resenha

O Clube do Crime das Quintas-Feiras – Richard Osman

9 set 2021
Informações

O Clube do Crime das Quintas-Feiras

Richard Osman

Intrínseca

série O Clube do Crime das Quintas-Feiras #1

400 páginas | 2021

4

Design 4

História 4

12

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Toda quinta, em um retiro para aposentados no sudeste da Inglaterra, quatro idosos se reúnem para — segundo consta na agenda da sala de reunião — discutir ópera japonesa. Mas não é bem isso que acontece ali dentro. Elizabeth, Ibrahim, Joyce e Ron usam o horário para debater casos policiais antigos sem solução, confiantes de que podem trazer justiça às vítimas e encontrar os responsáveis por algumas daquelas atrocidades do passado.

Com todos os integrantes acima dos setenta anos, o Clube do Crime das Quintas- Feiras não é a equipe de detetives mais convencional em que se conseguiria pensar, mas com certeza está mais do que acostumada a fortes emoções. Afinal, Joyce foi enfermeira por décadas, Ibrahim ajudou pacientes psiquiátricos em situações dificílimas, Ron era um reconhecido líder sindical e Elizabeth… bom, digamos que assassinatos e redes de contatos sigilosas não eram nenhuma novidade para ela.

Quando um empreiteiro local com projetos bastante questionáveis na cidade aparece morto, o grupo tem a oportunidade de seguir as pistas de um caso atual. Apostando em seus semblantes inocentes e habilidades investigativas estranhamente eficazes — além de trocas de favores clandestinas com a polícia, que, apesar de todos os esforços, parece estar sempre um passo atrás de seus colegas amadores —, os quatro amigos embarcam em uma aventura na qual as mortes do presente se entrelaçam com antigos segredos, e em que saber demais pode trazer consequências perigosas.

Design

Ah, mais uma belíssima capa tipográfica! ❤

Eu simplesmente adorei essa arte com cara de poster. Esse lettering por algum motivo me remete a filmes antigos dos anos 1960. E essa mistura de uma fonte cursiva com as caixas altas em “crime” ficou tão elegante!

Sabe o que me lembra também?! Aqueles anúncios de revistas dos anos 1950/60, que vendia produtos pra dona de casa.

Mas divago. Acho que está tudo bem equilibrado na capa: o lettering, a escolha cromática, e essa raposinha que tem todos os motivos pra ser o pet dos personagens. E o detalhe do i da Intrínseca com o mesmo “ondulado/rasgado” do “papel/poster”!

Gostei demais da combinação do vermelho, preto e esse marfim. Ficou a mistura exata de elegância e de “assassinato” que a gente precisa pra ser comprado pela arte.

Aí, pra não dizer que acabou na capa, ainda tem diversas raposinhas na contra-capa só pra dar aquele delicinha de acabamento que a Intrínseca gosta de trazer pros seus projetos.

Sobre o miolo, ele é do modelo mais básico que a editora costuma fazer. Os capítulos são numerados, aqueles que são o diário da Joyce (uma das personagens) tem seu nome na abertura. Mas fora isso, as páginas são mais simples, sem cabeçalho, mas com uma boa margem e uma fonte mais pro tamanho “grande” que ajuda a ter uma leitura mais confortável.

A futura velhinha em mim saúda e agradece. 😅


História

Que livro divertido! 😊

Sabe quando a única coisa que você precisa é de uma leitura leve, envolvente e relativamente rápida? Então, O clube do crime das quintas-feiras pode ser exatamente o que você vai gostar.

Na Inglaterra, em Fairhaven existe um retiro de luxo para pessoas idosas chamado Coopers Chase.

A gente começa a história pela ótica de Joyce, uma das quatro pessoas participantes do clube do crime. Ela escreve em seu diário a experiência de conhecer os membros do clube e como é ser parte integrante junto com Elizabeth, Ron e Ibrahim.

