a viajante do tempo
saída de emergência
série outlander #1
800 páginas | 2014
Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743, numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros.
Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?
Design
Provavelmente vou ser bem bbk nesta avaliação de design. Mais do que nunca vou trabalhar toda a minha expectativa em relação a capa de livros de fantasia. Sou dessas que gosta só de duas opções para esse gênero de livro: ou ilustrações absurdamente ES-TU-PEN-DAS ou capas “de arte adultas”.
Deixa eu dar dois exemplos para vocês visualizarem o que eu quero dizer.
capa de “arte” e “adulta” de Harry Potter and the Deathly Hallows – J.K. Rownling
capa de “arte” e “adulta” de The Fires of Heaven – Robert Jordan
Selecionei a nova capa ilustrada desenvolvida pela Scholastic para a série Harry Potter e sua versão “adulta”, e também a nova arte para os livros da série A Roda do Tempo do Robert Jordan e sua contraparte. Agora, se vocês olharem para a arte desenvolvida para A Viajante do Tempo vão perceber que ela não se encaixa em nenhuma das duas opções.
Apesar de arte representar um momento no início da jornada de Claire, na minha opinião, o resultado não chega aos pés de ilustrações como as que eu coloquei aqui de exemplo. Não precisa nem ir muito longe. As artes que Marc Simonetti faz para as capas brasileiras da série As Crônicas de Gelo e Fogo (e basicamente qualquer livro que tenha George R.R. Martin na capa) são desbundantes.
Então, sim, eu fiquei bastante decepcionada com esta e as outras capas que estão sendo desenvolvidas para a série Outlander. O que é uma pena, porque uma capa bem construída e, principalmente, bonita ia ajudar muito a chamar a atenção nas livrarias. O mais surpreendente é que para a série A Saga do Mago foram desenvolvidas capas ilustradas que se encaixam perfeitamente na linha ES-TU-PEN-DAS. Porque não dar o mesmo carinho para os livros da Diana Gabaldon? =/
De resto, o miolo é o mesmo básico que a Saída de Emergência usa para seus livros até o momento, sem muita “firula”, objetivo e funcional, que já comentei em outras resenhas da editora.
História
Terminar Outlander foi praticamente um desafio. Meu relacionamento com a história girava em torno de amor e tédio. Amor porque Jamie é perfeito, mesmo em seus momentos de extrema violência “machista”, e tédio porque, convenhamos, são 800 páginas. Deixem-me frisar isso para vocês: OITOCENTAS PÁGINAS.
Não me entendam mal, a história de Claire e Jamie é bonita, relativamente sensual (chego nisso daqui a pouco), mas em muitos momentos é tão cansativa, e demora tanto para acontecer alguma coisa para mexer com o curso da narrativa… #méh
Claire Randall (27) é uma enfermeira que voltou a encontrar o marido após o fim da Segunda Guerra Mundial, e os dois estão tentando reavivar o amor e a paixão depois de tantos anos de separação e terror. Numa viagem às terras altas em Inverness, onde passaram a lua de mel, eles visitam um círculo de pedras druidas e presenciam um grupo de mulheres reverenciando o nascer do sol. Mais tarde Claire volta sozinha até o lugar das pedras, acaba sentindo um “chamado” emanado pelo monólito principal, e é sugada através do tempo, para 200 anos antes de sua época, durante a guerra entre a Inglaterra e a Escócia.
No passado (agora presente de Claire), nossa heroína, que é também a narradora da história, passa a fazer de tudo para se convencer de que o que está acontecendo não é um sonho, e percebe que seus conhecimentos médicos podem ser sua salvação. O jovem Jaime MacTavish/Fraser (23) junto com outros homens do clã MacKenzie levam Claire para um castelo, enquanto fogem de soldados ingleses. Um deles, Black Jack Randall (maluco, maníaco, sádico e tudo de ruim), inclusive é um ancestral do marido da jovem.
A partir do momento que Claire entra nos domínios dos MacKenzie, ela passa a dividir seu tempo em se integrar à comunidade e tentar descobrir uma forma de retornar à sua própria época. Só que o convívio com uma sociedade tão “atrasada” e a tranquilidade que encontra acabam seduzindo a moça e muitos dos seus conflitos sobre voltar ficam em segundo plano. Afinal, ela tem Jamie para “atrapalhar” suas intenções.
