o príncipe dos canalhas
arqueiro
série lord of scoundrels #3
288 páginas | 2015
Sebastian Ballister é o grande e perigoso marquês de Dain, conhecido como lorde Belzebu: um homem com quem nenhuma dama respeitável deseja qualquer tipo de compromisso. Rejeitado pelo pai e humilhado pelos colegas de escola, ele nunca fez sucesso com as mulheres. E, a bem da verdade, está determinado a continuar desfrutando de sua vida depravada e pecadora, livre dos olhares traiçoeiros da conservadora sociedade parisiense. Até que um dia ele conhece Jessica Trent…
Acostumado à repulsa das pessoas, Dain fica confuso ao deparar com aquela mulher tão independente e segura de si. Recém-chegada a Paris, sua única intenção é resgatar o irmão Bertie da má influência do arrogante lorde Belzebu.
Liberal para sua época, Jessica não se deixa abater por escândalos e pelos tabus impostos pela sociedade – muito menos pela ameaça do diabo em pessoa. O que nenhum dos dois poderia imaginar é que esse encontro seria capaz de despertar em Dain sentimentos há muito esquecidos. Tampouco que a inteligência e a virilidade dele pudessem desviar Jessica de seu caminho.
Agora, com ambas as reputações na boca dos fofoqueiros e nas mãos dos apostadores, os dois começam um jogo de gato e rato recheado de intrigas, equívocos, armadilhas, paixões e desejos ardentes.
design
Ai Pessoas, eu gostei bastante de O Príncipe dos Canalhas e queria muito que a nota final do livro tivesse sido maior mas, para variar, o design acabou puxando para baixo. =/
Fiquei meio decepcionada com algumas coisas, desde a escolha do título até a arte da capa em si. Me perdoem pelo “momento politicamente correto” aqui, mas eu não gostei da tradução do livro. Ok, que o original é Lord of Scoundrels e a tradução foi praticamente literal, mas não me agrada ficar carregando um livro tão “sou safado, tenho sacanagem na história, sou um romance ‘erótico'” por aí. Já vi outros livros com títulos bastante sugestivos que me incomodam (como O Safado do 105). A sensação que eu tenho é que entrei na locadora de filmes e fui parar na seção pornográfica, que é onde tem aqueles títulos bizarros/engraçados.
Assim, não é essa imagem que eu gosto de passar quando leio um livro em público, no transporte público por exemplo. Então, sim, eu li o livro no conforto do meu lar, mas isso não diminui meu desconforto. Não me importo nem um pouco com o uso de palavrões e afins durante a história, mas me incomoda quando essas palavras “fortes” estão gritando na capa do livro. Sou “vélea” e sou chata, me julguem. Menos pontinhos por causa disso.
Gostei da mistura de uma letra mais romana, à la Trajan, para o nome da autora, e um outra fonte mais cursiva e feminina para o título. Mas a imagem do casal… =/ Apesar de estarem vestidos com trajes de época não acho que seja o período certo e os modelos não são nem de perto próximos da forma que a autora descreve Lorde Belzebu e Lady Jessica. Acho que eu esperava uma capa mais arrebatadora, mais “romance de banca”, com vestidos abertos, casais naquelas posições de entrega e sensuais. Ou que seguisse a linha dos outros livros da editora, com foco somente nas mulheres na capa. Menos pontinhos.
Por último temos o miolo padrão da Arqueiro que eu sempre comento. Simples, correto, mas sem inovações. E a nota vai lá para baixo. u.u
história
Vou começar dizendo que O Príncipe dos Canalhas ganhou o Rita Awards de 1996. Isso só para mostrar o nível de expectativa que eu fiquei quando comecei a ler. O livro ganhou prêmio isso implica que ele deve ser muito bom (lógica mais besta da face da terra, vide filmes ganhadores de Oscar).
Em se tratando de romance de época sou relativamente novata na leitura do gênero. Todos os que já li foram lançados pela Arqueiro ou Leya, e tive experiências muito boas com eles. Mas O Príncipe dos Canalhas conseguiu realmente ser um pouquinho superior à média. Talvez pelos personagens, talvez pelo estilo da autora, talvez pelas cenas de sexo mais tchãnãnãs. Talvez pela mistura de tudo.
Logo no prólogo, quando a autora está contando o passado de Lorde Dain (Sebastian), você já é conquistado pelo sofrimento que o pequeno passou com sua mãe mal vista pela sociedade e que abandona o lar, e com o pai severo e controlador que expulsa Sebastian para um colégio interno. Todo o processo que o jovem Lorde passou para se tornar o maior canalha da França, o Lorde Belzebu, já prepara seu coração para o futuro do personagem.
