uma história meio que engraçada
leya
série ---
296 páginas | 2015
O que aconteceria se você descobrisse que a maior idealização da sua vida não era aquilo que você esperava? O adolescente Graig Gilner vai perceber que, até mesmo ao atingir um objetivo, nem sempre as coisas saem da forma como deveriam. Mas aprenderá também que, mesmo nas adversidades, é possível fazer novos amigos, se apaixonar e encontrar motivos para viver. Como muitos adolescentes determinados a vencer na vida, Craig Gilner acredita que asua entrada na Executive Pre-Professional High School de Manhattan é o passaporte para o seu futuro. Obstinado a ter uma vida de sucesso, Craig estuda dia e noite para gabaritar no exame de admissão, e consegue. A partir daí, o que deveria ser o dia mais importante da sua vida, acaba marcando o início de um sufocante pesadelo.
Design
Livro digital, portanto, sem avaliação de design.
História
Quando terminei Alucinadamente Feliz, da Jenny Lawson, eu estava no clima de ler outros livros relacionados com depressão e problemas mentais. Pois é, estava aberta e receptiva para histórias de ficção dramáticas que também tivessem o tema como assunto principal. Foi por isso que solicitei Uma história meio que engraçada.
Um dos principais balisadores para que eu efetivamente escolha/solicite um livro é sua nota e resenhas no Goodreads. Obviamente que nem sempre, ao terminar a leitura, eu concorde com a nota do site. No caso do livro do Ned Vizzini, que tinha 4.14 estrelas, minha nota chegou a ser um pouco mais que a metade.
Acho que não sei lidar bem com expectativas. Quando li a sinopse do livro estava esperando uma história pesada e densa sobre um adolescente que se percebe depressivo, tenta se suicidar, mas acaba sendo internado em um hospital psiquiátrico. Só que o que eu encontrei de verdade no livro me deixou um pouco decepcionada com o resultado final, levando em consideração que eu tinha a esperança de ser algo como Mar da Tranquilidade.
Craig, nosso personagem principal, é um menino normal, terminando o ginásio e se preparando para entrar na última fase dos estudos, antes da faculdade. Ele tinha um plano: ter dinheiro, estabilidade, sucesso e uma família. Para isso ele se mata de estudar para entrar em um colégio especializado, de onde saíram até mesmo presidentes.
Com dedicação e esforço, Craig consegue passar, assim como um de seus melhores amigos. Um garoto despreocupado, que fuma maconha, que não se dedicou nem perto do tanto que Craig, e passou. Até mesmo com uma nota melhor. Some-se ao fato que seu amigo ainda fica/começa a namorar com a menina que Craig tinha um interesse. Pois é… não tá fácil para ninguém.
A partir daí Craig entra em uma rota descendente de falta interesse, foco, e uma certa fuga da realidade, que afeta seu lado emocional e também atrapalha seu sono, sua fome, sua vida. Porque Craig passou na escola e perdeu a garota, e agora não vê mais objetivos para sua vida. Acabou.
Só que assim. Eu não consegui criar empatia ou interesse por Craig. Eu achei que ele era um personagem muito lúcido e objetivo para alguém que tem depressão. Ele de certa forma se auto diagnostica e pede ajuda dos pais para procurar uma terapeuta. Ok, que estamos em tempos de google e alto nível de informação, mas eu realmente não esperava que partisse de um adolescente perdido de 15 anos a solução de seus próprios problemas. Acho que mais por conta do que eu imagino ser uma falta de maturidade que esperaria para a idade. Eu tive depressão aos 16 e levei quase uma no para ser diagnosticada…
Acho que a história me perdeu um pouco por isso, e por todo resto a partir do momento que Craig pensa em se suicidar e se auto-interna no hospital. Pode parecer grotesco e sinistro (o negativo, não o que tem conotação positiva) o que eu vou escrever, mas para que eu fosse realmente impactada por uma tentativa de suicídio, ela deveria ter realmente acontecido. Craig estava decidido, ele tinha “certeza” que não deveria mais estar aqui. Inclusive conseguiu ser “egoísta” suficiente para racionalizar que sua família poderia sentir sua morte, mas ele não queria mais estar na vida dele. Para mim, o resto do livro deveria ter sido construído a partir de uma tentativa frustrada de suicídio e uma preparação para que Craig voltasse a se sentir bem e estável. Não curado, mas estável.
