resenha

Léxico – Max Barry

21 ago 2015
Informações

léxico

max barry

intrínseca

série ---

368 páginas | 2015

3.75

Design 4

História 3.5

Uma organização treina jovens talentosos para controlar a mente e o comportamento das pessoas usando combinações específicas de palavras. Os iniciados deixam suas verdadeiras identidades para trás e passam a usar nomes de poetas.

Identificada como um prodígio na arte da persuasão, Emily Ruff, que ganha a vida com truques de cartas nas ruas de São Francisco, é enviada para o treinamento em uma escola da organização e começa a aprender a técnica letal. Quando os líderes da instituição descobrem que ela está se envolvendo com outro aluno, Emily recebe uma missão aterrorizante.

Wil Parke, carpinteiro, sofre de amnésia. Um dia ele já soube o significado da palavrárida, um artefato com o poder de colocar o planeta em risco. No entanto, não lembra mais. Wil é sequestrado por dois agentes brutais, que acabaram de matar sua namorada, desesperados para impedir que um membro da organização, de codinome Virginia Woolf, cause uma grande destruição.

Em seu novo livro, Max Barry constrói uma trama sombria na qual as palavras são como armas e os tipos mais vis usam como pseudônimos grandes nomes da literatura.

Design

Ah, como eu gosto dos projetos gráficos da Intrínseca! *-* Faz algum tempo que os livros da editora não aparecem por aqui. Eu até li Como Treinar o seu dragão mas está na fila das resenhas “secundárias” e não publiquei no blog ainda.

A capa de Léxico não é original, mas uma adaptação da versão gringa. Independente, é uma capa tipográfica <3 e eu gosto muito do conceito das letras meio “rúnicas” misturadas na arte de fundo. A ideia do livro é que alguns conjuntos de letras, que podem não ter sentido quando pronunciados como palavras, conseguem quebrar nossos “bloqueios mentais” e nos subjugar à vontade de outra pessoas. Então é legal a mistura dos textos que nós entendemos no título e no nome do autor, com as letras “aleatórias” que atingiriam nosso cérebro. Alguém está se sentindo controlado aí?!

Achei também muito bom o padrão cromático. O fundo cinza-grafite cria contraste suficiente para que o título em degradê de tom sobre tom de amarelo e o nome do autor também em degradê de cinza para branco se sobressaiam. O dropshadow na fonte também ajuda a criar a sensação de volume e distância. Mas eu meio que esperava uma capa com verniz softouch. Nâo interferiu na nota mas quando vi a arte digital meio que criou essa expectativa.

O miolo é padrão de qualidade Intrínseca! O livro é dividido em partes que possuem uma arte exclusiva: uma forma toda diferenciada para os títulos das partes e uma citação de livro. Cada parte é recheada de capítulos muito bem estruturados, com a divisões de assuntos bem definidas. A ocupação da mancha gráfica é perfeita, com um ótimo balanceamento das margens, com cabeçalho autor/título (obrigada!) e rodapé com a paginação. A fonte é a padrão que a editora costuma utilizar em seus projetos e que é ótima e confortável para a leitura, com uma entrelinha agradável que cria uma mancha gráfica super elegante.

Entre os capítulos sempre há a inserção de um conteúdo do “mundo real”, como se fossem notícias de jornais, discussões de fóruns digitais, emails…, cada tipo de conteúdo diagramado de forma que possamos “identificar” que tipo de “documento” estamos lendo.


História

Tive um sonho uma vez que eu era mutante, tipo os X-Men, e meu poder era “tecer palavras”. Se eu repetisse uma palavra algumas vezes eu conseguia materializar aquilo. Se falasse “lápis” eu conseguia fazer com que um surgisse. Ações/verbos também funcionavam. Se eu repetisse “caia”, a pessoa caía.

X-men Phoenix

Léxico é mais ou menos isso, só que com alguns desdobramentos e evoluções quanto ao poder em si. A diferença aqui é que o autor cria a ideia de que a “magia” não sumiu do mundo. Na verdade as palavras são os “objetos” mágicos mais poderosos que existem. Uma pessoa só precisa saber as palavras certas para subjugar outra, e quem foi comprometido passa a ser um “boneco” sem controle.

Os magos agora são Poetas. As pessoas que descobrem que tem essa habilidade de controle das palavras são identificadas em várias partes do mundo e levadas para estudar em escolas exclusivas. Quando se formam, perdem sua identidade original e são renomeadas em homenagem a grandes escritores e poetas que já passaram pelo nosso mundinho.

A ideia principal é que os seres humanos são divididos em segmentos, de acordo com sua personalidade, atitudes, crenças… Os Poetas descobriram quais são as palavras que, quando ditas para a pessoa certa, quebram os bloqueios mentais de cada personalidade. Depois que o bloqueio é invadido fica fácil para o Poeta dar ordens para a pessoa subjugada.