Os quatro se reúnem na Sala de Quebra-Cabeças às quintas-feiras para conversar sobre casos de assassinatos que não foram finalizados. Joyce foi convidada quando Penny, uma das fundadoras junto com Elizabeth, não pode mais participar. Eram de Penny os casos não solucionados, do tempo que atuava como investigadora da polícia.

Juntos eles analisam os casos, tentando encontrar outras possibilidades que poderiam ter ajudado a desvendar os crimes.

Joyce é a personagem doce e delicada, que até parece um pouco avoada comparada com seus outros colegas. Ela era enfermeira e esse foi um dos motivos pra Elizabeth a ter trazido pro clube. Ron se auto convidou um dia quando achou muito suspeito os encontros de Penny e Elizabeth. Ibrahim era psiquiatra, e sua visão do comportamento humano é muito importante.

E temos Elizabeth, que pra mim é daquelas pequenas surpresas ambulantes, e às vezes quase um deus ex machina na história. Eu posso ter deixado passar qual era o passado dela? Existe a possibilidade. Mas ela sempre tem os contatos certos, os favores adequados para cobrar, as informações necessárias pra acrescentar “pimenta” nas investigações.

O bom do livro é que você não demora pra estar envolvida com os personagens e já ser puxada de cabeça num caso muito real que eles passam a querer investigar. Depois de presenciarem uma briga entre o dono de Coopers Chase e seu chefe de obras, o último aparece morto! E é óbvio que o clube do crime não vai deixar de ser parte relevante na investigação de um crime que aconteceu praticamente “dentro de casa”.

Aqui entram os policiais que vão ser totalmente enredados em todas as artimanhas de Elizabeth, Joyce, Ron e Ibrahim para que possam ser envolvidos em todos os aspectos da investigação.

Donna é uma policial jovem que fugiu de Londres para Fairhaven, mas que deseja muito reconhecimento e poder participar de uma investigação séria, e não dar palestras sobre segurança. Chris é um cinquentão meio derrotado que fica responsável pela equipe que vai investigar a morte do chefe de obras.

Preciso comentar que esse foi o único ponto que Richard Osman forçou um pouco a minha suspensão de descrença. Eu tenho muita dificuldade de lidar com “civis” sendo mais espertos e capazes do que policiais. E em algumas cenas eu senti que ele beirava a forçação de barra, deixando os policiais desconfortáveis para aceitar a participação do clube.

E pra fazer isso, o autor apela praquele estereótipo de que velhinhos são esquecidos, faladores, amigáveis e carentes. Os personagens fazem esse papel algumas vezes para não quebrar as expectativas dos coadjuvantes e conseguirem informações ou contatos que precisam.

Relevando esse fato, eu achei que toda a história é realmente muito divertida! Joyce é uma ótima narradora das suas partes no diário e traz um olhar ingênuo muito fofo de ler. E o resto da narrativa é bem fácil e simples de acompanhar. A construção do mistério usa daqueles artifícios de ir jogando migalhas pra você ir mudando de foco de quem pode ser o culpado dos assassinatos, e depois as soluções são bem definidas e críveis.

O livro tem momentos agridoces porque estamos falando de pessoas idosas, e a vida taí pra todos nós. Mas tudo é construído de uma forma que você entende o que levou a perda daquela pessoa e como afetou os outros personagens.

(…) Vários anos atrás, todos acordavam cedo, pois havia muito o que fazer e o dia só tem vinte e quatro horas. Agora acordam cedo pois há muito o que fazer e seus dias estão contados. p.53

Eu acho que se você já leu algum livro da Agatha Christie, principalmente os da Mrs. Marple, provavelmente vai gostar do clima e da energia dos membros do clube do crime! E como a Intrínseca já lançou um segundo livro do autor com os mesmos personagens, vai ter a oportunidade de desvendar ainda mais crimes com os “velhinhos de Cooper Chase”.


Até a próxima! o/

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