Jogador Nº1
leya
série ---
464 páginas | 2012
Cinco estranhos e uma coisa em comum: a caça ao tesouro. Achar as pistas nesta guerra definirá o destino da humanidade. Em um futuro não muito distante, as pessoas abriram mão da vida real para viver em uma plataforma chamada Oasis. Neste mundo distópico, pistas são deixadas pelo criador do programa e quem achá-las herdará toda a sua fortuna. Como a maior parte da humanidade, o jovem Wade Watts escapa de sua miséria em Oasis. Mas ter achado a primeira pista para o tesouro deixou sua vida bastante complicada. De repente, parece que o mundo inteiro acompanha seus passos, e outros competidores se juntam à caçada. Só ele sabe onde encontrar as outras pistas: filmes, séries e músicas de uma época que o mundo era um bom lugar para viver. Para Wade, o que resta é vencer – pois esta é a única chance de sobrevivência. A vida, os perigos, e o amor agora estão mais reais do que nunca. O Jogador nº1 também estará nas telas pela Warner, e sua produção está sendo divulgada como o próximo AVATAR dos efeitos especiais!
Design
Neon! Glitter e neon, na verdade. É o que eu me lembro da década de 1980. A capa de Jogador Nº1 me lembra um pouco de Tron, Xanadu e várias outras referências brilhantes. Engraçado que essa é a segunda reimpressão e só fui me tocar agora que a capa do meu livro não é a que eu pensava que fosse. A primeira capa divulgada eu tinha um certo problema de leitura, porque para mim sempre foi “Primeiro, jogador n”. Vocês lembram dela?
Nessa capa da primeira impressão a leitura do título era mais complicada. Na segunda reimpressão, que eu não enxerguei quando vi no meu livro (O.o), eles mudaram o posicionamento do título, ficando mais fácil de identificar inclusive a fonte “pixelada” como nos jogos antigos de Atari. Tirar o efeito de selo também foi uma ótima escolha. Não gosto muito quando tem elementos que parecem que foram colados.
A parte interna da capa e as orelhas são muito bonitas! A chapada de azul quase anil quebra completamente o efeito do preto das orelhas e da folha de rosto. Falando dela, o símbolo que forma a textura que aparece aqui e nas quebras de capítulo é muito importante para a história, e faz parte de um dos jogos mais importantes da década de 1980. Adventure é um jogo famoso de Atari e que até hoje tem ícones fortíssimos, como a chave, o personagem que é um quadrado e o dragão que parece um pato! XD
O miolo é muito bem estruturado, com uma mancha bem agradável, ótimo tamanho de fonte e de entrelinha. Todas as informações sobre o autor/nome do livro e paginação foram jogadas para o rodapé usando a fonte “fantasia” Atlas, que tem uma pegada meio Art Deco bem legal. Aliás, todas as aberturas de capítulos e de níveis tem essa fonte criando uma identidade bem original.
Na parte de tradução/adaptação de termos e revisão eu acho que a Leya fez um ótimo trabalho. Provavelmente, a análise que o Matando Robôs Gigantes fez do livro em um de seus podcast (recomendo que ouçam!), ajudou a melhorar ainda mais nessa segunda reimpressão.
História
Sempre me considerei uma pessoa relativamente nerd. Depois de ler Jogador Nº1 comecei a pensar que devo estar ligeiramente iludida. :D O autor com certeza ganha qualquer prêmio de nível épico de nerdisse do anos 80, seja ela de filmes, seriados, músicas ou jogos.
A história se passa em um futuro próximo onde tudo deu errado, e as pessoas fogem deste mundo opressivo através de um jogo imersivo, muito maior do que os MMORPGs que conhecemos hoje em dia, o OASIS. Nele é possível criar um avatar e deixar de ser aquele pequeno e ignóbil ser-humano e transformar-se em praticamente qualquer coisa. É possível estudar, viajar, desenvolver seu avatar através de missões em um dos vários mundos que formam o OASIS.
