resenha

O silêncio da cidade branca – Eva García Sáenz de Urturi

8 set 2020
Informações

O silêncio da cidade branca

Eva García Sáenz de Urturi

Intrínseca

série Trilogia da Cidade Branca #1

416 páginas | 2020

3.25

Design 4

História 2.5

16

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Duas décadas após uma série de estranhos assassinatos assolar a cidade de Vitoria, no País Basco, os bizarros crimes voltam a acontecer justamente quando Tasio Ortiz de Zárate, antiga celebridade local e o homem preso pelas mortes, está prestes a sair da cadeia. Casais começam a aparecer mortos em locais históricos da cidade, e o especialista em perfis criminais Unai López de Ayala, que vinte anos antes era apenas um jovem obcecado pelos misteriosos homicídios, é chamado para ficar à frente do caso.

Todas as vítimas têm idades múltiplas de cinco, sobrenomes compostos originais da região e seus corpos são expostos sem roupas nos espaços públicos. Embora tenha que lidar com uma tragédia pessoal enquanto lidera a investigação, Unai está determinado a impedir que novos assassinatos aconteçam, mas seus métodos pouco usuais vão desagradar tanto autoridades quanto seus superiores.

Parte de uma trilogia com mais de 1 milhão de livros vendidos, O silêncio da cidade branca une mitologia, arqueologia, segredos de família e psicologia criminal em um thriller macabro e emocionante.

Design

1793 me deixou mal acostumada com um thriller que tem mapa. Eu sempre procuro mapas quando leio meus livros de fantasia, mas percebi que ter um acompanhamento geográfico em um thriller também é MUITO interessante.

Então, eu posso dizer com bastante convicção que um mapa de Vitoria fez MUITA FALTA para ajudar no entendimento dos deslocamentos dos personagens. Como Unai e Estíbaliz se movem muito pela cidade e por vilarejos do entorno, às vezes fica muito confuso saber onde eles estão, e a autora é muito descritiva sobre ruas e cruzamentos e parques e bairros.

Tentei usar o Google Maps pra me ajudar, mas confesso que era um saco ficar parando a leitura pra tentar usar o celular e tentar encontrar onde os personagens estavam. Lá pelas tantas eu simplesmente desisti e na minha cabeça os deslocamentos passaram a ser sempre em linha reta um depois do outro. 😅

Vamos falar dessa capa! Eu curti bastante esse símbolo que parece um daqueles elementos que você costuma encontrar em igrejas, escavados em mármore e presos nas paredes. Tem bastante simbolismo em todos os elementos presentes na arte, além de ser um pouquinho perturbador.

Eu gostei muito também desse padrão monocromático da capa. Realmente parece uma parede de mármore. Acho muito bom todo o conteúdo textual de apresentação do livro estar condensado na parte inferior da capa, dando toda a parte central para a arte.

Outra coisa que me surpreendeu foi o acabamento. Não é nem verniz fosco ou brilhante, nem soft touch. É alguma outra coisa que protege a impressão, mas ao mesmo tempo dá um sensorial levemente áspero para o papel. Eu curti bastante!

O miolo é o padrão de qualidade dos projetos mais tradicionais da Intrínseca. Nada muito elaborado, mas que cumpre o papel de fazer o livro ter um acabamento bem agradável.


História

Vamos começar a resenha falando logo dessa nota 2.5.

É. O Silêncio da Cidade Branca não funcionou pra mim. Eu tive MUITA dificuldade de me conectar com a história e o problema todo foi o protagonista.

Assim, se você leu a sinopse sabe qual é a proposta do thriller. Uma série de assassinatos ocorrem, um cara é preso, e 20 anos depois, quando se aproxima o período do suspeito sair da cadeia, novos casos idênticos voltam a ocorrer.

A dupla de inspetores Unai e Estíbaliz devem traçar o perfil e identificar o verdadeiro culpado antes que ele mate mais casais e aterrorize Vitoria.

Além da história guiada no presente, temos alguns capítulos mostrando o passado, acompanhando um médico ginecologista que se apaixona por uma de suas pacientes. Ao longo das páginas, a gente descobre o porquê desses personagens serem importantes para a narrativa do presente.

Esse é o básico. Tinha tudo pra ser interessante. Um assassino serial, um suspeito preso que pode não ser o real culpado, um mistério pra ser resolvido.