Tive um pouco de amor/ódio por Claire. A personagem é daquelas que insistem em fazer tudo “errado” e ir contra o que se espera dela, e assim coloca todos os outros em perigo ou em situações complexas. Além disso, apesar de ser a narradora da história, quase não sabemos muito sobre ela mesma. Quando Claire passa a se relacionar com Jamie o foco é muito maior em descobrir o passado do rapaz do que realmente falar sobre ela.
Jamie é de longe o melhor personagem do livro, mesmo a gente só tendo a visão de Claire do personagem. Apesar de ser fruto de uma sociedade mais “atrasada”, o jovem é extremamente aberto e moderno, inteligente e engraçado, heroico e dramático, machista/grosseiro e dedicado/amoroso. Não sei se existe de verdade algum homem que seja como Jamie, ou se ele é só uma fantasia de perfeição criada por Gabaldon mas, com certeza, é um dos personagens masculinos que me fez suspirar e que vai ser lembrado no futuro.
Coisas que me chamaram a atenção durante a leitura são a quantidade de personagens, de capítulos e partes do livro. Diana Gabaldon vai tecendo uma história que envolve situações históricas, com muitos personagens fictícios, que volta e meia me confundiam mais do que acrescentavam para o desenvolvimento. Muitas vezes, quando uma parte terminava eu ficava me perguntando se não teria sido melhor dividir em mais livros para a leitura ser menos cansativa.
Minha sensação sempre era “Ai, finalmente acabou essa parte”, aí virava a página e começava tudo outra vez… Muitas vezes com um começo chato, como se tivesse que inserir mais um assunto na história para fazer com que ela se movimentasse. E foi preciso muita “suspensão de descrença” para simplesmente aceitar que Clarie passa quase 1 ano no passado e que nada mudou no futuro, que suas ações não podem ter acarretado inclusive uma mudança em seu próprio nascimento… Sempre acho complicado essas histórias que mexem com viagem no tempo.
Tem também a questão histórica do livro. Não conheço (ou não lembro) de nada da história do Reino Unido/Escócia do século 18, e muito pouco também de como era a sociedade tanto dessa época quanto do pós-Segunda Guerra. Então, para mim, algumas situações ficaram com um quê muito “contemporâneo” e não refletiam bem o que eu esperaria para o passado. Vide o tipo de relacionamento (sexual) que Claire tinha com o marido em 1945 e até mesmo com Jamie em 1750… Sempre pensei que as mulheres de ambas as épocas não tinham liberdades sexuais e eram bastante submissas, mas a autora retrata Claire como altamente consciente do próprio corpo e desejos.
Sobre isso, quando Diana começa o livro e até uns bons 2/4 da história, suas descrições das cenas de sexo de Claire ou com seu marido, Frank em 1945, ou com Jamie, são bastante superficiais e até difíceis de imaginar ou entender. Mais para frente parece que ela dá uma esquentada na história, ou decide ser mais ousada, e seu estilo muda para situações mais descritivas e interessantes.
O livro não é para jovens. Não só pelo quesito sexual, mas também pelos assuntos que são abordados. Claire passa algum tempo se questionando se está ou não traindo um marido que ainda não nasceu. Existe toda uma questão de estupros, espancamentos, abuso sexual, tortura (inclusive sexual), jogos políticos… Apesar da narrativa parecer leve e agradável de ler, os assuntos não são tão palatáveis em uma segunda análise.
Não me entendam mal, eu gostei da história, o desenvolvimento do romance de Claire e Jamie é bem envolvente e delicioso, mas saber que a série continua com o mesmo volume de páginas em cada um dos próximos sete livros é um pouco aterrorizante, principalmente porque, para mim, só o Jamie sozinho não foi o suficiente para me envolver e me interessar pelos seguintes. Mas não descarto a ideia de experimentar o segundo livro para descobrir o que acontece com o casal.
Agora, todo mundo sabe que o canal Starz (lá fora) está produzindo a série Outlander, e vou dizer para vocês que fica MUITO MAIS PALATÁVEL acompanhar a história de amor entre Claire e Jaime na telinha. Principalmente por causa de Sam Heughan. Tem fotinhos dele espalhadas pelo post, você vão entender o porquê. :P
Até a próxima! o/
Descubra mais sobre Parafraseando Livros
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
Nenhum comentário