resenha

A Torre – Daniel O’Malley

15 fev 2016
Informações

a torre

daniel o'malley

leya

série the checquy files #1

432 páginas | 2016

3.5

Design

História 3.5

Muito suspense, certa dose de humor, uma heroína capaz de deixar Katniss Everdeen, de Jogos Vorazes, no mínimo intimidada e uma carta encontrada no bolso que começa assim:

Querida Você,

O corpo que está usando costumava ser meu.

Encharcada pela tempestade que cai sobre o parque, ela ainda não sabe por que está cercada de cadáveres. Muito menos por que todos usam luvas de látex. Sem escolha, ela decide seguir as orientações deixadas nessa carta e encontra outras duas. Uma carta leva a outra e mais outra, e assim ela descobre seu nome: Myfanwy Omas. E ainda que é uma Torre – uma agente secreta de alto escalão que trabalha para uma organização do Império Britânico responsável por combater eventos sobrenaturais.

Mas há um traidor nessa organização. Um traidor que a quer ver morta. E que logo perceberá que Myfanwy ainda está viva. E sem memória.

Enquanto luta para salvar sua vida, Myfanwy conhece pessoas misteriosas: um homem com quatro corpos, uma aristocrata que pode entrar em seus sonhos, crianças que se transformam em guerreiros mortais e uma conspiração que vai muito além do que poderia imaginar.

Com uma protagonista feminina forte e apaixonante, A Torre é um livro que vai envolver os leitores de fantasia em uma narrativa cativante e, ao mesmo tempo, diferente de tudo o que já foi publicado no gênero.

design

Livro digital, portanto sem avaliação de design.


história

Fico imaginando como foi o diálogo entre o editor e o Daniel O’Malley quando ele foi “vender” A Torre.

Editor: Poxa, Danny, eu achei esse universo sobrenatural que você criou o máximo, mas tem muita informação para ser passada para o leitor. Como você espera fazer isso de uma forma agradável?!

Daniel O’Maley: Eu tive uma ideia MARA! Você não vai acreditar!

Ed.: Está pensando em fazer algum companion book, para ajudar no entendimento?

DOM: Não, muito melhor que isso! Amnésia!

Ed.: Amnésia?!

DOM: Sim, amnésia! Vou fazer com que a personagem principal do livro tenha amnésia logo nas primeiras páginas e assim tenho a desculpa que preciso para explicar todo o universo, tanto para a personagem, quanto para os leitores.

Ed.: Cara! Você é phoda!

E eu realmente achei muito maneira a ideia inicial de acompanhar Myfawny (é… esse nome…) e aprender juntinho com ela tudo, mas TU-DO sobre o Checquy. Durante o livro IN-TEI-RO.

Vocês conhecem o termo infodump? Segundo o TvTropes (e traduzido porcamente por mim):

Infodumping é um tipo de exposição particularmente longa e prolixa. Apesar de poder ser feita de uma forma não intrusiva e divertida, a maioria dos infodumps são óbvios, intrusivos, paternalistas, e algumas vezes completamente chatos.

Ok que temos todo um novo universo dentro do nosso que precisa ser exemplificado e explicado para o leitor. Mas Daniel O’Malley não faz isso somente no primeiro terço do livro e depois deixa que a personagem experimente e evolua dentro desse novo cenário. Ele precisa o tempo todo explicar o que está acontecendo, quem são os personagens de apoio, como funciona a hierarquia do Checquy, quem são os inimigos do Checquy, o que é o Checquy. Sério. Cansa.

Tudo é sempre descrito nas cartas de Torre Thomas para seu novo Eu, falando sobre seu passado, sobre o Checquy, e sempre são convenientemente colocados para explicar alguma coisa que Myfawny descobriu ou que precisa ser deixado claro para o leitor. Não me entendam mal, era interessante inserir um background para a contextualização desse novo mundo, mas muitas vezes diminuía a velocidade da história e era uma quebra no ritmo, e isso interferia a ponto de eu fazer “ah, não; mais explicação, não!” enquanto girava os olhos magnanimamente. Era quase uma dança. Se teve um capítulo longo de história, vão vir pelo menos algumas páginas de infodump. Pode contar com isso.

O que de certa forma é uma pena. Um plot que parecia muito envolvente e inovador (para mim, pelo menos) perde um pouco da vitalidade com tanta interferência e excesso de informação.

Torre Myfawny Thomas (se pronuncia com a mesma tônica de Tyffany, a personagem explica) foi avisada por várias pessoas aleatórias que em pouco tempo seria atacada, deixaria de ser ela mesma e perderia a memória completamente. Se você fosse uma pessoa normal talvez você não desse importância para esse tipo de coincidências, mas Torre Thomas não é uma pessoa normal.

