Cidade dos Etéreos
intrínseca
série As crianças peculiares da srta. Peregrine #2
384 páginas | 2016
Cidade dos Etéreos dá sequência ao celebrado O orfanato da srta. Peregrine para crianças peculiares, em que o jovem Jacob Portman, para descobrir a verdade sobre a morte do avô, segue pistas que o levam a um antigo lar para crianças em uma ilha galesa. O orfanato abriga crianças com dons sobrenaturais, protegidas graças à poderosa magia da diretora, a srta. Peregrine.
Neste segundo livro, o grupo de peculiares precisa deter um exército de monstros terríveis, e a srta. Peregrine, única pessoa que pode ajudá-los, está presa no corpo de uma ave. Jacob e seus novos amigos partem rumo a Londres, cidade onde os peculiares se concentram. Eles têm a esperança de, lá, encontrar uma cura para a amada srta. Peregrine, mas, na cidade devastada pela guerra, surpresas ameaçadoras estão à espreita em cada esquina. E, além de levar as crianças a um lugar seguro, Jacob terá que tomar uma decisão importante quanto a seu amor por Emma, uma das peculiares.
Telecinesia e viagens no tempo, ciganos e atrações de circo, malignos seres invisíveis e um desfile de animais inusitados, além de uma inédita coleção de fotografias de época — tudo isso se combina para fazer de Cidade dos etéreos uma história de fantasia comovente, uma experiência de leitura única e impactante.
Design
Assim que o livro chegou eu já queria dar 5 estrelas. Achei tão maravilhosa a decisão editorial da Intrínseca de começar a lançar alguns de seus livros em capa dura. E ainda mais por escolher Cidade dos Etéreos como um desses exemplares.
Se vocês lembram da minha resenha de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares (eita que esse nome continua enooorme de escrever), já me viram babar pelo projeto que a LeYa tinha feito. Aqui ele continua ainda melhor, e eu não consigo dar uma nota maior do que 5. XD
Cheguei a postar uma foto no Instagram do livro sem a sobrecapa e ele é super fofo porque é azul “bebê”. De certa forma é um pouco surpreendente, já que o livro tem toda essa ambientação vintage+bizarra, com tons de sépia e cinzas, e PÁ!, a capa dura do livro é azul fofucho. ^.^
O design da sobrecapa segue o projeto gráfico original gringo, então foi mais uma adaptação do que um produto novo, mas mesmo assim, é muito bonito! Essa menina assustadora com um buraco completamente redondo no meio do corpo e todo um cenário “pós-guerra” no fundo… Antes eu tinha “reclamado” sobre as escolhas de fontes na capa da LeYa, mas a Intrínseca usou a fonte do projeto gringo e ficou muito bom.
Toda a capa é harmônica, elegante e equilibrada, com a parte textual ocupando a metade superior da arte, enquanto a foto da menina ocupa a inferior, sem interferências visuais que “briguem” por atenção. Na quarta sobrecapa, ao invés da sinopse, você tem mais fotos bizarras para manter o clima de estranheza que já impactou desde o começo. De texto, só um quote do John Green, que também é autor do catálogo da Intrínseca.
Agora, o miolo, é quase uma “obra de arte”. Tudo bem, posso estar exagerando, mas é realmente MUITO bonito. Segue bastante o que a LeYa já tinha iniciado no seu projeto, com aberturas de capítulos com padrões que lembram papéis de parede da década de 1920-40, que era basicamente direcionada pelo movimento de art déco. Além das fotos bizarras que surgem em uma ou outra virada de páginas! Ótima legibilidade da fonte, espaçamento, margens, qualidade de impressão das imagens e dos padrões…
Sério, não tenho nada de ruim para falar do projeto e eu acredito que se você pegar um exemplar na mão vai concordar comigo que merece realmente nota máxima.
Ah, e no final do livro tem uma entrevista com o autor, comentando sobre seu processo de criação da história e de seleção das fotos.
