resenha

Sol da Meia-Noite – Stephenie Meyer

3 set 2020
Informações

Sol da Meia-Noite

Stephenie Meyer

Intrínseca

série Crepúsculo #5

736 páginas | 2020

3

Design 4

História 2

12

Compre! Amazon

Um dos maiores fenômenos editoriais dos últimos tempos, a saga Crepúsculo narra a icônica história de amor de Bella Swan, uma garota tímida e desastrada, que acaba de mudar de cidade, e Edward Cullen, um rapaz misterioso que esconde um segredo aterrorizante: é um vampiro. Desde a primeira troca de olhares, ele fez tudo para ficar longe dela, mas e se as coisas não tiverem acontecido exatamente assim?

Até agora, os leitores conheceram essa trama inesquecível apenas pelos olhos de Bella. No aguardado Sol da meia-noite, vamos testemunhar o nascimento desse amor pelo olhar de Edward, mergulhando em um universo novo, sombrio e surpreendente, cheio de revelações.

Conhecer Bella foi o que aconteceu de mais irritante e instigante em todos os anos de Edward como vampiro. À medida que conhecemos detalhes sobre seu passado e a complexidade de seus pensamentos, conseguimos entender por que Bella se tornou o eixo central de uma batalha decisiva em sua vida. Como Edward poderia seguir seu coração se isso significava colocar a amada em perigo? Do que ele seria capaz de abrir mão?

Em Sol da meia-noite, Stephenie Meyer faz um retorno triunfal ao universo de Crepúsculo e nos transporta mais uma vez para Forks, convidando-nos a revisitar cada detalhe dessa história que conquistou milhões de fãs em todo o mundo. Em meio a uma paixão cercada de perigos sobrenaturais, vamos descobrir como Edward encara seus prazeres mais profundos e as consequências devastadoras de um amor proibido e imortal.

Design

Eu queria começar dividindo sobre como Sol da Meia-Noite foi criticado pelos fãs. Acompanhei brevemente o ressentimento sobre o papel usado no livro, sobre o problema da entrega da Amazon dos livros da pré-venda, sobre preocupação com a entrega dos brindes que vinham na pré-venda também.

E agora com o livro nas mãos, eu agradeço ao pessoal da Intrínseca que saiu no mercado à procura de um papel como esse usado no livro. Normalmente os livros da Intrínseca são produzidos com o Pólen Soft 80g/m², e ele é um papel de alta qualidade.

Só que não sei se você sabe, a gente está no meio de uma crise, tanto sanitária quanto financeira no país. Não vejo nenhum problema em uma editora procurar um fornecedor de papel que seja mais barato mas que garanta a qualidade de entrega e ainda mantenha o preço do produto final acessível ao público.

Não sei você, mas eu achei a apresentação do livro muito mais manuseável com o novo papel, que é o Ivory Slim 58g/m², do que se fosse no Pólen tradicional.

A transparência do papel é praticamente a mesma que você teria em outros livros. Não tem nada a ver com “papel de bíblia” que eu cheguei a ver em comentários.

Quero só fazer uma comparação simples com dois livros aleatórios que eu peguei nas minhas caixas: A Fúria dos Reis, do George R.R. Martin, e O Navio Arcano, da Robin Hobb. Comparem a altura de cada um deles na foto.

sol da meia noite - stephenie meyer

Agora, só pra você talvez se surpreender. Sol da Meia-Noite tem 736 páginas. O Navio Arcano tem 864, e A Fúria dos Reis, 656. Ainda assim, o livro da Intrínseca é o menor dos três… mesmo com um grande volume de páginas.

sol da meia-noite - stephenie meyer

Outra coisa que muitas pessoas não levaram em consideração: esse foi um lançamento simultâneo! Significa que desde o momento que a Intrínseca soube do novo livro ela teve que fazer as negociações de compra dos direitos e organizar toda a cadeia de produção do livro. NO MEIO DA QUARENTENA!

Se você for cuidadoso, vai ver que o livro teve 6, SEIS!, tradutores; porque só assim pra dar conta do volume total de páginas de Sol da Meia-Noite e entregar no prazo!

E ainda houve o cuidado de manter o padrão de todas as capas anteriores (provavelmente uma ordem lá de fora, mas ainda assim)! Esse romã é uma parada meio bizarra e perturbadora? Com certeza. Mas ainda assim, conversa com todas as capas dos quatro livros anteriores.

