resenha

A sutil arte de ligar o f*da-se – Mark Manson

29 maio 2018
Informações

A sutil arte de ligar o f*da-se

Mark Manson

intrínseca

série ---

224 páginas | 2018

5

Design 5

História 5

14

Compre! Amazon

Chega de tentar buscar um sucesso que só existe na sua cabeça. Chega de se torturar para pensar positivo enquanto sua vida vai ladeira abaixo. Chega de se sentir inferior por não ver o lado bom de estar no fundo do poço.

Coaching, autoajuda, desenvolvimento pessoal, mentalização positiva – sem querer desprezar o valor de nada disso, a grande verdade é que às vezes nos sentimos quase sufocados diante da pressão infinita por parecermos otimistas o tempo todo. É um pecado social se deixar abater quando as coisas não vão bem. Ninguém pode fracassar simplesmente, sem aprender nada com isso. Não dá mais. É insuportável. E é aí que entra a revolucionária e sutil arte de ligar o foda-se.

Mark Manson usa toda a sua sagacidade de escritor e seu olhar crítico para propor um novo caminho rumo a uma vida melhor, mais coerente com a realidade e consciente dos nossos limites. E ele faz isso da melhor maneira. Como um verdadeiro amigo, Mark se senta ao seu lado e diz, olhando nos seus olhos: você não é tão especial. Ele conta umas piadas aqui, dá uns exemplos inusitados ali, joga umas verdades na sua cara e pronto, você já se sente muito mais alerta e capaz de enfrentar esse mundo cão.

Para os céticos e os descrentes, mas também para os amantes do gênero, enfim uma abordagem franca e inteligente que vai ajudar você a descobrir o que é realmente importante na sua vida, e f*da-se o resto. Livre-se agora da felicidade maquiada e superficial e abrace esta arte verdadeiramente transformadora.

design

Aaaah, o laranja. <3

Quando eu estava na faculdade de design existia o “mito” de que laranja era a cor “símbolo” dos designers. Alguma coisa a ver com a cor da faixa do “uniforme” de formatura da profissão, que eu nunca vou conferir se é verdade porque não usei a toga. Alou, sou designer, não vou ficar compactuando com essas caretices de faculdade… XD

Bem, a capa do livro é laranja. Elétrico. Chamativo. E lindo! É uma ótima adaptação da arte original, totalmente tipográfica e em cores básicas. LARANJA, preto e branco.

Sou apaixonada por uma boa capa tipográfica, e A sutil arte de ligar o f*da-se tá de parabéns. Equilíbrio entre os elementos, dando valor para o título em preto e para o nome do autor, mas o subtítulo, mesmo tendo o terceiro lugar em tamanho na capa, ganha uma presença marcante só por estar em branco. Tudo a ver com contraste das cores (ou não cores) com o LARANJA. Sério, é apaixonante! <3

E com um título desses, quem precisa de uma sinopse na quarta capa?! É só manter a chapada de LARANJA e jogar algumas citações. E sim, aqui eu estou “de boas” com isso.

Pra fechar, uma maravilhosa aplicação de soft touch, que graças à cor, não deu nem pra ver a gordura manchada na capa pelos meus dedinhos gordurosos. AND!, o LARANJA nos acompanha quando entramos no livro, com mais uma chapada maravilhosa na parte interna da capa.

Quanto ao miolo, ele chega a ser bastante simples, mas é extremamente correto, como praticamente todos os projetos que a Intrínseca faz.

Nesse tem um sumário, que eu acho que ajuda a pessoa que vai decidir comprar o livro a perceber que tipo de assunto o autor vai tratar ao longo das páginas, e em que tipo de loucura ela pode estar se metendo.

Além disso, os capítulos são abertos sempre com o número e seu título, e são divididos em partes também nomeadas.

Falando do miolo, eu achei a fonte e o espaçamento ligeiramente grandes pro meu gosto pessoal, mas pode ser que dependendo da idade do público que vai ler este livro, faz mais sentido ter uma mancha um pouco mais aberta e confortável pro pessoal mais sênior.


história

Acho que finalmente eu assumi que ela chegou. A crise da meia idade. Pensei que poderia passar imune pela faixa dos 30-40, mas não. Seria muita arrogância da minha parte ter a certeza de que era “madura” e estruturada o suficiente para não sofrer da crise.

E ela me afetou muito principalmente na parte profissional. Porque, por mais que tenha finalmente entrado em uma empresa onde aparentemente posso ser aquilo que estudei e gosto de fazer, eu ainda não tenho lá toda a certeza se é isso mesmo que eu quero.

