bate papo

Sobre expectativas e sobre falhar miseravelmente

23 maio 2018

Vamos fazer algo diferente? Pensei em fazer um post blogueirinha, dos tempo de internet de várzea, internet moleque. Hoje eu acho que quero simplesmente escrever sobre algo que tem me angustiado ao longo do tempo.

A quantidade de vezes em que gero expectativas sobre coisas que me comprometo a (ou quero muito) fazer e simplesmente falho miseravelmente.

Você sabe o que é isso? Passa ou já passou por isso?

Há 8 anos eu criei o Parafraseando Livros como uma porta para conhecer pessoas. Na época em que tudo isso aqui era mato, eu achava que pessoas que gostavam de ler de alguma forma mágica iriam encontrar o blog e PÁ!, eu ia ficar cheia de amigxs para conversar sobre livros.

Minhas resenhas iam ser legais. Eu ia ter pessoas comentando com frequência e acompanhando o blog. Eu seria reconhecida!

Eu ia estudar sobre estruturas narrativas, tropes, gêneros literários. Eu ia saber fazer considerações inteligentes e paralelos entre diversas obras fundamentais de leitura. Eu ia ler os CLÁRGHSSICOS!

GIF Celebrate

Mas né… as coisas não foram bem assim. Ao longo de 8 anos, eu conheci pessoas que gostam de livros, mas eu não sou naturalmente “a people’s person”, e não sei cultivar ou alimentar o interesse dos outros. Eu não sou expansiva, não sou extrovertida, e não saio gritando aos 4 ventos de qual fandom eu faço parte, muito menos xingo muito no twitter se alguém fala mal de algum personagem que eu não gosto.

Não causo nem gero assuntos bombantes. Sou uma mulher de 37 anos que foge de qualquer tipo de “escândalo” da internet ou da blogosfera. No fim das contas, eu não sou uma pessoa agregadora; eu sou muito mais uma pessoa espectadora.

Então, não. O blog não foi um degrau na construção de uma super network de amigos leitores. E, apesar de eu adorar isso aqui, o blog foi sim uma forma de me gerar uma montanha de angústia e culpa.

Mesmo não sendo nem de perto dedicada como muitxs blogueirxs ou vlogueirxs da blogosfera, eu me sentia (e sinto) angustiada em não ter posts frequentes no blog, por não ter uma agenda ou calendário de “colunas” ou postagens, por não ter migrado pro youtube, por não ter um podcast. Eu me sinto angustiada simplesmente por não ser uma pessoa muito legal. ^-^’

E a culpa acompanha muito disso. Porque hoje eu ainda tenho duas editoras parceiras no blog, e nunca vou entender como a Intrínseca e a Faro consideraram que era válido para elas ter o Parafraseando como parceiro.

A culpa também está envolvida com a qualidade das resenhas que entrego para as editoras. Poderiam ser melhores, mais aprofundadas, com mais referências, mais frequentes. Eu poderia fazer projetos, semanas especiais, entrevistas.

Eu poderia tanta coisa!

Mas ao mesmo tempo eu não estou podendo.

Tem dias que sinto como se tivesse perdido a mão do blog. Eu não consigo sentar e escrever uma linha que seja. Acho que só estou com o rabo na cadeira e escrevendo esse monte de mimimi infinito porque o livro A Sutil arte de ligar o f*da-se deve ter me motivado de alguma forma. E eu meio que estou cansada de pedir desculpas para ninguém. Ou pra mim mesma.

Porque na maior parte do tempo a sensação que eu tenho é que estou sozinha aqui. E tipo, isso não é um problema. A leitura é uma atividade bastante e primariamente solitária. E, talvez, eu só precise do alto da minha arrogância, jogar palavras aleatórias na tela para alimentar meu ego e diminuir o peso da culpa e da angústia por não ser aquilo que eu gostaria.

Se tem alguém lendo isso tudo até aqui, obrigada por me acompanhar nesse mergulho ao “fundo do poço”. Acho que a catarse é importante pra me ajudar a perceber minhas prioridades, do tipo: não quero e não pretendo abandonar o blog. Como eu disse, sou muito arrogante para desistir de falar pra mim mesma. Só estou me questionando recentemente para quem eu estou escrevendo e, como é prioritariamente pra mim, talvez eu não devesse assumir responsabilidades que não tenho mais condições de manter.

E talvez eu devesse simplesmente parar de me preocupar e de me culpar por não conseguir atingir metas e sonhos que eu não me esforcei tanto assim para alcançar. Talvez eu simplesmente possa ser feliz por ter a capacidade de ler pra cacete e ainda conseguir juntar frases com sentido pra dar minha opinião de bosta sobre o que li.

E, por fim, talvez, quem sabe um bom talvez, eu fosse mais realizada assim. :)

GIF kiss bye


P.s.: ainda estou lendo e acumulando resenhas para postar aqui. Um dia, em breve, tão logo Júpiter alinhe com Marte, elas aparecem!

