs
    Mas quando você já avisou que o segundo ainda será lançado… Err… Vou esperar xD
    Sério, não aguento mais começar a ler livro que ainda não teve a história fechada rs
    Sempre esqueço de acompanhar lançamento, aí meses/anos depois vou ver se já lançou, aí relê tudo de novo pra lembrar… Melhor esperar mesmo rs

    • Responder Samara Maima 10 fev 2019 at 19:11

      Sim, você tem razão. É péssimo você ler uma série que demora pra sair os livros seguintes (aloou, George R.R. Martin) e perder o ganho e os sentimentos que você sentiu com a leitura. O pior de tudo é esquecer a história! T-T

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