História
Este livro é uma continuação imediata do primeiro volume da série, então, invariavelmente vai ter spoilers por aqui. Se você ainda não leu nada das crianças peculiares, volte mais tarde. ^.~
…
Bem, se você decidiu continuar, vamos juntos em uma viagem no tempo mucho loka junto com Jacob e sua galerinha. Sério… Uma das coisas mais complicadas pra eu entender na história foi a questão das fendas temporais onde os peculiares são mantidos protegidos indefinidamente por suas ymbrines.
Vamos começar dizendo que eu li O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares em maio de 2015, ou seja, faz mais de um ano. Por mais que eu consiga lembrar do macro plot da história, tem várias minúcias que, PUF, liberei espaço no HD cerebral para outras coisas.
Dessa forma, Cidade dos Etéreos vir com uma introdução com os perfis dos personagens principais foi MUITO importante, mas não ter um “previously on…”, para contextualizar o leitor e ajudar a lembrar o que aconteceu, foi um pouco confuso e atrapalhou meu mergulho no universo peculiar depois de “mais de ano” tendo visitado a história.
Preciso confessar que eu terminei o livro sem conseguir lembrar de porquê os acólitos estavam sequestrando todas as ymbrines e destruindo as fendas temporais. O que eu consegui descobrir/lembrar é que os etéreos, que são os monstros que somente o Jacob consegue ver, “evoluem” depois de se alimentarem das almas de vários peculiares, se tornando acólitos. Só que o porquê mesmo de eles estarem fazendo isso, eu não faço mais ideia.
Mas vamos voltar um pouco. Cidade dos Etéreos continua a história de Jacob (o menino do “nosso” presente) e as crianças da srta. Peregrine, que estão fugindo dos acólitos que invadiram sua fenda temporal e, de alguma forma, prenderam a ymbrine em sua forma de ave. As crianças não puderam sair pela entrada da fenda, porque a partir do momento em que entrassem em contato com o fluxo temporal normal envelheceriam a uma velocidade impressionante, provavelmente morrendo em pouco tempo.
As fendas temporais que as ymbrines criam mantém as crianças “presas” em um dia e ano específico que se repete todos os dias. Dessa forma, elas não envelhecem fisicamente, apesar de o tempo passar para elas (eu acho… o.o). Isso é meio estranho, porque são praticamente “anciões”, e quando precisam elas agem como crianças, mas em outros momentos parecem adultos presos em seus corpos infantis.
Bem, para não morrerem, as crianças precisam se locomover dentro do seu próprio tempo, no caso aqui em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Então estão todos dentro de barcos, fugindo da ilha de Cairnholm, tentando atravessar o mar para chegar na Inglaterra, encontrar alguma forma de reverter o estado da srta. Peregrine e uma nova fenda para viverem.
Toda essa parte inicial do livro tem o mesmo ritmo lento que o do primeiro livro. Para mim foi ainda mais confuso porque eu não lembrava direito do que tinha acontecido, então tive que esquentar o cérebro para dar um sentido para o que os personagens estavam fazendo. E ainda temos Jacob passando por vários momentos de dúvida e relutância sobre sua decisão de ter ficado com os peculiares, mesmo ele tendo descoberto que também é um. Tudo bem que alguns chegam a ser cruéis com o garoto por não saber utilizar seus poderes direito…
Grande parte dos 2/3 iniciais do livro são as crianças viajando e tentando se proteger dos acólitos que as estão perseguindo e, de certa forma, seguindo alguns subplots para conseguir informações sobre como salvar a srta. Peregrine. Além disso, o autor tem que envolver e dar protagonismo para outras 9 crianças, além de Jacob que conta a história, e de personagens que se juntam ao longo do caminho. É muita gente para você lembrar, associar o poder, e ainda criar alguma empatia ou identificar durante a história.
