resenha

A Casa Holandesa – Ann Patchett

18 jan 2021
Informações

A Casa Holandesa

Ann Patchett

Intrínseca

série ---

356 páginas | 2020

3

Design 3

História 3

14

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Após a Segunda Guerra Mundial, graças à conjugação de sorte e um investimento fortuito, Cyril Conroy entra no ramo imobiliário, criando um negócio que logo se tornará um império e levará sua família da pobreza a uma vida de opulência. Uma de suas primeiras aquisições é a Casa Holandesa, uma extravagante propriedade no subúrbio da Filadélfia. Mas o que seria apenas uma adorável surpresa para a esposa acaba desencadeando o esfacelamento de toda a estrutura familiar.

Quem narra essa história é o filho de Cyril, Danny, a partir do momento em que ele e a irmã mais velha — a autoconfiante e franca Maeve — são expulsos pela madrasta da casa onde cresceram. Os dois irmãos se veem jogados de volta à pobreza e logo descobrem que só podem contar um com o outro. E esse vínculo inabalável, ao mesmo tempo que os salva, é o que bloqueia seu futuro.

Apesar de suas conquistas ao longo da vida, Danny e Maeve só se sentem verdadeiramente confortáveis quando estão juntos. Narrada ao longo de cinco décadas, A Casa Holandesa é uma história sobre a dificuldade de superar o passado. Com bom humor e raiva, os dois rememoram inúmeras vezes seu relato de perda e humilhação e a relação entre o irmão indulgente e a irmã superprotetora enfim será colocada à prova quando os Conroy se virem forçados a confrontar quem os abandonou.

Uma saga sobre o paraíso perdido, A Casa Holandesa se debruça sobre questões de herança, amor e perdão, uma narrativa sobre como gostaríamos de ser vistos e quem de fato somos. E, embora seja um livro repleto de reviravoltas que farão o leitor devorar a história, seus personagens ficarão marcados por muito tempo na memória.

Design

Eu já fiz uma análise geral do projeto da Intrínsecos no primeiro livro do clube da Intrínseca que li. Então, para uma análise geral você pode dar um pulinho lá.

O que temos aqui no miolo é um projeto bem delicado nas aberturas. Em um dos quadros icônicos mencionado no livro, o fundo é cheio de andorinhas. E elas fazem uma aparição aqui em páginas duplas sempre antes da abertura das partes da história.

As partes também vem em páginas duplas com chapada de preto e uma fonte cursiva e elementos gráficos florais. Esses elementos estão nos números dos capítulos, de um jeito rebuscado, provavelmente tentando emular a sensação que a Casa Holandesa deu a seus moradores.

Fora isso, esse miolo da Intrínseca está com a fonte um pouco maior do que de outros projetos. É uma fonte agradável e legível, mas fiquei com a sensação que o tamanho foi para ajudar a preencher mais páginas do livro.

Comento isso porque minha edição do Intrínsecos diz que são 240 páginas na parte da catalogação do livro. Não sei se quando montaram a ficha catalográfica o designer copiou o modelo de outro livro e esqueceu de atualizar a informação. Ou se 240 páginas era o volume inicial que foi aumentado depois.


História

Eu sempre acho que tenho que sair da minha zona de conforto. É por isso que de vez em quando eu pego um drama, uma não-ficção pra me sentir “adulta” e desafiadora.

Mas a grande chance é de não dar muito certo. Existem surpresas como Alucinadamente Feliz ou Teto para Dois. Mas na grande maioria das vezes, é um pouco frustrante.

Foi o que aconteceu com A Casa Holandesa. Tenho certeza que aqui o problema sou todinha eu.

A base da história é uma saga familiar de dois irmãos e todo o drama que precisam passar porque seu pai era um ingênuo e a mãe uma egoísta, e uma disputa pela casa onde cresceram.

Assim, vamos colocar algumas coisas na mesa aqui. Eu não sou uma pessoa vingativa, mas eu sou uma pessoa que não esquece. E que provavelmente tem muita dificuldade em perdoar. Inclusive eu tenho muito problema em ME perdoar por coisas que eu faço.

