os videntes
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série os videntes #1
600 páginas | 2013
Evie O’Neil foi obrigada a sair de sua entediante e pacata cidade natal e mudou-se para as agitadas ruas da cidade de Nova York – e ela está maravilhada! O ano é 1926, e Nova York é a cidade do contrabando, das compras e dos monumentais cinemas!
Logo, Evie começa a conviver com as glamorosas garotas Ziegfield e com afamados batedores de carteira. O único problema é que Evie tem que morar com seu tio Will, curador do Museu Norte-americano de Folclore, Superstição e Ocultismo, também conhecido como Museu dos Insetos Rastejantes.
Quando uma série de assassinatos ligados ao ocultismo começam a acontecer, Evie e seu tio se veem em meio a uma investigação policial. E, além de tudo, ela tem um segredo: um misterioso poder que pode ajudar a capturar o assassino – isso se ele não a pegar primeiro…
Design
A capa de Os Videntes chama a atenção. A primeira vez que olhei a imagem na internet me lembrei das máquinas de adivinhar o futuro que aparecem naqueles “carnivals” americanos. A fonte do título também tem um quê do estilo Art Deco, que estava em voga na década de 1920. O símbolo deveria remeter a algumas passagens da história mas acho que ficou faltando algumas semelhanças com o que os personagens descrevem ter visto em seus sonhos.
Uma coisa que sempre achei interessante nos livros da iD é a sugestão de leitura de páginas aleatórias da história que fica na quarta-capa, assim você identifica o estilo narrativo do autor e sabe se você vai gostar do livro.
Vamos ao miolo! 600 páginas! Depois das 800 de O Olho do Mundo já estava até preparada. Mas preciso dizer que não gostei muito do resultado final do layout. As aberturas de capítulo são legais, com o título em uma fonte sans-serif e longilínea que tem um certo ar de modernidade, mas fiquei me perguntando porquê colocar uma entrelinha tão grande para o texto. O tamanho da fonte do miolo está ótimo mas achei o espaço excessivo, não precisava separar tanto uma linha da outra para melhorar a legibilidade. Se tivessem apertado um pouco talvez o livro tivesse ficado ligeiramente mais fino, e assim mais leve.
Achei bom manter alguns termos em inglês, como letras de música, com marcações para notas de rodapé com a tradução e a referência original. Mas outros que não tem explicação, como Sheba, não ganham nenhum comentário para dizer seu significado. Joguei no “oráculo” e o máximo que consegui foi um “rainha de sabá”, mas qual o contexto histórico-cultural de chamar uma menina melindrosa de Sheba?
Agora vamos ao real problema do livro e que me fez baixar a nota do design: a revisão. Principalmente nos diálogos, que tinham marcações muitas vezes “esquizofrênicas” e atrapalhavam muito o entendimento do texto. Explico com um exemplo:
(…)Sam pulou do bonde, quase derrubando uma mulher empurrando um carrinho de bebê.
— Desculpe, senhora. Ele limpou as mãos e gritou atrás delas: — Um dia, Evie O’Neill, você vai se apaixonar loucamente por mim!(…) pg. 535.
Normalmente uma fonte possui três tipos de marcação horizontal: o sinal de menos/hífen -. o meia risca/en-dash –, e o travessão/em-dash —. Cada um tem uma utilização específica, mas a questão aqui é que em muitos diálogos a falta de inclusão de travessão atrapalha a compreensão da frase. Do jeito como está no trecho que exemplifiquei parece que a frase “Ele limpou as mãos (…)” ainda está sendo dita pelo personagem, e não que é uma descrição feita pela autora da ação do personagem.
Um problema que não deu para deixar passar nas 600 páginas e que foi crucial para a nota final.
História
O mínimo que pode ser dito de Os Videntes é que ele conseguiu me surpreender desde o primeiro, e tenso, capítulo. Acho que uma boa definição para o livro é esta: tenso.
Sou naturalmente uma pessoa que se impressiona fácil, já devo ter comentado sobre isso. Sou daquelas que morre de medo de ver filmes de terror e que me assusto com seus trailers. Mexer com o sobrenatural é pedir pra eu ficar tensa! Por isso, passar por alguns capítulos de Os Videntes foi uma superação contra o meu medo de espíritos.
Enquanto lia me senti no meio da sexta temporada de Dexter misturada com a primeira de Heroes. Psicopatas sádicos e envolvidos com cultos religiosos, cercados de pessoas com poderes sobrenaturais surgindo a torto e a direito.
O livro é muito, muito bom, o problema é que ele é tão recheado de personagens com grande peso que a autora acaba se perdendo nas tantas linhas de pensamento e questionamentos que levanta durante a história. No fim, sobram tantas pontas soltas que a solução final deixa uma sensação de insatisfação pela quantidade de coisas que não são respondidas.
O núcleo principal de personagens gira em torno de Evie, seu tio Will, Sam (o batedor de carteiras) e Jericó (o auxiliar do museu). Em volta deles estão Mabel, Theta e Henry, Memphis e Isaías, as irmãs Addie e Lillian, a irmã Walker… e muitos outros! Cada um com segredos profundos e momentos importantes dentro da história, competindo por um capítulo e participação. É bom saber sobre o passado de um ou outro, mas não saber quem Henry procura nos seus sonhos, quais os poderes de Theta, ou o que é o projeto Búfalo é TÃO FRUSTRANTE! Os próprios Videntes que são mencionados a cada capítulo não tem quase nenhuma explicação sobre suas origens ou porque começaram a apresentar seus poderes.
No fim das contas, Libba Bray vai soltando micro informações que provavelmente só virão completas no futuro, mas foca em Evie e na solução do caso do Assassino no Pentáculo. Que já é assustador por si só, imagina quando a tal tempestade que volta e meia é mencionada na história e o homem de chapéu aparecerem?!
Flertando com um público mais maduro do young adult, o livro abusa de assuntos “chocantes” como assassinatos com mutilação, abuso de mulheres, efeitos colaterais da guerra… Não é para os “corações mais fracos”. Suas descrições das cenas dos assassinatos são bastante completas então é “sangue e tripas” para todos os lados. Os próprios relacionamentos dos personagens não é leve, e acompanhar o amadurecimento de Evie durante a história é uma das coisas mais legais do livro.
O legal é que a autora consegue ambientar bem seu livro na década de 1920, tratando de assuntos da Primeira Guerra Mundial (que ainda não se sabia que seria a Primeira), o Vaudeville, os programas de rádio, a segregação racial com os bairros voltados para brancos e negros, a Klu Kux Kan, a lei seca americana, o petróleo, o Modelo T (um carrinho fofo com motor à manivela)… A descrição da moda com Evie sendo uma representante das melindrosas. É quase uma mini-aula de história. O bizarro é ver o quanto as coisas custavam; ter U$20 representava muito dinheiro, jornais eram comprados com U$0.20! Mas acho que o impacto talvez seja maior para os americanos, que provavelmente tem a memória desses fatos.
A história é longa, mas apesar disso ela é instigante, com capítulos relativamente curtos e focados em personagens dos dois núcleos que comentei. Eu queria que Sam tivesse um pedaço maior da história, mas dar espaço para Jericó, e seu passado, também foi uma boa ideia.
No fim o que mais me frustra é que o segundo volume só está previsto para agosto de 2014! >.<
Até a próxima! o/
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1 comentário
*sangue – confere
* estilo psiciopata “Dexter” de ser – confere
* mistério – confere
Acho que tem tudo para eu gostar do livro! xD
Exceto a parte de erros de revisão que você comentou (e que me incomodam MUITO), tenho a impressão de que eu vou gostar =)