Ontem, a convite da editora Intrínseca, eu e várias blogueiras aqui do Rio (encontrei com Lygia – Brincando com Livros, Camille – Beletristas, Raffa – A Menina que Comprava Livros, Mathilde – As Envenenadas pela Maçã, Natália – Páginas Encantadas) fomos até o shopping Leblon para a pré-estreia do filme A Menina que Roubava Livros. O livro foi um dos primeiros lançamentos da editora e faz sucesso desde então.
Confesso que ainda não li. Peguei emprestado com minha cunhada, comecei, fui até a página 50 mas não engatou para mim. Então ele está lá na estante, olhando para mim, e esperando por sua vez. Não sei se o livro precisa de algum estado de espírito específico, mas eu não estava conseguindo me conectar com a história.
Então, ontem fui sem saber nada de nada. Despreparada para a história de Liesel, para um drama da Segunda Guerra Mundial, para o gosto amargo que o filme deixa na boca da gente.
Filmes de guerra nunca foram meus favoritos. Esta é uma faceta dos seres humanos tão triste que eu prefiro ignorar que ela existe. Já temos que conviver com tantas atrocidades nos nossos dias que olhar para trás e ver o quanto ruins fomos e podemos ser… é deprimente.
Fugi de A Lista de Schindler, de A Vida é Bela, de O Pianista, de O Menino do Pijama Listrado… E no fundo, no final do filme, gostaria de ter fugido de A Menina que Roubava Livros. Como o próprio filme faz spoilers logo no começo, ninguém é eterno. Então entrar numa narrativa sabendo que o pior vai acontecer em algum momento e que você só tem que sentar e esperar por ele é um tanto… deprimente.
Narrado por uma Morte com voz masculina (que eu acho que devia ser feminina; para mim sempre vai ser uma mulher por causa de Neil Gaiman), o filme conta como ela se permitiu nutrir um interesse por Liesel Merminger, uma criança enviada pela mãe para ser adotada por um casal. Acompanhamos sua vida desde 1939 até o fim da Segunda Guerra. A história é espaçada, mostrando apenas fatos marcantes da vida da garota durante estes cinco anos.
O filme é bom, não me entendam mal. Não sei o quanto fielmente ele foi feito, mas ele tem a dose certa de ternura e diversão, drama e tristeza. Ele é engraçado em alguns momentos, principalmente quando mostra a relação de Liesel com seu pai adotivo. É terno na relação da menina com Max, o refugiado judeu, e com seu amigo e vizinho Rudy. É amargo na construção de uma nação que vai se desmantelar com o passar da guerra.
Mas ao mesmo tempo é doce ao mostrar o amadurecimento de Liesel, de sua abnegação, de sua dedicação aos livros e às letras. É esta sua paixão que ajuda Max a passar por tempos difíceis, que a faz se questionar sobre os motivos da adoração do povo à Hitler (que ela odeia), e que permitiu que ela aprendesse a ler e a ter livros que “nem sempre foram seus”.
Momento mais triste e cruel do filme: uma montanha de livros sendo queimados enquanto crianças e adultos alimentam as chamas jogando mais volumes na pira. T_T
Detalhe para o cuidado de deixar os personagens com sotaque alemão enquanto atuam em inglês suas falas. Achei uma preocupação delicada para não parecer que na Alemanha se fala inglês fluente…
Saí com o coração pesado, bem triste. Ouvi muitos choros velados e narizes escorrendo durante a sessão, então se você é dado a se emocionar, leve lencinhos de papel.
Quero agradecer à Intrínseca pelo convite e pela ótima organização para que seus blogueiros pudessem assistir ao filme.
Por último, a editora está lançando uma versão comemorativa do livro com a capa do poster do filme. Vocês sabem que eu não costumo gostar de pôsteres replicados nas capas, como os do Percy Jackson ou do Eu sou o número quatro, mas tenho que dar o braço à torcer para este e dizer que ficou muito bonito. O olhar da atriz que fez a Liesel é muito expressivo e envolvente então a mudança foi um ganho muito bom.
A Menina que roubava livros [skoob] – Markus Zusak
A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto – e raro – de crítica e público.
Até a próxima! o/
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1 comentário
Aaaaaaahhhhh! Eu quero assistir T__T
eu li assim que lançou (acho que em 2006), e preciso reler, a fim de conferir se meu entendimento – gerado da maturidade – mudou. Mas, na época, gostei muito!
Quanto ao estado de espírito para a leitura, não sei dizer. Às vezes é fácil indicar para alguém (“fulano, leia o livro X quando estiver de TPM, porque você vai se emocionar!”), em outras, como é o caso desse livro, é mais difícil. Só sei que fiz questão de ler “eu sou o mensageiro” depois, outro que adorei, e todas as pessoas para quem indiquei também tiveram uma boa opinião :)
(inclusive, achei esse segundo muito mais leve do que o livro tema do post)
Mas quero assistir o filme de qualquer forma, logo, considere-se uma privilegiada rsrs