a mais pura verdade
novo conceito
série ---
224 páginas | 2015
Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha.
Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças.
Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram.
Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier.Nem que seja a última coisa que ele faça.
A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.
Design
Oh, capas tipográficas e com arte vetorial, como eu gosto de vocês. <3 Essa com certeza entra pro rol das capas mais legais da Novo Conceito. Tudo bem que é uma adaptação da versão gringa, mas não deixa de ser um resultado bem legal.
Gosto da fonte “caligráfica” usada no título e no nome do autor, gosto da ocupação da arte vetorial, da forma como a hierarquia título/autor, apesar de terem quase o mesmo tamanho, permite que dividam a capa sem brigar ou confundir o leitor. Eu só não gosto nem um pouco desse quote grande no pé da página, em uma fonte que parece Arial… Mesmo nesse tom de azul sem graça não ficou bom.
Pelo menos a quarta capa é muito interessante e mantém a mesma linha gráfica vetorial e tipográfica. Mesmo não sendo uma sinopse padrão, gostei tanto da arte que me disporia a ler as orelhas para maiores informações.
Agora, o miolo consegue ser ainda mais legal! Os capítulos alternam entre a voz de Mark e de outros personagens com quem ele se relaciona. Os capítulos “inteiros” são do Mark, os capítulos “1/2” dos outros. O legal é que o padrão gráfico entre eles também é diferente e facilmente reconhecível.
Nos capítulos inteiros, as aberturas tem um ilustração de fenda num fundo preto e a quantidade de quilômetros restantes. A mancha gráfica é com uma fonte serifada de corpo meio grande, por isso acaba dando a sensação de que está apertada dentro da página. As primeiras palavras do parágrafo de abertura são com uma fonte caligráfica, como se Mark estivesse escrevendo de próprio punho.
Já nos capítulos 1/2 as aberturas tem a mesma arte da fenda, só que com as cores invertidas. Na mancha a fonte do texto é uma sans-serif itálica, também em um tamanho bem grande que até interfere na legibilidade do texto.
A única coisa que eu não entendo muito bem, e costuma ser uma constante nos projetos da Novo Conceito, é a quantidade de fontes diferentes dentro do projeto gráfico. Se não me engano, A Mais Pura Verdade tem pelo menos 7, e levando em consideração a proposta de diferentes estilos nos capítulos, acredito que dava para resolver com 4…
Fora esse meu mimimi, o projeto foi bem legal e inovador.
História
A Mais Pura Verdade é um sicklit, e como um bom livro deste gênero ele é basicamente contado para deixar te triste, ser um drama leve e tenso ao mesmo tempo e te encher de expectativas positivas para o futuro, mesmo que o personagem principal possa não ter futuro nenhum.
Nossa criança que precisa superar o câncer da vez é Mark, um menino de 12 anos que está cansado. Ele quer ser deixado em paz, quer ter a própria vida, quer poder fazer as próprias escolhas, mesmo que elas signifiquem que quer morrer.
Munido de sua inteligência e coragem e acompanhado por seu melhor amigo, o cãozinho Beau, ele vai fugir de todos que o amam e se preocupam com seu bem estar para atingir um sonho que seu avô deixou para ele: subir o Monte Rainer. O avô de Mark era um escalador profissional e havia prometido ao menino que quando ele melhorasse, os dois subiriam a montanha. Mas a vida e realidade sempre é mais forte e mais cruel.
Durante o livro acompanhamos os três/quatro dias de “desaparecimento” de Mark, para conseguir atingir seu objetivo. Mark está cheio de raiva, de ter que passar pelo tratamento do câncer, pelo sofrimento dos pais, por não poder mostrar para eles o quanto ele tem medo de morrer. Durante as páginas, vemos a tristeza do menino contada por sua própria voz, os desafios que precisa superar para conseguir alcançar seu destino. E todas as sacações que tem ao longo do caminho, que são sempre seguidas da afirmação “isso é a mais pura verdade”.
“Cachorros morrem, talvez. Mas uma amizade, não. Não se a gente não quiser que ela morra.” (p. 213)
Do outro lado, nos capítulos 1/2, vemos o desenrolar da história para quem Mark deixou para trás: seus pais e sua melhor amiga Jesse. Ela é a única que acaba descobrindo para onde Mark foi, e vive no dilema se deve ou não contar para todos. Afinal, Jesse sempre guardou os segredos de seu melhor amigo, sempre dividiu tudo com ele, como ela teria o direito de tirar de Mark a chance de conseguir aquilo que mais deseja?
“O que uma amiga deveria fazer? Como ajudar quando ajudar e ferir são a mesma coisa?” (p. 87)
Como falei, o livro é construído para deixar o leitor à beira das lágrimas, sempre com alguma citação que enche seus olhos de água ou te dá aquele arrepio de nervoso. Vindo de uma criança de 12 anos fica ainda mais forte e marcante, mesmo eu não me lembrando mais como é ser uma criança dessa idade. No meio de sua tristeza, solidão e sofrimento, Mark se mostra um jovem corajoso e forte, determinado e aberto às descobertas que sua jornada lhe impõem.
“O mundo inteiro é uma tempestade, eu acho, e todos nós nos perdemos em algum momento. Vamos atrás de montanhas no meio das nuvens para que tudo pareça valer a pena, como se isso tivesse algum significado. E, às vezes, nós as encontramos. E seguimos em frente.” (p. 204)
E, assim, o livro é bem triste. O terço final, que acompanha o trajeto de Mark na montanha, sua jovem epifania e a conclusão, é de acabar com seu otimismo para o dia, e eu me peguei me perguntando “para que fui escolher logo essa leitura?!”. Não sou muito boa para lidar com assuntos que envolvam pessoas doentes em iminência de morte. Livros como A Culpa é das Estrelas não me fazem muito bem.
A mesma coisa acontece com A Mais Pura Verdade. O livro te envolve no drama e sofrimento de Mark e ainda tem um final em aberto, daqueles só para te deixar na bosta. Mas o que vale é a jornada, o que vale são as descobertas e o que você faz enquanto está aqui, não é?
Ao longo da história Mark utiliza 25 vezes sua afirmação para declarações que acredita ser “a mais pura verdade”, e muitas delas são bem fortes e marcantes, e por isso eu fui colando post-its pelas páginas, para me ajudar a lembrar onde o autor espalhou suas verdades. Separei algumas para vocês sofrerem se emocionarem junto comigo.
A vida é um saco. Essa é a mais pura verdade. (p.31)
Morrer e viver. É tudo uma bagunça. Essa é a mais pura verdade. (p.95)
(…) Estava vivo, e mais determinado do que nunca a chegar ao fim da minha missão. Não havia chegado até aqui e sobrevivido a tudo isso só para desistir agora. Essa é a mais pura verdade. (p.126)
Um pai tem que proteger seus filhos. Tem que mantê-los a salvo. É só isso. Essa é a mais pura verdade (p.143)
De vez em quando, mesmo as respostas certas parecem erradas, se você não gosta da pergunta. Essa é a mais pura verdade. (p.146)
Não existe essa de solidão. Essa é a mais pura verdade. (p.204)
Até a próxima! o/
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