ordem
intrínseca
série silo #2
512 páginas | 2015
E se a sobrevivência dos seres humanos dependesse do deslocamento de milhares de cidadãos para uma enorme cidade subterrânea, com gigantescas telas de TV transmitindo imagens desoladoras do mundo do lado de fora e ninguém fosse autorizado a sair?
Esse é a história de Silo, a série escrita por Hugh Howey que desbancou Guerra dos Tronos na lista de livros de ficção científica mais vendidos na Amazon. No primeiro livro da série, a heroína era Juliette, uma mecânica nascida nos subterrâneos. A narrativa de Ordem, que alterna passado e presente, começa em um período anterior ao descrito em Silo, explicando como o mundo de Juliette foi transformado. São apresentados ao leitor um portador do século XXIII; um senador da Geórgia num futuro próximo; um garoto abandonado, cuja história termina quando a de Juliette começa, e Troy, que acorda em 2110 sem saber quem é.
Em Ordem, os personagens escapam da morte ao serem congelados em cápsulas criogênicas, sendo acordados de tempos em tempos para tomar remédios, realizarem alguns trabalhos alienantes e depois dormir outra vez. O livro volta no tempo, ao ano de 2049, revelando as decisões tomadas por alguns poucos poderosos, responsáveis por bilhões de mortes que deixarão a humanidade em vias de extinção.
Hugh Howey apresenta aos leitores um mundo pós-apocalíptico, com os poucos seres humanos restantes sobrevivendo à atmosfera tóxica do planeta Terra em um silo subterrâneo.
A narrativa torna-se claustrofóbica e contrita à medida que a humanidade é forçada a viver no silo e a tomar medicamentos que a fazem esquecer a destruição infligida aos amigos e parentes. Ao contar uma história que se passa em um futuro bem próximo, Howey cria um apocalipse totalmente convincente e, à medida que revela as camadas de seu mundo distópico, pavimentando o caminho para a sequência da série, “Legado”.
Design
A nota continua a mesma do volume anterior, assim como muitas das minhas observações que fiz por lá. Continuo sentindo falta da marcação de número de volume, que também não aparece em Ordem.
Só quero abrir um espaço para falar da arte da capa. Se no primeiro tínhamos a questão de fogo, areia, destruição, aqui vamos para um pegada completamente diferente e, ainda assim, totalmente relacionada com a história. Um dos motes principais é a criogenia, o congelamento de pessoas que ficam responsáveis pelo Silo 1. Nada mais correto do que envolver a arte da capa nesse tema e fazer uma textura que lembra superfícies congeladas, aqueles lagos com crostas de gelo.
Ainda existe a aplicação do soft touch e, abusando um pouco da imaginação, a gente ainda consegue achar que ele está protegendo nossos dedinhos de todo esse gelo da capa. ^.^
História
Juro que vou tentar fazer um resenha sem spoilers, mas se você não leu Silo, talvez seja melhor conferir o primeiro volume e depois voltar aqui. Fica o aviso. ^.~
Queria dizer que Ordem foi tão mind blowing e envolvente quanto Silo. Felizmente, ele não caiu na “maldição do segundo livro”, que costuma atacar muitos autores por aí. Mas, apesar de a história ter sido satisfatória em sua alternância entre tensão e respostas às perguntas, em comparação com seu antecessor ele é um livro bem mais lento e até mais confuso.
Ordem é quase como um prequel, o que aconteceu antes de tudo o que lemos em Silo, o que causou esse futuro onde Juliette e companhia sofreram tanto no Silo 18. Mas toda a definição de o que é o Legado, o que são os turnos, as idas e vindas no tempo… deixa o leitor um pouco perdido.
Estamos em 2049 e Donald foi eleito deputado. O senador Thurman, responsável pela campanha vitoriosa de Donald, convida o jovem arquiteto para um projeto, onde ele deverá ajudar uma ex-namorada e filha do senador, a continuar a criação de bunkers para receber funcionários do governo em caso de alguma catástrofe. Acontece que esse projeto é secreto e Donald precisa se dedicar completamente ao seu desenvolvimento. Só que a tensão gerada e os segredos envolvidos começam a mexer com os nervos de arquiteto.
Em 2110 Troy é descongelado no Silo 1 em seu primeiro turno e descobre que foi promovido para um cargo que não esperava e não estava preparado. Ele acaba sendo o administrador principal do Silo e tem que ajudar a decidir o que vai acontecer com o Silo 12, que passa por um momento de tensão. Só que Troy acredita que algo está errado com suas memórias, que alguma coisa está faltando, e que provavelmente ele não é quem ele pensa que seja.
Durante toda a primeira parte do livro alternamos entre a história de Donald e a construção do silo no passado, e a de Troy já no Silo 1 com o mundo destruído no futuro.
As coisas que acontecem no passado normalmente complementam as do futuro, mas são meio lentas e não acrescentam informações ou ganchos super-empolgantes de um capítulo para outro. Aquela ânsia de “preciso ler o próximo capítulo” que muitas vezes aconteceram durante a leitura de Silo não ocorrem em Ordem. Assim, a história é um pouco tensa porque não se sabe o que vai acontecer de um salto temporal para o outro, mas Donald não era um personagem tão envolvente ou instigante quanto Juliette, por exemplo, para segurar sozinho a empolgação do leitor.
Com o passar das páginas, começam a ser inseridas marcações gráficas para ajudar o leitor a montar uma linha do tempo, desde o começo, quando aconteceram os fatos para a destruição do mundo, até se aproximar da linha temporal de Juliette.
Na segunda parte acompanhamos a história de Solo, que também aparece em Silo, e seus capítulos também são outro momento mais lento. Solo é um personagem solitário e isso faz com que tenha uma certa flutuação e instabilidade emocional. Então, apesar de trazer momentos tensos para a história, com a história dos acontecimentos de seu Silo e toda a questão de sua sobrevivência, o personagem demora para se desenvolver e eu me pegava querendo passar por seus capítulos mais rápido para ver a movimentação dos outros núcleos.
Em dado momento a história alcança o tempo de Silo, e algumas peças do quebra-cabeça do primeiro livro começam a fazer mais sentido e a complementar a história de Donald, Troy, Solo e Juliette.
Eu continuo gostando da série criada por Hugh Howey, mas algumas coisas ainda não ficam muito claras durante a história em Ordem. Não sei se o motivo da destruição do mundo foi desenvolvido o suficiente, ou de uma forma que me convencesse ou satisfizesse. Nos momentos em que a história se alinhava com o que eu já sabia por causa de Silo ela ganhava mais corpo e velocidade. Mas acho que o problema em Ordem foram os personagens que não conseguiram me conquistar como Juliette conseguiu. Mesmo com uma história bem construída, tensa e num crescendo, como os personagens não eram tão envolventes não teve o peso ou o valor de quando li o primeiro volume.
Espero que o final seja bizarramente alucinado e brilhante. Porque todo o mundo que o autor construiu e os personagens que desenvolveu merecem um final absurdamente bom.
Outras resenhas da série
Até a próxima! o/
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