O Ladrão de Raios
Intrínseca
série Percy Jackson e os Olimpianos #1
400 páginas | 2014
Primeiro volume da saga Percy Jackson e os olimpianos, O ladrão de raios esteve entre os primeiros lugares na lista das séries mais vendidas do The New York Times. O autor conjuga lendas da mitologia grega com aventuras no século XXI. Nelas, os deuses do Olimpo continuam vivos e ainda se apaixonam por mortais, e dessa união nascem filhos metade deuses, metade humanos, como os heróis da Grécia antiga. Marcados pelo destino, eles dificilmente passam da adolescência. Poucos conseguem descobrir sua identidade.
Percy Jackson é um desses semideuses. Ele tem experiências estranhas em que deuses e monstros mitológicos parecem saltar das páginas dos livros de História direto para a sua vida. Pior que isso: algumas dessas criaturas estão bastante irritadas. Um artefato precioso foi roubado do Monte Olimpo e Percy é o principal suspeito. Para restaurar a paz, ele e seus amigos – jovens heróis modernos – terão de fazer mais do que capturar o verdadeiro ladrão: precisam elucidar uma traição mais ameaçadora que fúria dos deuses.
Design
Não tem muito o que falar dessa versão a não ser que as capas dos cinco livros formam uma paisagem muito linda.
Eu já reclamei em algum lugar que não sou muito fã da arte de John Rocco, o ilustrador de todas as capas dos livros do Rick Riordan, mas aqui funcionou muito bem eu gostei demais do resultado!
História
Há alguns anos, passeando por alguma Saraiva da vida, eu vi exposto um livro que me chamou a atenção. Ladrão de Raios estava ali, com seu pequeno menino de costas no meio de uma praia tempestuosa. Nessa época a capa era diferente dessa que coloquei na resenha.
Bem. Foi nesse dia que meu relacionamento com a Intrínseca, Percy Jackson e Rick Riordan começou, e não terminou até hoje.
11 anos depois, aqui estou eu, revisitando um dos melhores livros infanto-juvenis que já li na minha vida, torcendo para que a bolha da nostalgia que eu criei não se exploda em decepção e tristeza.
Estou falando com uma expectativa de futuro, mas já posso garantir que sim, o livro “sobreviveu” a todos esses anos. Toda a minha relação feliz com a leitura e lembrança de ter sido tudo ótimo são reais e se mantiveram.
A diferença é que agora, 11 anos depois, eu consigo perceber algumas coisas que eu não me preocupava ou não eram “relevantes” pra mim.
Se você nunca ouviu falar de Percy Jackson e os Olimpianos, essa foi a primeira série escrita por Rick Riordan que trazia e atualizava os deuses gregos para um contexto atual. Mostra toda a influência que eles teriam nos EUA uma vez que o país é o “centro da civilização ocidental”, e como seriam seus filhos semi-deuses.
Pela milésima vez, eu sou apaixonada por mitologia grega e essa visão de adolescentes filhos de deuses, vivendo e crescendo em um acampamento pra tentar se protegerem, fazendo missões e tentando conviver com a ideia que sua mãe ou seu pai são seres mitológicos, foi uma das melhores coisas que eu li há 11 anos e de novo agora.
É uma aventura deliciosamente envolvente e frenética que é IMPOSSÍVEL de largar!
E Rick Riordan criou dois dos meus personagens favoritos de todos os tempos: Percy e Annabeth. Acho que eles só perdem pra Lyra e Will de Fronteiras do Universo, do Philip Pullman.
Se você não conhece a história, Percy é um adolescente de 12 anos, que há muito tempo não consegue ficar mais do que um ano em um colégio. Ele tem problemas de concentração e dislexia, e coisas estranhas simplesmente acontecem com ele.
No último colégio que ele conseguiu se manter, finalmente Percy faz um amigo, Grover, e tem um professor de que gosta e que não acha que ele é um fracassado.
Até o dia que em uma excursão escolar, a professora de matemática mostra pra Percy que não é humana, mas uma das Fúrias de Hades. Nosso herói consegue vencer seu primeiro desafio com a ajuda de uma caneta Bic e um pouco de sorte. E é dessa forma que começa a jornada de Percy pra descobrir quem ele realmente é.