Tipo, não. Mochilão pelo planeta em hostels de qualidade duvidosa nunca passou pela minha cabeça. Tenho a necessidade de um mínimo de conforto de vida, e convenhamos que eu nem gosto de viajar. o/

Mas né. Dúvidas sobre autoestima profissional, reconhecimento (inclusive financeiro), invejinha e preguicinha… e aquele eterno “e se”. E se eu tivesse realmente estudado desenho e ilustração e fosse desenhista da Marvel e game concept artist?

Você pode ter inclusive acompanhado minha crise com o blog nos últimos dias. Fiz um post “verdade” AND mimimi, sobre meu relacionamento com a vida, o blog e tudo o mais. E sim, quero fazer um post resposta, porque pessoas importantes me ajudaram a ver fora do meu próprio umbigo e da minha arrogância infinita.

Tudo isso para chegar em A sutil arte de ligar o f*da-se.

Sim, eu estava e ainda estou sofrendo com essa coisa toda de ser adulta: pagar boleto, ter responsabilidades, ter problemas pra resolver, ser mulher… Então, sei lá. Quando eu vi a capa extremamente chamativa e LARANJA de A sutil arte de ligar o f*da-se meio que deu um estalo. Daqueles que vem e você fica meio que “uhnn, vai que é disso que eu estou precisando”.

Uma ajudinha literária para aprender a ligar o f*da-se.

E sim, escrever f*da-se me dá um certo nervoso porque, apesar de usar essa palavra com uma certa frequência no meu dia-a-dia, eu tenho certa vergonha de escrever. Inclusive, quando redijo alguma coisa em bate-papos que preciso usar a palavra eu costumo escrever com “ph”: phoda-se e derivados. Minha melhor amiga sempre acha engraçado e diz que lê minha forma arcaica de escrever o palavrão como se fosse “pffffodasse”. XD

Ligar o foda-se é uma arte sutil. (…) Aprender a direcionar e priorizar seus pensamentos de maneira afetiva: escolher o que é importante e o que não é, com base em seus valores pessoais. (p.21)

Bem, voltando… Livro milagroso…

Peguei a obra de Mark Manson já com a expectativa de ser uma autoajuda, mas eu esperava que ao menos fosse divertida. Como eu praticamente não leio não-ficção, eu preciso que eles sejam envolventes para não me sentir uma incapaz de ler livros “sérios” (eu meio que já sei que não consigo).

De qualquer forma, sim!, A sutil arte (…) é um livro muito bom. É uma autoajuda, mas achei levemente diferente quando ele foca na ideia de que é importante que se assuma que sim, você está na merda.

E não necessariamente você precisa sair correndo de lá.

Uma coisa que Manson fala bastante ao longo do livro é que a maioria dos livros de autoajuda vende uma ideia de otimismo que nem sempre são atingíveis quando você está se sentindo mal, pra baixo, na bosta.

<aquele momento que eu vou pegar o livro pra dar uma olhada no que marquei de passagens interessante e percebo que tem post-its em praticamente todas as páginas. aff>

Isso tem muito a ver com o que se “vende” hoje em dia, principalmente nas redes sociais. Nossas timelines ficam preenchidas de casos e mais casos de sucesso, viagens perfeitas, filho perfeitos, corpos perfeitos, empregos perfeitos. Tudo é altamente inatingível por nós, reles mortais, e viram focos de ansiedade e inadequação social.

A gente coloca nossas metas de felicidade e realização pessoal e objetivos irreais, e que são vendidos como o último bis da caixinha (sorry, eu gosto de bis).

Ironicamente, essa fixação no positivo, no que é melhor ou superior, só serve como um lembrete do que não somos. do que nos falta, do que já deveríamos ter conquistado mas não conseguimos. (p.12)

Então, sim a gente precisa aprender a sofrer e que o sofrimento é a alavanca que faz com que nos mantenhamos em movimento e que ajuda a gerar mudança.

Sobre a questão do livro não ser otimista, se você pegar o sumário para ver, já dá para perceber de cara no nome dos capítulos. Tipo, o segundo se chama “A felicidade é um problema”, e nele o autor fala sobre sofrimento e traz o Panda da Desilusão (que automaticamente me lembrou do panda irritado do meme, você lembra?).

GIF angry panda

(…) Sofrer é uma merda, e não necessariamente se traduz em algo significativo. (…) Não existe valor no sofrimento quando não há um propósito. (p.33)

A ideia do Panda da Desilusão é que ele seria praticamente um anti-herói e seu super poder seria jogar na nossa cara as verdades mais importantes e desagradáveis de ouvir. São aquelas que a gente precisa ouvir mas não quer aceitar, sabe? As que mostram como somos um tanto “doentios” na nossa necessidade de autoafirmação de coisas que não são assim tão legais e que aceitamos, e justificamos, para ficar “de boas”.

São algumas mentiras que contamos pra nós mesmos de vez em quando, para evitar problemas ou desconfortos.

