resenha

Querida Sue – Susan Brockmole

6 jan 2015
Informações

querida sue

susan brockmole

arqueiro

série ---

256 páginas | 2014

3.25

Design 3.5

História 3

Março, 1912: A jovem poeta Elspeth Dunn nunca viu o mundo além de sua casa, localizada na remota ilha de Skye, noroeste da Escócia. Por isso, não é de espantar a sua surpresa quando recebe uma carta de um estudante universitário chamado David Graham, que mora na distante América. O contato do fã dá início a um intercâmbio de cartas onde os dois revelam seus medos, segredos, esperanças e confidências, desencadeando uma amizade que rapidamente se transforma em amor. Porém, a Primeira Guerra Mundial força David a lutar pelo seu país, e Elspeth não pode fazer nada além de torcer pela sobrevivência de seu grande amor.

Junho, 1940, começo da Segunda Guerra Mundial: Margaret, filha de Elspeth, está apaixonada por um piloto da Força Aérea Britânica. Sua mãe a alerta sobre os perigos de um amor em tempos de guerra, um conselho que Margaret não quer ouvir. No entanto, uma bomba atinge a casa de Elspeth e acerta em cheio a parede secreta onde estavam as cartas de amor de David. Com sua mãe desaparecida, Margaret tem como única pista do paradeiro de Elspeth uma carta que não foi destruída pelas bombas. Agora, a busca por sua mãe fará com que Margaret conheça segredos de família escondidos há décadas.

Querida Sue é uma história envolvente contada em cartas. Com uma escrita sensível e cheia de detalhes de épocas que já se foram, Jessica Brockmole se revela uma nova e impressionante voz no mundo literário.

Design

Sabem aquela música do Raimundos, Mulher de Fases? Às vezes acho que as capas da Arqueiro são meio assim, de fases. Nas fases boas muitas capas são bonitas e impactantes; nas fases ruins, nem tanto. Infelizmente Querida Sue pegou uma das fases ruins.

Para mim esse é um daqueles livros que merecia uma capa muito mais tipográfica do que imagética. Uma chapada de cor, talvez uma ilustração vetorial para mostrar que era um envelope de carta, mas não imagens. Aqui ainda temos uma mistura de envelope e uma paisagem que deveria ser a ilha de Skye. Mas a transição de uma para outra não ficou legal.

Gostei da escolha de fontes para o título e nome da autora, mas não entendi a necessidade de usar duas cores tão contrastantes entre si para as primeiras letras do título. Inclusive o lilás do Q é usado no logo da Arqueiro e ele quase não tem contraste visual na área onde está. Além disso, temos a desnecessária “frase de efeito” para vender o livro, que podia muito bem vir na quarta capa.

A base do miolo segue o estilo correto e padrão dos livros da Arqueiro, com fonte legível, boa ocupação de página e boa entrelinha, sem marcação de cabeçalho no topo das páginas. Como este é um livro epistolar, existem certas diferenças na estrutura do texto que ficaram interessantes. As aberturas de capítulo sempre vem com o número e nome da personagem que guia a parte da história só que, visualmente, eles não estão alinhados de forma nenhuma. Fica inclusive parecendo que o posicionamento dos elementos foi aleatório ou “jogado” na página.

Cada carta possui a mesma estrutura de local, data, o texto em si, e um separador para fechar o conteúdo, abrindo lugar para a carta resposta. O espaço entre as cartas é um pouco largo, mas não compromete a estrutura visual de cada volume de texto. Apesar de ter ficado bom e correto, acho que eu esperava um tratamento visual um pouquinho mais trabalhado para as cartas e separadores…


História

Querida Sue é um livro epistolar, contado através de cartas, em dois momentos na vida de Elspeth Rune. Durante a Primeira Guerra Mundial, enquanto troca correspondências com um leitor de seus livros de poemas. E depois, durante a Segunda Guerra, quando a principal narradora é Margaret (vocês vão descobrir quem ela é mais para frente).

Elspeth é uma jovem poetisa moradora da ilha de Skye, na Escócia. Certo dia recebe a carta de um americano parabenizando-a pela qualidade de sua poesia e isso inicia uma troca de correspondências que vai durar cinco anos, duas guerras e um amor.

Acompanhamos o crescimento do relacionamento de Elspeth e David, e é interessante perceber em como, há pelo menos 100 anos atrás, as pessoas precisavam esperar de 15 a 30 dias para receber uma carta. Não precisa ir tão longe assim… na década de 1980 eu ainda tinha que esperar algo em torno de uma semana para receber correspondências. E você aí, hoje em dia, reclamando que a pessoa já recebeu a mensagem no what’s app (“Tá com dois ticks!”) e não respondeu…

Essa geração “leite com pera” não sabe quantificar expectativa e paciência já que agora a velocidade de tudo beira a do pensamento e a do “para ontem”. :P

reading letters

Elspeth e David se transformam de desconhecidos em confidentes, de amigos em amantes. E é uma história de amizade e amor, mas ao mesmo tempo, um romance proibido. Elspeth é casada quando começa a trocar cartas com David, e mesmo assim, se permite criar a ideia romântica de se apaixonar pelo americano.

A história dos dois é bonita. Como decidem superar seus medos e se aventurar no sentimento que os dois nutrem, cada um do seu lado do Atlântico. Mas ao mesmo tempo fiquei com a sensação que a autora constrói um background para Elspeth de forma que fique mais confortável para o leitor aceitar as decisões que ela e David tomam ao longo da história. Ou seja, você espera que o desenvolvimento da história seja de uma forma, porque a autora já colocou para o leitor que assim vai ser melhor para os personagens, mesmo que “moralmente” não fosse algo aceitável.

Confesso que lá pelas tantas parei de prestar atenção nas datas entre as cartas. Só voltava para ver quando os personagens faziam algum tipo de comentário sobre o tempo de demora no recebimento da correspondência. E em momentos mais tensos, ficava um pouco irritada quando a autora “cortava” o progresso para mudar o foco para o “futuro” contado por Margaret.

Para uma obra de estreia, achei o livro bem escrito, com bons ganchos e polêmico, se levarmos em consideração um tema tão complexo como traição.


Até a próxima! o/

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