A Oportunista
Faro Editorial
série Amor e Mentiras #1
256 páginas | 2016
Olivia Kaspen acaba de descobrir que seu ex-namorado, Caleb Drake, por quem era obcecada, perdeu a memória.
Com uma incrível habilidade de tirar proveito das situações, ela acredita estar diante de uma segunda chance para ter Caleb de volta.
E para que seu plano dê certo, Olivia precisa manter sua verdadeira identidade e seu passado sórdido em segredo.
Porém, surge um obstáculo inesperado: a atual namorada de Caleb, a perversa Leah Smith.
Inicia-se então um jogo entre duas mulheres dispostas a tudo para conquistar o homem que parece ter apagado todo o seu passado.
Para encobrir as consequências de suas mentiras, Olivia cria uma teia de novos eventos, em um processo que pode levá-la a descobrir que sua busca pelo amor talvez a tenha feito ultrapassar limites muito perigosos.
Design
O pessoal da Faro tem que me perdoar mas eu já esbarrei nessa modelo da capa, ou em alguém muito parecido, em alguns outros livros nesse mundão literário. Claro que em tempos de imagens stock esse tipo de “reciclagem” de imagens é muito comum de acontecer, e não é de todo ruim. Só gera uma aproximação visual entre produtos diferentes que pode acabar gerando confusão para o leitor desavisado.
No caso, a capa que me lembra é da extinta editora Underworld, o livro da Rachel Caine, Vento Sinistro.
No fim das contas, apesar da moça bonita da capa, eu não acho que o livro se destaca. O elemento de rasgado aonde está o título ficou parecendo “gratuito”, só uma área de proteção sobre a imagem para colocar o texto.
Também achei a fonte um pouco inapropriada. Ela é muito “alegre” e professoral em toda a sua cursividade, e não combina com a força que o livro tem e o peso da palavra “oportunista”. Uma fonte sans-serif, para contrastar com a slab-serif usada no nome da autora provavelmente traria um ar de modernidade para a capa e mais peso para o título.
O lance que eu comentei sobre a fonte do título ser “inadequada” fica ainda mais evidente quando você vai para a lombada. Sem a imagem da moça fatal, e só um fundo vermelho, fica parecendo que você vai ler mais um chicklit, porque ele não tem identidade suficiente para se sobressair.
A quarta-capa é bem simples, com uma chapada em preto e a sinopse. Falando de acabamentos, a capa tem relevo seco no título e aplicação de verniz localizado em toda área do “rasgado”.
Vamos falar da interna da capa? Então, eu não entendi o que a arte representa. É uma chapada de vermelho/magenta e diversos “focos de luz”, que acabam criando um padrão visual. A primeira vez que abri o livro e vi de relance a arte, achei que era a imagem de um daqueles sofás antigos, que tinham gominhos e uns botões, sabe como é? (pesquisando eu descobri que chama Chesterfield esse tipo de acabamento)
De qualquer forma eu não entendi qual é o propósito dessa arte. Não consegui criar nenhuma conexão com a história ou com os personagens. Sei lá, eu sempre acho que um projeto gráfico de livro tem que ter algum tipo de coerência e, de alguma forma, contar uma “história” própria… Mas não cheguei a encontrar essa história aqui.
No miolo propriamente dito, temos duas marcações diferentes para as aberturas de capítulo. A história alterna entre passado e presente, por isso o início do capítulo marca em qual tempo se está.
No passado, há um elemento floral que parece uma aquarela, e a fonte da palavra “passado” tem características que a fazem parecer envelhecida e gasta.
No presente, o floral é mais “moderno”, todo vetorizado e retilíneo, e a fonte usada na palavra “presente” é uma cursiva que parece um pouco com a do título na capa, o que pra mim não parece com “os dias de hoje”…
Quando os capítulos são de um mesmo período de tempo em sequência só se repete o elemento floral nas aberturas, como uma forma de manter o leitor entendendo que não houve um salto temporal. Além disso, todos os capítulos são numerados, independente do período que se está lendo.
Gostei da mancha gráfica nas páginas. A fonte usada para o texto é gostosinha de ler, e é daquelas mais expandidas, ocupando as linhas mais horizontalmente. As margens também são boas, mas as páginas não tem a marcação de título/autor no cabeçalho.
Como comentei na resenha de Marca da Escuridão, o papel usado em A Oportunista também é mais grosso do que o “normal”, fazendo o livro ficar mais volumoso. Felizmente aqui não tive problemas de livro desmontando. :D
História
Quando terminei F*ck Love o Goodreads foi muito legal em sugerir que eu seguisse a autora no site. Na sua apresentação/bio ela diz o seguinte (traduzido porcamente por mim):
“Eu amo vilões. Os meus três favoritos são Mãe Gothel, Gaston e a Rainha Má, que sofrem com um caso bem perverso de vaidade (como eu). Eu gosto de fazer esse tipo de personalidade o centro das minhas histórias.”
