Corte de Espinhos e Rosas
galera record
série Corte de Espinhos e Rosas #1
434 páginas | 2015
Em Corte de Espinhos e Rosas, um misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones, Sarah J. Maas cria um universo repleto de ação, intrigas e romance.
Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar uma fada zoomórfica transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação.
Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira que ela só conhecia através de lendas , a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la… ou Tamlin e seu povo estarão condenados.
Design
Pessoas, vocês vão precisar me perdoar, mas eu fiquei MUITO DECEPCIONADA com a capa de Corte de Espinhos e Rosas. Do tipo que só um #chatiada para definir. Para começo de conversa escolheram não utilizar a arte original; até aí tudo bem, que nenhuma editora é obrigada a comprar a capa lá de fora. Mas pelo menos, vamos fazer algo à altura? >o<
A primeira vez que vi a capa multicolorida da versão brasileira eu tomei um susto gigante; depois comecei a me acostumar com a ideia daquele monte de degradês e rosas negras e espinhos, na esperança que a arte era uma forma digital de mostrar que a capa seria metalizada. E era isso que eu estava esperando até ter o livro em mãos. É uma arte chapada, Pessoas! São realmente degradês fixos na capa, não tem nenhuma firula visual metálica. T^T
Aí vamos para o título. Ok, tentaram manter o efeito visual das fontes em caixa alta, mas não gostei muito da escolha da fonte comparando com a arte original. Essa família mistura desenhos de letras que parecem maiúsculas com minúsculas e não fica muito harmônico. Se vocês repararem, o H de “espinhos” é mais parecido com o h minúsculo de uma outra fonte qualquer.
Além disso, tinha uma aplicação interessante na versão gringa de colocar as preposições dentro das letras Os, que também não foi utilizada aqui. Então o nome da autora foi colocado em um “box” preto para dar o efeito de vazado que quase se perde na arte, mas que pelo menos está em uma fonte mais interessante visualmente do que o título.
Fugindo um pouco de um miolo padrão que costumam ser feitos nos projetos da Record, este teve um detalhe em todas as aberturas de capítulos, com uma arte de ramos de espinhos. Eu acharia legal se houvesse uma diferenciação na arte para marcar quando ela está no reino dos feéricos e nos reinos dos humanos, mas ok. Curti que tem mapa! Livros de fantasia tem que ter mapa, não é mesmo?! Depois de terem me roubado o mapa de Uma Chama entre as Cinzas, pelo menos aqui eles me deixaram saber onde estão acontecendo as ações da história. De resto, o miolo é o de sempre dos livros dos selos da Record, com a impressão um pouco manchada e carregada e a fonte meio grande.
História
Adorei conhecer Sarah J. Maas. Tenho os dois primeiros livros da série Trono de Vidro ali, só me olhando, e ainda não tinha pegado nada da autora para ler. Com a surpresa que a Galera Record fez ao me enviar o livro como ação, não perdi a chance de começar a leitura o quanto antes.
Confesso que ao longo do livro eu fiquei em dúvida em qual idade eu o classificaria, se 14 ou 16, já que Sarah J. Maas não é tão explicita na descrição dos encontros românticos. Entretanto, a história possui algumas cenas violentas… O que mais me confundiu foi que o livro saiu pela Galera, que para mim era um selo para lançamento de livros young adults. No fim das contas, preferi colocar como 16 anos mesmo, pelo somatório da obra, e porque fiquei com a sensação que era mais um new adult de fantasia
Corte de Espinhos e Rosas me pareceu em muitos momentos uma releitura de Eros e Psykhé, ou se preferir, da Bela e a Fera. Muitos fatos são parecidos entre o mito e a história de Feyre. Ser afastada de sua família e enviada para um reino distante, ficar “prisioneira” de um príncipe amaldiçoado, não poder ver sua verdadeira identidade… e por aí vai. Mas com o desenrolar da história, Corte de Espinhos e Rosas vai ganhando sua própria identidade e caminhando para longe do mito no qual bebeu da fonte.
