A Última Festa
Intrínseca
série ---
304 páginas | 2020
Programado para acontecer em um cenário idílico, o réveillon que Miranda, Katie e os outros amigos que conheceram na faculdade passarão juntos este ano promete refeições deliciosas regadas a champanhe, música, jogos e conversas descontraídas.
No entanto, as tensões começam já na viagem de trem – o grupo não tem mais nada em comum além de um passado de convivência, feridas jamais cicatrizadas e segredos potencialmente destrutivos.
E então, em meio à grande festa da última noite do ano, o fio que os mantém unidos enfim arrebenta. No dia seguinte, alguém está morto e uma forte nevasca impede a vinda do resgate. Ninguém pode entrar. Ninguém pode sair. Nem o assassino.
Contada em flashbacks a partir das perspectivas dos vários personagens, a história deste malfadado encontro é um daqueles mistérios de assassinato cheio de tensão e de ritmo perfeito. Com uma trama assustadora e brilhantemente construída, A última festa planta no leitor a semente da dúvida: será que velhos amigos são sempre os melhores amigos?
Design
A Última Festa não se destaca entre os projetos gráficos que eu já vi da Intrínseca. A gente já viu alguns livros da editora por aqui que são obras maravilhosas. O de Lucy Foley entra pra lista dos corretos e elegantes.
Vamos combinar que na livraria, se você esbarrar com essa capa amarelo “cheguei” e essa ossada de cervo, provavelmente pelo menos a sinopse você pode se interessar em ver.
Agora, um detalhe que só dá pra ver mais de perto são os galhos congelados que aparecem no detalhe do título. Eles fazem aparecem na quarta capa também, e referência ao lugar ermo e ao inverno pesado no norte da Escócia.
O amarelo da capa se expande para a lombada, mas na quarta capa só temos uma chapada preta, pontilhada com imagens de árvores congeladas. Vamos dar um clima de certa ansiedade para o projeto, não é mesmo?
Na parte interna da capa tem uma chapada em vinho que me remete aquelas cabanas de madeira de caçadores que a gente volta e meia vê em filmes.
Agora, o miolo é bem simples. Para ajudar o leitor a interpretar em que momento do tempo da história e de quem é o ponto de vista do capítulo sempre temos marcado se é o PRESENTE, ou quantos dias antes. Também no início do capítulo aparece o nome do personagem.
Fora isso, a mancha gráfica é bem correta, com fonte legível e confortável. Sinto um pouco de falta do cabeçalho, mas de resto, é um dos projetos internos elegantes comuns da Intrínseca.
História
Eu já comentei em alguma resenha de algum thriller aqui no blog que eu não costumo me esforçar em uma leitura do gênero.
Quando digo que não me esforço, o que quero dizer é que eu não tenho intenção de ser mais inteligente que a autora e descobrir o mistério antes do tempo em que ela previu.
Se acontecer, ou é porque o livro foi mal conduzido, ou eu sou muito inteligente. Como a segunda opção não é muito realista, provavelmente é culpa de uma estrutura mais falha pra história.
Ou seja, isso tudo é pra dizer que eu gosto de acompanhar o ritmo e o tempo definido pela autora pra descobrir o que tiver que ser descoberto. E, se ainda assim, ela consegue colocar um plot twist no final que dá uma levantada no interesse, torna a leitura ainda mais deliciosa.
É preciso dar o crédito para Lucy Foley nessa. A Última Festa veio ao longo das páginas garantindo um sólido 3 de avaliação. Entenda que 3 não é uma nota ruim, define que é um bom livro, que foi interessante e divertido de ser lido.
Mas Foley conseguiu nos minutos finais da leitura fazer com que eu repensasse meu envolvimento com a história e com os personagens e, por isso, aumentei a nota.
Sabe aquele grupo de amigos que se conheceu durante a faculdade e que continua se encontrando e mantendo contato até hoje (não faço ideia do que se trata, não mantenho praticamente nenhum amigo dessa época)? Então, A Última Festa é sobre um grupo desses. Todos formados em Oxford, menos dois dos cônjuges.
