resenha

Uma noite com Audrey Hepburn – Lucy Holliday

19 maio 2017
Informações

Uma noite com Audrey Hepburn

Lucy Holliday

HarperCollins Brasil

série Libby Lomax #1

272 páginas | 2016

2.5

Design 3

História 2

14

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A atriz Libby Lomax encontrou seu refúgio no mundo dos filmes clássicos, nos quais as deusas imortais favoritas da tela parecem oferecer muito mais romance do que a vida real. Depois de um dia terrível no set de filmagens, onde ela passou a maior vergonha de todos os tempos na frente do elenco inteiro e, pior, do astro sexy e notório bad boy Dillon OHara, tudo o que Libby consegue fazer é se jogar no sofá e assistir a Bonequinha de luxo pela milionésima vez. De repente, ela se surpreende ao ver a estrela do cinema, Audrey Hepburn, sentada bem ao seu lado, em seu vestidinho preto, clássicos óculos escuros e cigarrilha vintage, cheia de conselhos para dar. Mas será que Libby realmente é capaz de transformar sua vida de fracasso em um incrível blockbuster? Talvez, com um pouquinho da ajuda mágica de Audrey, ela até consiga.

Design

Eu adorei a capa de Uma noite com Audrey Hepburn. Acho que essas ilustrações vetoriais combinam tanto com o gênero chicklit… só não sei explicar porquê. E é completamente fácil de reconhecer a atriz no desenho, com seu cabelo famoso de Bonequinha de Luxo.

Detalhe que a máscara de dormir no lugar dos óculos escuros dá todo um charme para a capa. XD

Achei simpática a escolha de uma fonte cursiva e gordinha, que lembra bastante a Lobster do Google, mas achei que os elementos título+nome da autora ficaram meio apertados dentro da máscara. Talvez se tudo fosse um pouco menor ficassem mais arejado e desse menos essa sensação de falta de espaço.

O mais legal é quando você vê que a editora criou um padrão que é utilizado para os outros livros da série. Você sabe que os seguintes provavelmente vão ter um padrão cromático diferente, mas já vai esperar a ilustração da atriz na capa utilizando uma máscara de dormir.

Meu único porém vai para a lombada que não marca o número do volume. Isso sempre é um problema quando você precisa saber por onde começar a leitura.

Na quarta capa além de todos os elementos textuais tem uma ilustração vetorial de Libby sentada em seu sofá vintage com Audrey Hepburn. E, assim… eu não curti muito a representação da protagonista. Comparada com a atriz hollywoodiana é como se ela tivesse ficado mal acabada, ou feita com certa preguiça.

Essa ilustração também é inserida no miolo do livro, aparecendo na abertura de todos os capítulos. O miolo em si é bem corretinho, com uma fonte boa para leitura, bons espaçamentos, enquanto a mancha de texto é equilibrada na página.

Não é um projeto cheio de firula e invenções como Em Nossa Próxima Vida, mas representa bem o seu papel.


História

Ah, cara… AH, CARA! Acho que tirei uma lição de Uma noite com Audrey Hepburn. Chicklits não funcionam comigo. Definitivamente.

Eu tive diversas sequências de vergonha alheia, humilhação, facepalms e giradas de olhos ao longo da leitura. DI-VER-SAS! E a sensação de “não acredito” se repetiu demais para eu realmente terminar o livro satisfeita.

Vou dividir o que me incomodou ao longo da leitura com você em tópicos.

A protagonista: Libby Lomax

Libby é a tradicional personagem com problemas sérios de auto-estima que está ali só para (possivelmente) criar aquela identificação com a leitora. Sim, estou assumindo que o livro não é de interesse do público masculino.

Ela é desastrada, ela se auto-deprecia, não acredita de que tenha qualidades, tem problemas sérios com os pais, fala mal da irmã mas ao mesmo tempo diz que a adora…

É como se ela tivesse sido criada como personagem para ser a coitadinha. “Olhem como todos em volta são melhores, mais bonitos, mais bem sucedidos, mais ricos, com mais peito e bunda!”. E que por isso ela merece toda a compaixão do mundo. Mas ao mesmo tempo ela difama essas mesmas pessoas… Aí me confunde toda, porque no fim parece que ela só tem inveja porque não está na mesma posição dessas pessoas.

Libby também é o alívio cômico, mas às custas da sua dignidade, de seu amor-próprio. Sei lá, acho que estou em um momento da minha vida em que eu preciso de exemplos mais inspiracionais ao invés de alguém que me jogue pra baixo.

Além de tudo ela só acumula problemas e não consegue resolver nenhum ao longo do livro. Ser demitida, ter uma dívida de 2 mil libras, ser difamada nas redes sociais… Isso não importa muito. Voltar pra cama do gatinho é mais importante…

O plot de amor entre melhores amigos

Esse é obviamente a força motriz de toda a história. Você percebe no prólogo do livro quem é o amor da vida de Libby. E sim, você vai ter que aguentar TRÊS LIVROS até Libby perceber isso. E eu vou dar uma de mãe Dinah e dizer que ela só vai perceber isso porque o carinha vai arranjar outra, e vai pretender casar com ela.

Não, eu não li spoilers na internet, mas é tudo tão óbvio NO PRÓLOGO DO LIVRO que você fica se perguntando por que mesmo que você está lendo… e por que você vai ler mais outros dois.

