resenha

A Profecia das Sombras – Rick Riordan

10 out 2017
Informações

A Profecia das Sombras

Rick Riordan

Intrínseca

série As Provações de Apolo #2

336 páginas | 2017

4.25

Design 5

História 3.5

10

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Não basta ter perdido os poderes divinos e ter sido enviado para a terra na forma de um adolescente espinhento, rechonchudo e desajeitado. Não basta ter sido humilhado e ter virado servo de uma semideusa maltrapilha e desbocada. Nããão. Para voltar ao Olimpo, Apolo terá que passar por algumas provações. A primeira já foi: livrar o oráculo do Bosque de Dodona das garras de Nero, um dos membros do triunvirato do mal que planeja destruir todos os oráculos existentes para controlar o futuro.

Em sua mais nova missão, o ex-deus do Sol, da música, da poesia e da paquera precisa localizar e libertar o próximo oráculo da lista: uma caverna assustadora que pode ajudar Apolo a recuperar sua divindade — isso se não matá-lo ou deixá-lo completamente louco.

Para piorar ainda mais a história, entra em cena um imperador romano fascinado por espetáculos cruéis e sanguinários, um vilão que até Nero teme e que Apolo conhece muito bem. Bem demais.

Nessa nova aventura eletrizante, hilária e recheada de péssimos haicais, o ex-imortal contará com a ajuda de Leo Valdez e de alguns aliados inesperados — alguns velhos conhecidos, outros nem tanto, mas todos com a mesma certeza: é impossível não amar Apolo.

Design

Já falei em várias resenhas do tio Rick sobre o projeto gráfico que a Intrínseca criou para seus livros. Obviamente que eles aqui criaram uma nova identidade para o posicionamento dos elementos na capa, para o lettering do título/logo, usaram soft touch como acabamento… Mas a ilustração segue o mesmo estilo (e provavelmente é do mesmo ilustrador, o John Rocco) de praticamente todos os livros já lançados do autor.

Então, vocês podem ir na resenha de A Espada do Verão, por exemplo, e ler minha opinião babando ovo para o projeto gráfico como um todo. ^.~


História

Provavelmente eu devo ter começado minhas últimas resenhas dos livros do Rick Riordan dizendo “como estava com saudade do Tio Rick” (mas não fui confirmar :P). E é bem verdade. <3 Eu sempre sinto falta de ter um livro leve e divertido, de certa forma previsível, como os que o Riordan escreve. Sim, é previsível. O Riordan tem uma “fórmula”, mas não tenho nada contra isso.

Chegamos ao segundo livro da série do Apolo. Só entre nós, eu ainda não entendi muito bem porque precisa de cinco livros para contar como ele vai conseguir retornar para o Olimpo. Particularmente eu preferiria cinco livros do Magnus Chase…

Se você parar para pensar, o universo dos semideuses é enorme hoje em dia. Descontando os irmãos Carter e Magnus, você já deve ter esbarrado em pelo menos 10 livros com personagens gregos e romanos.

Desde o primeiro Percy Jackson, Riordan já criou diversos personagens ao longo de todas as aventuras dos semideuses. A principal sensação que eu tenho com a série de Apolo é que é uma “desculpa” para trazer esses personagens de volta, e dar a eles uma nova “chance” de aparecer e ser coadjuvante para o deus caído.

Nada contra! É sempre bom reencontrar personagens que foram marcantes durante uma leitura. Ouvir a voz de Percy no livro anterior, mesmo que sua participação não tenha sido de protagonista, foi muito bom.

Falando sobre essa questão de voz, o Riordan realmente acertou com a voz de Apolo. Ele é único, com seu jeito engraçado e pernóstico, egoísta, soberbo e quase covarde. Lembro de ter comentado que eu não consegui identificar diferenças entre Percy e Magnus, por exemplo, mas Apolo consegue ser bem diferente de todos os personagens que já foram protagonistas.

Narração à parte, achei uma pena mas pra mim pareceu que Apolo ainda não parece ter evoluído nada desde o último livro. Ele continua beirando o insuportável com seu jeito superior em relação aos demais personagens, e isso cansa um tico, sabe?