Quem tem a versão branca deve ter ficado um pouco chateado…

Meu último comentário vai pro poster que veio de brinde. Particularmente, eu não gosto de posters porque, para ter um tamanho de um A3 que seja, ele vai ter que vir dobrado. E esses vincos no papel… eu não sei como faz pra sair, ou se realmente sai se for emoldurado.

sol da meia-noite - stephenie meyer

Ter uma ilustração exclusiva no poster é uma coisa legal, mas eu acho que eu prezaria muito mais se o brinde fosse do tamanho do livro, e pudesse vir dentro, protegido pelo próprio livro. Deve ter aqueles porta retratos em que você conseguiria facilmente encaixar um poster desse tamanho e, pra mim, teria muito mais valor.


História

Nostalgia.

Segundo o Google, é:

Substantivo feminino

3. POR EXTENSÃO saudades de algo, de um estado, de uma forma de existência que se deixou de ter; desejo de voltar ao passado.

Fui atrás de Sol da Meia-Noite abraçada fortemente no sentimento nostálgico de ter lido a saga Crepúsculo há pelo menos 10 anos atrás. E ter gostado.

Eu falei sobre minha relação com a saga em uma série de posts sobre os “clássicos” da Intrínseca. Tenho um carinho pelos quatro livros e “reler” Crepúsculo na versão gender bend de Vida e Morte manteve a mesma sensação.

Também fui atrás da promessa de finalmente ler o livro “proibido”, e nunca lançado, do ponto de vista de Edward sobre o romance vivido em Crepúsculo.


40.

Essa é praticamente a minha idade. Faço 40 anos em 2021.


15.

Fazem 15 anos desde o lançamento de Crepúsculo lá fora. E, lendo Sol da Meia-Noite hoje, que ainda é um livro basicamente de 2005… algumas coisas não envelheceram muito bem.

Ou então eu envelheci nesses últimos 15 anos de uma forma que coisas que não me incomodavam anos atrás agora são muito desconfortáveis.


Assim, essa não vai ser uma resenha positiva, mas eu preciso dizer que eu gostei de revisitar o universo de Crepúsculo, Forks, os Cullen e até a Bella. Foi bom acompanhar a narrativa da Stephenie Meyer. Eu gosto da forma despretensiosa, fácil e envolvente que ela consegue contar a história.

Agora, apesar de gostar da escrita, existe um certo problema com o ritmo e a extensão do livro. Em muitos momentos a falação mental de Edward é cansativa e repetitiva. E eu não consegui entender porque o livro tem 736 páginas. Ele teria ganhado muito se tivessem passado por uma revisão pra dar uma enxugada geral.

Porque, assim, eu não gostei muito de estar na cabeça de Edward. Não foi muito legal. 😓

A história é praticamente a mesma, mas começa do primeiro encontro entre Bella e Edward no refeitório da escola.


Mulheres horríveis e Bella

Através da “audição” especial dele, acabamos percebendo que TODAS as meninas da escola (menos Angela) tem algum tipo de inveja de Bella e são mesquinhas ou horríveis.

Isso é uma questão no livro: a representação das mulheres. Fora Bella, Esme, Alice e Angela, todas as outra mulheres são de alguma forma desmerecidas e desdenhadas por Edward. Existe uma representação e expectativa do que é a mulher “ideal e perfeita” na visão do vampiro que é um pouco tendenciosa.

Inclusive, na visão de Edward Bella ganha camadas de “adjetivos” que não conseguíamos perceber na visão da jovem (principalmente porque ela se desmerecia bastante). Basicamente, Edward diz que Bella é uma “pessoa boa”. Mas além disso, ele faz com que Bella tenha todo um novo nível de “profundidade” com avaliações positivas de sua personalidade, mas ao mesmo tempo, fazendo com que ela ganhe uma camada de inacessibilidade meio bizarra.


A mente de Edward

Sobre o lance de estar na cabeça de Edward ser um tanto quanto perturbador, toda aquela cena da aula de biologia se arrasta por pelo menos 3 páginas, com ele detalhando planos de como poderia matar todos na sala para poder degustar Bella.

Por essa cena a gente já pode saber que praticamente todos os acontecimentos que conhecemos pela visão de Bella vão ter, provavelmente, o DOBRO de tempo descritivo na ótica de Edward.

Suspiro. 😔

Assim, não me entenda mal, mas Meyer precisava ter cortado um pouco da falação de Edward. Principalmente todas as coisas repetitivas que ele fica dividindo com o leitor.

De como é sofrido estar perto de Bella. De como ele tem que ser forte e se controlar para poder estar com ela. De como ela é desajeitada e PRECISA ser protegida o tempo todo. De como eles não podem ser amigos porque ele é MUITO PERIGOSO…

Parágrafos e parágrafos sobre isso.