Então, vocês podem pressupor que eu tive problemas sérios com os pais de Danny e Maeve.

Vamos começar pela mãe. Elna casou com Cyrill e eles moravam com Maeve em uma casa humilde na vila militar, até o dia que o marido fez uma surpresa e levou sua família para uma nova casa. Gigantesca para os padrões de Elna, a casa virou um “monstro” para a mãe das crianças.

A mansão era chamada de Casa Holandesa porque foi construída por um casal holandês que fez dinheiro com venda de cigarros durante a guerra. Cyrill conseguiu comprar a casa depois que a idosa senhora morreu e ela foi a leilão.

Na casa Danny nasce quando Maeve já tem 7 anos, e quando o menino faz 3 anos, sua mãe simplesmente abandona a família e vai para a India.

O pai das crianças se torna cada vez mais introspectivo, se afastando das crianças, mas a família prospera. É quando Andrea surge na vida dos Conroy. Meldelz, Andrea… 🤦‍♀️

A única coisa com que Andrea se preocupa de verdade é em ser a dona da Casa Holandesa, então ela se casa com Cyrill e se muda pra lá com suas duas filhas.

A história aqui começa a ter um quê de “madrasta má”, e é bem isso que Andrea é mesmo. Danny, que é o narrador da história, ainda tenta de alguma forma não torná-la uma vilã barata, mas não dá pra simpatizar com a personagem.

Quanto ao pai de Danny e Maeve, ele é um homem que sobreviveu à Segunda Guerra com uma ferida no joelho não muito curada, e pra mim pareceu um homem descolado da sua família a partir do momento que sua esposa o abandona.

Ele não parece ligar muito pros filhos, e os evita sempre que pode. Ele só se relaciona mesmo com Danny quando, no primeiro sábado do mês, precisam sair para cobrar os aluguéis dos prédios que Cyrill é dono.

Minha raiva do personagem vem da sua ingenuidade ou inocência de acreditar que uma mulher como Andrea se responsabilizaria por seus filhos caso alguma coisa acontecesse com ele.

Toda a história de Danny e Maeve se desenrola da forma como acompanhamos porque ele foi um imbecil que não protegeu os próprios filhos.

GENTE QUE RAIVA DESSE PAI E DESSA MÃE! 😣

Como eu comentei, A Casa Holandesa é uma história de Danny e Maeve, e de como eles enfrentaram os anos e se apoiaram ao longo do tempo.

Na voz de Danny, em cada capítulo, acompanhamos o passado em pelo menos dois terços do caminho, e no terço final, ele traz a história pra um momento do “futuro”, em que ele e a irmã estão relembrando alguma coisa relacionada ao que ele comentou no capítulo.

Essa narrativa levemente fragmentada acontece até o momento em que os dois são adultos. Daqui em diante, seguimos a história sem quase flashbacks, mas só seguindo em frente com a narrativa e com os acontecimentos do “agora”.

Mas muito da história está baseada em redenção e perdão. E nossa, como isso é difícil pra mim de aceitar. Uma história que tende ao final feliz, mas de um jeito que eu não acho “justo”.

Não me entenda mal. A escrita de Ann Pratchett é muito bonita e poética até. É uma prosa agradável e até sensível. Mas ao mesmo tempo eu não senti tanto comprometimento com o “passar do tempo”. Não sei se é a voz de Danny que faz com que as coisas não tenham tanto peso. Mas a história é boa.

Sou eu que simplesmente não consigo aceitar e ficar confortável com um final feliz do jeito que a autora propôs. Talvez eu tenha o coração muito fechado e gelado pra conseguir relevar algumas coisas, como Danny acaba fazendo na parte final.

Assim. Sem você gosta de um drama familiar, ver “órfãos” conseguindo se manter pela força da “vingança” e superando adversidades se sustentando um no outro, além de uma jornada de redenção, provavelmente vai gostar de A Casa Holandesa.


Até a próxima! o/

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