Só que aqui, a “certeza” de Craig é extremamente frágil. E mais uma vez, o personagem demonstra uma maturidade que não me convence, indo à pé até um hospital próximo de sua casa e ele mesmo se interna na ala psiquiátrica. Daqui para frente, o livro pra mim virou uma narrativa surreal de como deve ser dentro de uma ala psiquiátrica e de como eles não tratam efetivamente um paciente… o.o
Li em uma resenha não tão positiva no Goodreads que um dos principais problemas durante a estadia de Craig no hospital é que todos os outros pacientes adoram o garoto, acham ele o máximo, e que de certa forma Craig vira o salvador de todos aqueles que gostam dele. Os que não gostam ou não se relacionam com ele são aqueles que estão muito fora da realidade e não conseguem perceber como o Craig é maravilhoso. =/
Além disso, no hospital ele consegue se relacionar com duas meninas! Algo que quando ele era “normal” ele nem chegou perto de realizar. Uma delas era a garota por quem tinha interesse no começo do livro, a namorada de seu melhor amigo, que vai até lá numa de realizar algum tipo de fantasia sexual bizarra de transar em um hospital. A outra, é uma das pacientes na mesma ala que Craig.
Não sei, não funcionou para mim. Nem a mensagem positiva de que “tudo vai acabar bem”, porque ela soou irreal em uma situação inteira que já era irreal.
Não sofri com Craig, não comprei os seus problemas, não entendi os seus Tentáculos, Âncoras e Mudanças, não senti empatia por ele. A cena em que ele distribui suas ilustrações para outros pacientes com quem ele se relaciona nos cinco dias que fica internado é pomposa e presunçosa. A história foi frustrante e decepcionante. E foi uma pena porque eu achei que poderia ser uma boa forma de conscientização, e para mim, ela nem arranhou a superfície. Ainda estou me perguntando qual é a parte engraçada da história do Craig.
Descobri depois de terminar, conversando com a Camille do Versificados, que o autor, que sofria de depressão profunda, se suicidou em 2013. Ao final de Uma história meio que engraçada existe um comentário afirmando que Vizzini ficou cinco dias internado em hospital psiquiátrico no Brooklyn, e que escreveu esse livro de dezembro de 2004 a janeiro de 2005.
Até a próxima! o/
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3 Comentários
Poxa, sério que não gostou do livro? Eu gostei muito dele. Eu conheci a história pela adaptação do livro e acho que foi por isso que eu consegui me ligar mais ao personagem quando fui ler. Ou talvez tenha sido porque eu li quando tinha acabado de começar a faculdade de psicologia e não vi muito o livro como uma ficção bem irônica e com muitas partes bem improváveis… acho que eu simplesmente não consegui ver o personagem como um garoto de 15 anos. Algumas partes quando é descrito o modo como o personagem se sente eu achei bem forte, bem sufocante. Bom… gostos são gostos… mesmo assim adorei ler seu ponto de vista sobre o livro :)
Oi Aline. E eu queria gostar do livro, porque acho o assunto muito importante de ser divulgado. Mas eu espera tanto uma coisa completamente diferente… Talvez se eu tivesse uma experiência parecida com a sua, de ver o filme primeiro e depois voltar para ler o livro, poderia ter um resultado final melhor… Bem, nunca saberemos.
Aliás, qual é o nome do filme? Será que tem no Netflix? :P
O nome é Se Enlouquecer Não Se Apaixone, ficou com um nome nada a ver hahaha e tem sim na Netflix, assista que ficou legal a adaptação. :)