resenha

Volta para Mim – Mila Gray

11 nov 2016
Informações

volta para mim

mila gray

arqueiro

série volta para mim #1

272 páginas | 2016

3.5

Design 3.5

História 3.5

Kit Ryan está de volta à sua amada Califórnia, de folga do serviço militar. Conquistador inveterado, ele só quer aproveitar as quatro semanas livres antes de retornar ao trabalho, mas se vê atraído pela irmã de Riley, seu melhor amigo. Há tempos Jessa Kingsley chama sua atenção, porém a família superprotetora dela sempre foi um obstáculo.

Desta vez, contudo, Kit desiste de lutar contra os próprios sentimentos e logo Jessa se rende ao seu charme. O que começa apenas como um romance de verão rapidamente se torna um relacionamento apaixonado.

Quando chega a hora de Kit voltar ao serviço com Riley, nem ele nem Jessa estão prontos para se despedir. Ela enfim está seguindo os seus sonhos e ele descobriu alguém por quem sacrificaria tudo. Jessa promete esperá-lo e Kit garante que voltará para ela. Não importa o que aconteça.

Mas então uma visita inesperada traz uma notícia trágica: uma das pessoas que ela mais ama morreu em serviço. Quem terá sido? Seu irmão ou seu namorado?

Em Volta Para Mim, Mila Gray constrói uma história de tirar o fôlego sobre amor, amizade e família, conduzindo o leitor por uma jornada de superação e autodescoberta.

Design

Eu lembro que a Arqueiro havia recebido uma “reclamação” de seus leitores sobre suas capas sempre mostrarem casais quase se beijando e ficava até difícil de diferenciar um dou outro. Isso acontece (ou acontecia) muito com os livros do Nicholas Sparks, mas muitos dos NAs da editora também seguem a linha dos casais sensuais na capa…

No caso de Volta Para Mim temos o casal naquele momento tenso da respiração intensa e dos lábios entreabertos na iminência do beijo… OOOOWWW! Mas assim, é igual a qualquer outra. =/

Gosto bastante do trabalho tipográfico no título e no nome da autora e é interessante terem usado uma fonte serifada para o título. Cria uma identidade diferente do que é feito para os livros da Abbi Glines, por exemplo. O padrão cromático é bonito, tem uma coisa meio fria azulada que faz um bom contraponto com o nome da autora em amarelo.

Acho que a palavra Volta tem um pouco de problema de legibilidade por estar em branco e ter umas áreas claras no lugar onde ela está sobre a imagem. Nada que atrapalhe a compreensão do todo, mas né, chamou minha atenção. :P

Quanto ao miolo, nada de novo no projeto gráfico correto e default da Arqueiro.


História

Então, Kit e eu não tivemos um bom início de relacionamento. Acho que ando em um momento sensível, sendo bombardeada com vários temas fortes e impactantes e de explodir cabeças, e dar de cara com um comentário gordofóbico logo na página 19 do livro me deixou incomodada.

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Não sou de tomar partidos, nem de afirmar minhas convicções porque provavelmente sou cagona o suficiente para manter certa “dignidade” em não ser agredida por acreditar no que acredito. Eu ainda estou amadurecendo, revendo meu preconceitos, aprendendo e tentando ser uma pessoa um tico melhor e com menos julgamentos. Mas ó, que é difícil você vencer algumas coisas que tão ali, costuradas na minha personalidade e alimentadas ao longo de 35 anos. Então acho que meu primeiro movimento é sair em defesa daquilo que eu acredito, sentada confortavelmente no meu sofá virtual, e ter rants solitários enquanto leio os livros com assuntos que mexem comigo.

Voltando.

Volta para Mim é uma história onde os personagens masculinos principais são fuzileiros navais que estão em um período de “transição de missão”, voltando para casa por quatro semanas. Kit é o melhor amigo de Riley. Jessa é a irmã mais nova de Riley que sempre teve uma queda por Kit. Só que o pai de Jessa e Riley odeia o pai de Kit e, consequentemente, transfere para ele um pouco de ódio também. Ou seja, Kit não é bem vindo na casa do melhor amigo de jeito nenhum. E quase também não foi bem vindo no meu coração.

