resenha

Half Bad – Sally Green

16 out 2014
Informações

half bad

sally green

intrínseca

série trilogia meia vida #1

304 páginas | 2014

4

Design 4

História 4

Nathan, filho de uma bruxa da Luz com o mais poderoso e cruel bruxo das Sombras. O adolescente vive com a avó e os meios-irmãos e é visto como uma aberração por seus pares. O Conselho dos Bruxos da Luz vê nele uma ameaça, que precisa ser domada ou exterminada. Prestes a completar dezessete anos – época em que todos os bruxos passam por uma cerimônia em que seu dom é finalmente revelado bem, como sua denominação como bruxo da Luz ou das Sombras –, agora Nathan terá que correr contra o tempo para achar o pai, que jamais teve oportunidade de conhecer, e salvar a própria pele.

Design

Vocês já devem ter esbarrado com Half Bad em alguma livraria ou viram a imagem que abre esta resenha. Só que se vocês só viram a capa pela internet, não tem como saber o trabalho gráfico e conceitual que existe no projeto completo da capa. A contra-capa é totalmente branca! São as duas metades de Nathan, que pode ser da Luz ou das Sombras! Provavelmente a Intrínseca decidiu seguir o padrão visual da arte original, mas independente disso, é muito legal quando um conceito é tão bem definido e executado no projeto do livro.

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A capa em si é bastante simples. Para manter essa proposta de Luz e Sombras, você não tem a sinopse na capa, ela só aparece de verdade nas orelhas. Mas ela é toda dicotômica. Na parte preta, as letras são brancas, e na branca, as letras estão em preto. Em cada uma das partes, ou Half ou Bad tem uma apliação de hotstamping prateado e o título como um todo dos dois lados possui relevo seco. Para fechar, a capa tem aquele toque aveludado “tudo de bom que fica engordurado” que eu tenho gostado bastante de ver nos projetos.

O miolo fugiu um pouco o que eu costumo ver em projetos da Intrínseca. Ele está se encaixa naqueles que julgo “correto”. Fontes legíveis no tamanho “certo” com entrelinha adequada. Uma boa ocupação de página que cria uma mancha visual bonita e agradável. As aberturas de capítulos são diferenciadas e elegantes, e as aberturas de parte possuem uma ilustração para demonstrar a afinidade de Nathan. Mas não vi nada de muito marcante no projeto do miolo como um todo. Senti inclusive falta dos cabeçalhos com o nome do livro e da autora.


História

A história é escrita pelos vencedores. Já ouviram alguma coisa assim? Esse é um dos pilares de Half Bad. Assim como o papel que a sociedade espera que você cumpra diante de seus pares. Se já é difícil conviver com outras pessoas, o tempo todo pisando em ovos para atingir suas expectativas, imagina se tudo o que se espera de você é sempre o pior?

No universo de Half Bad os bruxos convivem normalmente com a sociedade “humana”. Existem os félixes (nós, simples mortais), os bruxos da Luz e os bruxos das Sombras. Quando bruxos se relacionam com félixes e uma criança nasce, ela é considerada meio-sangue e normalmente é renegada pela parte bruxa de seus parentes. E existem casos mais raros, quando um bruxo da Luz se relaciona com um bruxo das Sombras, e aí a criança é considerada um meio-código. Esse tipo de relacionamento é condenado pelo Conselho, e muitas vezes existem consequências para os bruxos envolvidos.

As crianças meio-código são observadas muito de perto pelo Conselho dos bruxos da Luz, que controla suas vidas delimitando seus círculos de convivência, além de fazer testes frequentes para verificar que tendência ela vai desenvolver, se de Luz ou de Trevas. Nathan é um meio-código, e todos não esperam nada de bom vindo dele.

Caçula de uma família de quatro irmãos, Nathan foi azucrinado por sua meia-irmã mais velha Jessica durante toda a infância, até o dia em que ela se tornou uma bruxa adulta e caçadora. Seus outros dois irmãos se relacionam bem com o menino, e o protegem na medida do possível.  Duas coisas aqui: 1) para virar um bruxo adulto e receber seu Dom, um adolescente de 17 anos deve receber de um parente três presentes e beber seu sangue. Se um brux (uma criança/adolescente bruxa) não passar pela Cerimônia de Atribuição e não receber os presentes ela morre. 2) Caçadores são bruxos da Luz treinados para caçar e matar bruxos das Sombras.

Sem muita esperança de fugir das expectativas negativas de toda a sociedade bruxa, Nathan assume a faceta rebelde que precisa para ser deixado em paz. Mas o Conselho tem outros planos para o rapaz, e vai fazer de tudo para utilizá-lo como uma arma contra seu principal inimigo: o pai de Nathan, o maior bruxo das Sombras vivo na atualidade.

Gostei bastante da história de Half Bad. Para um livro de estreia, a narrativa é bastante estruturada, consegue construir esse novo universo bruxo e torná-lo plausível e aceitável. Os personagens são muito bem definidos e cada um tem seu papel na construção da personalidade de Nathan. Ele é o narrador da história e tem uma voz amarga e desesperançada, ao mesmo tempo que nutre um desejo de um dia encontrar o pai. Em alguns momentos Nathan tem um humor negro e faz piada de sua própria desgraça, e isso o torna bastante “humano” dentro de uma história fantástica.

O estilo de Sally Green é viciante, provavelmente pela voz que deu para Nathan, mas em dados momentos você sofre demais lendo a história do rapaz. Ela consegue criar ganchos interessantes entre os capítulos e constrói um clímax tenso e envolvente, apesar de não muito surpreendente. E se você tirar um fim de semana para ler nem vai reparar nas 304 páginas passando.

Se você está procurando pirotecnias e fogos de artifício não é o que vai encontrar aqui. São poucos, e raros, os bruxos que possuem poderes realmente impressionantes e a maioria tem “meros” dons de cura ou de poções. O foco maior da história é todo o percurso que Nathan faz ao longo de sua infância e adolescência. Tudo o que precisa fazer para passar para fase adulta e ter uma oportunidade de ser alguém por si próprio, e não pela expectativa dos outros. De poder conhecer seu pai, de poder ficar com seus irmãos, de poder se apaixonar, sem ter todos os seus passos controlados a cada instante, por uma sociedade relativamente hipócrita e cruel.


Até a próxima! o/

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1 comentário

  • Responder Gabi 17 out 2014 at 09:32

    Uau. Ja estava curiosa em ler esse livro e agora me deixou com mais vontade ainda.
    Confesso que esperava uma história com bastante mágica e um pouco mais de aventura. Mas mesmo assim me deixou curiosa.

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