E isso faz muito sentido com os personagens com quem a gente esbarra em A Oportunista. Todos são vilões; todos também são vaidosos, de certa forma. Em alguns casos, são muitas vezes vilões contra si mesmos, o que é ainda mais complicado.
Quem acha maneiro se auto-sabotar em todas as coisas que tenta fazer?! Bem, Olívia faz isso. Muitas vezes.
Qual é o lance da história? Olívia terminou um relacionamento há três anos mas não conseguiu se recuperar do ex. Até o dia que esbarra com ele em uma loja de CDs e descobre que Caleb sofreu um acidente de carro e está com amnésia.
Ele não se lembra de Olívia. Não se lembra do relacionamento obsessivo e doentio que tinham. Não se lembra de todas as coisas horríveis que Olívia fez para ficar com Caleb, e para se livrar dele. E a jovem percebe que essa é sua segunda chance. É a forma que pode “reconquistar” Caleb, ou pelo menos passar mais um pouco de tempo com o homem que (acha que) ama, antes de ele recuperar a memória.
Na verdade, é muito complicado falar de amor aqui na história. Olívia, Caleb e Leah (a atual namorada de Caleb, e quase futura noiva) não sabem realmente o que é amor. Existe uma relação doentia e tóxica entre os personagens que me fez me questionar se eu também não sou um pouco “doente” por me envolver e dedicar meu tempo à história deles.
“Amar alguém de verdade é mais do que buscar a própria felicidade. Você tem de querer que o outro seja mais feliz do que você.” p.243
Porque não existe forma de você gostar dos personagens. Você pode simpatizar com eles. Pode entender porque tomaram certa atitude de forma “racional”. Mas gostar e torcer para que eles tenham seus “finais felizes” é outra história.
Olívia é a linha guia de A Oportunista, uma vez que ela está aproveitando para tentar se reaproximar e roubar Caleb de volta e tirá-lo de Leah. A história flutua entre o presente, com Olívia fazendo escolhas complicadas atrás de escolhas complicadas, e o passado, quando ela e Caleb se conheceram na faculdade.
A Olívia do passado é muito irritante! Prepotente e arrogante, ela se acha melhor do que praticamente qualquer pessoa e simplesmente esnoba o interesse de Caleb por ela. Mas ao perceber que ele está com outra mulher, ela perde o controle. A fachada de moça fria e inatingível desaba para demonstrar uma mulher calculista que vai fazer qualquer “atrocidade” para recuperar Caleb.
O relacionamento de Olívia e Leah no presente também é destrutivo e combativo. São duas mulheres obcecadas pelo mesmo homem, competindo para ver quem vai ficar com ele no final. E confesso que não consegui ficar do lado de nenhuma das duas mulheres. Elas fazem slut shame, elas se xingam, elas se odeiam, elas se agridem.
Olívia tenta manter o plano de recuperar Caleb até o máximo que consegue aguentar, mas até mesmo ela encontra uma adversária soberba em Leah. Porque no final, Leah sempre vence. Pelo menos é o que ela diz e acredita.
Tarryn Fisher faz com que a gente sinta o tempo passar nessa história. Tanto no passado conturbado de Leah e Caleb, quanto no presente, quando ela decide fugir novamente do amor doentio que sente pelo carinha. Você sabe que o tempo está passando porque o livro te diz isso diretamente. E mesmo depois de anos, o sentimento BI-ZAR-RO que os personagens tem um pelos outros não diminui.
Olívia se afastou de todo o sentimento tóxico do relacionamento que tinha, começou uma nova história profissional e pessoal, mas Caleb não consegue se manter longe dela. E ele traz de novo todo o peso do triângulo amoroso entre os personagens para a vida que Olivia estava tentando construir.
Mais uma vez o embate entre Olivia e Leah é inevitável, e as duas vão novamente tentar definir conquistar sua posição na vida de Caleb.
Sabe, Fisher foi uma descoberta deliciosa esse ano. Primeiro com F*ck Love e agora em A Oportunista. Mas eu percebi que a autora é apressada e um pouco “descuidada” nos seus finais. Aqui também surge um homem na vida de Olivia. Uma pessoa centrada, que está fora de toda a loucura e sentimentos que os três personagens carregam, e que consegue mostrar para um Olivia obcecada que talvez exista uma outra opção de vida.
Mas, assim como comentei na resenha de F*ck Love, esse personagem surge em um momento muito oportuno para dar um direcionamento “feliz”, de realização para a história e até mesmo de redenção para Olívia. É como se fosse o “deus ex machina” do romance, e é como a Tarryn Fisher me perde um pouco.
Não atrapalha o resultado geral de todo a construção dos personagens, de todo desconforto e angústia que é acompanhar Olivia/Leah/Caleb traz, mas ainda assim é uma resolução rápida e “fácil” para todo um drama que ela desenvolveu.
De toda forma, vou atrás dos dois próximos livros, que trazem a continuação da história dos trio, mas agora nos pontos de vista de Leah e de Caleb. Me preparando para trabalhar e amenizar meu slut shame contra a Leah. Juro que vou tentar entrar de coração aberto.
Até a próxima! o/
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