a febre
intrínseca
série ---
272 páginas | 2015
Na Escola Secundária de Dryden, Deenie, Lise e Gabby formam um trio inseparável. Filha do professor de química e irmã de um popular jogador de hóquei da escola, Deenie irradia a vulnerabilidade de uma típica adolescente de 16 anos. Quando Lise sofre uma inexplicável e violenta convulsão no meio de uma aula, ninguém sabe como reagir.
Os boatos começam a se espalhar na mesma velocidade que outras meninas passam a ter desmaios, convulsões e tiques nervosos, deixando os médicos intrigados e os pais apavorados. Os ataques seriam efeito colateral de uma vacina contra HPV?
Envoltos em teorias e especulações, o pânico rapidamente se alastra pela escola e pela cidade, ameaçando a frágil sensação de segurança daquelas pessoas, que não conseguem compreender a causa da doença terrível e misteriosa.
Design
A capa de A Febre é uma adaptação da original gringa então não houve um trabalho criativo muito grande aqui, mais de tradução do título. Mas precisamos combinar que, de qualquer forma, é meio bizarro essa menina da capa, me dá uma sensação de Samara-O-Chamado, sabem?! Deve ter sido um dos motivos que tive sonhos inquietos durante a leitura. Fora a laminação fosca, a capa não possui nenhum tratamento diferenciado na arte.
Não gosto muito do quote da Gillian Flynn estar na capa, mas entendo que a editora quis usar o nome de peso da autora, que também faz parte do seu catálogo, para alavancar o livro da Megan Abbott.
A lombada e a quarta capa são bastante simples, com uma chapada de preto e as fontes em vermelho e branco, cores que criam bastante contraste. Inclusive o vermelho vira um ponto focal de atenção nos elementos em que é usado. A parte interna da capa também tem uma chapada de preto e eu achei interessante que as primeiras duas folhas do livro também sejam nessa cor. Dá uma leve tensãozinha. :D
O miolo é padrão Intrínseca de qualidade! Fonte no tamanho ideal e super agradável e legível. Ocupação da mancha na página muito equilibrada. Os capítulos alternam os pontos de vista dos três personagens principais e a marcação dessa mudança é feita com três estrelas, que dividem visualmente os blocos de parágrafos.
Só uma coisa me chamou a atenção e eu não entendi se foi descuido ou proposital. Em algumas aberturas de capítulos existe uma marcação temporal, para dizer em que dia da semana estão acontecendo as cenas. Nos capítulos que não tem esse elemento eu pressupus que ainda estão acontecendo dentro do mesmo dia. Só que os primeiros tem a marcação completa de “terça-feira” e “quarta-feira”, e os últimos são só “quinta” e “sexta”. Besteira ou mimimi meu, mas me chamou a atenção. :P
História
A Febre foi um daqueles livros tensos que me renderam sonhos inquietos, mas que meio que me decepcionou depois de toda a construção da história e dos desvios de foco para despistar o leitor. Durante um bom tempo da leitura achei que ele teria uma finalização como a de Caixa de Pássaros, mas talvez um final em aberto tivesse sido mais interessante.
A história segue três personagens de uma mesma família em uma cidade pequena: Tom, o pai abandonado e professor de química na escola dos dois filhos; Eli, o irmão mais velho, que não precisa se esforçar para sempre ter uma menina diferente em sua cama; e Deenie, a filha mais nova, e o foco principal da história. A “febre” na sua escola passa a girar em torno das amigas que se relacionam com a garota.
Depois de uma noite de segunda-feira fora do comum, Deenie vai para escola e vê sua melhor amiga Lise ter um ataque e cair no chão da sala de aula. Assustada, Deenie tenta acompanhar a amiga até a enfermaria, mas só mais tarde, usando a desculpa que seu pai quer saber do estado da menina, consegue se infiltrar onde Lise está descansando.
Ninguém entende o que está acontecendo com Lise. Ela é levada para o hospital da cidade e os médicos não conseguem encontrar um diagnóstico para os sintomas que a garota apresenta. Ninguém tem acesso ao quarto de Lise e nem muito mais informação sobre o seu estado de saúde.
Não há muita comoção, fora a preocupação de Deenie e de suas outras amigas, até que uma outra garota da escola começa a apresentar sintomas estranhos e inexplicáveis.
Em cada capítulo acompanhamos o desenrolar da história pela ótica dos três personagens da família. Deenie demonstra visíveis sentimentos de culpa em relação à Lise e de ciúmes pelo relacionamento das outras meninas de seu grupo de amigas, ao mesmo tempo que tenta entender o que está acontecendo com as garotas do colégio. Eli mostra um pouco de como era seu relacionamento com as amigas de sua irmã, e inclusive tem algumas cenas bizarras com uma delas na escola. Além disso, de uma forma meio particular, também tenta descobrir o que aconteceu com Lise e porque estão espalhando um boato de eles terem ficado juntos.
Tom também tem voz nos capítulos, mas normalmente é mostrando sua preocupação com o comportamento da filha, de como ela mudou ao longo dos anos, e de como ela se relaciona com as amigas que estão ficando doentes. Todos os três tem sérios problemas com algum tipo de sexualidade reprimida, e de formas particulares tentam resolver (ou não) essas questões.
A autora teve uma certa maestria em enganar e direcionar a atenção do leitor para possíveis explicações dos acontecimentos. Desde reações alérgicas por causa de uma vacinação compulsória das meninas contra o HPV, ansiedade e stress, magia negra, um lago envenenado, cogumelos…. Mas confesso que fiquei um pouco decepcionada com o motivo verdadeiro e com a resolução da história. Eu até já estava esperando soluções à la Arquivo-X com o governo fazendo testes com DNA alienígena nas meninas… ia ser bem mais legal.
No fim, o livro leva muito em consideração todo o momento de ansiedade e stress que é a adolescência, a descoberta sexual das meninas, a inveja, o ciúme e traição no relacionamento entre amigas (que obviamente não é obrigatório por via de regra, né?). Tem um certo quê de machismo na forma como o pai e o irmão de Deenie veem a menina e todas as outras garotas da escola. E também o que a falta de informação, boatos e redes sociais podem fazer com um fato que, a princípio, é estranho e sem explicação.
É um livro que tem a construção do enredo e do mistério muito mais desenvolvida e interessante do que os personagens propriamente ditos. De certa forma não consegui me importar muito com eles, e até me confundia de vez em quando de qual menina estava tendo trecos. Mas os acontecimentos em si eram mais envolventes. Pena que o resultado final foi mais fraco em relação a todo o resto.
Até a próxima! o/
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