Os humanos não se lembram direito, mas originalmente todos eram escravos da raça feérica até que uma guerra e uma rebelião conseguiu libertá-los e expulsá-los para a parte mais ao sul da ilha/continente de Prythian. Separando o reino dos humanos e dos feéricos existe uma muralha, cercada de mistérios e segredos de onde os humanos se mantém o mais longe possível. Acima desta muralha, Prythian é dividida em sete cortes, cada uma comandada por um Grão-Senhor.
Feyre é uma humana caçadora. Ela é a caçula de uma família falida que mora nos arredores de uma vila, relativamente próxima da muralha. É inverno, e Feyre precisa de alguma caça para levar para casa, senão todos vão passar ainda mais fome. Com isso, ela acaba se embrenhando demais na floresta que divide o reino dos humanos e Prythian, a terra dos feéricos. Enquanto está de tocaia, ela finalmente avista um cervo, mas percebe que um lobo gigante também está espreitando sua presa.
Um lobo tão desproporcionalmente grande provavelmente é um féerico que consegue mudar de forma. Feyre odeia os feéricos e tudo o que representam, e não tem medo da ameça que paira sobre aqueles que se propõem a matar um desses seres, que só podem ser atacados em legítima defesa. Com a desculpa de proteger sua caça, Feyre mata o lobo gigante e retorna para sua família. Então, seu mundo muda completamente.
A personagem principal, Feyre, começa um pouco irritante com uma personalidade extremamente rebelde e combativa. Ela era a única filha que realmente se preocupava em alimentar e suprir seu pai e suas irmãs mais velhas. Até aí é compreensível seu comportamento. Só que ao longo da história ela se perde em um momento romântico e fica um pouco descaracterizada com sua apresentação inicial. Depois de algum tempo, volta a ter um desenvolvimento e crescimento como personagem que passa a torná-la mais interessante.
No momento em que Feyre se “perde” acho que ela se deixa levar pelo romance e pela paixão, pelo clima de primavera eterna, e acaba deixando um pouco de lado seus instintos caçadores e curiosos que a faziam ser tão reativa no início. A jovem acaba ficando acomodada com os luxos e facilidades da Corte Primaveril, além do mistério que é Tamlin e sua maldição.
Depois que Feyre vai para a Corte Primaveril a maior parte do tempo ela está interagindo com personagens masculinos. As mulheres que aparecem na história são as irmãs com quem Feyre conviveu sua vida inteira, e que ela não consegue saber direito se ama ou odeia (mas que eu tenho certeza que odiei firmemente durante grande parte do livro); a criada que cuida dela na corte; e a vilã Amarantha, que é má, muito má, muito muito má. De certa forma achei que existe pouca representação feminina, não sei se como forma de dar à Feyre ainda mais protagonismo e um quê de special snowflake.
A evolução do relacionamento de Feyre com os demais feéricos é feita de uma forma relativamente lenta, e você até consegue se convencer que o ódio inicial que sente por Tamlin gradativamente vai se tornando um interesse mais romântico, até virar uma paixão arrebatadora. Mas não sei se o relacionamento dos dois é dos mais saudáveis.
Em uma parte da história acontece uma celebração na Corte Primaveril, quando os feéricos se reúnem para celebrar a primavera. O rito das fogueiras me lembrou bastante de As Brumas de Avalon, que também tinha um ritual em que o Gamo-Rei deveria matar o cervo sacrificial para depois “se deitar” com uma escolhida e devolver a magia para a terra.
Em Corte de Espinhos e Rosas, o papel do Gamo-Rei fica com Tamlin, o Grão-Senhor da Corte Primaveril, e a gente já sabe quem ele vai procurar para “se deitar”… Só não entendo qual a necessidade de Feyre tem em desrespeitar “ordens” que lhe são dadas com a intenção de protegê-la. ¯\_(ツ)_/¯ Ao mesmo tempo, essa passagem da história é um pouco complicada, porque Tamlin força um beijo e uma interação sensual com Freyre, mesmo ela dizendo que não quer… Em tempos de conscientização sobre a cultura do estupro não sei se é uma forma legal de um homem mostrar seu interesse por uma mulher, né?
Preciso fazer um parêntesis aqui para comentar que na minha primeira leitura praticamente nada do comportamento de Tamlin em relação à Feyre me incomodou ou chamou a atenção negativamente. Foi só depois que li resenhas de pessoas mais inteligentes e maduras do que eu que comecei a perceber que o relacionamento dos dois não era tão bonito e florido como minha primeira interação com a história pareceu mostrar. (Leia a opinião da Celine e da Raeleen Lemay) Fim do parêntesis.
