o código do caçador de recompensa
bertrand brasil
série ---
148 páginas | 2015
O livro, organizado por Boba Fett, o lendário caçador de recompensa, funciona como um guia a respeito das ferramentas e das técnicas essenciais a todos os caçadores de recompensa. O leitor obterá os conceitos básicos sobre como ganhar a vida à margem da lei galáctica.
A obra segue o mesmo estilo dos títulos anteriores da série: O caminho Jedi e Livro dos Sith.
Design & História
Essa vai ser uma resenha um pouco diferente porque não vou separar o design da história já que aqui, para mim, os dois meio que se misturaram.
Sempre me considerei relativamente nerd, muito antes de a palavra ganhar essa glorificação e espaço relativamente positivo que tem hoje em dia. Mas minha vida com Star Wars é bastante recente.
Não que eu não soubesse o que era a “Guerra nas Estrelas”, mas se eu contar que a primeira vez que vi (conscientemente) Star Wars: Uma Nova Esperança, que é o quarto mas foi o primeiro, foi em 2010, durante o curso de estrutura literária do Eduardo Spohr, vocês acreditam? Engraçado que, mesmo não tendo a vivência da série original, eu fui ao cinema ver os três primeiros/novos capítulos lançados a partir de 1999.
Como eu não era uma fã ardorosa/xiita, foi uma experiência que eu curti muito na época, apesar de uns diálogos bizarros. Eu gostava das lutas, dos sabres de luz (joaaaaunnnn), da mitologia dos jedis, desse lance de existirem várias culturas extraterrestres que conviviam e coexistiam em relativa harmonia no universo. Como a história de Star Wars não deixa de ser uma fantasia no espaço, a space opera, ela me agrada como mitologia, como “mundinho”. Mas os filmes, principalmente os mais antigos, são um pouco vergonha alheia e transformam toda a magia da ficção em situações meio galhofentas.
joaaunnnn joaaunnnn joaaunnnn joaaunnnn
Muito provavelmente é minha visão de adulta. Talvez se eu tivesse consumido na época em que os filmes originais foram lançados, durante minha infância, eu teria uma visão completamente diferente. Provavelmente colecionasse naves, actions figures da franquia e compraria o ovo de páscoa com caneca do Darth Vader. Já me disseram que o universo expandido, que é desenvolvido nos livros e contos, consegue melhorar, e muito, tanto o universo jedi quanto os personagens.
O que me traz a O Código do Caçador de Recompensa. Este é o terceiro livro da franquia Star Wars lançado pela Bertrand Brasil, os anteriores foram O Caminho Jedi e O Livro dos Sith. Se vocês já viram algum dos dois nas livrarias, mesmo não sendo fã de Star Wars assim como eu, deve ter ficado encantado com o projeto gráfico. Minha expectativa com O Código era meio que ambientação, principalmente porque no caso dos “Bounty Hunters”, eu nunca entendi qual era o fascínio que Boba Fett exercia nos fãs, já que ele praticamente não fala. Como eu não vi direito os filmes, não tenho como realmente saber. Por isso, peguei o livro.
Só que, assim, é um livro para fã, e não para um leigo que queira se divertir lendo. Ele é tipo um companion book, mas não tem as mesmas características dos gazilhões de anexos e apêndices que existem em O Senhor dos Anéis, por exemplo. Acho que eu esperava aqueles livros com fichas de personagens, e talvez alguns contos ou histórias de cada um. O Código é um compêndio de regras, história, armas, sugestões de caça, tudo descrito por personagens que fazem parte da Guilda dos Caçadores de Recompensas, e brilhantemente ilustrado ao longo das 148 páginas. Você encontra imagens em todas as páginas do livro, muito bonitas, extremamente realistas e com alto nível de complexidade.
Cada parte do Código é descrito por um personagem, e eles são ilustrados logo no começo do capítulo, dando rosto e presença para cada um. Mas os personagens que, ao longo da narrativa, interagem nas margens dos textos, não são realmente apresentados para o leitor. Aqui eu digo que você precisa ter um conhecimento prévio de quem são Jango e Boba Fett, Greedo, Bossk e Dengar, porque eles aparecem ao longo do livro, deixam comentários relativos ao texto do Código, mas se você não conhece a personalidade de cada um, ficam parecendo informações meio gratuitas.
Mais do que conhecer uma das “classes” de personagens de Star Wars, ter O Código foi meio que um impulso de colecionadora. De ter um livro extremamente bonito e bem acabado na estante. Que teve um carinho e cuidado na hora que foi adaptado e traduzido. Desde a escolha de um papel naturalmente amarelado, mais grosso e texturizado, onde foi aplicada uma camada de cor para escurecer/queimar as margens das folhas. A impressão impecável e um cuidado para que todas as imagens, que são coloridas, ficassem com tons equilibrados.
O cuidado na escolha de fontes do texto principal, que mistura uma serifada para o miolo, com uma slab-serif para as aberturas de assuntos, legendas e de ênfases; a utilização da fonte do título da capa, que no miolo aparece nas aberturas de capítulos. Além da escolha de fontes para dar identidade e personalidade para cada um dos comentários feitos por diferentes personagens ao longo do livro.
Só uma coisa me decepcionou no projeto do livro, e por isso não dei nota máxima para seu design. Minha expectativa para a capa era completamente diferente do que o livro me deu. Como é um código, um diário, um notebook, eu esperava uma estética muito mais de “moleskine maleável” do que um livro de capa dura. Ok que o hotstamping é elegante, mas do jeito que está, inclusive com a textura, me lembrou meus cadernos escolares lá dos anos 1980, além de livros infantis de contos de fadas que eu tinha na mesma época.
Acho que o que eu queria mesmo era uma capa com a maleabilidade igual a da imagem que eu coloco aqui embaixo. Esse é meu dicionário de japonês (nihongo no jisho), e ele tem uma capa “emborrachada” de um material que parece corino, cantos arredondados, mas ao mesmo tempo continua mantendo uma certa firmeza. Imagine que você é um Bounty Hunter, no meio do espaço solitário, como você faz para guardar um livro com uma capa dura e resistente?! O legal é que você possa praticamente enrolar o livro e colocar no seu bolso… XD
Se você é fã da saga Star Wars, você precisa ter os três volumes criados por Daniel Wallace. Também acho que é muito indicado para os jogadores de RPG de mesa, que querem criar uma campanha dentro do universo de George Lucas, uma vez que ajuda a ambientar e lista ações, regras, códigos de conduta, o tipo de informação que enriquece e permite desenvolver personagens mais complexos e tridimensionais.
Até a próxima! o/
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1 comentário
Star Wars sempre é mais interessante que Trek.