resenha

Caçador em Fuga – George R.R. Martin

2 ago 2017
Informações

Caçador em Fuga

George R.R. Martin, Gardner, Dozois,

LeYa

série ---

304 páginas | 2017

2.25

Design 3

História 1.5

16

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Ao despertar num lugar escuro, Ramón Espejo não se lembra de como foi parar ali. Logo ele descobre que é refém de uma raça alienígena e que, para recuperar sua liberdade, será forçado a ajudá-los a encontrar outro humano como ele – um fugitivo.

Quando a caçada começa, no entanto, Ramón recupera algumas lembranças: a miséria e as péssimas condições de trabalho e de vida no México; a decisão de deixar a Terra e explorar um novo planeta-colônia, São Paulo; o sonho de encontrar metais valiosos e enriquecer; o desejo de uma nova chance.

Agora, envolvido numa estranha perseguição nesse mundo hostil e imprevisível, Ramón precisa encontrar uma maneira de escapar de seus captores… e depois, de alguma forma, sobreviver. No entanto, à medida que suas memórias se fortalecem, Ramón descobre que seu pior inimigo pode ser ele mesmo.

Caçador em fuga, publicação que faz parte do selo LeYa/Omelete, é uma história criada a seis mãos que levou quase trinta anos para ser escrita. O resultado é uma aventura de ficção científica que cria mundos e espécies diferentes com detalhes fascinantes, analisando a humanidade em seus piores e melhores momentos por meio de um personagem politicamente incorreto, atrapalhado e carismático.

Design

Quando vi a capa de Caçador em Fuga nas interwebs fiquei meio confusa com o que é que eu estava vendo ali. Eu não consegui identificar uma nave no meio de tanta cor que parece vegetação. #probleminhas

Mas depois, ao vivo, deu aquela sensação legal e prazerosa de ver uma ilustração bonita representando um livro de sci-fi/space opera/fantasia. Já falei algumas vezes que eu particularmente prefiro quando livros desses gêneros tem capas com ilustrações phoderásticas. <3

Acompanhando a descrição da história, eu só não sei se imaginaria a nave de Ramón como essa coisa com linhas meio orgânicas e arredondada. Sempre que ele falava em “furgão” (ou algum termo próximo a isso) eu imaginava aqueles carros que normalmente são usados para sequestrar pessoas nos filmes, sabe? Só que com tecnologia pra voar. XD

Esse é um dos primeiros livros do Martin que o nome dele não tem tanto destaque nem uma fonte diferenciada. Nem em A Morte da Luz, que também era um sci-fi/space opera, eles colocaram uma fonte sans-serif no nome, mantendo a identidade com Guerra dos Tronos. Aqui, como ele divide a autoria com outros dois escritores, manter a arte que caracteriza um livro do Martin talvez não fosse o foco principal. A única valorizada que ele ganha é estar em primeiro na listagem dos autores.

Não gostei muito da fonte que escolheram para o título do livro. Apesar de ela ser sans-serif, uma característica que tende a dar um ar de modernidade, esta fonte é meio quadrada e expanded, o que dá uma ocupação horizontal meio espaçosa e “preguiçosa”.

Além disso, o vermelho não se sobressai tanto ao padrão cromático do resto da capa. Como a fonte tem uma aparência muito fina, para as palavras realmente ficarem mais visíveis tem um dropshadow em preto para ajudar na legibilidade.

De qualquer forma, nossa capa é uma adaptação de praticamente todos os elementos utilizados na capa original. A única mudança foi a cor do título.

O miolo é simpático. Vale dizer que nós temos um mapa, mas não sei se ele realmente agregou alguma informação útil até o momento que eu abandonei a leitura. Tudo bem que melhor ter que não ter… mas mesmo assim, poderia ser um pouco mais desenvolvido/descritivo.

As aberturas de partes são feitas em páginas com chapadas de preto. A mancha gráfica e a página de texto em si são bem simples. Com margens equilibradas, boa fonte, e boa legibilidade, mas sem um trabalho maior de diagramação.