Obviamente Libby sempre vai achar que está enganada, que não pode ser ela, e vai tomar todas as piores decisões possíveis para testar AO MÁXIMO a disposição do futuro amor da sua vida.

O interesse romântico

Cara… Logo no começo do livro Libby destrói Dyllon O’Hara, o ator mais bonito yuhuu tudo de bom. Que é um babaca egocêntrico, galinha ou qualquer outra coisa do gênero. Que todas as mulheres querem ir pra cama com ele, “mas afinal quem não gostaria”.

Foi aí, bem aí, que Libby me perdeu. Uma coisa é ela segurar a bandeira de que “minha mãe insiste em me fazer ser atriz e agenciar minha carreira e da minha irmã” e dizer que odeia todo esse universo competitivo e falso das estrelas.

Outra é ela dizer isso, mas querer ser uma dessas mesmas pessoas que ela está criticando. É querer tirar a calcinha assim que o ator bonzão se interessa minimamente por ela. Por favor, um pouco de coerência e bom senso?

A história vende O’Hara como um príncipe no cavalo branco, mas safado e canalha. Só que, né? Ele é famoso e irresistível… Não posso muito com isso.

A necessidade de humilhar a protagonista para manter a história em movimento

Uma coisa que eu percebi é que para criar dinâmica, cenas cômicas e tentar desenvolver a personagem, a autora usa Libby como a protagonista das situações mais humilhantes e vexatórias possíveis. Talvez para investir ainda mais nessa empatia da leitora com a personagem, já que dá tudo errado para ela.

Alguns exemplos desses tipos de situações:

  • Libby coloca fogo no próprio cabelo: ao se deparar com Dyllon O’Hara pela primeira vez, ela não quer deixar passar a oportunidade de dar a impressão de como é descolada e desejável. Então mesmo não sendo fumante, ela aceita um cigarro só para não perder a oportunidade de continuar próxima ao ator. Obviamente que tudo tem que dar errado e ela acaba com metade do cabelo queimado em uma situação péssima de falta de jeito. E ainda é trocada pela irmã gostosa e demitida logo em seguida.
  • Assediada e chamada de vadia em uma festa: Libby dá todos os sinais errados para um babaca em uma festa, ou melhor, um babaca vê todos os sinais errados em Libby, e ele se sente na razão para tocar na personagem. Quando ela finalmente diz que não está interessada, ele a xinga e diz que tem direito a fazer o que quiser porque pagou uma bebida para ela (essa cena foi uma das mais difíceis de ler). Porque isso ainda é uma coisa recorrente hoje em dia, o que a gente não cansa de ver são relatos sobre coisas assim na internet. O caso é que O’Hara surge para ser o salvador, e Libby fica tentando contemporizar e defender seu agressor! Ao mesmo tempo que é importante mostrar que essas coisas realmente acontecem, para gerar esse sentimento horrível de impotência que estou sentindo agora ao lembrar da leitura, fico me perguntando se não faltou algo na conclusão da cena para que não fosse simplesmente uma agressão à personagem.
  • Filmada nua na academia e o vídeo é divulgado no twitter/instagram: obviamente Libby coleciona desafetos ao longo da história, e o principal é a ex-namorada de O’Hara. Quando Libby toma todas as decisões mais improváveis e não recomendadas em uma cena na academia, ela sai na rua completamente exposta com algas/lama escorrendo por sua bunda (à mostra) e pernas. Ou seja, a aparência é que ela está toda cagada… Tudo é gravado pela ex ciumenta e postado no instagram/twitter. Só que eu achei que o peso disso tudo não foi realmente sentido ou carregado na personagem, porque foi só uma desculpa para ela conseguir a ideia genial para sua real vocação.
  • Desmerecer outras personagens mas não conseguir se manter dentro da calcinha: acho que Libby passa boa parte do tempo sendo prolixa e desmerecendo outras personagens femininas, da ex-namorada do O’Hara, passando pela mãe até a própria irmã. Mas como comentei, quando ela mesma tem a oportunidade de ter o que essas mulheres tem, ela não se faz de rogada e mergulha de cabeça, sem pensar nas consequências.

Audrey Hepburn

De verdade, não achei que a aparição de Audrey e o mistério de porque só Libby a vê é realmente interessante na história. Todos os conselhos que Audrey dá parecem coisas saídas de uma pessoa bastante ingênua, despreparada e ligeiramente fútil. Podiam ser coisas sobre as quais a própria Libby tinha capacidade de chegar à conclusão sozinha. Não precisava associar a imagem da Audrey Hepburn pra isso.

Libby passa boa parte do tempo reclamando que Audrey não aparece quando ela realmente precisa, e quando ela aparece também não achei que fez qualquer diferença. A conversa sobre os pais das duas poderia ser um ponto mais emotivo, mas a gente já odeia tanto o pai da Libby que qualquer decisão que ela tomasse, ia continuar a mesma coisa pro leitor.

Então, assim, eu li. Mas não sei se quero ler os dois seguintes. Pelo menos não agora. Talvez se eu precisar de uma leitura de “transição”, que ajude a limpar um pouco o cérebro entre outras leituras mais pesadas, eu possa pegar os próximos volumes. Só tenho que me lembrar o quanto o livro me deixa irritada na maior parte do tempo. :P


Até a próxima! o/

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Este livro foi cedido pela editora HarperCollins para resenha e divulgação no blog


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