resenha

Quarta Asa – Rebecca Yarros

23 dez 2024

Informações

Quarta Asa

Rebecca Yarros

Planeta Minotauro

série The Empyrian #1

544 páginas | 2024

Design

História 5

Compre! Amazon

Opinião

Às vezes eu tenho a impressão que posso passar uma imagem de ser pernóstica, estudiosa e inteligente. Mas a verdade que isso é tudo fachada. Na verdade eu gosto muito mesmo é de uma farofa.

Não sei porque teve tanto hate pra cima de Quarta Asa e confesso que só vou procurar informações depois que escrever minhas impressões. Queria ter a oportunidade de vir com os olhos brilhantes e a felicidade empolgante de ter terminado um livro que me deixou extremamente satisfeita.

Porque, sim, eu gostei muito de Quarta Asa. Deve ter um monte de problemas, mas não me importo! Das 544 páginas que eu li foram todas de fantasia de um tipo que me agradou como não imaginei que seria possível.

Recentemente tinha terminado Caçador sem Coração e achado muito divertido o lance todo da romantasia, mas foi bom porque ele pôde servir de parâmetro pra comparar com a experiência de Quarta Asa. E na minha humilde opinião, o livro de Rebecca Yarros é muito superior ao de Kristen Ciccarelli.

Mas antes! Vamos falar dos meus receios quando peguei Quarta Asa pra ler:

Primeiro, o hype ainda é enorme. O “poder” que o tiktok teve para explodir esse livro foi fenomenal, e que tendo a ter medo de livros extremamente hypados e com muita polarização.
Por ser uma “romantasia”, tinha receio que o world building fosse despriorizado, dando foco só para o romance. Eu tenho uma queda por mundos bem construídos, e quando fica muito superficial eu tendo a gostar bem menos da experiência.
Tinha o lance todo de ser/ter hot. Eu não tenho nada contra, tanto que você pode encontrar diversos livros do gênero aqui no blog. Mas como meu foco era na fantasia, fiquei com um pé atrás em como a autora iria colocar toda a parte de sexo no meio de tudo.
Fiquei com medo de encontrar uma protagonista igual a todas as outras que a gente às vezes esbarra em fantasias YA, mesmo que Quarta Asa DEFINITIVAMENTE não seja desse nicho. Não é. Não dê esse livro pro pessoal muito jovem!
E nas primeiras páginas eu me surpreendi com a informalidade do texto. Foi muito estranho porque quebrou uma expectativa que eu nem sabia que tinha de como um livro de fantasia deveria “soar”.

Mas, sério, fazia muito tempo que eu não me divertia com uma leitura. Esse ano li diversos livros que acabei dando 5 estrelas, mas nenhum tinha me feito querer voltar pra leitura tanto quanto Quarta Asa. Sabe quando você imerge na leitura de uma forma que você perde a percepção do seu entorno? Porque você está “ouvindo”, “sentindo” e “vendo” o que está acontecendo na história, sabe? Já teve essa sensação?

Pois é, Quarta Asa fez isso comigo.

E só por ter me dado esse tipo de imersão já merecia uma avaliação alta. Ainda bem que tinham tantas outras coisas que me envolveram na história para fortalecer minha decisão de dar 5⭐ pro livro.

Primeiro a protagonista, Violet, é divertida. Ela “não é como as outras garotas”, porque é assim que as coisas funcionam, mas o arco dela dentro da história é tão interessante que eu me vi torcendo por ela! Violet é inteligente e sarcástica. Ela se preocupa com as outras pessoas, mesmo quando sabe que está em um ambiente extremamente competitivo do quartel dos cavaleiros.

No começo eu fiquei com medo de Yarros colocar Violet em um poliedro amoroso, porque logo no começo tem três caras de alguma forma interessados nela. O inimigo jurado da sua família, o amigo de infância, e o psicopata-porra-loca. Eles tem importância no crescimento da personagem, mas não se preocupem com a forma como a autora vai fazer essas costuras. Vai dar bom.

Yarros também constrói um mundinho muito interessante onde o reino de Violet está em guerra há séculos com outro reino (e ninguém questiona porquê tamos ainda aí na luta). Navarre, o reino “principal” tem cavaleiros de dragão como sua principal força militar para travar a guerra contra o outro lugar lá, que eu não guardei o nome (faz parte), que também tem poderes mágicos garantidos por grifos.

Então fazer parte dos cavaleiros de dragão é um honra e um desafio que pode ser alcançado por poucos. O lance é que Violet nunca quis ser cavaleira, ela se preparou a vida toda pra ser uma escriba, igual seu pai. Sua mãe é uma general sinistrona e decide que Violet não tem escolha a não ser entrar pra academia de cavaleiros, porque não pode manchar a honra da família. O resto é história.

“Mas Samara! Eu vim aqui pelo sexo!” Calma pervertidinhes (como diz a querida Rita von Hunty). 🤭 Sim, o livro tem cenas hot, e elas são BASTANTE descritivas. Mas não são gratuitas. Vai ter rolado muita água embaixo dessa ponte antes de realmente acontecer qualquer coisa mais quente. 🔥 Se você curte o estilo da Sarah J. Maas de conduzir seus romances, é uma pegada parecida.

Aliás, Rhysand (de ACOTAR) anda fazendo escola de como ser um herói feministo (sic). O interesse romântico aqui é todo baseado e reforçado sobre consentimento. É sempre sobre o que Violet quer e quando ela quer. Então, pontinhos para Rebecca Yarros.

De qualquer forma, todos os encontros, sexuais ou não, de Violet com seu interesse amoroso são bastante sensuais. Se você gosta de um slow burning, provavelmente vai gostar de como a autora conduziu o arco romântico da história.

Agora, sobre o sistema de magia, teve uma coisa ou outra que eu achei um pouco confusa, mas o funcionamento da conexão entre dragão e cavaleiro, o lance do dragão ser o responsável por escolher quem vai ser seu “parceiro”, o poder que essa conexão permite que o cavaleiro tenha acesso, os poderes proibidos ou secretos (porque a cúpula militar enxerga como importantes demais para serem expostos para todos), a hierarquia de como funciona a organização militar dos cavaleiros… tudo isso é bastante interessante e desenvolvido. Existe muita política, corrupção, segredos, traição dentro da estrutura do reino. Então tem muito mais acontecendo do que simplesmente o que rola no coração de Violet e um monte de jovens adultos cheios de hormônios, boca suja e uma previsão de vida curta.

Eu peguei o livro emprestado na Biblion, a plataforma digital da Biblioteca de São Paulo, porque tinha medo de investir um dinheiro em uma leitura que podia dar muito errado. Mas agora, definitivamente, vou comprar esse e os próximos para continuar acompanhando a história de Violet.

Inclusive recomendo já ter o segundo, porque a forma como Quarta Asa termina é uma sacanagem!

Até a próxima! o/

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