resenha

Perdido em Marte – Andy Weir

5 mar 2015
Informações

perdido em marte

andy weir

arqueiro

série ---

336 páginas | 2014

4

Design 3.5

História 4.5

Há seis dias, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte. E, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho.

Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente.

Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. E, mesmo que conseguisse se comunicar, seus mantimentos terminariam anos antes da chegada de um possível resgate.

Ainda assim, Mark não está disposto a desistir. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico – e um senso de humor inabalável –, ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência.

Para isso, será o primeiro homem a plantar batatas em Marte e, usando uma genial mistura de cálculos e fita adesiva, vai elaborar um plano para entrar em contato com a Nasa e, quem sabe, sair vivo de lá.

Com um forte embasamento científico real e moderno, Perdido em Marte é um suspense memorável e divertido, impulsionado por uma trama que não para de surpreender o leitor.

design

Ê, lêlê, que agora o soft touch chegou com tudo para ficar em praticamente 1 a cada 3 livros que eu vejo (dados chutados arbitrariamente por mim XD). Mas aqui em Perdido em Marte, fora o fato de ele ficar repleto das minhas digitais gordurentas, eu gosto MUITO da sensação do acabamento misturado com a expectativa de um ambiente repleto de areia. Sabem aquelas praias que tem areias que parece farinha de trigo, deliciosamente macia e tudo de bom? É o efeito sinestésico da capa. Eu vejo e sinto a areia nas mãos. Muito maneiro!

E esse astronauta em uma posição de queda, da iminência do FERROU GRANDÃO, da solidão em um ambiente inóspito, com as mãos refletidas em um capacete, que não reflete mais nada além do vazio e do sol! Mesmo não sendo uma capa original da Arqueiro, CARACA, é uma capa muito fo~maneira, e eles terem decido manter a arte usada lá fora, putz! A fonte branca em uma fonte sens-serif em CAIXA ALTA gritando modernidade e tecnologia nas arestas agudas. TÁ DE PARABÉNS. Podia não ter colocado a frase de efeito na capa? Podiiia. Mas eu juro que perdoo. Só dessa vez.

Meu único porém foi a quarta-capa que teve uma quebra muito grande com todo a atmosfera criada pela imagem da capa. Eu queria ver a continuação da tempestade de areia atacando na quarta-capa, ao mesmo tempo que o foco preto do rodapé da imagem ganhasse mais presença, mas não toda a área do texto. Tudo bem, eu entendi que não ia dar para ler toda a massa de texto com fonte branca sobre um fundo laranja. Mas também, precisa de uma sinopse de seis parágrafos? Tem tanto livro por aí que se colocar uma frase já é muito…

O miolo é um pouco daqueles que já vemos normalmente em vários livros da Arqueiro, mas teve um trabalho para criar as entradas visuais dos dias no “diário de bordo” de Mark. Mas fora isso, continua sendo o miolo correto e padrão que a editora usa. Vale o comentário que no começo tem um mapa da área de Marte onde o personagem principal está perdido, e eu usei bastante como referência ao longo da leitura. Fez toda a diferença saber visualmente em que buraco Mark estava se enfiando naquele dia. E eu estou falando muito sério.


História

Sou muito fã de Sci-Fi. Pode até não parecer porque vocês não veem praticamente nenhuma resenha do gênero aqui no blog. Mas a verdade é que eu não tenho tanto acesso (porque costumam ser caros e eu acabo não comprando) a livros de Sci-Fi quanto eu gostaria, então eu leio mais fantasia.

Perdido em Marte foi um achado e uma experiência maravilhosa de um Sci-Fi relativamente contemporâneo/de um futuro próximo. Viagens à Marte já são alardeadas em nossa realidade, pessoas querendo se inscrever para serem os primeiros colonizadores do planeta vermelho, mesmo que hoje em dia não tenhamos tecnologia para trazê-los de volta. Na ficção de Andy Weir, os astronautas já foram e voltaram algumas vezes de Marte, e a missão de Mark Watney é a terceira a pousar por lá.