Uma outra coisa interessante na história é que vários momentos críticos da evolução da humanidade são seguidos por algum tipo de cisão. Grandes impérios caindo por “descuido”. O que as pessoas não sabem é que tudo sempre tem a ver com o poder que algumas palavras possuem, e como a ganância dos poderosos faz com que tudo seja perdido. Palavras que são carregadas de poder na história são chamadas de palavráridas e mesmo que só estejam escritas, tem um poder tão forte que perdura enquanto as pessoas entrarem em contato com ela.

Gostei de Léxico, mas em alguns momentos ele é confuso, principalmente por ter uma narrativa não-linear. Acho que o mais difícil é que Max Barry não coloca um marco temporal de “você está no passado” ou “você está no presente”. É tudo junto misturado agora, e você meio que corre atrás para ter a percepção de onde/quando você está na construção da história. Acho que essa sensação de deslocamento também perdura porque acompanhamos os dois personagens principais alternadamente nos capítulos, então a sensação inicial é que eles estão seguindo em um mesmo padrão temporal, só que não é bem assim.

O bom é que os capítulos de Will são bastante vertiginosos e frenéticos, é muita perseguição e correria sem uma explicação específica de “porque estamos fugindo”. Mas para mim não importou muito de tão envolvida que fiquei com a narrativa. Simplesmente peguei na mão de Will e “partiu!”. A razão de tanta angústia é meio que dada na construção dos capítulos de Emily, enquanto ela está na escola dos Poetas.

Toda a ideia de existirem pessoas que controlam as outras através de palavras é muito legal e bem desenvolvida. Inclusive, ao longo do livro o autor coloca informações que saíram “na mídia”, e que contam a história do jeito que os Poetas acham que deve ser passada para o público leigo. A forma como tudo é distorcido de acordo com os interesses daqueles que possuem poder é de se fazer pensar.

Acho que o grande tchãns do livro é exatamente esse questionamento de até onde sabemos a verdade de verdade. O quanto não somos manipulados pelo poder da mídia e daqueles que possuem a “verdadeira” informação. O quanto não temos nossa mente alterada por percepções tendenciosas e por questões subliminares

JEQUITI!

que podem ou não afetar nossas escolhas. :D

Gostei mais dos capítulos do Will. Além de serem mais dinâmicos e envolventes, o próprio personagem era mais interessantes, todo o mistério de ele ser o único sobrevivente de um massacre que aconteceu em uma cidade da Austrália. Já Emily eu tive mais dificuldade. Não gostei muito da personagem nem consegui criar muita empatia por ela. O passado dela é sofrido, mas mesmo assim… ela tem uma oportunidade de se tornar melhor, mais forte, mais poderosa, e na maior parte do tempo não consegue ser nada mais do que uma menina egoísta e indisciplinada com roupas finas.

Fora isso, os personagens coadjuvantes são bem interessantes e ao mesmo tempo descartáveis. Eles conseguem ajudar a manter o clima tenso durante toda a história só não são muito desenvolvidos, porque Will e Emily monopolizam praticamente o tempo todo.

O final é eletrizante. Na verdade, a partir do momento que a história migra da não-linearidade para um tempo contínuo você tem que tomar fôlego, apertar o cinto de segurança e se deixar levar, porque não dá para largar até chegar no fim mesmo.

Uma ressalva, se você, assim como eu, esperava um livro YA Léxico não se encaixa bem nesse gênero. As situações que os personagens passam, o linguajar e a própria idade de Will e Emily ao longo da história meio que já dão a dica que não é um livro “levinho” ou romance “sobrenatural”.

E assim: eu prefiro roxo, com ressalvas, 57, cachorros, e eu fiz porque tenho medo de ficar sozinha. ^.~


Até a próxima! o/

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5 Comentários

  • Responder Bárbara Menegon 3 jan 2016 at 22:01

    Acabei de ler Léxico a uns 10 min e vim procurar na internet ver se encontrava curiosidades e os segmentos (porque né..fiquei muito curiosa pra descobrir o meu kkk) mas não encontrei. Parabéns pela resenha.

    Gato; laranja; 22; a maior parte sim; porque eu precisei,não me julgue kkkkk

  • Responder Bruno 29 dez 2015 at 01:07

    É incrivel como uma capa chama atenção e nos faz comprar mesmo sabendo que isso não fará a história ser boa! Estava na loja Americanas e a capa me chamou tanta atenção que gravei o nome e vim procurar por uma resenha! Amei seu blog vou voltar pra comprar está ppr 10 reais

    • Responder Samara Maima 29 dez 2015 at 10:08

      Eu bem sei como é esse lance de ficar impressionado com uma capa, Bruno. às vezes dá vontade de comprar até sem ler a sinopse, né? Por esse preço vale a pena para conhecer a história. Espero que você curta!

  • Responder Babi Lorentz 26 out 2015 at 12:04

    Opa! Parece ser um livro bem interessante. O que mais me chamou atenção nele, depois da capa (porque também sou alucinada com tipografia) foi o título, então ler sua resenha e saber que promete mesmo a ideia que eu tinha ao saber sobre a existência do livro foi bem legal.
    Beijo!

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