(direitos da foto de capa do post: KatarzynaBialasiewicz/iStock)

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7 Comentários

  • Responder Izandra Mascarenhas 24 maio 2018 at 09:28

    “Só estou me questionando recentemente para quem eu estou escrevendo e, como é prioritariamente pra mim, talvez eu não devesse assumir responsabilidades que não tenho mais condições de manter.”
    Acho que essa frase é que resumiu tudo o que você deve sentir. Você faz o blog para si, como algo que gosta. No momento em que você não gostar, ou que fizer por pura obrigação, você vai se sentir” pressionada”, e no fim, se sentirá nesse “fundo do poço”.
    O fato de ter essa “culpa” é porque você é uma mulher adulta e responsável, que sempre leva a sério tudo o que faz. Você teve determinadas expectativas com blog? Sim. Mas a vida é isso; dá uma rasteira em nossas metas e expectativas, e temos sempre que modificar os nossos planos para nos adaptarmos.
    Acho que está mais para um momento na vida em que você deve rever suas metas e aceitar aquelas que são possíveis, e não de colocar sonhos inalcançáveis que só piorarão sua ansiedade ;)

    • Responder Samara Maima 24 maio 2018 at 15:15

      Só li verdades, Ize. Muito obrigada! <3
      Esse é o problema de ser uma mulher adulta: tem boleto pra pagar, tem prioridades e responsabilidades que não se tinha antes. E talvez essas coisas pesem mais do que a gente espera quando é mais novo e tá cheio de energia.
      Mas sim, o foco agora é ver até onde eu consigo ir, não dar passos maiores que as pernas, e manter minha "saúde mental" e minha empolgação com o blog. A empolgação com a leitura obviamente não some, mas o importante é manter o interesse em alimentar meu micro espaço de internet.
      Fico muito feliz que uma das melhores coisas que o blog me proporcionou foi conhecer você (mesmo que agora você seja uma mulher super bem sucedida na longínqua São Paulo)! ^.^ <3

      • Responder Izandra Mascarenhas 25 maio 2018 at 12:29

        Pois é, ser adulta é uma merda. Eu lembro que, assim que me formei, cogitei seriamente fazer uma nova faculdade, só para continuar eternamente “universitária”. Pensa bem, era a desculpa ideal: “você não tem tempo pra arrumar a casa?” Sou universitária. “Você não tem dinheiro pra nada? ” universitário é tudo pobre xD
        Hahaha Acabei tomando vergonha na cara e segui pra “vida adulta real”… O que me levou a me mudar de estado. Não diria que estou no “super bem sucedida” que você acha, mas estou melhor do que estaria no RJ ^^’
        É eu adorei te conhecer, muito! Mesmo que agora não dê para marcarmos um California Coffee, ao menos ainda trocamos muitas impressões de livros pelo messenger xD
        Por fim, dessa coisa de vida adulta… É isso.hoje precisamos mais pensar em buscar “qualidade de vida”, o que é diferente pra cada um. Pra mim está sendo morar perto de onde trabalho, e não ter que levar coisas pra fazer em casa todo fds. Pra outras pessoas, é poder viajar a cada 6 meses, e por aí vai… Você precisa redefinir suas metas e planos considerando o que é qualidade de vida pra você, e aí correr atrás. O que posso dizer é que concordo com você quando diz que não temos mais a energia que tínhamos mais novos xD
        #TôVelha

  • Responder Amanda 24 maio 2018 at 00:51

    Super me identifico com o seu depoimento. Sempre tive blogs, mas eles dificilmente duravam mais do que 1 ou 2 anos. De alguma forma, eu me cansava e simplesmente desistia e eu me culpo tanto por isso. Eu me sinto muito fracassada por isso. Agora, novamente criei um novo blog e nossa, tá dificil produzir conteúdo. Parece que eu perdi o gosto de escrever, Não sei bem o que é… pode ser que minhas expectativas em relação a mim mesma estejam altas demais ou outro motivo, só sei que isso acaba me empacando e eu nçao consigo fazer nada. Ufa! Desculpa pelo longo comentário mas é que a tempos eu não lia um texto que me fizesse pensar sobre isso.
    Vamos ver se continuo firme nesse novo blog e nos meus projetos pessoais!

    • Responder Samara Maima 24 maio 2018 at 15:08

      Oi Amanda, não precisa se desculpar pelo tamanho do comentário. Você leu meu desabafo inteiro e ele está bem comprido também! XD
      Por mais triste que seja saber que você também se sente frustrada com a ideia de não conseguir produzir como gostaria no seu blog, eu fico um pouco feliz (desculpa!) por ver que outras pessoas se sentem como eu. Tipo, isso é óbvio, mas a gente não costuma olhar muito fora do nosso próprio umbigo, não é mesmo?
      Acho que o que você pode tentar fazer, e é o que eu também estou tentando, é ver quais são seus objetivos REAIS com o seu blog. Se esses motivos te fizerem feliz já é meio caminho andado.
      Não sei se vale ficar se cobrando por não estar na vibe de escrever, pelo menos é isso que eu tenho falado pra mim mesma. A vontade vai vir, e você vai escrever coisas legais! Torcendo para que você mantenha o foco no seu blog e nos seus projetos! E se não conseguir, não se cobre além do que precisa. ^.~ Obrigada por ter passado por aqui. <3

  • Responder Jess 23 maio 2018 at 16:34

    Interessante. Também adoro ler e quase fiz um blog (enfase no quase) mas sinceramente, me conheço o suficiente pra saber que no meio do caminho deixaria de achar ele divertido e começaria a postar por obrigação. É tenso ter esse momento catarse, mas é ótimo ligar o foda-se e fazer o que VOCÊ quer e precisa. Então fighting!!

    • Responder Samara Maima 23 maio 2018 at 18:12

      Obrigada, Jess, pelo apoio! <3 Acredito que o que eu precisava era meio que "oficializar" pra mim mesma o que eu preciso pra me sentir mais tranquila. Talvez agora as coisas voltem ao "normal". Beijos! Vou continuar a "luta"! :D

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