E, nossa, como tem personagem nesse livro. Juro que eu preferia que tivesse menos gente. Não é um Game of Thrones, não é mesmo?
Mas ao mesmo tempo, se tem menos personagens fica mais fácil de identificar possíveis culpados…
Bem, os amigos se reúnem nas noites do fim do ano para passarem o réveillon juntos. Reavivar a amizade, reviver “os bons tempos”. E “reinterpretar” os papeis que desempenhavam na época da faculdade. Porque velhos hábitos são difíceis de abandonar.
A história começa no presente, e Heather, a responsável pelo lugar onde os amigos foram passar o ano novo, é a narradora. E Doug, o guarda-caça da propriedade chega para avisar que ele encontrou o corpo.
Então sabemos que alguém morreu e que está rolando uma nevasca. O livro vai girar em torno de saber quem morreu e quem matou. Heather vai ser responsável por contar o que está acontecendo no presente pra que saibamos como está sendo conduzido a busca pelo corpo e pelo possível assassino.
Três dias antes a história começa com Emma contando como está empolgada e apreensiva com a viagem, porque ela foi a responsável por encontrar e alugar essa propriedade para onde todos estão indo. O medo dela é ainda maior porque ela é a recém chegada no grupo (apesar de já namorar com Mark há 3 anos), e ainda se sente deslocada e não desejada nesses encontros.
Fora Emma e Mark temos ainda: Miranda e Julien (o casal maravilhoso), Samira e Giles e Prya (o casal recém pais, e com a união perfeita), Nick e Bo, e Katie. Eu disse que era muito gente.
Pelo menos desse pessoal todo só cinco personagens são responsáveis por dar continuidade na história: Emma, Miranda e Katie, em primeira pessoa e no passado. Doug em terceira pessoa também no passado. E Heather no presente.
No passado a gente acompanha tanto os acontecimentos dos dias antes do ano novo, como também reminiscências do passado mais remoto do tempo da faculdade. E meldelz, como muitos desses personagens são insuportáveis.
Sendo muito justa, como Miranda é A insuportável. Ela é o tipo de pessoa inconsequente e insensível, que não pensa antes de falar, que agride as pessoas de forma a lhes dar conselhos. Ela é controladora e monopolizadora. E eu tive muita dificuldade de gostar dela. O que é um ótimo ponto porque, por mais que eu não estivesse me esforçando, eu quase me via torcendo pra que ela tivesse envolvida no caso do presente.
De certa forma todos os personagens são tóxicos uns com os outros. Aqueles relacionamentos que já deveriam ter terminado mas que as pessoas se apegam por algum motivo, ou por culpa de alguém específico.
Ao longo dos capítulos e das narradoras a gente acompanha a dinâmica de competição, ciúme, carência e dependência de todos, e o quanto o clima entre eles é mais tenso e explosivo do que realmente relaxante e agregador.
Além disso, ao longo da história a autora vai lançando alguns foreshadowing que, no final, você percebe que foi um artifício pra, de certa forma preparar, você pro plot twist e para o final propriamente dito.
Foreshadowing: é um artificio literário pelo qual um autor insinua fragmentos da história que ainda está por vir. É uma espécie de “truque narrativo” no qual um elemento é colocado em cena de maneira que o publico não o decifre de imediato, e sua volta posteriormente abala a trama de maneira significativa.
Wikipedia
Ainda assim, você provavelmente só vai reparar que era uma pista depois. A não ser que você já tenha lido o final (sim, tenho amigos que fazem isso 🤷♀️), ou seja muito inteligente.
De qualquer forma, os personagens mais interessantes (pra mim) são Heather e Doug, e eles também tem direito a uma parte da história para construir seus backgrounds. E também para construir uma certa expectativa se podem ser considerados suspeitos nos acontecimentos da noite de ano novo. Afinal, porque duas pessoas escolheriam trabalhar em um lugar tão distante de qualquer coisa? Do que eles estariam fugindo em seus passados?
Eu me diverti com A Última Festa. Ele conseguiu me surpreender e teve uma conclusão satisfatória pra história. São thrillers como esse que eu gosto de inserir nas minhas leituras.
Até a próxima! o/
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