resenha

A Joia – Amy Ewing

17 mar 2015
Informações

a joia

amy ewing

fantasy

série a cidade solitária #1

352 páginas | 2015

0.75

Design 0

História 1.5

Joias significam riqueza, são sinônimo de encanto. A Joia é a própria realeza. Para garotas como Violet, no entanto, a Joia quer dizer uma vida de servidão. Violet nasceu e cresceu no Pântano, um dos cinco círculos da Cidade Solitária. Por ser fértil, Violet é especial, tendo sido separada de sua família ainda criança para ser treinada durante anos a fim de servir aos membros da realeza. Agora, aos dezesseis anos, ela finalmente partirá para a Joia, onde iniciará sua vida como substituta. Mas, aos poucos, Violet descobrirá a crueldade por trás de toda a beleza reluzente – e terá que lutar por sua própria sobrevivência. Quando uma improvável amizade oferece a Violet uma saída que ela jamais achou ser possível, ela irá se agarrar à esperança de uma vida melhor. Mas uma linda e intensa paixão pode colocar tudo em risco! Em seu livro de estreia, Amy Ewing cria uma rede de intrigas e reviravoltas na qual os ricos e poderosos estão mais envolvidos do que se possa imaginar, e onde o desejo por saber o destino de Violet manterá o leitor envolvido até a última página.

Design

Normalmente um livro digital não costuma ter avaliação de design aqui no blog. Isso não vai mudar em A Joia, mas preciso fazer um comentário sobre a capa da versão impressa que vi dia desses.

Fiquei um pouco decepcionada com ela. Em tempos de soft touches, hot stampings, e brilhos furtacor, levando em consideração a beleza e força da imagem da capa eu, no mínimo, esperava uma capa metalizada, no estilo da série Bloodlines ou de Delírio da Lauren Oliver.

Foi bem frustrante ver que a capa tem uma “simples” laminação para proteger a arte. =/ Nem um hot stamping no título A Joia mereceu, quando eu queria que alguma coisa na arte final realmente brilhasse como uma joia. Pena. u.u


História

Meldez que livro RUIM! <facepalm> Eu sei que não costumo ter reações muito acaloradas ou enérgicas em minhas resenhas. Às vezes quando acho um livro muito bom tenho a tendência a querer gesticular, e sei lá, acho que passo essa sensação para o texto. Mas acho que é a primeira vez que termino um livro e fico com uma vontade de querer “xingar muito no twitter”. Então, sim, esta provavelmente vai ser uma resenha insana e raivosa. :P

Jim Carey typing

Acho que a “raiva” foi porque me senti roubada. Li as 352 páginas de A Joia esperando e desejando pelo momento em que a história ia engrenar, ficar interessante, ter aquele plot twist boladão! Só que não acontece! NUNCA! E agora, quem me devolve o tempo investido?! QUEM?!

As coisas que são realmente interessantes na história não tem a mínima relevância para a autora. Por que as pessoas da Cidade Solitária estão dentro desse lugar fortificado por muralhas, que impedem que o mar revolto inunde os diversos círculos? Por que as mulheres da realeza perderam a capacidade de gerar filhos saudáveis naturalmente? Por que as meninas do Pântano passaram a desenvolver os Presságios? Por que o livro gira em torno só de mulheres e nenhuma delas é interessante o suficiente para realmente segurar a história?!

Violet é uma das piores personagens com quem já cruzei. Ela é sem graça, não gera empatia no leitor, uma Mary Sue de carteirinha, que só para não ser o maior exemplo do clichê, a autora não a coloca como a melhor Substituta do ano. Ela é “só” a terceira melhor… vamos dar aquela disfarçadinha básica. A personagem fica de mimimi a cada par de páginas, “como sou sofredora” “ninguém me trata como cerumano” “ninguém quer saber meu nome”, e no resto do tempo fica descrevendo o brilho e a maciez das saias volumosas de organza e tafetá do vestido de cintura império que usa para um baile.