Voltando. Em A Profecia das Sombras a história continua logo depois dos acontecimentos de O Oráculo Oculto. Apolo precisa viajar pelos EUA para continuar a busca dos oráculos que saíram do seu controle, mas agora ele já tem noção de quem são os responsáveis pelos problemas do livro anterior. A gente não sabe direito, mas assim sempre é mais divertido, né?

Dessa vez os personagens que voltaram para ajudar na busca de Apolo são Leo e Calipso. Depois de conseguirem fugir de Ogígea, os dois estão tentando viver um relacionamento o mais saudável possível considerando o fato que Leo é um semideus, e sempre vai ter alguma missão para cumprir, e Calipso uma (ex)deusa. Na verdade, considerando principalmente que Leo é o Leo. Mas em quase todos os momentos que os dois apareceram juntos eles estão discutindo ou “brigando” de alguma forma, o que faz parecer que o relacionamento deles é… estranho.

Tudo bem que Calipso ficou presa praticamente sua vida inteira em uma ilha, e que Leo pode ser bastante insuportável em muitos momentos, com piadas que não são engraçadas ou são feitas em um momento não tão apropriado. Mas mesmo assim, não consegui acreditar que eles se gostam durante suas interações ao longo da história. E olha que eu torci por eles no final de O Sangue do Olimpo.

Ainda não consigo gostar muito de Meg, a jovem companheira e dona de Apolo. Não sei bem qual é o meu problema com ela, se é sua atitude avoada/agressiva, suas flutuações de humor, ou a forma como trata Apolo com certa secura em alguns momentos (não que ele não mereça). Fico pensando se Riordan pretende explicar o comportamento da menina como algum tipo de dificuldade de relacionamento social por conta de um autismo de qualquer tipo. Ia ser interessante também, e talvez eu acabasse mudando minha forma de enxergar a personagem.

Acho que o que mais me marcou durante a leitura foi como Riordan está realmente preocupado com a questão de representatividade em seus livros. Se em sua primeira série os personagens não eram muito diversificados, aqui ele trata de bissexualidade, homossexualidade, mistura personagens de diversas culturas e “raças”. Além de Leo que é claramente latino/mexicano, temos dois personagens negros na história também.

Apolo em si é a representação de uma certa fluidez de interesse sexual. Em vários momentos ele comenta como se apaixonou por um homem maravilhoso ou uma mulher esplendorosa. E é completamente natural, tanto para o personagem quanto para o leitor, perceber que Apolo simplesmente se apaixona por pessoas, não por suas representações físicas de gênero.

Riordan continua me surpreendendo com a quantidade de deuses que ele sempre adiciona na história. Mesmo gostando muito de mitologia e ter estudado há algum tempo pro meu projeto de graduação na faculdade, é sempre legal descobrir os deuses que ele desenterra pra contar as histórias (juro que não lembrava de Britomártis). Sempre me dá vontade de voltar a ler sobre o assunto (e aprender a desenhar para fazer ilustrações de cada um).

Comentei sobre a fórmula Riordan no começo da resenha, mas o mais engraçado é que os próprios personagens começaram a fazer piada sobre isso. Em um dado momento, Leo começa a descrever todos os passos que eles vão ter que percorrer para realizar as tarefas da história, como sempre é feito em todas as vezes. XD

Uma pena que esse foi um dos livros que menos gostei do Riordan. Acho que não consegui gostar muito dos personagens de apoio (Leo nunca foi um dos meus favoritos) e Meg ainda não é uma co-protagonista que tenha me conquistado. Muito provavelmente deve estar relacionado com o fato de não ter informações direito sobre sua origem e seu relacionamento com os vilões da história. Principalmente o relacionamento “paterno” entre Meg e Nero, que é beeeeem bizarro. E eu, particularmente, preciso que Apolo amadureça um pouco nos próximos livros.

Como ainda temos três livros pela frente, torço para que o próximo volume seja mais interessante, e que os semideuses que vão fazer parte sejam mais legais do que Leo e Calipso.


Outras resenhas da série


Até a próxima! o/

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Parceria com a Editora Intrínseca


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