Kit me irritou na página 19. Na DEZENOVE! Estamos falando de um New Adult. Esse tipo de história costuma ter um casal jovem, bonito, sarado, com algum tipo de problema de autoestima, e que se apaixonam violentamente. Bem, na história Kit finalmente se rendeu ao interesse que tem pela irmã mais nova de seu melhor amigo, desde que “notou o seu corpo incrível quando a viu na praia de biquíni”. Só que o que ele comenta a seguir é que foi o problema. Cito aqui:

“(…) Agora eu não vou conseguir tirá-la da cabeça pelo próximo mês. Acho que parte de mim estava torcendo para descobrir que ela engordou 200 quilos ou pelo menos tem namorado, o que acabaria com todos os meus sonhos.” (p19)

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Achei completamente desnecessário a autora achar interessante esse tipo de afirmação. Antes ela só dissesse algo sobre a personagem estar namorando. Ela não precisava transformar seu “herói” em um preconceituoso, superficial e gordofóbico só para provar um ponto sobre que tipo de motivações o impediriam de se interessar pela “mocinha”.

Estou exagerando? Provavelmente. A gente passa por situações que desmerecem vários tipos de “minorias” em diversos livros que lemos todos os dias, e estamos tão vacinados que nem percebemos. Provavelmente eu estou sensível a esses assuntos, e aqui em Volta para Mim ele chamou minha atenção mais do que o normal e me fez ter vontade de ressaltar isso na resenha.

Me incomodou? Bastante. Atrapalhou meu início de relacionamento com a história? Um pouco. Me impediu de seguir até o final? Não. Mas acredito que ter essa visão crítica e perceber que isso me chama a atenção ou que poderia ser algo desenvolvido de outra fora já me deixa feliz, sabem? Talvez eu esteja ficando boa nesse troço de amadurecer.

Bem. Mila Gray conseguiu reverter minha impressão negativa de Kit durante a história. Ela teve a sensibilidade de criar o personagem extremamente consciente de que, quem toma decisões sobre a velocidade do relacionamento, quando se trata de uma jovem virgem e inexperiente, é a moça. Todos os encontros entre Kit e Jessa foram no ritmo e dentro das vontades da garota, e isso ganhou muitos pontos. Não teve beijos forçados, ameaças veladas, “não consigo me segurar” e coisas parecidas. Jessa tomou todas as decisões sobre o que queria e quando queria, e Kit respeitou todas elas.

Outra coisa muito bem desenvolvida pela a autora é a construção da tensão sexual e o desenvolvimento do interesse (explosivo) romântico do casal. Até o dia do tchananan final entre Jessa e Kit, Mila Gray construiu cenas muito bem descritivas e envolventes que sempre tinham um corte bruto no meio da tensão entre os personagens. Óbvio que isso tem a ver com o romance proibido, mas também é uma forma de construir o interesse e a expectativa pelo momento em que ninguém vai chegar para atrapalhar.

Um assunto também trabalhado por Mila em Volta para Mim é o de relacionamento abusivo dentro de casa. Jessa convive com um pai agressivo, explosivo e controlador e uma mãe passiva, que não defende os próprios filhos. Muito disso tem a ver com um segredo que os pais de Jessa e de Kit têm há muitos anos, e que interfere no relacionamento das duas famílias. Ela trata também um pouco superficialmente sobre distúrbios pós-traumáticos e de como os personagens lidam com isso e procuram ajuda especilizada.

No fim das contas, por mais que eu tenha tido um início meio nhé com o livro, eu gostei bastante de Volta para Mim. Ele é bem previsível em várias coisas, na angústia do romance proibido, na reação do pai de Jessa, mas me surpreendeu em algumas coisas no relacionamento entre ela e seu irmão. O melhor de tudo é o romance e as cenas de Jessa e Kit, que é bonito e fofinho, de um forma que até faz parecer que são mais novos do que os 18 e 21 anos que cada um tem. Se você está precisando de uma leitura gostosa, bem desenvolvida, com bastante romance, algumas cenas de sexo (com jovens virgens que têm orgasmos na primeira vez), e aquela básica tensão do romance proibido, Volta para Mim provavelmente é para você.


Até a próxima! o/

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