Esse foi um outro motivo importante de ter a introdução com os perfis. Eu SEMPRE confundia os meninos do grupo, e precisava ir lá na frente para ver qual era mesmo o poder do Hugh e quem era o Horace… De certa forma, dar protagonismo para os personagens não significa dar profundidade a eles. Nenhum foge do quadradinho que foi designado para si. Por exemplo: Emma é a líder e assertiva, Browyn é afetiva e maternal, Enoch é cruel e bbk na maior parte do tempo… e só. Não há uma construção ou desenvolvimento dos personagens além daquilo que foram construídos para ser.
E ainda tem a questão das fendas temporais, que por si só já é um assunto complicado. O autor de certa forma tenta se proteger dizendo que, independente do que as crianças façam em suas andanças por uma Londres de 1940, o futuro já está escrito, e qualquer deslize vai ser corrigido pelo próprio tempo. Mas não é fácil de entender se você pode entrar em qualquer fenda, que vai ter seu tempo interno específico, e voltar para o seu tempo original quando sair. =/
Uma coisa muito interessante que o autor aborda ao longo do livro é como as crianças peculiares são egoístas e querem resolver somente os seus problemas. Em alguns momentos eles são confrontados por decisões que mostram o quanto não se importam com as coisas que acontecem fora de sua bolha de conforto e tranquilidade. A única coisa que eles querem e pretendem consertar é sua ymbrine, para que ela possa reconstruir sua fenda temporal e que eles continuem se escondendo do mundo exterior.
Salvar o mundo peculiar, ajudar outras pessoas com poderes a enfrentar os etéreos e proteger as ymbrines que foram sequestradas? No, not my problem. O dever de proteção aqui é das ymbrines e não das crianças peculiares. É interessante que isso pode ser um assunto para ver algum tipo de evolução dos personagens no último volume.
No terço final o livro passa a ser realmente envolvente, vai ver que o autor é bom de escrever finais. Jacob tem a oportunidade de aprender a usar e evoluir seus poderes, eles encontram um santuário para tentar se recuperar de todo o medo e perseguição. Só que, obviamente, tudo vai dar errado para conduzir a um final com plot twist muito interessante e a responsabilidade de salvar o mundo peculiar nas costas de Jacob, Emma e um cachorro.
Ainda bem que a Intrínseca já vai lançar a continuação e vai ser mais fácil de manter tudo fresquinho na mente para concluir a história.
Antes de terminar, tem uma coisa que eu preciso comentar e que me chamou a atenção. Para mim era mais importante ou interessante ver qual foto iria aparecer com o virar das páginas, e como o autor iria direcionar a história para justificar a imagem, do que os personagens propriamente ditos. Acho que não tenho empatia ou me importo com nenhum deles. A sensação que eu tenho, e tive ao longo do livro, foi que o autor tinha várias fotos estranhas e selecionou algumas para tentar montar sua continuação. Então desenvolveu toda uma trama em cima das imagens, e não necessariamente uma jornada real de desenvolvimento para os personagens. E talvez isso tenha atrapalhado meu envolvimento com eles, mas tenha mantido meu interesse pela história em si. ¯\_(ツ)_/¯
Talvez eu possa ter passado uma vibe negativa com as coisas que escrevi, mas no geral, eu gostei da continuação da história. Você passa a perceber que as crianças veem em Emma uma líder natural na ausência da srta. Peregrine. Vê como elas interagem e se consideram uma família. De certa forma, uma família que Jacob acaba tentando encontrar um espaço, mas onde ainda não é bem recebido. Jacob é quase um náufrago temporal, não encontrando asilo nem no seu tempo normal, onde era considerado “maluco”, nem entre seus iguais, porque não consegue controlar direito seus poderes. Mas como sempre, vai ser sua a responsabilidade de salvar todo mundo.
Cá entre nós, alguém entendeu porque o livro se chama Cidade dos Etéreos, ou eu dormi nessa parte? :P Nos vemos em Biblioteca das Almas!
Outras resenhas da série
Até a próxima! o/
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