Gostei de que Feyre é modificada pelas ações e decisões que toma em Prythian. Desde o momento que mata um feérico por ódio, até a mancha em sua alma por um ato egoísta de amor, camuflado pela desculpa de salvar “o mundo”. Ela sofre todas as consequências de seus atos e decisões e isso faz com que o leitor consiga ver sua evolução ao longo da história.
De certa forma é um pouco irritante o conformismo de Feyre em ficar sem maiores informações sobre os feéricos, porque isso deixa o leitor sem chão. É como se a construção do mundinho ficasse capenga ou incompleta, porque é através de Feyre que conseguimos entender o que está acontecendo em Prythian. Se ela não se interessa, ou se não busca informações sobre o reino, o leitor também não consegue montar um entendimento da construção do mundo. Entretanto, eu achei bom que só é mostrado para o leitor que Feyre é um tipo de special snowflake já na parte tensa da história, quando tudo já começou a dar ruim.
Não sei se gosto da impassividade de Tamlin durante as provas que Feyre tem que enfrentar no terço final da história. Ele acaba deixando a cargo de outros Grão-Feéricos ajudar a moça ao longo das provações, e isso é meio revoltante. Apesar de entender que era a forma que tinha de proteger a humana da ameaça de Amarantha e de todas as cortes feéricas, mesmo assim, eu esperava algum momento em que ele sofresse algum tipo de retaliação por amá-la.
Na verdade eu não entendo, ou não consigo engolir muito bem, como uma simples humana, com ou sem ajuda, conseguiria salvar toda uma civilização de seres mágicos. Afinal são sete cortes contra uma ditadora maluca e sanguinária… como eles nunca tentaram fazer nada para deter a tirana? Feyre só consegue alguma chance porque aparentemente Amarantha é burra e gosta de barganhar por um desafio…
Fiquei feliz que a autora não começou a história com um triângulo entre Feyre, Tamlim e Lucien, mas ela não resistiu e teve que colocar Rhys (o Grão-Senhor da Corte da Noite, e “bichinho” de recados de Amarantha) na jogada. Pelo menos o personagem é interessante, e ele tem toda uma jogada política envolvendo seu interesse em Feyre. Só que ficou com aquele cheiro de que no próximo livro, ela vai explorar o amor de Feyre e Tamlim, e usar o acordo que ela tem com Rhys para fomentar um triângulo amoroso.
Esperemos para ver no que vai dar quando a Galera trouxer A Court of Mist and Fury. Espero que seja logo! u.u
Até a próxima! o/
Onde comprar: Amazon (compras feitas através do link geram uma pequena comissão ao blog ^.~)
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3 Comentários
Adorei sua resenha, mas tenho que confessar eu adoro a capa multicolorida, claro a outra (original) é linda e tbm gosto dela.
Eu tenho uma pergunta essa serie não tem cenas eroticas demais né? Desde que peguei Princesa de papel(gosto da historia, mas odeio cenas muito erotizadas, e esse livro tem varias.)
Bjos
Oi Carol, tudo bem? Obrigada pela visita!
A maravilha da variedade de capas é que a gente pode gostar de todas (ou de nenhuma XD). Acho que meu “desgostar” da capa brasileira vem também da expectativa que eu tinha de ser a capa original, e a frustração de que a nossa não tem uma ilustração tão bonita (na minha opinião).
Sobre o erotismo no livro. Sim, Corte de Espinhos e Rosas é bastante sensual, mas não me lembro de ser gráfica, sabe? Não tem tanta descrição do ato sexual em si, mas você sabe que tá rolando as paradas lá. O segundo livro eu achei que tem uma pegada ainda mais forte do que o primeiro… Se você não gosta muito ou é mais sensível a cenas de sexo/erotizadas, talvez você devesse evitar essa série da Sarah J. Maas.
Ainda não li Trono de Vidro, mas parece que a pegada é mais YA, talvez seja a série mais adequada da autora para você ler. Corte com certeza é NA+.
Bjs!
Otima resenha! Concordo com tudo!!