a escolhida
arqueiro
série o doador #2
192 páginas | 2014
Órfã e portadora de uma deficiência, Kira precisa enfrentar um futuro assustadoramente incerto. Vivendo em uma civilização que descarta os mais fracos, ela sofre hostilidade dos vizinhos, que a acusam de ser inútil para a comunidade.
Quando é chamada a julgamento pelo Conselho dos Guardiões, Kira se prepara para lutar pela vida. Mas, para sua surpresa, os autoritários chefes já têm outros planos e a encarregam de uma tarefa grandiosa: restaurar os bordados de uma túnica centenária que contam a história do mundo.
Escolhida por seu talento quase mágico para bordar, a jovem fica radiante com a honraria. Quando dá início ao minucioso serviço de investigação do passado, ela depara com uma série de mistérios nas profundezas do universo que achava conhecer tão bem. Confrontada com uma verdade chocante, Kira precisará tomar decisões que mudarão sua vida e toda a comunidade.
Design
A Escolhida não tem filme, como O Doador de Memórias, então a capa foi uma criação da editora por isso, dá para avaliar normalmente. Lembram que comentei na resenha de Querida Sue que a Arqueiro tem fases com suas capas? Então, A Escolhida também entrou na fase ruim da editora. =/
Nossa, eu fiquei bastante decepcionada com o resultado final. A sensação que tive é que pegaram os três temas principais da história – garota, flor azul, bordado -, jogaram no campo de busca do primeiro site de image stock e pegaram os resultados, aplicaram como layers diferentes no photoshop e, TCHARAM, capa pronta. Uhn, sorry, mas não funcionou, Pessoas. A capa não me passa nada, principalmente porque como a tradução escolhida para o título não tem nada do Gathering Blue, portanto ter ou não as flores “literais” na capa não faz diferença. E você só percebe o detalhe do bordado no título e nome da autora com muito, mas muito, esforço. Eu que sou míope só fui ver quando vim fazer a resenha, e porque foquei com vontade na capa. =/
Uma pena também que o número do volume não é colocado na lombada, e olha que tinha espaço de sobra. Ajudem os leitores a organizar os livros na estante, editoras! ^.^ Mas achei bom que no verso indica que existe um volume anterior, e tem a capa dele para você achar mais fácil na livraria. o/
De resto, o miolo segue o padrão funcional da Arqueiro que já comentei na resenha de O Doador de Memórias, então você pode dar uma visitinha lá para saber qual é minha opinião.
História
Os primeiros parágrafos de A Escolhida me brindaram com um sutil desapontamento uma vez que a história não tem nada a ver com o primeiro livro. Sabem o Jonas? Então, nem aparece por aqui. Você até se questiona se os personagens estão no mesmo universo ou linha temporal do livro anterior, dado que a comunidade de Kira e toda a parte tecnológica é completamente diferente.
O que dá para perceber comparando os dois livros é que Lois Lowry cria duas comunidades completamente opostas para tentar mostrar como as crianças podem ser a ferramenta de mudança de toda uma sociedade.
O começo de A Escolhida conta a história de Kira, de como perdeu sua mãe que sempre a protegeu da comunidade. Kira tem um defeito na perna desde que nasceu. Na comunidade onde vive com a mãe, deformidades são mal vistas pelos cidadãos, e crianças que nascem com algum tipo de problema são abandonadas para não serem um estorvo para o resto da família. A mãe de Kira não teve coragem de fazer isso. Ela havia perdido o marido, um caçador que não voltou de uma incursão à floresta, então não podia abrir mão da única pessoa que era sua família.
Achei a sociedade de Kira muito pouco desenvolvida, quase como se fosse uma favela construída em torno de um prédio imponente que resistiu ao tempo. Um prédio que é um dos últimos símbolos de uma sociedade e uma cultura há muito perdida no tempo. Que só pode ser relembrada por três personagens importantes para a comunidade: o Cantor, o Entalhador e o Bordador. Eles são responsáveis por manter e preservar a história do mundo, que é cantada todos os anos para a comunidade pelo Cantor, que usa a túnica bordada pelo Bordador e se apoia no cajado esculpido pelo Entalhador. Todos são instrumentos que guardam a memória da humanidade.
Após muito sofrimento, Kira é indicada pelo Conselho dos Guardiões para ser a nova Bordadora da túnica do Cantor, continuando um trabalho que era de sua mãe, fazendo com que ela saia da convivência das pessoas que a odeiam. É no prédio dos Guardiões que Kira passa a viver e a trabalhar na túnica. Sua habilidade com os bordados é quase mágica, assim como a de Thomas, o rapaz Entalhador, é com a madeira. Mas com o passar do tempo, ela começa a sentir falta da liberdade de criar aquilo que deseja e não somente o que os Guardiões ordenam.
Além de Bordadora, Kira também tem que produzir suas próprias tintas e para isso vai todos os dias até o meio da floresta para encontrar uma senhora, responsável por ensiná-la a encontrar na natureza e nas plantas todas as cores que ela precisa para as linhas da túnica. A única cor que Kira não consegue produzir é o azul. Aonde ela mora não existem pigmentos naturais que forneçam essa cor específica. É daí que na verdade vem o título original do livro, Gathering Blue. Uma parte da jornada de Kira ao longo da história é sua busca pela cor azul para suas linhas.
A história é interessante. Acompanhar Kira ganhando conhecimento sobre a história de sua civilização ao mesmo tempo que começa a perceber que o Conselho dos Guardiões esconde um segredo aterrador, cria uma tensão e expectativa do que a jovem vai decidir para sua vida. Apesar de novos, em muitos momentos Kira e Thomas tinham comportamentos muito mais maduros e esclarecidos para a idade. Inclusive em relação à adultos do povo, que não residiam no prédio dos Guardiões. É como se suas habilidades naturais os fizessem ser realmente melhores dos que outros, não só com sua arte.
No fim, A Escolhida segue uma mesma linha de raciocínio que O Doador de Memórias, mostrando que quem detém o conhecimento e as informações, sempre vai estar “acima” dos outros que não sabem de nada. E que controlar a arte e a criatividade é uma forma de moldar o mundo na visão de quem tem o poder. A história não mexeu tanto comigo como o primeiro volume, mas em muitos momentos fiquei incomodada com a maneira como todas as pessoas da comunidade agiam uns com os outros. Como se você ter alguma coisa, justificasse a minha liberdade de poder tomar o que seja de você, se for vantajoso para mim. Além da forma como os adultos (mal)tratavam as crianças. Triste. u.u
Assim como O Doados de Memórias, o final de A Escolhida fica completamente em aberto, mas ainda existem mais dois livros na série. Roubei um pouco e fui ver a sinopse deles e aparentemente, só vamos rever os personagens, tanto Jonas como Kira, no último livro. T_T E eu que queria algum tipo de conclusão e explicação nos próprios volumes…
Outras resenhas da série
Até a próxima! o/
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