A cena da clareira que ele mostra seu maior segredo pra Bella? Gigante e cansativa. O jogo de beisebol na tempestade? Eu juro que não me importava em quem rebatia ou corria pelas bases. A perseguição ao James e a ida pra Phoenix pra salvar Bella? Longa demais…

além disso, ouvir os pensamentos de Edward me mostrou que eu realmente não gosto muito dele. Na verdade, Edward é bastante assustador e beira (ou abraça) um nível de creepy que deixa a gente perturbado.

Ele não é romântico, nem cavalheiro “à moda antiga”.

Ele rosna o tempo todo pra Bella quando é contrariado ou está insatisfeito com alguma coisa que ela faz.

Ele é controlador, ciumento, possessivo, territorial, stalker, e muitas vezes egoísta. O pior: ele sabe que é tudo isso e simplesmente NÃO SE IMPORTA. Não se importa que está invadindo a privacidade de Bella, que monopoliza todo o seu tempo. Em muitos momentos inclusive não parece se importar com a opinião da Bella de nenhuma forma.

Por exemplo: em Crepúsculo eu já achava um absurdo Bella não ter sido transformada depois da situação no estúdio de ballet. Mas pelo ponto de vista de Edward é ainda pior.

Primeiro porque Meyer dá a entender que a transformação de todos os Cullens foram em momentos de vida e morte. Carlisle também se preocupava em que transformar pessoas que se tornassem companheiros românticos (com exceção do Edward, o primeiro a ser transformado). Foi assim com Esme.

Rosalie foi transformada depois de quase ser assassinada pra ser a parceira de Edward, mas ele ignorou a vampira. Até que Rosalie leva um Emmett semi-morto para ser transformado por Carlisle, sem o consentimento do rapaz, para ser o seu parceiro.

Segundo porque eu não consigo entender um amor que ele diz sentir pela Bella, que simplesmente impede que eles fiquem juntos. Porque na moral estranha da cabeça dele ela se tornaria um monstro e ele não queria que fosse privada das experiências humanas.

ELE não queria. Ele prefere que o AMOR DA SUA VIDA invariavelmente morra em algum momento, que continue uma mortal. Edward não aproveita o momento de vida e morte para finalmente ter a companheira que sempre quis e encontrou em Bella! Ele não considera os sentimentos da garota em nenhum momento!

Então porque ele se envolveu com a Bella pra começo de conversa?! Ela não era apaixonada por ele. Ele era só o esquisito que tratou ela mal nos primeiros dias da escola!

Edward FEZ com que ela se interessasse por ele nessa coisa meio perturbada que ele tinha de se apaixonar por sua “comida”.

Além de tudo, Edward é mentiroso. Depois que Bella passa por todo o processo de ser alvo de James e quase morrer, Edward decide que precisa desaparecer da vida de Bella. Mas todas as vezes que ela pergunta se está tudo bem e pede pra ele reforçar que vão ficar juntos, Edward sempre responde que vai ficar pra sempre.

Ele toma a decisão de abandonar Bella mesmo sabendo que se for embora a jovem vai virar um “fantasma” ambulante. Mesmo sabendo, através das previsões da Alice, que ela vai entrar num processo depressivo e autodestrutivo. Ele prefere que ela tenha pensamentos suicidas e fique doente do que “colocá-la em perigo” ou transformá-la em vampiro…


Lendo o livro pela visão de Edward hoje, mais madura, eu só consigo ver uma romantização de uma relação abusiva. E sei lá. Isso me entristeceu um pouco?

Eu sei que provavelmente a ideia de Stephenie Meyer não era revisar sua história original. Ela estava colocando pro mundo a história de 2005 pela ótica de Edward, também de 2005. Talvez, 15 anos atrás, a gente fosse mais “permissivo” com algumas coisas que hoje… não dá tanto. Ou não dá, ponto.

Assim. Não me arrependo do tempo que investi na leitura. Acho que foi importante essa revisão mental de uma história que era querida pra mim em sua nostalgia.

Eu só espero que se Stephenie Meyer decidir mesmo voltar ao universo com os dois outros livros que ela pensou em continuar escrevendo, que seja de uma forma um pouco mais atualizada com o contexto que estamos vivendo hoje.

E se você quiser ler uma resenha melhor e mais interessante e que, provavelmente, conseguiu traduzir melhor minha relação com Sol da Meia-Noite, dá uma olhada no Goodreads da Nenia Campbell (texto em inglês).


Outros livros da série

  • crepúsuclo / vida e morte - stephenie meyer

Até a próxima! o/

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