o tesouro dos pródigos
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série wyrmeweald #1
432 páginas | 2011
Micah, um jovem explorador, está decidido a encontrar sua fortuna e parte em uma busca nas terras altas do Wyrmeweald. O local é habitado por Wyrmes, criaturas ferozes e apavorantes, e oferece muitos perigos aos que o atravessam. Embora não seja um lugar para seres humanos, Micah encontra ali companheiros e inimigos para a vida toda, além de descobrir algo mais cobiçado que qualquer Tesouro dos Pródigos. Um único ato impensado pode transformá-lo em vilão; porém, no Wyrmeweald, sempre há uma chance de se tornar herói…
Design
O Tesouro dos Pródigos é um dos livros mais bonitos da iD que já tive a oportunidade de ler. No começo me assustei um pouco com a quantidade de páginas, mas se você folear o livro, vai perceber que a mancha do miolo é um pouco bizarrinha, e por causa disso ele alcança as 432 páginas. Mas estou me adiantando.
A capa do livro é uma adaptação da capa original de Wyrmeweald, com uma ilustração rebuscada que me lembra o estilo do Luis Royo (não conhece? Clique aqui, mas é um conteúdo para 16+). Além disso, todo o corpo do dragão e da moça montada nele tem aplicação de um hotstamping prateado para criar a ilusão das escamas do wyrme. A fonte usada no título e nos nomes dos autores me remete um pouco a uma pegada western, principalmente se você levar em consideração o estilo do desenho da capa, com as montanhas escarpadas e os tons de laranja. Mas não se enganem, a história não tem praticamente nada a ver com faroeste. :)
Vamos ao miolo. Tive uma relação de amor e ódio com a marcação desse miolo, sabem? Amor porque toda a abertura de capítulo possuiu uma ilustração diferente, e ela ocupa verticalmente toda a página. Por causa dela, a mancha gráfica é diferenciada, mais comprimida no centro da página, criando uma margem lateral maior. O ódio vem exatamente dessa mancha mais estreita, que continua em todas as páginas sem ilustração. Achei que o projeto gráfico podia ter duas manchas para um melhor aproveitamento de papel, além de criar uma estrutura realmente diferente entre esses elementos do livro, a abertura de capítulo e as páginas normais.
Uma pena, no fim das contas. Se o projeto tivesse esse cuidado teria levado facilmente nota máxima em design.
Fora isso, apesar das ilustrações ajudarem (e muito) o leitor conseguir visualizar os wyrmes, senti falta de um mapa para localizar os personagens durante a aventura. Mas gostei bastante de a editora assumir e manter os termos em inglês, quase como se fossem palavras do idioma do livro, que não precisa de tradução. Ela simplesmente é aqueles fonemas.
História
Uma das coisas que caracteriza uma história de fantasia é a contextualização de um mundo completamente diferente do nosso. E isso tem que ser feito de uma forma que seja verossímel ou aceitável para o leitor. Além disso a construção do background dos personagens é um dos pilares mais importantes para gerar interesse no leitor (isso na verdade para qualquer tipo de gênero, não é?).
A forma como os autores fizeram essas duas coisas em O Tesouro dos Pródigos quase me fez desistir da leitura. Acho que o problema é que eu cheguei e passei da página 100 e ainda não tinha entendido o que era o Wyrmeweald, não sabia qual era a motivação de Micah (o personagem principal), não entendia quem era “mocinho” quem era “vilão”… A forma como a narrativa é construída também não ajuda muito no início, com capítulos de flashback no meio de um acontecimento do capítulo anterior, e aí, no seguinte não tem mais nada a ver com o que foi mostrado em um outro…
Também demorei a criar empatia pelos personagens. Acho que pela forma de apresentação deles ter sido confusa e eu demorar a entender quem era quem na história toda. E tem os wyrmes. Fui procurar no oráculo, porque sempre achei que wyrmes eram um tipo de dragão, mas mais parecidos com serpentes, como os da mitologia Chinesa.
Os autores meio que tiveram a liberdade de criar os seus próprios, fugindo do que é conhecido em grandes fontes de fantasia como o Dungeons & Dragons, Dragonlance ou Magic: The Gathering. No universo do livro, os wyrmes são descritos de várias formas “draconônicas” e “serpentárias”, e para ajudar a imaginá-los as páginas estão povoadas de ilustrações, que ajudam muito a progredir da narrativa.
No fim das contas o que eu entendi da história toda foi o seguinte.
Existe a planície, que é o lugar de onde o Micah e muitos outros wyrmekiths são originários. E existe o Wyrmeweald, que é o lugar onde os vários tipos de wyrmes vivem. Os wyrmekiths são caçadores de wyrmes que utilizam os espólios dos “dragões” para gerar fortuna. O sonho de muitos desses caçadores é conseguir o tesouro dos pródigos para poder voltar para a planície ricos.
Ao mesmo tempo, o Wyrmeweald é uma terra extremamente selvagem e perigosa, não só por todas as raças diferentes de wyrmes que existem mas pela competição entre os próprios wyrmekiths. Além disso, existem um tipo muito especial de wyrme e de pessoas, que são escolhidas por eles, e se tornam wyrmekins. São “cavaleiros” de wyrme, que se unem em uma ligação muito profunda com seus “dragões” e protegem os ovos que são colocados para chocar no Wyrmeweald.
Micah era um jovem de uma fazenda da planície até o dia que decide ir para o Wyrmeweald para fazer fortuna. A história começa acompanhando o rapaz (que eu não consegui precisar uma idade) nos seus primeiros e difíceis dias no planalto dos wyrmes. Como falei, foi difícil de me envolver com Micah e sua busca aparentemente sem sentido no Wyrmeweald. Em muitos momentos ele parece muito ingênuo e jovem. Em outros ele é tão independente e agressivo que não parece o mesmo personagem.
O livro só começa a fazer realmente sentido quando a história do wyrmekith e escalador de paredes Eli e da wyrmekin Thrace se relaciona com a de Micah e, juntos, passam a ter um objetivo em comum. Mas mesmo assim nenhum dos três personagens é profundo ou interessante o suficiente para você se importar com eles.
Li tudo até o fim, acabou que existe ali um “misteriosinho” interessante, o universo é um pouco mais explicado, mas apesar de tudo não achei que justifica uma série com outros dois outros livros. A narrativa é um pouco lenta e isso pode atrapalhar alguns leitores mais acostumados com livros mais dinâmicos.
Até a próxima! o/
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