resenha

O Mensageiro – Lois Lowry

30 jun 2016

Informações

o mensageiro

lois lowry

arqueiro

série o doador de memórias #3

160 páginas | 2016

3.75

Design 4

História 3.5

Há seis anos, Matty chegou ao pacato Vilarejo. Sob os cuidados de Vidente, um cego que tem uma visão especial, ele amadureceu e se adaptou à nova vida. Agora, espera receber seu nome verdadeiro, que determinará seu valor ali, como ocorre com todos os habitantes.

Contudo, algo nefasto está se infiltrando no Vilarejo, e os moradores, antes orgulhosos de receber forasteiros, passam a exigir que as fronteiras sejam fechadas para se protegerem.

Por ser um hábil mensageiro, Matty é encarregado de avisar os outros povoados sobre o bloqueio. Sua missão também tem outro grande objetivo: buscar Kira, a filha de Vidente, antes que seja tarde demais.

Ele é o único capaz de viajar pela Floresta, que já provocou algumas mortes. O problema é que ela também está se tornando um lugar perigoso para o garoto. Mas muitos dependem de Matty. Então, armado apenas de um poder recém-descoberto, ainda incompreensível e incontrolável, ele se arriscará a fazer o que talvez seja sua última viagem.

Design

Essa é uma das séries da Arqueiro com as capas mais “instáveis” que eu já vi. A primeira foi o poster do filme, a segunda entrou na fase das capas ruins, e essa finalmente tentou dar uma salvada em toda a série. Dos três livros lançados até agora, O Mensageiro é o primeiro que tem uma capa realmente interessante e bonita. Ouso dizer que se todas as outras seguissem o mesmo padrão, de silhueta de pessoa combinada com algum tema importante para o personagem ou para a história, teria um resultado muito melhor. Como obra completa, as capas teriam uma unidade e força visual muito mais instigante.

Gosto do padrão cromático, gosto da forma como os temas foram sobrepostos e criaram uma imagem que passa uma ideia completa. Um pouco diferente do que foi feito em A Escolhida, mas com um resultado bem melhor.

Eu já falei sobre o miolo nas duas resenhas anteriores, então é só visitar A Escolhida e O Doador de Memórias para saber minha opinião. ^.~

História

Então… eu acho que não tenho maturidade suficiente para realmente entender os livros da Lois Lowry. Sempre que eu termino um fico com a sensação que a autora queria passar uma mensagem mais importante, alguma análise profunda sobre a vida, a sociedade, os ceresumanos, só que eu não consigo alcançar. E fico me sentindo meio tapada, porque provavelmente tá ali na minha cara.

O Mensageiro é o terceiro livro da série O Doador de Memórias que, se nos dois anteriores pareciam histórias completamente independentes, aqui finalmente começamos a ver os personagens serem costurados em uma trama um pouco maior.

É… eu acho que não vai dar para fazer a resenha sem alguns spoilers dos livros anteriores, então se você ainda não leu O Doador de Memórias e A Escolhida, melhor voltar depois. ^.^

O personagem principal de O Mensageiro é Matty, o pequeno amigo de Kira que apareceu no segundo volume, e vive há seis anos junto com Vidente, pai da tecelã, no Vilarejo. Nesta comunidade, todos são bem recebidos, e normalmente são fugitivos de outras cidades onde não eram aceitos por algum tipo de defeito ou deformação. Em Vilarejo, todos vivem em paz e tranquilidade, têm sua função na comunidade e quando chegam a uma certa idade ou participação, recebem seus verdadeiros nomes.

Pelo que entendi da história, o verdadeiro nome de uma pessoa representa tudo aquilo que ela tem de melhor em si. Vidente apesar de cego, consegue enxergar mais e melhor do que muitas pessoas. Mentor é o professor da cidade. Líder é um jovem que chegou ao Vilarejo há alguns anos, em um inverno, vindo em um trenó vermelho, e tem um dom, de ver além.

Nesse contexto está Matty. Ele era uma criança impossível, mas agora se tornou um adolescente participante da comunidade de Vilarejo, responsável por entregar mensagens em outras vilas, porque sempre consegue se locomover bem e com facilidade pela floresta que cerca a comunidade.

Matty está ansioso por receber seu verdadeiro nome, que ele espera muitíssimo que seja Mensageiro, mas ao mesmo tempo ele descobriu uma nova característica sua que ainda mantém em segredo. Seu dom é um tanto assustador, e ele ainda não sabe muito bem como lidar com essa capacidade, por isso, não conta nem mesmo a Vidente o que pode fazer.

A questão toda em O Mensageiro é que as pessoas de Vilarejo estão mudando. De certa forma tornando-se mais egoístas e autocentradas, não mais recebendo os forasteiros que chegam até a comunidade, e realizando seus desejos mais íntimos através de negociações. Esse lance das negociações são meio difíceis de entender, porque são explicadas pelos olhos de Matty, então é muito superficial, porque é a percepção de um jovem de uma situação que envolve adultos, e que não necessariamente faz sentido para ele.

Mas o que eu consegui absorver é que a mudança no comportamento dos residentes de Vilarejo está afetando a vitalidade e a vida da floresta ao redor, tornando-a mais agressiva e hostil. A floresta inclusive passa a atacar as pessoas que andam nela, e até mesmo mata alguns desavisados.

O cerne do livro é: as pessoas de Vilarejo, que agora estão cada vez mais egoístas, querem fechar as fronteiras. Só que isso impediria que Kira viesse morar definitivamente com seu pai. Dessa forma, Matty deve entrar na floresta, que não é mais tão amigável nem mesmo para o garoto, e tentar trazer Kira antes do tempo em que as fronteiras serão fechadas.

A história é bem rapidinha, 160 páginas dá para ler em poucas horas. Eu só fiquei triste com a forma como Lois Lowry decidiu terminar O Mensageiro. De certa forma, assim como seus outros livros, tem um quê de final aberto, mas que ao mesmo tempo é meio definitivo.

Até agora, além da própria natureza humana, e a dificuldade da vida em comunidade e sociedade, eu ainda não consegui identificar um “vilão” no universo de O Doador de Memórias. Você consegue perceber que são várias cidades que existem próximas umas das outras, mas que de alguma forma não sabem da existência de um mundo maior do que suas próprias fronteiras. Espero que no quarto e último volume, a autora finalmente consiga fazer um fechamento unindo todos os seus principais protagonistas e formalizando contra qual “mal” eles estão lutando.

Porque senão eu só vou continuar me sentindo uma tapada. :P