Big Rock
Faro Editorial
série ---
224 páginas | 2017
“A maioria dos homens não entendem as mulheres.”
Spencer Holiday sabe disso. E ele também sabe do que as mulheres gostam.
E não pense você que se trata só de mais um playboy conquistador. Tá, ok, ele é um playboy conquistador, mas ele não sacaneia as mulheres, apenas dá aquilo que elas querem, sem mentiras, sem criar falsas expectativas. “A vida é assim, sempre como uma troca, certo?”
Quer dizer, a vida ERA assim.
Agora que seu pai está envolvido na venda multimilionária dos negócios da família, ele tem de mudar. Spencer precisa largar sua vida de playboy e mulherengo e parecer um empresário de sucesso, recatado, de boa família, sem um passado – ou um presente – comprometedor… pelo menos durante esse processo.
Tentando agradar o futuro comprador da rede de joalherias da família, o antiquado sr. Offerman, ele fala demais e acaba se envolvendo numa confusão. E agora a sua sócia terá que fingir ser sua noiva, até que esse contrato seja assinado. O problema é que ele nunca olhou para Charlotte dessa maneira – e talvez por isso eles sejam os melhores amigos e sócios. Nunca tinha olhado… até agora.
Design
Falando sobre capas vergonha alheia temos um ótimo exemplo em Big Rock. Assim, ela não é feia, afinal tem um homem sem cabeça muito bonito ali para ilustrar a capa. Mas quem em sã consciência sairia no transporte público com um livro desse?! O.o
Eu fico imaginando que deve ser quase a mesma coisa do que um cara comprar uma playboy com aquelas capas MEGA SUGESTIVAS e ficar alardeando dentro do metrô o que está lendo. Brasileiro acha que é liberal, mas a gente é cheio de tabus, preconceitos e julgamentos…
O mais interessante nisso tudo é que nossa capa é muito mais comportada do que a original (coloquei ela aqui pra você comparar)! O capista daqui cobriu um pouco mais o modelo, dando um lençol um pouco maior pra ele, além de tirar um pouco o foco da imagem do centro da capa. Não diminuiu nem um pouco minha vergonha, mas o moço agora deve estar com menos frio. XD
Achei interessante a editora manter o título original. Talvez porque Pedra Grande não tenha o mesmo apelo comercial, e talvez porque perderia a piadinha de big cock, que ainda é mantida pela fonte escolhida para a palavra no título. O R minúsculo dela pode ser interpretado como um C em uma leitura rápida.
Pena que o sentido duplo que rock/cock possa ter seja diminuído com o uso literal de uma imagem de anel para já fazer a associação com a pedra do título. Vai entender por que para os americanos quanto maior o diamante que se compra em um anel de noivado, maior é a representação do amor do casal…
Na capa a única coisa que eu não gosto são as frases de chamada no centro da arte. Eu preferia milhões de vezes que elas viessem na quarta-capa, antes da sinopse propriamente dita. Aqui o conteúdo dos textos só contribuiram para sensação de vergonha alheia.
Na quarta-capa o problema pra mim é essa fonte que tenta imitar uma letra manuscrita. E além de tudo associar como se fosse a letra de punho do Spencer, já que a sinopse é em primeira pessoa. Isso pode soar mega machista da minha parte, e eu já peço desculpas adiantadas, mas essa fonte é muito feminina e infantilizada para ser associada a um homem.
Dava quase na mesma terem escolhido Comic Sans para colocar aqui. Eu preferia que a arte fosse feita com uma fonte mais tradicional/sans-serif, talvez a mesma utilizada no nome da autora na capa, e se colocasse entre aspas, para significar a fala do personagem.
Sobre o miolo quero comentar duas coisas que chamaram minha atenção. Só para constar, a mancha gráfica, fonte, margens estão muito boas para leitura. Não tem cabeçalho com as informações do livro, e por mais que eu goste que os projetos gráficos tenham esses elementos, isso não foi o problema em si.
Uma das coisas foi a ilustração imitando um papel rasgado em diversas partes do livro. Na interna de capa, falsa folha de rosto e folha de rosto, e nas aberturas de capítulo. Eu fiquei esperando que tivesse a ver com alguma coisa da história, que algo desse sentido para a escolha desse elemento visual no projeto, mas nada aconteceu que me chamasse a atenção para um papel rasgado. Não vi muito sentido para esse elemento e provavelmente vou ficar sem entender de qualquer forma.
A outra coisa foi erro de revisão do projeto gráfico. Todos os capítulos tem a palavra “capítulo” mais o número atual. Só que a palavra está escrita errada em todas as aberturas; está “cápitulo”. E se se repete em todo o livro, significa que era um elemento único replicado ao longo do projeto gráfico. E outra coisa, ainda na abertura, as primeiras frases são sempre em um estilo diferente, com caixa alta e outra fonte, sans serif. Mas o capítulo 14 foi o único que não recebeu esse estilo na abertura.
