resenha

Cidade de Bronze – S.A. Chakraborty

8 jan 2021
Informações

Cidade de Bronze

S.A. Chakraborty

Morro Branco

série Daevabad #1

608 páginas | 2018

4.75

Design 4.5

História 5

14

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Cuidado com o que você deseja…

Nahri nunca acreditou em magia. Golpista de talento inigualável, sabe que a leitura de mãos, zars e curas são apenas truques, habilidades aprendidas para entreter nobres Otomanos e sobreviver nas ruas do Cairo.

Mas quando acidentalmente convoca Dara, um poderoso guerreiro djinn, durante um de seus esquemas, precisa lidar com um mundo mágico que acreditava existir apenas em histórias: para além das areias quentes e rios repletos de criaturas de fogo e água, de ruínas de uma magnífica civilização e de montanhas onde os falcões não são o que parecem, esconde-se a lendária Cidade de Bronze, à qual Nahri está misteriosamente ligada.

Atrás de seus muros imponentes e dos seis portões das tribos djinns, fervilham ressentimentos antigos. E quando Nahri decide adentrar este mundo, sua chegada ameaça recomeçar uma antiga guerra.

Ignorando advertências sobre pessoas traiçoeiras que a cercam, Nahri embarca em uma amizade hesitante com Alizayd, um príncipe idealista que sonha em revolucionar o regime corrupto de seu pai. Cedo demais, ela aprende que o verdadeiro poder é feroz e brutal, que nem a magia poderá protegê-la da perigosa teia de intrigas da corte e que mesmo os esquemas mais inteligentes podem ter consequências mortais.

Design

Um dos livros mais bonitos que li em 2020. Não tem como negar que essa capa dura cheia de dourados e relevo seco é indiscutivelmente linda.

Eu queria dar nota máxima pro design só pela capa, mas tive uns problemas durante a leitura com a revisão que às vezes me tiravam do mundinho. Eram preposições que faltavam ou tinham a mais ao longo de alguns parágrafos que não dava pra deixar passar sem um estranhamento.


História

Um dos livros que eu tinha colocado em alguma lista de que precisava ler em 2020 foi Cidade de Bronze, da S.A. Chakraborty.

Não lembro porquê, e talvez não tenha tanta importância assim. Mas taí, consegui finalizar antes do fim do ano.

E, nossa! Que jornada maravilhosa!

Chakraborty criou todo um universo de djinns e seres mágicos que convivem em nosso mundo, mas dentro de suas próprias cidades escondidas.

Acho que tudo o que sempre soube de djinns e muito da mitologia árabe vem de alguns contos do clássico Mil e Uma Noites, que eu nunca li e tá na minha linha de “livros que estou devendo pro universo”. Sabaa Tahir também colocou um pouco desses seres mágicos em sua história Uma Chama entre as Cinzas.

Mas definitivamente, a forma como Chakraborty escreveu e desenvolveu a história de Nahri e Alizayd foi muito mais envolvente e política do que qualquer coisa que eu tivesse lido com essa temática árabe.

Nossa protagonista que nos apresenta para o mundo mágico dos djinns é Nahri, uma jovem ladra e vigarista que vive nas ruas do Cairo. Além desse lado não muito saudável, Nahri também tem certas habilidades de cura e por conta disso é considerada uma curandeira famosa.

Em uma sessão em que ela tenta curar uma criança, ela acaba invocando não só um guerreiro milenar, mas também um ifrit que passa a perseguir Nahri. O único lugar que a curandeira vai poder realmente ficar segura é Daevabad, a cidade dos daevas, e vai ser responsabilidade de Dara, o guerreiro que Nahri convocou, conseguir conquistar a confiança da jovem e convencê-la a ir para a cidade encantada.

Uma coisa interessante na história de Nahri é que ela começa num mundo real que, se não é exatamente o nosso, é muito próximo dele. Com países como o Egito, onde ela mora, e a França sendo comentados pelos personagens, traz uma certa realidade pra fantasia que é diferente mas muito agradável de ver no livro.

Dividindo a história com Nahri, a gente acompanha o que está acontecendo dentro dos muros de Daevabad através do olhos de Alizayd, segundo filho do rei da cidade.

Ali foi criado para ser o guerreiro protetor de seu irmão mais velho, o futuro rei, e está profundamente envolvido com uma religião radical e com ações que, se descobertas, podem render-lhe uma acusação de traição contra sua família.

O jovem guerreiro faz parte do núcleo político e mais confuso da história pra mim. Na verdade, toda a parte política ficou um pouco confusa, porque os djinns e daevas tem um apreço muito grande pela pureza do sangue. Existe uma grande aversão a casamentos entre tribos diferentes, e uma ainda maior a quando djinns se misturam com humanos.

Os filhos dessas uniões são chamados de shafits, e considerados párias dentro da cidade de Daevabad. No fim das contas ficou confuso pra mim quem tinha problema com os shafits, quem estava se aproveitando da situação, e quem queria simplesmente exterminar essa “praga” da sociedade djinn.

Acho interessante a forma como a autora usou essa estrutura social dos djinns para falar sobre radicalismo religioso, eugenia, escravidão, abuso de crianças, e outros temas sensíveis, envolvidos pela magia e opulência dessa sociedade à margem do mundo humano.

De qualquer forma, eu gostei BASTANTE da evolução de todos os personagens e da participação deles na história de Nahri e Ali. A forma como o mundo dos dois colide e se transforma é muito bem construída e você fica completamente envolvido.

A história dos djinns, dos ifrits e toda a explicação sobre os escravos (que a gente conheceria como gênios da lâmpada que concedem desejos) também é muito interessante, principalmente como ela está envolvida com Nahri e Dara.

Missão do ano cumprida, e eu só estou na dúvida se já engato no livro seguinte, ou espero a Morro Branco lançar o último para finalizar de uma vez a série.


Até a próxima! o/

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