Vamos abrir um imenso parenteses aqui. Um dos pilares principais da história é a questão do físico de Lorde Dain. Tanto ele quanto seus amigos o descrevem como um homem feio, escuro, de nariz grande, tudo porque ele é descendente de italianos por parte de mãe. Vamos combinar que já vimos esse tipo de preconceito em Alma?, onde a jovem Alexia Tarabotti é mal vista por também ter esse tipo de ascendência. Ou seja, ingleses e franceses de meados do século 19 tinham muito preconceito com pessoas de sangue “latino”. Sério Pessoas, vamos combinar que esse pessoal não tinha muito parâmetro. :P
Isso para dizer que não, eu não conseguia imaginar Lorde Dain como o cão chupando manga. Eu já vi homens italianos extremamente bonitos, com narizes “grandes” e tudo. Acho que tinha mais a ver com baixa autoestima de Sebastian, por causa do estrago que seus pais fizeram, e inveja de seus amigos… Ben Barnes pode até não ser um exemplo de “italiano” e ainda ter cara de “menininho”, mas foi minha escolha para Lorde Dain, olha porquê. Suspirem comigo.
Fechando o parenteses aqui! :P
Além de um “mocinho” probleminhas e cafajeste adorável, Loretta Chase também caprichou na construção de sua heroína. As personagens criadas por Lisa Kleypas costumam ser independentes e autossuficientes, mas na hora H, quando elas encontram o seu par, as coisas costumam dar uma escorregada e elas viram as mocinhas sofredoras, coitadas, me salva, etc. Isso não acontece com Jessica.
Jessica é realmente uma mulher independente. Ela quer ter a própria loja para vender antiquidades (ela tem um bom olho para identificar um produto e revendê-lo). Ela ajudou a criar 10 irmãos/primos/sobrinhos e meio que está conformada com sua solteirice. Não que ela realmente queira estar sozinha, mas já que está, né, fazer o quê?! Jessica é extremamente inteligente, sarcástica e tem sempre uma ótima resposta para qualquer gracinha. E “apesar” de virgem, ela sabe exatamente identificar seu interesse e desejo quando ele “aparece”.
Lorde Dain e Jessica “sofrem” do tipo de interesse romântico de amor e ódio, e por mais que seja clichê, o desenvolvimento dos personagens e do relacionamento deles é MUITO interessante. Os dois precisam ser amados, mas são muito orgulhosos para ceder. Ainda bem que as maquinações de ambos acabam auxiliando para que fiquem juntos. E juntos é uma explosão de sensualidade, desejo e cenas muito bem descritas de relação entre os dois.
Jessica consegue enxergar por trás das atitudes e ações bizarras e aparentemente agressivas e grosseiras de Lorde Dain. Ela vê o jovem que foi abandonado pelos pais e que quer somente ser amado. Enquanto Sebastian encontra uma “rival” à sua altura em Jessica em praticamente tudo, e ele custa a entender e acreditar que esta mulher pode estar realmente apaixonada e desejá-lo como um homem e não um Lorde.
Gostei muito de todo o desenvolvimento da história. Os momentos de clímax para criar a tensão da história sempre foram resolvidos de forma muito interessante e não como uma desculpa para tentar separar o casal. Jessica não é uma sofredora mimimi e ela se coloca à frente das situações mais estressantes e perigosas se for para proteger e salvar aqueles que ama ou por quem se preocupa.
Definitivamente um dos melhores casais de livros do gênero que li e uma das melhores histórias. Realmente mereceu o prêmio que ganhou e todo o fandom que é apaixonado pelo livro. Se você nunca leu nada do gênero e quer conhecer e começar por um bom romance de época, se abraça com a Loretta e seja feliz.
Até a próxima!
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1 comentário
Dos históricos da Arqueiro, só li os 4 primeiros da série Os Bridgertons da autora Julia Quinn. Outro livro que mostra esse preconceito com descendente de italianos é Muito mais que uma princesa, com o mesmo segmento [romance histórico picante]. Enfim, tenho esse livro no app Kindle, mas estou esperando meu Kindle chegar para ler mesmo.
Eu particularmente não tenho preconceito com etnias, mas considerando a época do livro, é super normal que a sociedade exclua algumas pessoas por causa de seus traços e origens. E não cheguei a entender seu incômodo por causa do título, achei tão discretinho. Toda relação de amorxódio é uma delícia de ler e acompanhar!!