resenha

A Rebelde do Deserto – Alwyn Hamilton

18 mar 2020
Informações

A Rebelde do Deserto

Alwyn Hamilton

Seguinte

série A Rebelde do Deserto #1

284 páginas | 2016

3.75

Design 4

História 3.5

14

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O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher.

Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.

Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

História

Eu achava que não sabia o que era ressaca literária. Mas de uns tempos pra cá, de vez em quando eu termino uma leitura e fica difícil de pegar outra coisa pra ler.

Normalmente isso acontece quando o que estava lendo ou eu abandonei, ou foi MUITO RUIM.

Meldelz… o que foi ler O Duque e Eu da Julia Quinn?! Sério… 🤦🏻‍♀️

Mas aqui não é pra falar dessa bomba de romance de época. É pra contar o que me ajudou a sair da tal ressaca.

Eu fiz um post no Instagram comentando como estava com dificuldade pra decidir o que ler depois, já que NADA FAZIA SENTIDO. Mas acabei escolhendo dar uma chance pra A Rebelde do Deserto, sabendo que eu poderia entrar em outra bomba, só que agora com formato de YA.

Ainda bem que o livro conseguiu me surpreender. Obrigada Ize por insistir que eu continuasse a leitura.

A Rebelde do Deserto é maravilhoso, yuhuu, top10? Não. A história tem alguns problemas. Mas foi uma leitura divertida que me ajudou a superar um momento ruim.

Ainda assim, até a página 50 mais ou menos eu não estava certa de que levaria o livro até o final. Convenhamos que se até a página 50 você não está envolvido ou com os personagens ou com a história, existe uma grande chance de que o livro não vai ser bom.

Mas insisti. A história de Amani tem um começo e um desenvolvimento muito lento. Além de uma construção de mundo que eu achei muito confusa e difícil de misturar.

Imagina juntar deserto com uma cultura que parece do Oriente Médio, e misturar com western americano, armas de fogo (vulgo pistolas), tecnologia a vapor e exércitos, e ainda djinns e seres fantásticos.

GIF what say what britney spears wait confused

Eu acho que tenho uma certa imaginação, mas misturar tudo isso pra mim criava uns momentos confusos na hora de idealizar o que estava acontecendo, ou como os personagens estavam vestidos, ou a ambientação, ou a tecnologia.

A gente segue a história de Amani. E ela é a adolescente insatisfeita, que quer fugir da vida comum e injusta que tem numa cidade de bosta 💩 na borda da civilização.

Amani não sabe quem era seu verdadeiro pai. Sua mãe foi enforcada por assassinar o pai adotivo. E agora ela vive na casa de tios que estão pensando ou em “vendê-la” para um casamento, ou o tal tio pretende tornar Amani mais uma de suas esposas.

Uma coisa que Alwyn Hamilton faz muito bem no início do livro é mostrar o quanto as mulheres nesse universo de Amani são desvalorizadas como seres humanos, e tratadas praticamente como objetos de menor valor.

Em dado momento da história, Amani está se disfarçando de menino, mas quando seu estratagema é descoberto, todo o respeito que ela tinha dos homens com quem se relacionava é perdido, e ela deixa inclusive de ser ouvida ou levada em consideração.

Bom, então Amani quer fugir de toda a situação terrível que se encontra, e pretende encontrar uma tia que nunca conheceu na capital de Miraji. A história política do país é um pouco confusa porque o sultão permitiu que um reino vizinho, Gallan, meio que invadisse e mantivesse a “paz” de Miraji. Inclusive, Amani acha que é filha bastarda de algum desses soldados invasores, por conta dos seus olhos azuis.

A história continua com a gente descobrindo que Amani é uma ótima atiradora, que acaba ajudando a esconder um rebelde fugitivo. A partir daí, ela vai ter que se tornar uma fugitiva também, enquanto tenta chegar na capital e não ser morta pelo exército que está indo atrás dela.

