as estranhas e belas mágoas de ava lavender
novo conceito
série ---
304 páginas | 2014
Gerações da família Roux aprenderam essa lição da maneira mais difícil. Os amores tolos parecem, de fato, ser transmitidos por herança aos membros da família, o que determina um destino ameaçador para os descendentes mais jovens: os gêmeos Ava e Henry Lavender. Henry passou boa parte de sua mocidade sem falar, enquanto Ava que em todos os outros aspectos parece ser uma jovem normal nasceu com asas de pássaro.
Tentando compreender sua constituição tão peculiar e, ao mesmo tempo, desejando ardentemente se adaptar aos seus pares, a jovem Ava, aos 16 anos, decide revolver o passado de sua família e se aventura em um mundo muito maior, despreparada para o que ela iria descobrir e ingênua diante dos motivos distorcidos das demais pessoas. Pessoas como Nathaniel Sorrows, que confunde Ava com um anjo e cuja obsessão por ela cresce mais e mais até a noite da celebração do solstício de verão. Nessa noite, os céus se abrem, a chuva e as penas enchem o ar, enquanto a jornada de Ava e a saga de sua família caminham para um desenlace sombrio e emocionante.
Design
Depois de algumas resenhas da Novo Conceito começo a achar que a editora se sai melhor quando adapta capas originais, do que quando efetivamente cria artes para elas. Vocês vão entender melhor quando eu falar dos livros da Bella Andre… Gosto muito da sutileza e simplicidade da capa de Ava Lavender, o fundo texturizado em vários tons de azul, a pena desenhada apenas em linhas delicadas, o contraste de seus tons amarelos com o fundo… A editora conseguiu até uma fonte que emula os traços do título original.
A capa consegue passar bastante da sensação surreal e lírica que tem no livro. Gosto principalmente porque ela não precisou de mais nada além do título, da ilustração e do nome da autora. Na quarta capa eu já sinto falta da sinopse, o quote de Kiera Cass instiga a curiosidade do leitor, mas mesmo assim, sou muito apegada a questão de ter algumas linhas falando sobre o plot do livro. Achei que a lombada ficou um pouco escura, preferia que os tons de amarelo ouro/ovo tivessem sido usados nas penas que ilustram essa área do livro.
O miolo é um dos projetos mais bonitos que eu já vi da editora, em sua simplicidade e delicadeza ao colocar uma pequena pena nas aberturas de capítulo que, ao longo do livro, lentamente percorre toda a área superior da página, em um elegante ballet, descendo e rodopiando, por si só, contando uma história triste. u.u
Apesar de a fonte do miolo não me agradar, acho ela muito condensada e com as serifas muito marcadas, além de estar com um tamanho muito grande para a mancha, o projeto em si é bastante correto. A fonte é legível, apesar de cansativa; as páginas possuem cabeçalho e rodapé, apesar de ficarem um pouco apertados nas margens; e a ocupação da mancha gráfica dentro da página é bem equilibrada. Sei que tem muitos “apesares” neste parágrafo, mas todo o cuidado em adaptar a capa adequadamente e o “ballet da pena” foram o suficiente para me conquistar e não baixar a nota total do projeto de Ava Lavender.
História
Acho que nesses cinco anos de resenhas aqui no blog mesmo nas leituras mais difíceis ou complexas, eu nunca tive tanto trabalho para organizar meus pensamentos para montar um texto para vocês. Minha verdadeira intenção era deixar essa imagem aqui embaixo e “TA-DAAA”, resenha pronta! Para não dizerem que eu não tive trabalho ainda ia escrever uma frase, com o seguinte quote: “como me sinto quando… termino de ler As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender”.
Mas nem vocês nem eu ficaríamos satisfeitos com algo assim, apesar de refletir exatamente meus sentimentos e impressões ao longo do livro.
As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender tem uma nota boa no Goodreads (4.1) e resenhas positivas enaltecendo o lirismo e a beleza da história, pela qualidade da escrita de Leslye Walton, principalmente por ser seu livro de estreia. E não posso discordar de nada disso. Se eu fosse analisar só por esse lado o livro como um todo, ele provavelmente ficaria com uma nota bem melhor, tipo 4. Mas não foi bem assim que a banda tocou enquanto eu lia.
O livro é de uma história relativamente contemporânea (se passa na década de 1950) mas extremamente fantástica. Não é fantasia como Tolkien ou Martin, mas continua sendo uma fantasia ao distorcer a realidade com elementos “surreais” para ambientar e narrar a história.
Ava é a voz do livro, e para contar sua história ela descreve não só sobre sua vida, mas nos envolve em toda a crônica familiar desde seus bisavós. Não se preocupem, porque a voz de Ava é delicada e interessante, e a história do passado de sua família é importante para contextualizar o seu hoje. E por mais que os personagens sejam um tanto surreais, fantasmas na vida de sua avó Emiliene, e de sua mãe Vivivane, fica parecendo que nenhum membro da família Roux, e depois Lavender, tem direito ao amor ou felicidade. Nenhum. Nem o leitor.
A construção e desenvolvimento de todos os personagens é delicada e gentil, apesar de todos serem envolvidos por uma certa melancolia e depressão. Quando Ava assume de vez a história, contando finalmente sobre sua experiência, sobre querer ser reconhecida como pelo que é, apenas uma menina, a história ganha um viés de crônica adolescente, de “coming of age”, mas sem perder o ar de sonho. Afinal Ava nasceu com asas brancas, com manchas marrons em suas penas, e tem um irmão gêmeo que obviamente tem algo de autista.
Todos são estranhos e especiais na família Lavender. E essa estranheza gera momentos tocantes e tristes. Quando Ava alcança os 15-16 anos e com isso o clímax da história, toda ela se encaminha em uma velocidade um tanto vertiginosa para a tragédia, e a partir daí é uma porrada atrás da outra. Quando finalmente alcancei a última página eu só tive duas reações. A do Jackie Chan, que eu já falei para vocês, e essa aqui.
Me senti roubada, com meu coração arrancado de dentro do peito como Mariene, me perguntando porque perdi meu tempo lendo um livro tão sofrido. Eu não gosto de livros sofridos, odeio dramas sem resoluções, sem redenção. Eu assumo! Não gosto de finais que não são felizes. #prontoFalei #tenho7anos
Sabem, nossa vida já é tão complicada, tão triste, tão tudo de ruim em muitos momentos, eu não preciso de um livro que me deixe mais triste, deprimida e melancólica. Eu quero escapismo desses sentimentos. Eu quero realidades fantásticas com mocinhas destemidas e carinhas heróicos. Então, Ava Lavender foi um soco no estômago e um tapa na cara de realidade que eu não estava precisando.
O livro é bonito, bem escrito e triste. Mas não é o tipo de livro que eu conscientemente escolheria para ler. Fui na empolgação das notas boas e de uma sinopse instigante e me decepcionei. Se vocês me pergutassem: “Samara, você me indicaria As Estranhas e Belas Mágoas de Ava Lavender?”, eu responderia que “NÃO! Fujam desse livro, POR FAVOR!”. Se você é como eu, não acho que vale o investimento do seu tempo, do seu coração e mente em um livro tão triste e depressivo.
Passei um bom tempo remoendo o clímax do livro, incomodada com todo o final da história e uma vontade absurda de me livrar da sensação e do “gosto residual” que ele deixou quando terminei. Acho que sempre que me lembrar do livro vou ter uma memória corroendo um pouco do meu cérebro. Sério, preciso de alguma coisa alegre agora. T_T Não, é sério. Agora.
Até a próxima! o/
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