História
Do gênero de romance, os estilos que eu mais gosto são os de época e os hots contemporâneos. Dessa segunda categoria, fazia um tempo que eu não lia nada. Não sei bem se posso categorizar NA como hots contemporâneos, porque minha tendência é entender que o primeiro tem personagens mais jovens, recém saídos do colégio/alunos da faculdade. Já o segundo costumam ser adultos entre 25/35 anos.
E também fiquei me perguntando porque consigo gostar de hots contemporâneos, mas não me dou bem com chicklit. Acho que tem mais a ver com a questão da sensualidade/sexualidade das histórias, além do foco não ser necessariamente em uma comédia ou drama centrado em falhas ou defeitos da personagem principal (aquela que ainda está remoendo seu encontro com Uma noite com Audrey Hepburn).
De qualquer forma, Big Rock definitivamente faz parte dos hots contemporâneos com um diferencial: o livro é totalmente contado em primeira pessoa por um homem. Dos livros que li até hoje, as escritoras até dividiam os PoVs entre o casal, mas eu ainda não tinha lido um que fosse exclusivo do carinha.
Principalmente, nesses em que o PoV era dividido, a autora costumava voltar para a mulher quando ela entrava em capítulos descritivos sobre cenas de sexo. O que é completamente compreensível. Imagino que deve ser mais fácil e confortável de escrever sobre aquilo que se entende ou tem experiência. A maioria das mulheres nunca vai ter a experiência de vivenciar uma relação, seja romântica ou sexual, pelo ponto de vista masculino.
E isso foi interessante em Lauren Blakely. Eu consegui acreditar em Spencer. O texto parecia masculino o suficiente para me convencer que era um cara contando a história. Foi sarcástico, engraçado, e com uma boa dose de palavrões, como aparentemente os caras gostam de se comunicar. Eu até fiquei um pouco preocupada de o personagem ser tão convencido e arrogante e acabar beirando o bbk puro. Daqueles homens que você só quer distância e se questiona se ele deveria passar o código genético adiante. Mas foi exatamente isso que me surpreendeu.
Porque foi um pouco “controverso” Spencer ser o macho alfa bonzão, que nunca se apaixonou nem teve um relacionamento sério, mas ao mesmo tempo ser extremamente preocupado com o prazer feminino. Não sei se isso é uma idealização da autora mas, pela forma como o protagonista se comporta ou se expressa, se preocupar com algo/alguém além do próprio umbigo foi um tanto surpreendente. Obviamente, levando em consideração todo o meu preconceito com homens como Spencer.
De qualquer forma, Spencer é dono de uma cadeia de bares junto com sua sócia e melhor amiga Charlotte. O plot da história é bem simples: Spencer cria uma mentira gigante sobre estar noivo de Charlotte para ajudar na venda da cadeia de joalherias do pai. Nosso big rock precisa passar essa ideia de estabilidade porque ele é muito famoso por suas conquistas passageiras e por destruir corações. O provável comprador das lojas é um homem extremamente conservador e machista que precisa ter certeza que Spencer “melhorou” seu comportamento.
A questão é que depois de ter essa ideia idiota ele precisa convencer Charlotte a participar da mentira junto com ele, por pelo menos uma semana, que é o tempo em que será realizado a transação.
Pro leitor fica um pouco óbvio que Charlotte gosta de Spencer mais do que como simples melhores amigos. E eu achei “interessante” o impasse em que ele se vê: Spencer não quer perder a melhor amiga, mas ao mesmo tempo não consegue evitar de desejar essa mesma melhor amiga.
Algo que talvez sempre esteve enterrado em algum lugar da sua cabeça, mas que agora, com a farsa do noivado e a necessidade de convencer a todos, acaba se tornando uma realidade: ele pode estar se apaixonando por Charlotte.
A história é bem clichezinha, com todas as reviravoltas que você sabe que vão acontecer em um livro do gênero. A diferença é que na hora do rala e rola Spencer descreve toda a situação. A primeira vez de Spencer e Charlotte foi contada ao longo de alguns capítulos. Tudo bem que eles tendem a ser curtinhos, o que aumenta a dinâmica da leitura. Mas mesmo assim, a autora não teve problemas em descrever pelo ponto de vista masculino as cenas de sexo.
Me diverti com Big Rock. Não sairia NUNCA na rua com ele para ler, mas fora isso, foi uma daquelas leituras de entretenimento que valem o tempo e o investimento quando você gosta do gênero.
Até a próxima! o/
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Este livro foi cedido pela editora Faro Editorial para resenha e divulgação no blog
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