História

2017 está se mostrando o ano em que eu abracei a ideia de que não sou obrigada. Não sou obrigada a terminar um livro que não está funcionando pra mim, e não tenho que me sentir mal por isso. Ainda tenho que trabalhar um pouco essa questão de me sentir mal, mas vamos lá.

Acho que chegar até 57% do livro e dizer que ele não me conquistou quer dizer que eu me dediquei. Eu tentei!

GIF i tried hard

E pensar que é um livro escrito a seis mãos e que demorou trocentos anos para ser finalmente concluído e lançado… Sei lá, talvez eu não esperasse uma obra prima, mas também não fiquei satisfeita com o que li. Pra mim não deu certo. Pra mim parece que nem com seis mãos, e um par delas sendo do George R.R. Martin, fez funcionar.

Acho que meu principal problema foi com o personagem principal. Ramón Espejo é um anti-herói, daqueles que você odeia. Mas entendam, não é daqueles que você ama odiar; é daqueles que você só odeia. Não rola afinidade, não rola simpatia, não rola empatia.

Sei lá, acho que pra um personagem funcionar pra mim, mesmo que ele seja mal, ou cruel, ou um vilão, ou um anti-herói é carisma. Um personagem tem que ter carisma (positivo ou negativo) para te convencer que você PRECISA acompanhar a história dele.

Ramón não é assim. Ele é só agressivo, bbk, estúpido, machista, e cruel. Em um futuro em que a humanidade conseguiu conquistar as estrelas e colonizar outros mundos, eu até esperaria que ainda existissem pessoas ruins. Só que Ramón, e praticamente todas as pessoas de São Paulo com quem ele interagiu no começo do livro, são desgostáveis.

Então ele foge, depois de assassinar um figurão de outra colônia, e vai tentar minerar metais raros nas montanhas de São Paulo. Aceitei que fazia parte da construção intrínseca do personagem, ele estava preservando sua própria vida. Mas eu não conseguia me interessar em acompanhar o monólogo em terceira pessoa que é a forma como a história é contada.

Daí que eu estava esperando pela parte da “caçada” que o título implica. Vai que né, a história podia dar uma guinada e me conquistar, com personagem ruim e tudo.

Só que foi aí que Caçador em Fuga me perdeu de verdade. Os autores deixam NA CARA DO LEITOR não uma, mas inúmeras vezes, qual é o plot twist da segunda parte do livro. Eu juro que passava as páginas pensando que “ah, não pode ser isso… eles estão querendo me guiar num pensamento pra depois mudar tudo de novo”.

SÓ QUE NÃO. Era exatamente o que eu imaginei que fosse. Eu passei a segunda parte da história me arrastando pelo diálogo mental de Ramón e suas agressões verbais ao alienígena em que está preso. Fiquei torcendo para estar enganada, e descubro que eu já tinha acertado tudo desde o começo.

Aí deixei de me importar totalmente com algo que já não tinha me conquistado. Eu já estava torcendo para que Ramón morresse o quanto antes e já não tinha interesse em saber o que iria acontecer no restante da história.

GIF i tried hard

Até pensei em dar uma descansada do livro. Peguei outras coisas para ler; ver se eu conseguia a empolgação só para não marcar mais um livro abandonado esse ano. MAS EU NÃO ME IMPORTO. Não quero voltar a ouvir a voz tóxica de Ramón.

Por isso vou seguir meu tatecreute e deixar meu abraço pro Martin e aquela dica de voltar pra fantasia medieval e terminar logo As Crônicas de Gelo e Fogo. Acho que ele manda melhor naquele universo.


Até a próxima! o/

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2 Comentários

  • Responder Reinaldo 1 dez 2017 at 14:43

    Puts que pena que o livro não foi bom pra ti
    muito chato quando isso acontece, a leitura se torna arrastada pacas não é?

    Eu ainda não li esse livro, também está na minha lista de leitura, talvez ano que vem, vamos ver hehe

    Ótima resenha :D

    • Responder Samara Maima 3 dez 2017 at 21:31

      Opa, então vou esperar a sua resenha para saber se sua experiência com Caçador em Fuga vai ser melhor do que a minha! Obrigada pelo elogio. ^-^

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