Falei que a história tinha alguns pontos fracos, não é? Um eu já comentei que é a definição do world building ser um pouco confusa, além da questão política. Outras coisas que valem comentar também (mas que não são necessariamente ruins, ruiiiins):

Quando a parte de fantasia entra pra dar corpo na construção dos personagens, a história ganha uma das principais viradas. Só que eu achei que a distribuição de poderes e a explicação de como eles funcionam é um pouco superficial.

Os poderes em si também são muito desbalanceados. Como não existe uma explicação de “ranking” de forças, fica parecendo que a autora escolheu quem vai ser ou não overpowered de acordo com a conveniência do plot.

Vamos comentar um pouco com spoilers? Preciso abrir uma coisa que me incomodou, então você pula se não quiser saber até a marcação do fim do spoiler, ok?

Em dado momento Amani descobre que um personagem que está com os “vilões” é seu irmão. E do nada, DO NADA, ela quer proteger essa pessoa que ela não tem NENHUMA RELAÇÃO, só porque ela pode ter metade do seu material genético.

Não existe construção que passe para o leitor de que os dois personagens desenvolveram algum tipo de ligação nos dois momentos que se encontraram. Aí a autora quer me fazer engolir que Amani vai se colocar em risco e também outros personagens para proteger um irmão que ela nem conhece? Foi difícil.

Outra coisa é que a autora mata um personagem durante uma sequência de assalto. E nenhum personagem parecer sofrer de verdade depois do acontecimento. Acho que eu sofri mais do que os personagens que deveriam se importar com a parada.

Não sei se isso foi culpa da narração em primeira pessoa, e o personagem não era tão importante pra Amani, mas foi muito estranho a situação ter passada praticamente batida.

Fim do spoiler! Você pode continuar a ler daqui!

Por último, Amani fica passeando pelo deserto, por cidades, por oásis, mas eu não tenho ideia do quanto e nem por onde ela andou. Simplesmente não existe um mapa de Miraji e dos países vizinhos pra que a gente consiga ter uma noção da localização das coisas.

EU TENHO HORROR DE LIVRO DE FANTASIA SEM MAPA. E isso vale para YA de fantasia também. Pra mim, metade da história se perde sem a gente ter como se localizar no mundo dos personagens.

Fora essas reclamações, eu gostei de verdade da história. Amani é uma boa protagonista (menos quando ela não é). Decidida e forte, dá até pra esquecer que ela só tem 16 anos.

Eu espero que nos próximos livros a autora invista um tempo em conceituar melhor quem é o Sultão mau, muito mau, que a rebelião está tentando depor. Em A Rebelde do Deserto eu não consegui nem sentir um cheiro do porquê ele pode ser odiado pelas pessoas do reino.

Os outros personagens também são interessantes. Você compra o romance que é bem construído e tem um certo slow burn. A autora conseguiu criar coadjuvantes com quem você se importa e quer saber de onde vem e pra onde vão.

Tirou o gosto ruim da ressaca e ainda me deixou com interesse em pegar os livros seguintes pra continuar a trilogia. Torcendo pra não aparecer um triângulo amoroso em A Traidora do Trono.


Até a próxima! o/

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2 Comentários

  • Responder Izandra 20 mar 2020 at 09:20

    Em trilogia fantástica, considerando YA, esta e as Crônicas de Amor e Ódio, para mim, ainda são as melhores (lembrando, em nível de YA).
    Tem um romance que convence, tem desenvolvimento do vilão e dos personagens secundários, além da protagonista… Enfim, apesar dos pontos que você criticou, certeza que vai se prender nos próximos livros, e gostar ao final :)
    E, sim, ressaca literária é um porre; estraga nossa experiência com os livros que tentamos ler depois rs

    • Responder Samara Maia Mattos 20 mar 2020 at 10:42

      Não desistirei! Tá na minha “mira” continuar com o próximo livro em breve. É só eu tirar outras “obrigações” do caminho e já pego ele. Aliás, eu coloquei na minha mesa de cabeceira pra olhar pra ele e sentir “culpa” porque ainda não comecei. XD

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