Foi lendo esse capítulo e “conversando” com o Panda da Desilusão que de certa forma veio a inspiração pro meu post mimimi. Em dado momento, Manson fala sobre como colocamos nossas expectativas em metas e objetivos não lá muito verossímeis ou alcançáveis. E isso gera angústia e ansiedade, pela sensação de fracasso de não conseguir atingir o ponto que achamos que é o ótimo.

(…) A verdade é que eu achei que queria uma coisa, mas não queria. Eu queria a recompensa e não as dificuldades. Queria o resultado e não o processo. Eu não era apaixonado pela luta, e sim pela vitória. (p.48)

E o livro continua, jogando na nossa cara como não somos especiais, ou únicos, ou diferentões. Ele tira a gente da nossa zona de conforto arrogante ao jogar ainda mais verdades duras sobre a convivência com nossa própria cabeça e com nossas próprias expectativas de sermos “a mudança do mundo”.

Essa ladainha de que “todo mundo pode ser extraordinário e alcançar a grandeza” é só uma punhetagem do ego, uma mensagem gostosa de engolir. (p.71)

No fim das contas, ainda é um livro de autoajuda, e vai depender de quem está lendo decidir se concorda ou não com o que está escrito, e se vale ou não tentar aplicar o que aprendeu em situações da própria vida.

Então, assim. Não acho que meus problemas acabaram. Não acho que vai tudo melhorar agora que eu li o livro do Manson. Mas acho que tenho mais formas de enxergar meus problemas, valores e sofrimentos para me tornar uma pessoa melhor. Para entender com o que posso e quero lidar. Afinal ele mesmo diz:

(…) Aonde quer que você vá, há uma tonelada de adversidades e fracassos esperando. Esse não é o problema. A ideia não é fugir das merdas. É descobrir com qual tipo de merda você prefere lidar. (p.25)

Se eu conseguir me preparar e escolher com quais e como lidar com as merdas que aparecerem ao longo do caminho, acho que já vai ser bom o suficiente.

Eu enchi meu livro de diversos post-its em passagens que achei importante e interessantes de voltar, mas acredito que ele deve ser lido e experimentado por quem quer aprender essa sutil arte. Então, vou me abster de colocar qualquer outra citação para que você tenha a surpresa e a experiência de ser impactado pela leitura sem a minha influência. ^.~


Até a próxima! o/

Onde comprar: Amazon (compras feitas através do link geram uma pequena comissão ao blog ^.~)

banner parceria editora Intrínseca 2018


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2 Comentários

  • Responder Izandra Mascarenhas 30 maio 2018 at 09:07

    Bom, minha cópia do livro já está no Kindle, aguardando leitura rs
    Vira e mexe eu passo por uma “crise de meia idade”, mesmo ainda não tendo chegado lá. Fiquei na mesma que você, com relação a emprego; achei um que gosto e tenho expectativa, mas ao mesmo tempo me pergunto se o que estou fazendo ali é o que realmente quero fazer. Meio que de atuação direta passei a fazer mais gerenciamento, e aí penso que este seria o caminho usual de crescimento na área (gerenciar), mas ao mesmo tempo… Penso que não queria isso, mas simplesmente atuar. Só que aí eu seria “medíocre”, e nunca cresceria… Enfim, aquela boa é velha discussão que temos internamente rs
    Talvez a leitura desse livro me ajude a aceitar que a vida não pode ser perfeita, que temos que escolher o que aceitamos ou não. Se quero sentir que “cresci” profissionalmente, então tenho que aceitar que nem sempre atuarei na forma como eu esperava. Só que as vezes é difícil, por causa daquela sensação que nos bate vez ou outra e nos deixa pra baixo rs
    Nossa, um post seu “mi-mi-mi”, e já tô comentando assim xD hahaha

    • Responder Samara Maima 30 maio 2018 at 11:08

      Eita! Nem era minha intenção com meu post mimimi, mas fico feliz de qualquer forma! <3 E depois quero saber sua opinião quando você puder ler o "(...) f*da-se".
      Eu acho que essa nossa "insatisfação" profissional vem muito da "zilharidade" de opções que existem hoje em dia. Sei lá. Há alguns anos bons atrás você "só" podia ser médico/engenheiro/advogado, e tava todo mundo satisfeito com isso. Hoje em dia se você não tem pelo menos 3 especializações, pós-graduação, artigos publicados, é provável que você não seja "ninguém".
      Por isso, eu super te entendo quando você fala sobre querer ser a "eterna universitária". Ter a oportunidade de estar continuamente aprendendo coisas que te interessam e "fugir" um pouco da obrigatoriedade de escolher uma coisa pra fazer O RESTO DA VIDA, parece ser bastante "edificante".
      Tou adorando te ver por aqui. Mas se quiser, a gente pode sempre conversar no messenger. <3

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