resenha

Black Hammer: Origens Secretas – Jeff Lemire

18 mar 2019
Informações

Black Hammer: Origens Secretas

Jeff Lemire, Dean Ormston

Intrínseca

série Black Hammer #1

192 páginas | 2018

4

Design 4

História 4

16

Compre! Amazon

No passado, eles salvaram o mundo, mas agora levam vidas medíocres em uma cidade rural fora dos limites do tempo. Não há como fugir, mas Abraham Slam, Menina de Ouro, Coronel Weird, Madame Libélula e Barbalien tentam empregar suas habilidades extraordinárias para se libertar desse incomum purgatório. Obrigados a disfarçar seus poderes, sua natureza e suas origens aos olhos dos habitantes locais, eles personificam uma típica família disfuncional, tentando criar para si uma vida normal. Este primeiro volume, Black Hammer: Origens secretas, reúne os primeiros seis fascículos originais e conta ainda com posfácio do autor, perfis da construção de personagens e esboços originais.

Design

Posso começar dizendo que eu achei esse quadrinho meio caro? Tudo bem que eu recebi da parceria com a Intrínseca e não tiver que pagar por ele, mas, assim, o preço de capa normal é R$44,90 na Amazon.

R$44,90 por um formato americano brochura, sem orelhas e com os seis primeiros capítulos da série.

Eu sei que é complicado ficar comparando preço de quadrinhos em geral, mas um encadernado em capa dura com seis capítulos de X-men, lançado pela Panini, sai a R$26,9 na mesma Amazon. Com a mesma quantidade de capítulos. And a capa dura.

A diferença fica pela parte bônus que vem ao final de Black Hammer que tem posfácio do autor, fichas de personagens, e esboços originais.

Mas ainda assim, eu acho complicado o preço para quem quiser comprar a obra.

Fora isso, eu não tenho muito a dizer do produto em si. Fora que não é capa dura, o que deixa o “livro” um tanto quanto mole, o quadrinho tem um ótimo acabamento, folhas “couchê” (ou similar, confesso que não sei o nome, mas parece um papel revista de qualidade) e uma impressão muito bonita.

Confesso que eu esperava algo no estilo de Nimona, e provavelmente ficaria mais satisfeita se tivesse que pagar o preço que está sendo cobrado.


História

Eu sinto falta de ler quadrinhos. Às vezes, sinto MUITA falta.

O primeiro quadrinho que lembro ter comprado com minha mesada foi X-men #51, em 1994, quando ainda era lançado pela Abril. Estava passando pelo jornaleiro perto de casa e a capa me chamou tanto a atenção com o desenho do Jim Lee que eu resolvei levar.

Afinal, eu precisava saber como a Tempestade tinha morrido! Mesmo sem fazer ideia de quem era Tempestade. ^.^’

E assim começou minha relação de amor com quadrinhos Marvel, e posteriormente DC (que não era tanto de amor, mas mais de consumismo mesmo).

Nos anos 2000s eu migrei minha atenção para os mangas, mas lá no fundinho, eu sempre sinto saudades dos tempos de colecionismo e grandes sagas dos quadrinhos.

Eu acho interessante a Intrínseca ter diversificado seu catálogo a ponto de ter quadrinhos. Da editora eu já li Nimona e tenho curiosidade com a série do Árabe do Futuro.

Só que agora a Intrínseca trouxe um quadrinho da DarkHorse! Não consigo me lembrar exatamente o que eu li da editora, mas ela foi um nome bastante presente em diversos momentos da minha vida de leitora de quadrinhos.

black hammer: origens secretas - jeff lemire

Além disso, o lançamento era um quadrinho que falava de super-heróis, com poderes “cósmicos fenomenais”. Eu simplesmente adoro histórias de seres completamente fantásticos e “impossíveis”.

Então, Black Hammer: Origens Secretas veio aqui pra casa.

E minha primeira reação ao folhear as páginas foi de um certo estranhamento. Porque, assim, o desenho de Dean Ormston não é lá muito convencional. Pra mim que cresci com os heróis de Jim Lee, Adam Hughes, Alan Davis, George Perez, e muitos outros, ver o traço de Ormston para heróis foi um pouco “estranho”.

X-men by Jim Lee (daqui)

Parando pra pensar, eu tive um espanto parecido quando o Frank Quitely começou a desenhar X-men. Ele meio que quebrava paradigmas de “beleza” predefinidos para os padrões dos personagens heroicos da Marvel. Quebrava a minha expectativa de como os personagens “deveriam” ser.

X-men by Frank Quitely (daqui)

E foi a mesma coisa em Black Hammer. Quando eu comecei a ler, a sensação de desconforto com a arte foi muito grande. Porque ela me tirava da minha zona de conforto da expectativa de como heróis “devem” ser.