Mark é o botânico e engenheiro da equipe de seis astronautas que foram enviados para a missão. Detalhe que ele é “multiuso”, por ter mais de uma formação, o que na verdade é uma regra para todos os outros membros da equipe. Depois de alguns dias no planeta vermelho, eles têm o azar de serem pegos em uma tempestade de areia não prevista pelo pessoal aqui da Terra. Mark tem ainda mais azar ao ser atingido por uma antena desgarrada do módulo de habitação e ser dado como morto por seus companheiros, e assim deixado em Marte.

Só que Mark tem tudo o que precisa para conseguir sobreviver sozinho. Colocou todas as fichas dele em “engenharia” e “botânica”, além de gastar uns pontinhos em carisma, quando montou sua ficha de personagem. E se não fossem esses pontos de carisma, acompanhar a história de como ele conseguiu ficar todos os 4xx dias em Marte ia ser SUPER chato. Porque, assim, você sabe tudo sobre motores iônicos, quebra de moléculas de oxigênio e atmosferas planetárias? Eu também não. Então você precisa de uma suspensão de descrença muito grande para aceitar as coisas que Mark explica ao longo da sua saga. E ele explica muita coisa.

Não que eu realmente prestasse atenção ou guardasse as informações. Minutos/luz, oxigenador, aquecedor nuclear de urânio, transmissão por ondas, pouca atmosfera, descobrir a direção de uma tempestade de areia? Nem me pergunte. Mas acompanhar as piadinhas e brincadeiras que Mark faz em seu “diário estelar” foi extremamente divertido.

O livro só se sustenta porque, por mais estressantes e arriscadas que fossem as situações que Mark se metia ou tinha que enfrentar ao longo dos dias, era sua personalidade carismática e cativante que mantinha a história em movimento e sem se tornar cansativa. Fico pensando como seria se todas as informações fossem passadas ao estilo do professor de Ferris Bueller (de Curtindo a Vida Adoidado, ah minha infância e a Sessão da Tarde), ou se o livro fosse tão pesado quanto O Náufrago, com o Tom Hanks. Ia deixar de ser uma história de “aventura” interessante e instigante, para ser um simples relato opressivo e claustrofóbico, pontilhado de informações científicas sem nenhuma atratividade.

Bueller - Curtindo a Vida Adoidado

O centro de comando aqui na Terra também é muito divertido. Os personagens de apoio possuem personalidades engraçadas e tiradas que fazem você sorrir enquanto as páginas passam, mas as gargalhadas são todas “culpa” de Mark.

Fiquei imaginando durante a leitura por que a NASA investiria tanto capital humano e monetário em um esforço para resgatar uma pessoa só. Só que, provavelmente, o valor de conhecimento que Mark adquiriu durante sua estadia solitária em Marte, seria muito mais inestimável do que meros BILHÕES de dólares. Além de que, toda a comoção gerada no planeta, envolvendo não só os americanos, mas também a equipe de Mark que estava na nave voltando para Terra, se sentem parte da luta junto do carinha para voltar para casa.

Me diverti durante a leitura, fiquei tentando imaginar qual situação o autor inventaria para atrapalhar os progressos de Mark. Porque parecia que Murphy (aquele da lei) estava trabalhando a todo vapor para criar as situações mais tensas possíveis durante a história. Era como se tudo o que poderia dar errado, acabava de um jeito ou de outro, definindo um novo desafio para nosso astronauta solitário. E não era qualquer coisa simples, porque no caso de Mark, qualquer erro significava O fim.

Uma das melhores leituras de 2014, recomendo muito para você que curte aventuras, comédia e até um pouco de tensão. Fica devendo no quesito romance, mas nem sempre na vida as coisas se resolvem com beijos e abraços, não é? ^.^


Até a próxima! o/

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1 comentário

  • Responder Gabi 23 abr 2015 at 09:43

    Que máximo! Tenho curiosidade em ler ja faz décadas mas tinha receio se a historia seria parada ou não. Com a sua resenha, fiquei com muita vontade. Já mudei de ideia. Vou adiciona-lo na lista.
    Obs.: Essa capa eh super legal!

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