O criador deste software era um homem complexo, um tanto maníaco, e completamente fissurado pelos anos 1980, época que aparentemente ele foi mais feliz. Toda a base para os seus mundos, os personagens, vêm de sua paixão por vários ícones dos anos 80. Quando de sua morte, James Halliday, através de seu avatar dentro do Oasis, o mago Anorak, lança um desafio a toda a população do mundo. Aquele que for capaz de encontrar as três chaves que abrem três portões especiais e conseguir pegar o Easter Egg, será seu legítimo herdeiro e ficará com toda a sua fortuna.
Não é preciso dizer que todos passam a se mobilizar para encontrar a primeira chave, e muitos jogadores se especializam na vida de Halliday e em suas paixões e manias para desvendar a primeira pista. Inclusive, uma empresa que quer utilizar o OASIS como um ambiente altamente monetizado. O problema é que ninguém conseguia descobrir e a busca começou a esfriar. Até que, cinco anos depois, sem que ninguém esperasse, um jogador conseguiu encontrar a primeira chave e passar pelo primeiro portão. Este jogador é nosso personagem principal, Wade Watts, vulgo Parzival (porque já tinham escolhido o nome de Percival).
Wade/Parzival é descrito na vida real como o esteriótipo do rapaz nerd, gordinho, “feio”. Para mim foi difícil encaixar no personagem a idade que o autor diz que ele tem. Não sei se foi pela maneira como ele “fala” durante o livro em primeira pessoa, mas sempre pareceu mais jovem dos que os seus 18 anos declarados. Como na vida real, e no jogo, Wade/Parzival é pobre, ele fica preso ao mundo aonde frequenta a escola, mas passa o tempo todo estudando o Almanaque de Anorak e várias referências relacionadas aos anos 1980, já que ele se considera um caça-ovo. Seu sonho é encontrar o Easter Egg de Halliday e melhorar sua vida.
Em um momento de inspiração, Wade/Parzival consegue finalmente deduzir o enigma que o levará até a primeira chave. Assim começa sua grande oportunidade de mudar a sua vida. Com muita ação dentro e até fora do OASIS, eu gostei de Jogador Nº1, mas tenho algumas considerações.
O OASIS é facilmente inspirado em Matrix, Second Life, .Hack e vários outros jogos e filmes que utilizam a premissa de fuga da realidade através de um ambiente digital. E, respeitando as proporções, acredito que provavelmente esse é o caminho que a sociedade humana caminha. Cada vez mais as interações passaram a se transformar em digitais. As pessoas se encontram cada vez menos, e quando estão juntas checam em seus smartphones e tablets como anda sua vida social online.
Quanto a história em si, tem algumas coisas que me incomodaram. Esta é a primeira obra de Ernest Cline e eu gostei do livro como um todo, mas em alguns momentos caímos em lugares comuns da literatura. Exemplo: rapaz diz para a moça que está apaixonado, ela se retrai e abandona o relacionamento. E depois, a justificativa que ela dá é fraca. Eu esperava um pouco mais de certas situações.
Outra, teve momentos que eu ficava com a sensação de que o autor só estava se gabando de “olha quanto eu sei dos anos 1980”. Em outros perdia muito tempo com descrições tecnológicas para embasar os sentimentos e ações de Wade/Parzival. Com isso, eu achei que o livro começa bem, fica muito lento e moroso no meio, e acelera demais no terço final. Achei que a solução para a história foi muito corrida e o final relativamente aberto gera uma certa decepção. Mas o livro tem viradas e clímax interessantes que fazem com que a história não caia numa descrição maçante.
Além do que, tentar desvendar os enigmas junto com Wade/Parzival era muito divertido. Foi nesse momento que percebi que não sou tão nerd assim. Não tenho uma cultura musical de rock dos anos 1980, meus pais não gostavam das bandas dessa época. Além do que, algumas informações de solução o leitor não possui, pois fazem parte da vivência do personagem do mundo do OASIS. De qualquer forma, é bem legal os desafios que o personagem passa durante a sua busca.
Se você é fã de jogos, seriados, filmes ou músicas antigas, é uma ótima leitura. Se não, acho que talvez Jogador Nº1 não é a melhor escolha de livro para seu passatempo.
Até a próxima! o/
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