Nisso Violet é muito boa. Ela descreve praticamente TUDO durante a história… acho que se você for filtrar toda a narrativa da personagem, 2/3 é de descrição. E suas descrições além de aprimoradas, são sinestésicas!

(…) O vestido de renda cor-de-rosa desce até o chão em babados que se expandem infinitamente, lembrando um bolo de camadas. Ela conversa com uma garota de cabelo preto e ar altivo, com pele cor de chocolate e traços que lembram uma leoa. (…)

Além de saber que o vestido é rosa, você ainda fica com vontade de comer a roupa, ou morder a outra menina que tem pele de chocolate. Ô.o Além disso, todas as vezes que Violet ativa um de seus Presságios ela precisa repetir para o leitor o mantra dos seus poderes: Um ver o objeto como é… Todas. As. Vezes.

A história é bizarra. A realeza da Cidade Solitária, que está concentrada na Joia, a parte mais nobre da cidade, não consegue gerar filhos saudáveis. Os cientistas dessa época estranha descobriram que as meninas que vivem no Pântano, o círculo mais próximo da Grande Muralha e também o mais pobre e afastado da Joia, começaram a desenvolver poderes extraordinários. A realeza decide “sequestrar” essas meninas (dando alguma compensação para sua família), prepará-las para servir na Joia, e vendê-las em um leilão anual, onde as nobres escolhem sua futura Substituta. As jovens são categorizadas de acordo com avaliações constantes de seus Presságios (Cor, Forma e Crescimento); quanto maior o número na listagem do leilão, melhor a Substituta.

attack-on-titans_wallsNão tem Titãs querendo invadir a Cidade Solitária, mas a organização física é muito parecida com a do manga/anime Attack on Titans/Shingeki no Kyoujin

O dever das Substitutas é gerar os filhos da realeza. Isso mesmo, as meninas de 16 anos são preparadas e compradas pelas Duquesas, Condessas e Ladies da Joia, para engravidarem de seus futuros filhos. Elas são, basicamente, vacas reprodutoras. O quão errado isso já não parece?! As jovens Substitutas devem usar seus Presságios de forma a gerar filhos saudáveis e alterados fisicamente de acordo com a vontade de seus donos. Enquanto estão nas mansões e palacetes da nobreza, se seguirem à risca as ordens de suas “mestras”, as moças são completamente mimadas. Se saírem da linha há retaliações.

Para dar uma disfarçada na bizarrice da vida das escravas Substitutas, a autora tenta construir uma trama de divergência política e jogo de poder entre as muitas casas dos nobres, mas é tanto nome e tanta intriga que eu fiquei meio perdida ao longo da história. Ou seja, eu simplesmente não me importei.

Aparentemente a força política é comandada pelas mulheres da Joia, enquanto seus maridos são simples acompanhantes e fantoches, meio que material genético para reprodução das casas da nobreza. Então Violet é comprada por uma das Duquesas das casas fundadoras da Cidade Solitária e seus dias se resumem a comer, ficar bonita, ir a festas e reclamar. Ela também passa por exames médicos para verificar seus Presságios e o quanto eles a afetam fisicamente, além de prepará-la para receber o embrião da Duquesa.

Tudo muito bem embalado em descrições gigantes feitas pela personagem. Lá pelas tantas a autora resolve colocar um rapaz na equação e TCHARAM, temos o instalove. Mas é um instalove recheado de angústia porque, afinal, “ele não olha para mim porque sou uma Substituta” “ele não me vê como eu sou” “como meu coração acelera só por lembrar de seus cachos castanhos e olhos cinza-esverdeados”. Pois é… Se pelo menos Ash fosse um personagem interessante… mas nem. Nem o gatinho salva! Principalmente por todo seu sofrimento de também ser um escravo, comprado para ser o acompanhante e bichinho sexual da Duquesa e sua sobrinha

<suspiro>

O livro se arrasta no mimimi prolongado de Violet, em tentativas de clímax que não são empolgantes, em diálogos fracos, e na apatia da personagem principal. Queria que Violet fosse mais combativa, que mostrasse algum tipo de interesse que me convencesse de sua insatisfação. Até que ela apanhasse mais vezes da Duquesa do Lago, para criar indignação tanto na personagem quanto no leitor, para você perceber que Violet quer fugir de sua condição. Em alguns momentos personagens que se relacionam com a moça dizem que ela é teimosa, e eu me perguntei se estávamos “falando” da mesma pessoa.