Só que temos Unai como protagonista e a escolha de contar a história em primeira pessoa pela voz dele.

Preciso comentar que eu não estou me lembrando de algum thriller que eu tenha lido e me marcado que fosse em primeira pessoa. Grande parte da credibilidade de história se perdeu pra mim, porque estávamos vendo todo o caso e envolvimento dos personagens pela ótica de Unai.

E meldelz como ele é um personagem irritante.

A todo momento eu tinha a NÍTIDA IMPRESSÃO que ele estava mais preocupado com sua vida miserável do que realmente resolver o caso. Na verdade eu fiquei com a impressão pós leitura que ele quase não se esforçou de verdade pelo caso.

Não é confortável estar no ponto de vista de Unai.

Ele é prepotente e presunçoso, mas não de uma maneira elegante ou interessante como Sherlock ou Poirot. Ele só fica parecendo um homem muito cheio de si, apesar de ter sim uma tragédia no seu passado.

Quando ele começa a dizer que está a fim de uma das personagens e que ela OBVIAMENTE também está interessado nele me incomodou de uma forma que beirou o nojo. Tipo, ONDE você me mostrou que ela está interessada em você?

Isso é um dos problemas que eu encontrei por essa história ser em primeira pessoa. Além de não poder confiar em Unai, a maioria das coisas são completamente “tell” e não “show“.

Então o inspetor conta pra gente que ele pode confiar na parceira pra cobrir suas escapadas do distrito sem justificar pra subdelegada. Porque sim. A gente não é realmente apresentado a como eles criaram essa confiança, a gente só tem que acreditar que está lá.

A autora nem pra criar um diálogo que mostre que eles tem algum tipo de acordo quanto a dar cobertura um ao outro… Eu inclusive fiquei com a impressão que eu estava lendo uma continuação, que talvez eu tivesse que ler alguma coisa antes pra poder entender o entrosamento dos personagens.

Em vários momentos o tell tá todo ali, e as coisas perdem tanto em desenvolvimento e credibilidade porque você está sendo obrigado a aceitar a parada, e não sendo levado a construir o conhecimento, sabe?

Show no tell” não é uma construção fácil de se fazer, mas aparentemente se torna ainda mais difícil quando você é o narrador personagem.

Na maior parte da história eu estava mais irritada porque a sensação que eu tinha é que o caso em si era completamente um “subplot” pra história pessoal do Unai. O foco era quase mais o investigador e seu amor (oi?) pela personagem lá.

Posso ter deixado minha aversão ao protagonista atrapalhar minha experiência? ISSO TÁ MEIO ÓBVIO, mas como eu estava 100% do tempo na cabeça dele, era meio impossível não me irritar.

Quando os personagens estavam no modo investigação a história até fluía bem, mas lá pelas tantas a autora coloca um conflito entre os dos investigadores e eu fiquei me perguntando porquê?! 🤦‍♀️

E eu também tive a impressão que as mulheres da história não eram retratadas como pessoas “completas”, sabe? Como estamos acompanhando a ótica do Unai, as mulheres sempre parecem estar sempre encantadas por sua sagacidade e competência.

Vale um trigger warning sobre o caso, as cenas dos assassinatos são bastante gráficas então, se você não gosta de descrição detalhada sobre o que aconteceu com as pessoas, talvez não seja um livro interessante pra você.

Ainda sobre o caso, eu não consegui trackear direito o tempo que se passou pro desenvolvimento da investigação (porque eu estava sofrendo na cabeça do Unai), mas parecia que demorou MUITO, mas provavelmente não deve ter tomado tanto tempo. Se não me engano tem as datas nas aberturas de capítulo, mas eu já estava num modo “vamos terminar logo, quem é o culpado, pelamor?!” que eu acabei não guardando a informação.

Ainda tem o fator que até engatar de verdade na investigação, Unai e Estíbaliz erram tanto nos seus perfis e análises que tantas pessoas acabam morrendo. Eu só ficava pensando em como eles ficavam parecendo incompetentes…

No fim, a explicação do caso e o confronto final com o assassino é um pouco apressada e eu achei um pouco clichê, mas ainda assim dá certa satisfação de terminar a história.

MAS, se é pra estar na cabeça do protagonista, eu não pretendo continuar a série.


Até a próxima! o/

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