Ela trabalha na mais prestigiada organização secreta britânica para acontecimentos sobrenaturais, o Checquy (se pronuncia chéqui). Sendo que Thomas tem ela mesma sua cota de “anormalidade”, uma vez que desenvolveu poderes de controle do corpo de outras pessoas com apenas um toque.

Bem, Torre Thomas precisa se preparar para o ataque e deixa diversas cartas para o seu novo eu que vai surgir, além de preparar duas possíveis escolhas para ela mesma: fugir ou continuar a vida que ela deixou para trás.

Sério, é muito maneiro essa proposta! Uma mistura de X-Men, com James Bond, e A Bolha Assassina. Sim, A Bolha Assassina, porque Myfawny tem que lidar com muitas situações melequentas e nojentas ao longo de sua aventura. Na verdade em sua pequena existência, Myfawny tem mais experiências de campo com possibilidades agressivas de morte do que Torre Thomas em toda a sua vida. :P

a-bolha-assassinaA Bolha Assassina (1988)

Myfawny, a nova personalidade de Torre Thomas, é uma das melhores personagens femininas com quem já me deparei. Ela é sarcástica, irônica, inteligente e altamente safa. Tudo que Torre Thomas não era. Provavelmente, quando tem sua personalidade e memórias apagadas, o que “sobra” é todo o potencial que Thomas tinha mas nunca desenvolveu, por medo de si e de seus poderes.

Myfawny acaba abraçando a vida de sua “antecessora”, apesar de sempre se referir a ela como se fosse outra mulher, e agora tem o desafio de ser alguém que ela não faz ideia como era, somente pelo tom das cartas que Torre Thomas deixou. É maravilhoso vê-la abrindo caminho dentro de uma sociedade secreta que não a enxergava além da pessoa burocrática e cuidadora da papelada do escritório. Conquistando o respeito e o espaço que deveria ter sido seu, se Torre Thomas não fosse tão introspectiva e assustada.

Outra coisa maravilhosa é o relacionamento entre as mulheres do núcleo de Myfawny ao longo do livro. Elas se apoiam, se ajudam, se dão cobertura, tem conversas inteligentes e pedem opinião sobre assuntos tipo “como salvar o mundo”. Não estão competindo por espaço, por atenção nem por homens.

Falando neles, são maioria no Checquy, mas acabam respeitando Myfawny durante a história, ou se tornando seus opositores, mas é muito boa a dinâmica entre todos os personagens.

Ao longo da leitura tive momentos muito divertidos com a personalidade de Myfawny, tensos com os casos que ela tinha que resolver, e irritantes com as interrupções. Mas no geral, é uma boa história, com bons personagens, boas cenas de ação e de desenvolvimento político, e uma boa resolução. Ah! E sem nenhum romance. ^.~


Até a próxima! o/

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7 Comentários

  • Responder Fernanda 16 abr 2016 at 14:08

    Estou terminando o livro, adorei! Gostaria que fosse uma série.

    • Responder Samara Maima 18 abr 2016 at 20:21

      Oi Fernanda! É uma série, sim! O segundo livro tem expectativa de ser lançado esse ano. ^.~

  • Responder Cibela 13 mar 2016 at 02:13

    vish sei não, é muito massante ?

    • Responder Samara Maima 24 mar 2016 at 12:24

      Oi Cibela, não é não, porque a voz da personagem principal é interessante. Minha sugestão: vá a uma livraria e leia as duas primeiras páginas, e veja se a narrativa se encaixa com o que você gosta de ler. ^.~

  • Responder Yasmin 26 fev 2016 at 02:29

    Vi esse livro nas cortesias do Skoob e googlei uma resenha, acabei vindo parar aqui :) A história parece ser bem legal, e a protagonista também! Mesmo com os defeitos que você mencionou, acho que até pode valer a leitura quando temos uma personagem principal tão legal, já que quando são protagonistas ruins e a história é boa, vira um mega defeito também hehe.
    Beijo :*

  • Responder Izandra 18 fev 2016 at 21:25

    Hum… Me perdeu no “sem nenhum romance” xD
    Hahaha Sério, não importa se o livro é de ação, pra mim, sempre tem que ter aquele romance básico xD

    • Responder Samara Maima 19 fev 2016 at 16:30

      Uia, mas você teve que ir até o final da resenha para descobrir isso, Ize! :P Eu também senti falta, sabe… mas como a dinâmica de Myfawny com os outros personagens era tão legal e ela mesma se zoava em sua inabilidade social para o romance, eu aceitei. Vai que no segundo volume o autor vai desenvolver esse lado da personagem?

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