O pior de tudo? Amy Ewing deve ter percebido que seu livro não estava chegando a lugar nenhum e que sua história era muito fraca. O que ela faz para gerar interesse em você de forma que tenha que comprar o segundo livro?! Ela termina com um cliffhanger tão apelativo que só conseguiu me gerar descontentamento e frustração.

Turning table - Alan Rickman

NÃO AMIGAAA, NÃAAAO! Vai ser apelativa assim lá longe, pô! Quer brincar de escrever história, vamos brincar direito, né?

A história só ganhou 1.5 por três motivos: 1) o livro existe, isso significa que a moça teve um trabalho ou esforço de criar o mundinho de Violet, então 0.5 para ela; 2) por mais que eu tenha odiado a personagem, sua voz durante a narrativa é ok de se acompanhar e me fez ficar até o fim para ver se tinha salvação, mais 0.5; 3) a única coisa que eu realmente me amarrei foi a seleção de nomes dos personagens, muitos refletindo o círculo onde nasceram. Todos na Joia tem realmente nome de pedras preciosas: Pearl, Garnet, Alexandrite e Diamond, por exemplo. O pessoal do Pântano é uma mistura de cores, animais e de plantas: Violet, Hazel, e Ochre (seus irmãos); Raven, Lily, e Dahlia (outras Substitutas). Os nomes fariam mais sentido para nós se tivessem sido traduzidos. Para quem não entende inglês essa nuance pode ter passado desapercebida.

Não sei, de verdade, se tenho interesse em continuar acompanhando a série. Acho que até o próximo livro ser lançado pode ser que eu mude de opinião, afinal tenho sérios probleminhas em começar uma série e não terminar.  ¯\_(ツ)_/¯

PS1: Para os que gostam de ler reviews lá de fora, sugiro a ótima feita pela Kahnh, no Goodreads.

PS2: Para os que querem uma opinião de alguém que amou o livro, sugiro a também ótima resenha da Izandra Mascarenhas.

PS3: O segundo volume já tem título, capa e previsão de lançamento lá fora, outubro de 2015.


Até a próxima! o/

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3 Comentários

  • Responder raphoza 13 fev 2016 at 14:58

    quanto ódio nesse coração.
    OK que a parte que ela repete tudo antes de fazer qualquer presságio, mas é devido ao fato da personagem ter de se concentrar para tal coisa.
    e em relação as descrições(??????????????????????????????) Fico imaginando como seria um livro sem tal detalhe. hehehe.

  • Responder mayra 19 jul 2015 at 18:04

    Concordo plenamente com vc! Rsrs. A Violet e o Ash são mt tontinhos! Achei a ideia do livo interessante, mas o desenvolvimento foi ruim. Seria mais interessante se a Violet fosse como a America, aliás o livro tem ~leves~ semelhanças cm a Seleçao (sou louca por essa série, eh mt bem escrita, Amy Ewing deveria ter aulinhas com a Kiera). Eu não conhecia seu blog só lia Garota It, e confeço que vc está me ganhando!

    • Responder Samara Maima 21 jul 2015 at 12:30

      Todo mundo fala que A Seleção é uma ótima série e me sinto muito “errada” por ainda não ter lido! u.u Minhas férias estão chegando, está na hora de rever essa minha falha. XD
      Muito obrigada pelo elogio, Mayra! Espero que continue acompanhando o blog. ^.^ :3

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