Mas ao mesmo tempo, conforme as páginas foram passando e as origens de cada personagem foi apresentada, além de eu me acostumar com o traço, eu não conseguia mais pensar nos personagens de outra forma como nos desenhos de Ormston.

Desenhá-los de outra forma, em outro traço ou estilo estaria “errado”, porque o desenho como foi concebido também faz parte da personalidade de cada um dos personagens.

Acho que tem muito de “humano” nos personagens para “alçá-los” a patamares de perfeição e beleza dos padrões Marvel, sabe?

Agora, sobre a história em si. Origens Secretas é um encadernado com seis capítulos, focados nos cinco personagens principais.

Todos, de alguma forma, eram heróis que se reuniram para enfrentar uma ameça em Spiral City. Aparentemente, eles venceram, mas foram considerados mortos e estão há 10 anos presos em uma fazenda, em uma cidade no meio do nada, que não sabem onde fica, e de onde não conseguem sair.

Isso foi todo o gancho que eu precisei para me interessar pela história. E, em tese, ela melhora e te irrita em uma mesma proporção.

Cada personagem parece ser uma “homenagem” a outros heróis famosos (que eu não consegui identificar todos os originais), mas que em Black Hammer ganham camadas mais humanas e falhas mais complexas do que suas contra-partes.

Abe “Slam” Slamkowski parece uma versão de Capitão América só que sem o soro do supersoldado. Ele lutava contra vilões apenas com seus músculos e golpes de boxe, partindo pra cima com os punhos, como Batman faz. Slam foi um dos primeiros heróis e precisa aprender a lidar com a velhice e as limitações que surgem.

Gail Gibbons encontrou o mago Zafram (aham, Shazam) quando era uma criança e ganhou poderes que a tornaram a Menina de Ouro. Conforme vai crescendo e envelhecendo, ao dizer o nome do mago, ela sempre se torna uma menina de 9 anos. Depois do acontecimento em Spiral City, Gail fica presa em sua versão infantil, e não consegue retornar a sua idade real.

Barbalien (que me lembrou muito o Ajax – O Caçador de Marte) é um alien enviado pela civilização de Marte para estudar os humanos. Assim como o Ajax, ele pode mudar de forma de acordo com sua vontade, mas tem questões pessoais em relação a sua sexualidade e religiosidade.

Coronel Weird era um cosmonauta que encontrou uma passagem para a Parazona, e desde então perdeu a sanidade e o contato com o mundo. Ele, junto com a Madame Libélula, é um dos personagens mais misteriosos da série.

Madame Libélula parece aquelas bruxas/feiticeiras dos contos de fadas, “presas” a um casebre mal-assombrado, com um passado trágico e um relacionamento frágil com os demais personagens.

Talky-Walky parece ter sido parceira do Gerenal Weird, mas é a única que não tem seu passado muito desenvolvido. Ela é sarcástica e um pouco de alívio cômico em algumas situações, e me lembrou um pouco a L3-37 de Han Solo.

E temos o Black Hammer que dá o título do quadrinho, que me lembrou um pouco o Thor por conta de seu martelo. Nesse lugar onde todos estão presos só sabemos que o martelo ainda está por lá, mas não sabemos o que aconteceu com um dos maiores heróis do mundo.

Todos os personagens, estão de alguma forma tentando continuar suas vidas, mas ao mesmo tempo, sofrem com o que perderam e tiveram que deixar para trás.

Ao mesmo tempo, a filha de Black Hammer não acredita que os heróis foram “mortos” em sua batalha final e acha que pode encontrá-los, mesmo 10 anos depois.

Eu gostei bastante desse início da história, mas é basicamente isso: um início, as origens. Muitas questões sem respostas ficam ao longo das páginas, porque o foco realmente foi apresentar os personagens e seus conflitos entre si e internos.

Abe tenta manter todos unidos e seguindo em frente, mas cada personagem está sofrendo algum tipo de dificuldade pessoal. Tipo Gail, que sente falta de ser uma mulher adulta e está apaixonada, mas como lidar com o fato de que está presa no corpo de uma criança? Talky-Walky já tentou diversas vezes enviar uma sonda para fora desse lugar onde estão presos, e sempre falhar gera frustração na personagem…

Você se interessa pelos personagens e por suas dificuldades, mas ainda assim… não ter praticamente nenhuma explicação para o que aconteceu há 10 anos é bastante irritante. Provavelmente é uma “manobra” de Jeff Lemire para que você PRECISE continuar a série e adquirir o encadernado seguinte.

Provavelmente é o que eu irei fazer, porque ficar sem entender os mistérios de Black Hammer é uma coisa que não dá pra aceitar.


Até a próxima! o/

banner parceria editora Intrínseca 2019

Onde comprar: Amazon (compras feitas através do link geram uma pequena comissão ao blog ^.~)


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