resenha

True – Erin McCarthy

2 mar 2015
Informações

true

erin mccarthy

verus

série true believers #1

266 páginas | 2015

3.5

Design 3.5

História 3.5

Quando as colegas de quarto de Rory descobrem que a tímida e estudiosa garota nunca passou uma noite com um homem, decidem que vão ajudá-la a perder a virgindade contratando o confiante e tatuado Tyler para fazer o serviço, porém sem o conhecimento dela. Tyler sabe que não é bom o bastante para Rory. Ela é brilhante, enquanto ele está lutando para se formar na faculdade e conseguir um emprego, para, então, poder tirar seus irmãos mais novos da mãe drogada. Mas ele acaba aceitando a proposta, pelo menos como uma oportunidade de conhecer Rory melhor. Há algo nela que o intriga e o faz querer ficar por perto — mesmo sabendo que não deveria.

Divididos entre o bom senso e o desejo, os dois se veem envolvidos em uma relação apaixonada. Mas, quando a família desajustada de Tyler ameaça destruir seu futuro — assim como o dela —, Rory precisa decidir se vai cortar os laços com o perigoso mundo do namorado ou se vai seguir seu coração, não importa o preço a pagar.

Design

Gostei muito da capa brasileira de True, mesmo ela não sendo realmente original. Se você for no Goodreads, vai ver que a nossa é uma adaptação da versão Alemã, e ok, vamos combinar, que ficou bem mais interessante visualmente do que a “original”. O trabalho feito na imagem, dando um aspecto meio “grunge” com os efeitos aplicados, uma certa “sujeira” visual, deu um colorido e um interesse a mais para a capa. Além disso, o “selo” usado como base de cor para o título e informações sobre a autora também ficou muito mais integrado com a arte, porque também tem uns detalhes de desconstrução, como se a tinta do pincel estivesse acabando/secando.

A mistura de fonte sans-serif em CAIXA ALTA para o nome da autora, com uma fonte mais cursiva e caligráfica para o título cria um conjunto bem elegante e bonito que me agrada muito. Principalmente pela escolha cromática extremamente feminina. Gosto também da atualização que fizeram para a logo do selo Verus, que também ganhou certo movimento e um quê feminino. O que mata para mim é o bloco de texto ocupando toda a parte que sobra da área de titulagem da capa. Não, né? Vamos colocar essas massas tipográficas na quarta-capa, por favor.

Uma coisa que True fica me devendo, e por isso a nota não tão alta para o projeto como um todo, é o miolo. Se eu “reclamo” do miolo funcional que a Arqueiro costuma colocar em praticamente todos os seus livros, a “reclamação” também vale para os projetos gráficos do grupo Record em geral. True não vai longe e também tem o mesmo padrão: fontes grandes para o tamanho de página, um miolo bem centralizado e com margens adequadas mas sem nenhum trabalho gráfico marcante, e uma coisa que me incomoda bastante, uma certa inconstância na cor da tinta das páginas. Não sei se é problema do maquinário do parque gráfico, mas as folhas sempre vem com algumas letras manchadas ou carregadas, enquanto em outras páginas a tinta fica quase falhada.

Uma pena, porque eu gostaria de ter dado uma nota final melhor, porque gostei muito do resultado da capa.


História

Terminei de ler True achando que não era o mesmo livro que comecei. Porque eu comecei uma história com uma personagem leve e sarcástica e terminei com um drama gigante e o mundo pesando nas costas.

Tudo bem, é um New Adult e esse gênero de livro tem a tendência a carregar no drama. Mas o início de Rory, mostrando que era uma jovem de 20 anos, extremamente lógica e racional, que diferente de muitas mocinhas, ama matemática e tem dificuldade com literatura, prometia um desenvolvimento um pouco diferente do que o que acompanhei. Ela tem uma voz levemente engraçada e de certa forma conformada que sim, ela tem dificuldade de interagir com outras pessoas, e até se surpreende por dividir o quarto e ser amiga de duas “Barbies”.

A visão de Rory dos outros personagens, principalmente os homens, é bem estruturada e meio racional/realista, vindo de uma experiência própria de que ela nunca seria o objeto de interesse do público masculino. O problema foi suas amigas descobrirem que ela ainda é virgem. Elas e o bad boy Tyler.

Tyler é o “clichê” do bad boy. Tatuagens, bebedeiras, pegador e fumante. Acho que foi essa última característica que me fez não curtir muito o personagem. Tudo bem que as pessoas fumam, mas sei lá, eu tenho uma aversão muito grande a esse vício e minha tendência natural é não gostar muito de pessoas com essa… característica. Mas ele, além disso, é o “gênio” que se esconde por trás de uma fachada de “macho babaca”.

tumblr_m6d7u9o2961r6tjopo1_500Só uma desculpa para colocar um gif do Ian Somerhalder <3

Depois que Tyler salva Rory de um possível estupro, eles começam a se relacionar mais ativamente do que simplesmente dividirem oxigênio num mesmo espaço físico. E a dinâmica dos dois é muito legal, eles são sarcásticos e inteligentes juntos, e Rory não tem a tendência de fantasiar muito as coisas, ela é bem prática na maior parte das vezes. Então não espere que a jovem fique suspirando por possibilidades com o bad boy.

Só que como toda mulher do mundo, ela fica insegura com a atenção de Tyler, principalmente quando descobre o esquema de suas amigas. Nesse momento a história tinha tudo para cair no clichê de vários romances de escola americano, do patinho feio se apaixonando pelo rei do “prom”, mas a personalidade de Rory salva bastante aqui.

Pena que a partir do momento que Tyler inclui sua família na equação do seu relacionamento com Rory a história fique tão pesada. Acho que eu preferia que o rapaz não tivesse um peso tão grande para carregar praticamente sozinho. Um peso que acaba abraçando Rory também.

É bom ver que o desenvolvimento do relacionamento dos dois é constante e fortalecedor, mas por causa da carga dramática, o livro acaba se encaminhando para o clichê de todo romance da “princesa” com o bad boy: “você merece coisa melhor do que eu”. E aqui eu achei que Erin McCarthy deixou a história se perder um pouco da força inicial que ela tinha dado para sua personagem.

Ou então eu que não estava no clima para ver um romance leve virar um drama pesado. Acho que eu queria as piadinhas, as tiradas, as questões de insegurança do casal, a descoberta da primeira vez e o crescimento do relacionamento. Acho que eu não fazia questão do clímax da história do jeito que foi conduzido, que transformou expectativas em previsibilidade.

Uma pena porque Rory estava conseguindo quebrar vários paradigmas de “mocinha virgem”. Queria que o resultado final do livro tivesse conseguido me agradar de uma forma menos dramática.

Apesar de não ter gostado tanto quanto queria, o estilo narrativo da autora é muito bom e extremamente envolvente. Para vocês entenderem o “poder” que ela teve, comecei a ler o livro numa sexta à noite, voltando do trabalho, e fiquei até umas 2h da manhã lendo. Depois no sábado de manhã terminei a metade do livro que ficou faltando. Por causa dessa qualidade da autora que quero continuar acompanhando a série. Vai que nos próximos, os casais seguintes não sejam tão sofridos quanto Rory e Tyler.


Até a próxima! o/

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