Nessa segunda leitura foi bem mais interessante perceber como Rick Riordan trata de alguns temas que não foram tão relevantes pra mim antes.
Um de seus filhos foi diagnosticado com DTAH e dislexia, então o autor decidiu criar um personagem que tivesse as mesmas características que ele. E o interessante foi explicar que, no mundo de Percy, isso significa que eles tem muito mais energia e disposição que as pessoas “normais” pra poderem lutar com os monstros mitológicos e sobreviver.
Quanto a dislexia, a explicação é que o cérebro dos semideuses foi desenvolvido para ler grego antigo, e tentar ler as letras atuais faz com que tudo fique misturado! Foi muito divertido me ver representada num personagem que tem uma questão parecida, e mostrar que não é um “defeito” (eu tenho uma leve dislexia também, por causa da minha disgrafia, eu troco o V e o F).
Outra coisa que me chamou a atenção é a questão de como as crianças que ficam na casa 11 de Hermes e não são reconhecidas por seus pais ou mães divinos sofrem de abandono parental. É como se seus progenitores fossem tão ocupados para dar atenção aos filhos que geraram que é mais fácil evitá-los e ignorar sua existência. Dá muita tristeza ver como não só Luke é decepcionado com os deuses, mesmo sendo reconhecido por Hermes, mas outras crianças se sentem abandonadas e desmerecidas por não serem reclamadas por um dos deuses ou deusas.
E também, eu fiquei me perguntando por que Riordan não quebrou estereótipos dos deuses em seus filhos. Tipo, Ares é o deus da guerra, então seus filhos vão ser brutos, agressivos, explosivos e, consequentemente, os bullys do acampamento. Afrodite é a deusa do amor e da beleza, então seus filhos são lindo e fúteis.
Sei lá, são características inatas que beiram um certo “preconceito” (talvez não seja a palavra certa, mas não tou conseguindo encontrar uma outra forma de me expressar)… Talvez criem clichês de personalidade que facilitem o desenvolvimento do personagem. Mas meio que torna quase impossível de sair do molde daquilo que é “programado” por ser filho de um certo deus ou deusa.
Como o livro é contado pelo ponto de vista de Percy, estamos o tempo todo em contato com seus pensamentos e opiniões e eu confesso que não sei se o narrador Percy realmente tem 12 anos. Tá que eu não tenho 12 há muito tempo e não faço ideia como um adolescente dessa idade fala ou age, mas ainda assim, a “voz” de Percy ficava levemente estranha em alguns momentos, talvez um tanto madura demais.
Isso não me impediu de gostar absurdamente da narração do Percy. Na verdade a voz dele é uma das mais divertidas de acompanhar que eu já encontrei.
Revisitar a história também me ajudou a perceber que aqui foi o início da “fórmula Riordan” de escrever. Uma história com uma velocidade um tanto frenética, muita ação, side-quests que ajudam a desenvolver a narrativa, mas que parecem tirar os personagens do objetivo principal…
Assim, por mais que a gente SEMPRE veja essa forma de contar todas as histórias do universo Riordan, eu AINDA ASSIM gosto do estilo. Meio que cria uma previsibilidade, mas é daquelas que te traz um certo conforto por saber o modelo que a história vai seguir.
E mesmo sabendo o que aconteceria ao longo da leitura, eu ainda não conseguia decifrar a profecia do livro. De qualquer forma, era sempre divertido tentar adivinhar o que ia acontecer a partir da profecia, e descobrir que se estava totalmente errada e entender qual era a interpretação correta.
Simplesmente adorei a experiência de revisitar o primeiro livro de Percy Jackson! Entrar nessa jornada pelo universo mitológico guiada pela voz sarcástica e engraçada do semideus é muito divertido, mesmo na segunda vez!
Foi uma felicidade enorme acompanhar a jornada de Percy e Annabeth e ver como eles funcionam bem desde o começo. ❤️
E continuo achando que a história de Rick Riordan é muito mais divertida do que a de J.K. Rownling, me perdoem os fãs de Harry Potter.
A jornada não acabou! A ideia é ler os cinco livros da primeira saga ao longo de 2021, então espero trazer as resenhas dos próximos em um futuro próximo.
Até a próxima! o/
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