perdendo-me
novo conceito
série perdendo-me #1
288 páginas | 2014
VIRGINDADE. Bliss Edwards vai se formar na faculdade e ainda tem a sua. Chateada por ser a única virgem da turma, ela decide que o único jeito de lidar com o problema é perdê-lo da maneira mais rápida e simples possível com uma noite de sexo casual. Tudo se complica quando, usando a mais esfarrapada das desculpas, ela abandona um cara charmosíssimo em sua própria cama. Como se isso não fosse suficientemente embaraçoso, Bliss chega à faculdade para a primeira aula do último semestre e… adivinhe quem ela encontra?
Design
Esta é uma daquelas capas que você tem uma certa vergonha de andar na rua lendo (atenção, não “andem na rua” literalmente lendo, é perigoso!). O título do livro e a posição dos modelos não ajuda nem um pouco e grita para todo mundo que se interessar em bisbilhotar seu livro “estou lendo safadezas!”. Tudo bem que ninguém tem nada com o que eu escolho para ler, mas a gente sempre fica preocupada com que tipo de “imagem mental” os outros vão construir por te ver com “esse tipo” de livro na mão. Me digam se vocês não dão aquela “sobrancelhada” quando veem uma mulher com Cinquenta Tons de Cinza na mão… XD
Mas bem, falando da capa, não sei se vocês conhecem a capa original americana, que é muito parecida com essa que foi lançada. A diferença é que mudaram o rapaz, e eu gostei muito mais do “nosso” do que o que saiu lá fora. Esse rapaz da capa americana não combina nem um pouco com a descrição que a autora faz de Garrick, que parece muito mais “suave”, como o que está na “nossa” capa.
Gostei bastante do “lettering” da capa, bem moderno misturando as letras em caixa alta para o título e alta/baixa para os outros itens da capa. Gosto bastante dessa tendência de fontes “gritando” na sua cara, com um estilo condensado (quando a fonte fica mais apertada e fina) e cores chapadas. Além disso, o verniz brilhante só é usado nas áreas onde tem imagem na capa e na fonte, na faixa que tem a chapada cinza, a cor fica fosca.
A lombada também ficou muito elegante e acho que na estante vai criar um grupo bonito de livros quando a série estiver completa. Para não dizer que tudo é perfeito, a quarta-capa não me conquistou. O verde-bebê que usaram perde todo o impacto positivo que a capa tem. Acredito que se tivessem utilizado a cor do nome da autora, o “lavanda”, como a chapada da quarta-capa ia ficar muito mais integrado e elegante.
Esse é um dos miolos mais bonitos que já vi da Novo Conceito.Tudo bem que ele tem a fonte da mancha gráfica um pouco maior do que eu naturalmente prefiro, mas todo o conjunto balanceia essa questão. As aberturas de capítulo são de uma modernidade e de uma elegância à parte, todos sempre começando nas páginas ímpares e com uma chapada cinza ocupando 1/3 da altura da página. Eu acho que as margens das páginas são um pouco grandes demais no cabeçalho e rodapé, mas o tamanho da fonte e a entrelinha criam uma mancha tão certinha e agradável, e a legibilidade da fonte é tão adequada que dá para relevar.
Gostei que o projeto gráfico inverteu o que se espera de posicionamento de informação do livro e páginas, jogando o primeiro no rodapé e o segundo no cabeçalho. A editora está de parabéns pelo resultado final do livro.
História
Definitivamente, um dos livros mais divertidos do ano (até o momento). Perdendo-me tinha sido muito indicado pela Babi Lorentz (do blog homônimo) e Camille Labanca (do Beletristas), ainda antes de ser lançado pela Novo Conceito, e eu meio que achava que nunca sairia por aqui…
Apesar de ser um livro sobre jovens finalizando o último semestre da faculdade, e ter situações sensuais, não rotularia Perdendo-me como new adult, acho que se encaixa muito mais como um chicklit cômico. Sempre tenho a impressão que os new adults tem uma carga dramática e de tristeza/depressão muito maiores do que qualquer situação que encontrei em Perdendo-me.
Bliss é uma aluna de último ano do curso de teatro. Com 22 anos ela está naquele momento do final da faculdade cheia de dúvidas do que fazer quando tudo terminar. Mas o que realmente incomoda Bliss é que hoje ela é a única menina de sua turma que ainda é virgem. E é aqui que começa a minha forte necessidade de trabalhar o meu “preconceito”.
O livro se baseia praticamente no improvável. Sendo bastante preconceituosa aqui (e por favor, pessoas que vivenciam/vivenciaram o mesmo que Bliss, me corrijam), se você é expansivo, comunicativo, escolhe fazer teatro e tem atuação como sua principal profissão, é muito difícil de aceitar que você é um control freak e que virgindade seria um “problema” tão grande.
Não estou aqui desmerecendo o fato/ato da primeira vez de ninguém, mas tive que fazer um trabalho de suspensão de descrença para aceitar a personagem. Então, reafirmando, meu preconceito está totalmente ativo aqui! Eu “aceitaria” muito mais se ela fosse estudante de… sei lá… engenharia, ciência da computação, ou qualquer outra cadeira mais “nerd/geek” (ao mesmo tempo não desmerecendo ou rotulando o pessoal nerd/geek). Entendam que estou totalmente trabalhada nos esteriótipos do que eu acho que uma pessoa que faz teatro e uma pessoa nerd “deveriam” seguir. ME JULGUEM! XD
De qualquer forma, improbabilidades à parte, Bliss é uma ótima personagem. Todas as suas ações são engraçadas e ela faz piada de sim mesma a maior parte do tempo, criticando suas escolhas e sua incapacidade de pensar direito perto de Garrick. Tive momentos de leitura dentro do transporte público em que precisei dar uma disfarçada em risadas que escapavam.
Dei graças pela forma como Cora Carmack decidiu conduzir a história de Bliss e Garrick, mas fiquei receosa em alguns momentos, de que ela emendasse uma tentativa de triângulo amoroso, ou de a personagem entrar num loop de autocomiseração e baixa autoestima.
Bliss tem falhas, não sabe mentir, e não é perfeita. Ela se preocupa com as gordurinhas que estão sobrando (mesmo que tudo aparentemente esteja no lugar), e é insegura pelo fato de ser virgem e também por nunca ter tido um relacionamento tão explosivo como o que tem com Garrick. Que também é um personagem maravilhoso, completamente apaixonável, daqueles que só uma autora consegue imaginar e construir para um carinha.
Contado em primeira pessoa, a gente acaba perdendo a oportunidade de ouvir ou ver os acontecimentos da história pelo PoV dos outros personagens, mas Bliss é tão deliciosa na forma como conduz a narrativa que fica fácil de relevar.
Além disso, as cenas sensuais dela com Garrick são bem descritas e garantem bons arrepios e frios na barriga, ao mesmo tempo que podem garantir boas risadas. Elas também constroem bons momentos de tensão pela expectativa de se vai ser daquela vez que Bliss vai conseguir seu intento ou terminar em mais um momento desajeitado entre os dois.
Me diverti muito, adorei a forma como Cora Carmack construiu tanto a narrativa como seus personagens. A história é fácil, rápida, divertida e envolvente, fluindo muito tranquilamente e com as páginas passando sem você perceber.
Sugiro que se você gosta de um chicklit com bons personagens, leia em um fim de semana, ou em algum momento em que você não será interrompido. Ter que parar para trabalhar e esperar até o fim do dia para continuar a leitura foi, de certa forma, inquietante.
Até a próxima! o/
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